quarta-feira, 29 de março de 2023

Riquezas invisíveis





O que é mais importante para você: ser ou ter? Vivemos em um mundo onde o capitalismo tem orquestrado as relações humanas. As pessoas têm corrido atrás de ouro, prata, bens materiais, carros, bons empregos, entre outras riquezas. Nessa corrida pouco importa quem está ao seu lado, mas sim o que você conquistará.

A ênfase está no ter. Ter um bom emprego, ter riquezas, ter dinheiro, ter uma casa boa. Aprendemos desse modo e inculcamos nas pessoas esse mesmo pensamento. Quando um filho tira boas notas ou passa de ano, seu pai logo lhe dá um bem material. Quando o menino vira rapaz e completa 18 anos, ganha a carteira de habilitação e um carro (o mais caro e o mais bonito da loja). A mãe diz para a filha (Não todas!) que ela deve casar-se com um homem de muito dinheiro. 

Cremos, realmente: as coisas tem mais valor do que as pessoas em nossas vidas. Acreditamos que o presente do filho por ter passado de ano durará para sempre; que o carro do rapaz jamais se quebrará; e que o marido da filha sempre será endinheirado e não morrerá. Tudo isso tem um valor passageiro. Tudo que é visível perece, até mesmo as riquezas, sejam elas de que material for.

Mas, somos ingênuos. Corremos atrás dessas riquezas visíveis, achamos que elas jamais acabarão. Fazemos de tudo pra conquistá-las. Acreditamos que são elas que nos farão felizes e que são o motor do sucesso e a mola propulsora do êxito. "Se a maioria das pessoas correm atrás delas, se eu não correr também, ficarei pra trás. Alguma coisa estará errado", pensamos. 

Então partimos pra corrida, e já temos aquele pensamento: "O que (ou quanto) vou ganhar com isso?". Essa pergunta é dita por aquela mesma pessoa que foi "premiada" por passar de ano e que ganhou um carro quando fez 18! Fomos acostumados assim: a olhar para as mãos das pessoas, mas não para seu rosto, sorriso ou olhar. Somos mesquinhos e insensíveis. Estamos mais interessados em saber o que o outro tem pra nos oferecer materialmente, do que ele tem pra nos dar como ser humano.

Quem está na corrida das riquezas visíveis jamais saberá o universo do "ser" e não estará disposto a praticá-lo. Essa pessoa só conhecerá o do "ter". Mas este acaba, não gera frutos e não produz um legado.

Percebi em minha história de vida que tenho praticado o universo do "ser" e corrido atrás de riquezas invisíveis. Ao caminhar por essa dimensão, analisei: não perdi nada, não fiquei pobre e não me tornei um homem fracassado. Pelo contrário. Conquistei muitas coisas, mas sei que meu coração não está em nenhuma delas.

Quando fiz 18 anos não ganhei carro, nem sequer tirei carteira de motorista até hoje. Não obtive um possante, pois meu pai morreu antes de me presentear; e não tirei a carta por motivos circunstanciais. Se meu pai fosse vivo tenho certeza que ganharia esse "prêmio". Aliás, ele já teria feito com que tirasse a carteira há muito tempo! HAHAHA Com certeza ficaria muito feliz com isso até chamaria a atenção de muitas garotas (Pelo menos daquelas que praticam o universo do "ter"!) por ter um veículo 'pica das galáxias'. Mas creio que tem coisas que mereçam um peso maior.

Esses dias alguém conversava comigo e dizia que não custava nada um familiar me dar dinheiro. Percebi que essa pessoa se importava em eu TER algo. Logo lhe disse que não ligava pra isso. E realmente não ligo. Esse é o meu caráter. Esse é quem sou.

Pra mim, mais importante que dinheiro são as relações que cultivamos no decorrer da vida. Mais que amar uma pessoa dando presentes, o que vale é amá-la com atitudes. Estas podem ser as mais mínimas possíveis. Tenho passado por experiências enriquecedoras nesse sentido. Quando meu avô estava vivo presenteava-o com riquezas invisíveis e também fui abençoado por meio delas. Um suco de maracujá que levava pra ajudá-lo em seu sono, pois estava com insônia, demonstrava o valor que tenho dado a esse relacionamento. É mais do que algo visível (suco), é invisível (amor, carinho). Um álbum da minha formatura que lhe mostrei, serviu para compartilhar boas recordações e um pouco de quem sou. 

Que possamos ser pessoas que prezam por relacionamentos, amáveis, benevolentes, preocupadas com o próximo. Que possamos dar valor ao que realmente importa. Que amemos as pessoas e usemos as coisas. As riquezas invisíveis - por mais que que não as vejamos - são eternas e gerarão um efeito incrível que nem sequer imaginamos. Riquezas visíveis não são levadas em um caixão, as invisíveis sim e por toda eternidade. E além de irem com você, reverberarão sobre seus entes queridos que ficarem, como legado. J-J


Por: Emerson Garcia

9 comentários :

  1. Gostei Emerson. Por um mundo mais focado no SER e não no TER. Um abraço!

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  2. Amei o textão! Super SER, em períodos da vida, só se pensa no TER . Mas hoje , sou uma pessoa bem melhor sem tanto me cobrar em ter e mais em SER melhor a cada dia.
    Um beijão, amigo. Te admiro tanto!!

    DMulheresInstagramFanpage

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  3. que delícia de crônica! <3 adorei! acho que precisamos evoluir muito né?

    beijinhos
    n. // www.fashionjacket.com.br

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  4. Boa noite de quarta-feira. Obrigado pela visita e comentário.
    Emerson, não existe nada mais atual do que seu texto e reflexão. Grande abraço carioca.
    Luiz Gomes

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  5. Que texto maravilhoso e reflexivo, adorei

    Beijos
    www.pimentadeacucar.com

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  6. Infelizmente estamos vivendo a Era da ostentação e de TER tudo. A humanidade não está nem aí para essa reflexão importante na vida. É uma triste realidade. Uma pena! Que cada um de nós possa refletir que o importante é o que somos e não o que temos. Um abraço!



    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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