A fachada do Hospital de Base de Brasília (HB) deixou de ser branca e com tijolos brancos para ganhar vida nesse Outubro Rosa. É que 30 grafiteiros (A maioria de mulheres) do Distrito Federal se uniram no último dia 26 para dar cor e vida aos mais de 100 metros de comprimento da fachada. A atividade foi direcionada pela Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brasília que pintou e coloriu imagens femininas das mais diferentes etnias, raças e estilos.
Passei em frente à fachada no último dia 29 e me surpreendi com o resultado final. Em cada pedacinho existe vida e alegria, isso por conta das cores. Tudo é muito colorido, os cenários - natureza, animais, flores e folhas - e as mulheres transmitem paz e vida. Em um ambiente de dor e sofrimento e que também mulheres com câncer de mama são tratadas, esse é o contraponto e o contraste presente.
Uma das coordenadoras da Rede, Rafaela Rodrigues, disse que a obra conjunta já rendeu elogios:
Fachada antiga do Hospital de Base de Brasília.
Uma das coordenadoras da Rede, Rafaela Rodrigues, disse que a obra conjunta já rendeu elogios:
“Hoje, passamos por lá e vimos todo mundo olhando, falando sobre a arte e dizendo que deu outra cara ao hospital."
Além disso, o intuito de mudar a cara do hospital e os sentimentos dos pacientes teve um fim proveitoso:
“Por ser o mês do Outubro Rosa, quisemos fazer esse trabalho agora, por causa da campanha de conscientização. Nossa ideia era levar alegria aos pacientes do hospital como um todo e já tivemos uma ótima recepção. Estamos muito felizes”
Mulheres em sua plenitude
Se observamos todo o grafite percebemos que mulheres e moças foram retratadas em diferentes estilos, cortes de cabelos e raças. Todas elas possuem cabelos coloridos e são rodeadas por paisagens, flores e fauna. É possível detectar que elas transmitem paz e alegria, pois apresentam sorrisos e brisas no olhar.
As mulheres foram o foco de todo esse mês com o Outubro Rosa e nada melhor do que homenageá-las com essa tela gigante.
Outros desenhos
Como falado anteriormente, vários outros elementos e desenhos compõem o quadro grafitado. Resolvi destacar a imagem acima pois a achei muito interessante. É a de um urso que segura uma bolinha. O detalhe é que ele é todo pixelizado, pois o artista deu um efeito tremido ao desenho.
Processo de criação
Todos os grafiteiros deram o melhor de si. Eles se preocuparam em comprar sprays da mesma marca, com a ajuda de voluntários na internet, para que - mesmo com 30 traços e estilos - ele fosse uniforme e as mensagens dos desenhos fossem as mesmas. Imagino o quão difícil foi isso, uma vez que cada um tem uma visão e estilo, mas o resultado ficou uniforme, ou seja: mulheres de diferentes estilos enfatizadas artisticamente.
A ideia dos artistas foi "a de levar muita cor e alegria com a arte como ferramenta de transformação", explica Siren (Camilla Santos), uma das artistas responsáveis pelo trabalho.
Foram separados quatro metros para cada um dos artistas, mas isso não quer dizer que os desenhos precisavam ser desconexos. Siren explica:
“É bom que fique junto mesmo. Cada um terá liberdade de ajudar e entrar na arte do outro.”
Dia de Tinta
A ação ganhou o nome de Dia de Tinta e a seguinte descrição: "+ de 20 artistas voluntários colorindo e levando alegria para o Hospital de Base". O folder foi divulgado nas redes sociais com o intuito de fazer a informação sabida e que colaborações - como tinta branca e sprays - fossem doadas. O legal é que ele apresentou todos os artistas que fizeram parte da ação.
Siren explica que a pintura da fachada do HB teve um gosto diferenciado. Ela disse o seguinte:
"Acho que nunca pintamos um ambiente tão grande [100 metros]. Foi uma ação bem diferente, aquilo vai marcar o hospital além das marcas que literalmente pintamos nas paredes."
Conscientização
Pode não parecer, mas a arte conscientiza, assim como gera reflexões, leveza, bem estar, paz e calmaria. E o que dizer desse grafite multicolorido? Que é uma das coisas mais bonitas que já vi! Sinto que as mulheres, com câncer ou não, se sentiram representadas e homenageadas! J-J
Por: Emerson Garcia