Dá para acreditar que sou da época das fichas de orelhão, cartões telefônicos, selos postais, telegramas, caderninhos, agendas, folhas de fichários, cartões e das homenagens de carros de som?! Não sou tão velho assim (tenho 34 anos), mas pude acompanhar o auge disso tudo, sua queda, substituição e extinção.
O interessante é que pude ver in loco todas essas transformações e substituições. As fichas foram substituídas por cartões telefônicos e, depois, teve o surgimento de celulares e a extinção de orelhões pelas ruas. Por sua vez, os selos postais, telegramas e cartões de papel foram substituídos pelas mensagens enviadas eletronicamente.
A tecnologia e as redes sociais foram as principais responsáveis por essas transformações. O fato é que há algumas coisas que me dão uma nostalgia e saudade. Teve uma época em que colecionava cartões telefônicos, isso porque os celulares estavam surgindo e cortava o meu coração que os cartões tinham sido aniquilados por eles! E eles eram únicos, personalizados, com várias imagens e estampas.
E o que aconteceu com os selos postais, telegramas e cartões postais?! Nestes tempos onde tudo é por SMS, WhatsApp e email, quase ninguém mais utiliza cartas e envelopes. Saudades de quando recebia um cartão postal de uma pessoa que viajou para um lugar bacana ou um parente que morava em determinada cidade. Não se usa mais nem mesmo estampilhas e selos, por conta do fechamento das agências filatélicas. E os selos eram personalizados, bacunudos, de várias localidades nacionais ou internacionais.
Me lembro, como se fosse hoje, da utilização de fax eletrônicos, telegramas e até mesmo da máquina de escrever. Me divertia lendo as mensagens de telegrama que minha mãe recebia no trabalho de votos, felicitações, mensagens amorosas e de querer-bem. Antes do telefone, mandávamos telegramas. Era a única maneira de dar notícias urgentes para pessoas que moravam longe e também utilizado em ambientes corporativos. Os textos de telegrama eram enxutos, diretos, com mensagens íntimas e informativas. Era possível criar e fazer desenhos e formas geométricas utilizando caracteres e sinais gráficos. Diversão pura! Também escrevi (e brinquei bastante) em máquinas de escrever, dando uma de escritor e autor de livros! O barulho das teclas era divertido e a gente ia escrevendo até o final e depois puxava o dispositivo para a esquerda novamente. E quando a tinta borrava o papel? A tinta podia ser preta ou vermelha...
Por sua vez, é cada vez mais raro ver cartões físicos de aniversário, natal, bodas, românticos e até mesmo aqueles marcadores de páginas comemorativos e com mensagens bíblicas. Os cartões natalinos surgiram na Inglaterra no século XIX, com o objetivo de substituir às cartas de Boas Festas. Hoje em dia, eles que são os substituídos por mensagens eletrônicas e cartões virtuais. Os cartões físicos simplificavam a mensagem e você podia escrever seus votos de próprio punho dentro deles. Tenho alguns na minha caixa de recordações, mas minha mãe tem muito mais. Há aqueles em 3D, sonoros, com música e com desenhos e ilustrações bem legais. Eles também serviam como decoração nas árvores natalinas.
E os carros de som, hein? Foi inesquecível quando recebi um, com a minha música preferida da época. Tá certo que deu uma certa vergonha ouvir meu nome ser pronunciado no som altíssimo e todas as pessoas ouvindo a mensagem, mas é legal saber que sou amado e querido por elas. E hoje, será que alguém mais contrata carros de som para fazer homenagens?!
O fato é que cartas, cartões, cartões postais, selos, telegramas e os carros de som de homenagem estreitam mais as relações, promovem alegria, amor, reconectam pessoas, expressam amizades e amores e tornam histórias antigas vivas novamente. Hoje as mensagens são mais diretas, curtas e mecânicas, o que deixa um pouco a magia dos relacionamentos esmaecerem.
Mas, ainda no século XXI e em pleno 2024, ainda há quem mantenha essas tradições que foram perdidas no decorrer do tempo. O toque do papel jamais será o mesmo do da tela. Mensagens de carro de som, não é a mesma coisa de receber um áudio ou um vídeo musical, por exemplo. Ainda há pessoas que gostam de enviar cartas, pois isso demonstra que você tem algo diferente, que ninguém mais se atreve em mandar ou tem, e você pode ler sempre que quiser e guardar como uma lembrança boa. Escrever e enviar cartas físicas é algo muito legal e bonito ainda. Não tem nada de cafona nisso! Ainda tem gente, também, que não se entregou aos cartões natalinos digitais e mantém viva a tradição dos cartões físicos confeccionados e criados de forma criativa e enviados para a gráfica. Esses cartões natalinos físicos são enviados pelos Correios, em envelopes e tals (Veja só!), com direito até mesmo ao selo natalino do ano.
Ainda tem gente que preza pela tradição e nostalgia. E isso é louvável! Não é questão, por exemplo, da tecnologia e redes sociais serem melhores ou piores que as outras questões analógicas. Mas é questão que tem algumas coisas antigas e que foram abandonadas no decorrer dos anos que dão uma certa nostalgia e saudade. J-J
Por: Emerson Garcia
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