A mágia, a alegria, a diversão e a tecnologia para uma nova geração de leitores na 27ª Feira do Livro de Brasília
Vista externa da 27ª Feira do Livro de Brasília que teve como tema “Palavras mudam o mundo”
A Feira do Livro de Brasília do ano de 2008 cumpriu o objetivo de despertar o gosto da leitura tanto em crianças como em adultos. Alocada a margem do Pátio Brasil despertava a atenção de quem somente ia ao shopping. Com variada programação, essa 27ª edição da Feira pôde contar com um grande número de editoras de todo o Brasil, além de eventos culturais.
O objetivo da Feira do Livro, evento que perdura a mais de 27 anos, é promover a descoberta da leitura, tanto da forma tradicional como da educativa. Em uma nova geração esse festival muda a sua perspectiva e, na maioria das vezes, a mantêm.
Em stands divididos por seções, esse evento literário deu aos seus visitantes a opção de pesquisar livros, de ouvir poesias, de participar de debates e seminários em espaços como cafés culturais, auditórios, stands de livros e enciclopédias virtuais. Nesses espaços ocorreram desde contação de histórias até declamação de poesias e releituras de grandes obras literárias como “Dom Casmurro”. Enfim, houve uma gama de opções para quem ali passava. A professora de português aposentada Edésia (63) foi a feira pesquisar livros, ver as novidades e atualizações do ensino e se informar. Já o diplomata Geraldo (43) foi somente procurar livros.
O "procurador de livros", o diplomata Geraldo Tupinambá (43)
O Festival tem o intuito de reafirmar que a educação se dá pelos livros alem de dizer, que com a propagação da internet, o desejo pelos livros, pelo conhecimento, tem diminuído. Se por um lado prezou-se pela inovação de livros didáticos, universitários e infantis; por outro, procurou-se mostrar uma nova forma de informação através da tecnologia. Um exemplo disso é a enciclopédia eletrônica. Em um ambiente totalmente virtual, conteúdos de ensino médio e ensino superior são dispostos e organizados digitalmente, o que só é possível por causa da facilidade e dinamicidade desse meio tecnológico. Tal recurso dispõe de telas navegáveis com apresentação prática e teórica das disciplinas, além de animações em 3D como a fecundação de um óvulo.
Uma das dificuldades da Feira do Livro é fazer com que as pessoas se interessem pelos livros com a propagação da internet. Muitos desprezam a leitura tradicional e se interessam por uma leitura mais ágil, no caso a web. “A internet reprime a capacidade de cognição humana”, enfatiza Edésia (63). A internet pode sim ser um meio benéfico, visto sua rapidez. Mas tem que se tomar cuidado com a informação que esta tem. “Hoje as pessoas buscam a internet como informação, mas as pessoas ficam acomodadas e não lêem com excelência e profundidade”, afirma Edésia (63).
O desafio encontrado, talvez, não é vender uma quantidade recorde de livros, mas fazer com que pessoas se interessem mais por cultura, leiam melhor, escrevam melhor, ouçam melhor, não vivendo somente da informação rápida, mas estimulando o raciocínio e a capacidade de reflexão. Para Edésia (63) “a leitura é essencial. Quem lê desenvolve o pensamento crítico”. Já para o diplomata Geraldo (43) “a leitura em si é um hábito”. A essência desses pensamentos é a mesma: a leitura é uma vantagem e é primordial para a vida humana. “Sem a leitura somos mortos”, comenta Edésia (63).
A magia dos livros
Um stand da “Atual Livraria” cativou crianças de escolas públicas. Um curioso livro chamado “Escola mágica” foi o motivo de tanta euforia do público infantil. Trata-se de um livro que com o toque das mãos faz verdadeiras mágicas.
Primeiramente o livro se apresenta como preto e branco com desenhos para colorir. Com a ajuda do tato das crianças o livro começa a ganhar cor e torna-se colorido! Isso é motivo de grande admiração das crianças. Novamente elas alisam o livro e ele fica todo com suas folhas brancas. A admiração e surpresa que as crianças outrora tiveram, torna-se em decepção. O homem que monitorava as crianças dá a elas uma nova chance: “Vocês podem passar as mãos novamente”, diz ele. Quando elas passam as mãos pela terceira vez a tristeza torna-se em alegria. É que o livro fica preto e branco novamente!
O brilho no olhar de crianças que se surpreenderam com um livro mágico
As pessoas que passearam e andaram mais um pouco viram um novo espaço: o “Café Literário”. Um ambiente aprazível e de entretenimento com poltronas, um mini-palco, datashow e uma lanchonete! Isso mesmo! Uma área que mesclava discussões literárias, recitação de poesias e debates com um café! Quem ali passava se sentia ao mesmo tempo confortável e satisfeito por estar alimentando a alma e o corpo.
Em um dos dias da Feira do livro, 5 de setembro de 2008, o tema do debate foi “Semântica existencial”. Pessoas graduadas e pós-graduadas em Letras (português) estavam a frente desse evento e ficou a cargo de cada uma delas apresentar uma reflexão de autores da literatura brasileira. Em cima do tema “Semântica existencial” discutiu-se a atemporalidade e modo de ver a vida de escritores como Cora Coralina e Carlos Drummond de Andrade.
Café literário
Um dos stands mais curiosos ali foi o dos “Mini-livros”. Pessoas que ali passavam se surpreendiam com a qualidade e a fidedignidade desses livros. Livros de exoterismo, de literatura brasileira, romances, auto-ajuda, em formato miniatura que podiam ser colocados na palma da mão. A idéia veio de um argentino que resolveu inovar a literatura. Pelo preço de quinze reais pessoas podem levar pra casa grandes histórias como “Dom Casmurro” em formato miniatura e o mais importante: totalmente legíveis!
O conhecimento na palma da mão: a magia dos mini-livros
Bem perto dos stands, em uma área isolada das demais, um local improvisado com arquibancada e um palco foi um dos locais mais visitados por crianças e adultos. Com músicas, cantigas de rodas, peças teatrais cantadas e encenadas, a “Arena Cultural” teve o objetivo de cativar crianças e adultos de uma maneira nada convencional: transformando a leitura em brincadeira! Foi assim com o projeto “Catadores e contadores de histórias”.
Quem passava por perto e ouvia risos, música e histórias, não sentia outra vontade a não ser conferir de perto aquela apresentação. Ao chegar naquele local ,improvisado, pessoas abriam mão de se sentar para simplesmente prestar atenção no que se passava ali.
“Catar e contar histórias” é um projeto idealizado por Icléia Maranhão e Samuel Antunes que tem como objetivo levar a crianças e a adultos a leitura através da música e do teatro. “A gente pega algumas histórias do folclore e da literatura infantil, levando para a música”, diz Icléia Maranhão, idealizadora do projeto.
A "catadora e contadora de histórias", Icléia Maranhão
A música é algo que chama a atenção de crianças e adultos. Nela dá pra se contar história e inserir melodias. Nas apresentações Icléia fica com a responsabilidade de cantar enquanto Samuel toca. Essa decisão de “catar” uma história da literatura e “contar” através da música é algo que dá pra conciliar e as pessoas entenderem e se divertirem mais facilmente. “A música é um casamento perfeito com a história. A história tem haver com a música e dessa maneira fica bem mais gostoso o entendimento”, enfatiza Icléia.Segundo Icléia Maranhão qualquer pessoa pode participar desse evento. “Lidamos com crianças de mês até cem”, brinca a idealizadora.Em clima de comédia, terror e diversão, crianças e adultos interagiam cantando, se divertindo e participando de maneira bem gostosa. Ora rindo, ora ficando apreensivas com a história. O evento teve essa capacidade de divertir, prender a atenção e o principal: despertar a leitura nas pessoas. (JJ)
Por: Emerson Garcia