terça-feira, 30 de abril de 2019

Imersão 3: um convite à saltar de cabeça e entrar em águas cada vez mais profundas do louvor espontâneo



O Diante do Trono lançou no dia 5 de abril o terceiro álbum do projeto Imersão, o Imersão 3. O projeto foi gravado ao vivo no dia 29 de março de 2018 durante o Congresso DT 20 anos na Igreja Batista da Lagoinha (IBL), em Belo Horizonte (MG). Ele foi distribuído pela Onimusic e conta com 9 faixas, totalizando 53 minutos. Já apresentei duas canções do projeto no JOVEM JORNALISTA

Assim como as obras anteriores (Imersão e Imersão 2), este é um convite à mergulhar em águas mais profundas da adoração, devoção e entrega ao movimento e agir do Espírito Santo. 

O diferencial do imersão 3 está justamente nos convidados que são da antiga e nova geração da banda. Da antiga estavam André Valadão, Mariana Valadão e Nívea Soares; da nova, Marine Friesen, Ana Nóbrega e Israel Salazar; além de Ana Paula Valadão. 

As divisões de vozes nas canções foram bem marcadas. Todos puderam solar um espontâneo, além de marcar presença nos back vocais das músicas. Ana Paula Valadão sola Tu és Digno, Eu te amo, Salmo 91 e Um mundo lá fora; Israel Salazar e Nívea Soares, Amor maior; Ana Nóbrega, Águas passadas e Meu ar; Marine Friesen, Mariana Valadão e Israel Salazar, Cada batida; e André Valadão, Vem, Eu te abraço. Percebi que o cd não tem protagonismo de ninguém, apesar da liderança ministerial e vocal de Ana Paula Valadão. Cada um dos vocalistas tem participações sejam em momentos solo ou de back vocal

Mais uma vez, há um fio condutor nas canções. Para entendê-las é preciso ouvi-las na ordem. Os principais temas são o amor do Pai para com nós e de nós para com Ele; a proteção  e cuidado do Altíssimo; e a necessidade de deixar fluir rios dos nossos interiores. As músicas oferecem renovação, refrigério e cuidado para as almas.  




A espontaneidade nas canções é algo bastante presente na música gospel nos dias atuais. O Diante do Trono já tinha o costume de gravar canções espirituais e espontâneas e, agora com o projeto Imersão, tem dedicado álbuns completos à ministrações espontâneas e gravadas somente na hora. Nesse cd e em outros da série, verdades bíblicas são declaradas, expressadas e cantadas. Nenhuma das músicas foram criadas sem um respaldo bíblico. Desde a faixa Tu és digoÁguas passadas, até Salmo 91 e Vem, Eu te abraço, todas foram inspiradas em passagens da palavra. De acordo com Tom Molinari, o espontâneo é a passagem para um momento singular de adoração. É como se fosse à ante-sala para um momento devocional livre de paradigmas e limites. Claro que ele deve ser inspirado na Bíblia Sagrada e ser levado ao entendimento de uma comunidade para um nível mais profundo.  Veja o que Tom Molinari fala sobre (com grifos):

"No espontâneo, não cabe o que eu particularmente penso sobre quem eu canto (Pai, Filho ou Espírito Santo), porém apenas as verdades bíblicas sobre o que estou expressando."


Mesmo que sejam canções espontâneas, todas possuem respaldo bíblico. Além disso, os vocalistas não foram conduzidos por achismos, vontades e pensamentos próprios. Outrossim, pelo Espírito Santo para entoar louvores totalmente espirituais. O modo como eles cantam não é convencional. Não existem refrões e letras premeditadas, mas tudo aconteceu no momento da gravação. Além disso, os instrumentistas não seguem uma cifra ou uma partitura já escrita e impressa. O cd possui muitos espontâneos, devocionais, momentos em que os vocalistas e o público se emocionam, choram, ficam de joelhos ou de bruços. Também, Ana Paula Valadão declamou vários versículos, em especial o Salmo 91 em que profetiza e declara a palavra, versículo a versículo. Um dos momentos mais especiais e incríveis da gravação. Assista-o:





Poderia ficar ouvindo essa música por horas e horas e não enjoaria. É interessante a forma como o salmo é declamado e como existe um mover espiritual nos momentos instrumentais e quando Ana Paula profetiza trechos e pede para que os presentes deêm um abraço em si. 


Músicas


Imersão 3 conta com 9 ministrações, algumas mais intimistas e profundas e outras cantadas e apresentadas com todo ímpeto. Resolvi comentá-las logo abaixo:



Tu és Digno





É a música que introduz o cd. Há um chamamento pelo Espírito Santo e um convite à mergulhar nas águas da adoração. O teclado, violino e o violão são bem marcantes. Ana Paula Valadão encabeça a música e introduz a frase: "Entrai pelas suas portas com ações de graça e hinos de louvor". Há vários espontâneos que dizem "Tu És Digno, Tu És Digno, Tu És Digno" "Inteiro coração Inteiro coração e adoração e dizer Tu És Digno". Desse modo, começa a se tecer a canção e o momento de adoração daquela noite. 


Eu te amo





No clima de adoração da faixa anterior, os vocalistas dizem palavras de amor e louvor ao Senhor com o intuito de entrar no santuário. Há balbuciar e cânticos espirituais com o objetivo de dizer o amor que os humanos tem por Deus. A música diz o seguinte: "Eu te amo, Senhor Eu te amo, Senhor". O refrão cresce gradualmente até que chega em um ápice. Nívea Soares encerra cantando "Por que Tu me amaste primeiro Me amaste primeiro"


Amor maior





Israel Salazar inicia o seu solo cantando: "Não é mérito meu É graça Tua". A música fala do amor gigantesco e infalível de Deus. A letra diz o seguinte: "Amor maior, Amor maior O Teu amor é bem maior". No meio da música, Nívea complementa a ideia ao falar do amor de Jesus Cristo pela humanidade na cruz. No final há várias partes instrumentais com foco na guitarra, teclado e bateria e com a frase: "Amor que venceu! Amor que venceu! Amor que venceu!"


Cada batida





A música encerra a mensagem do amor de Deus que perpassou por três músicas - Eu te amo, Amor maior e Cada batida. Com um teclado bem marcado, Marine Friesen sola um trecho que fala do desejo de ser ensinado pelo amor de Deus. Logo após, Mariana Valadão completa a ideia de Marine e explica como quer que o amor de Deus se manifeste em sua vida. Israel Salazar a arremata, com batidas inconfundíveis de bateria, ao dizer "Cada batida do Teu coração Cada batida do Teu coração Cada batida do Teu coração Eu quero sentir, Eu quero sentir". Um trecho que vibrei e cantei muito. Ele possui algumas graduações interessantes. 


Águas passadas





A canção é iniciada pela busca do Espírito Santo e o falar em línguas. É Ana Paula Valadão quem conduz esse momento. Ana Nóbrega, por sua vez, cantou as estrofes que saíram diretamente do coração de Deus para o dela: "Águas passadas Águas passadas Águas passadas... Enquanto mergulho me lavas Enquanto mergulho me lavas E os meus pecados são águas passadas". Uma música ideal para ser levado pelo Espírito Santo e viajar nas águas... 



Salmo 91





Já comentei sobre essa música no primeiro tópico e agora complemento falando da melodia e da letra. Há um compassar de palmas, teclado e bateria e várias palavras profetizadas baseadas nesse salmo tão conhecido. É uma canção que arrepia do início ao fim. 



Vem, Eu te abraço





Com certeza um dos espontâneos que mais gosto e que mais me emociona. O dedilhar do violão e do teclado é tocante. A letra fala sobre o convite do Pai para que mergulhemos e entremos em águas profundas. Realmente André Valadão foi muito feliz nesse cântico espiritual que diz: "Vem, Eu te abraço Vem, Eu te abraço Vem, Eu te abraço". Assim como canções anteriores, essa também tem um crescimento graduado até o ponto que a adoração é levada à um nível inenarrável e o adorador está no fundo do oceano da adoração. A guitarra e o baixo também possuem um papel importante. 



Um mundo lá fora





A música é uma continuação da anterior. Agora, no fundo do oceano, o Pai fala várias palavras de incentivo e reflexão para o filho. Ana Paula Valadão inicia cantando: "E aqui no fundo Eu te encho do meu fôlego E eu te sopro, te impulsiono Vá, vá, vá". A música é como se fosse uma season finale (Isso se não tivesse mais uma). Ela apresenta uma reflexão de ser cheio e banhado pelas águas do oceano e de contagiar as pessoas com isso, como no trecho "Tem um mundo lá fora pra você mudar Tem um mundo lá fora pra você mudar". A música é finalizada com um agradecimento à Deus por ter proporcionado esse "mergulho espiritual"


Meu ar





Antes do cd ser finalizado, há um convite para beber das águas e comer mais um pouquinho do pão. Ana Nóbrega sola lindamente essa canção que reitera que nosso ar, tudo o que precisamos e nossas fontes estão em Deus. Ana Nóbrega encanta à todos com sua doçura ao declamar as frases: "Tu és o meu ar, Tu és o meu ar Tu és o meu ar Pra respirar". Outro trecho que me chama bastante a atenção é o seguinte: "Quando a pressão Quando a pressão vem O Teu escape vem O Teu escape vem". A canção é finalizada em seu ápice e com Ana Paula Valadão cantando "O ar O ar O ar O ar O ar O aaar"

Uma das melhores músicas do projeto, junto com Vem, Eu te abraço, Cada batida e Salmo 91


Capa 




Mais uma vez é retratado o oceano na capa. Quando Ana Paula Valadão foi escolhê-la perguntou à um dos seus filhos qual era a sua preferida e ele prontamente disse: "Essa aqui mamãe, pois parece que alguém acabou de pular/mergulhar na água". E é exatamente essa ideia que o projeto pretende: que os seus ouvintes pulem de cabeça e entrem em águas cada vez mais profundas.

A capa tem vários tons de azul e as palavras "Imersão 3 Diante do Trono" e "Cânticos espontâneos Ao vivo"

Já que o tema é mais uma vez o oceano que tal fazermos uma comparação das três capas desse projeto?


Comparação entre capas















O primeiro volume (2016) mostra uma pessoa mergulhando no oceano. O segundo (2017) apresenta a visão de alguém que do oceano olha para fora e percebe o brilho do sol. Já o terceiro (2019), é o salto de alguém que acabou de mergulhar, deixando um efeito nas águas. As capas tem predominâncias de azul e tons de azul e a do Imersão 2 é meio dividido entre azul e amarelo.


Esse foi o meu review do cd. Ele está em minha playlist, assim como os outros volumes. J-J


Por: Emerson Garcia

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Cálice



Quase todos já escutaram a música Cálice, mas poucos conhecem sua verdadeira história. Escrita por Chico Buarque e Gilberto Gil em 1973, ela foi censurada pelos militares e acabou sendo lançada apenas em 1978, nas vozes de Chico e de Milton Nascimento. Por meio de duplos sentidos e metáforas, a letra, de modo inteligente, aludia à repressão e à violência do governo e se tornou, por isso, um dos mais famosos hinos de resistência ao regime militar.



A censura tinha sido permitida anos antes pelo Ato Institucional nº 5, emitido pelo então presidente Artur da Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968. O “AI-5”, como foi conhecido, foi o mais duro dos dezessete grandes decretos emitidos durante aquele regime. Por meio dele, as garantias constitucionais foram suspensas, parlamentares contrários ao governo perderam seus mandatos e foram ordenadas intervenções em municípios e em estados.

Em geral, conhecer a história previne que nós, meros mortais, repitamos os erros do passado. Entretanto, para os deuses do Olimpo judiciário, que se julgam incapazes de errar, revisitá-la parece não ter muita utilidade, visto que, para eles, os conceitos tem uma definição bem particular: “certo” é tudo aquilo que lhes dá na telha fazer; “errado”, aquilo que os incomoda. Por essa lógica especial, errados são sempre os outros. Sempre. Mesmo que para impor isso seja necessário rasgar a Constituição e, consequentemente, profanar a sua própria razão de existir.



E, assim, por meio da instalação de um inquérito eivado de vícios, absolutamente inconstitucional e ilegal na visão da Procuradoria-Geral da República, que já determinou seu arquivamento [1], busca-se justificar o retorno da execução de medidas impensáveis em um regime democrático, a exemplo do temporário atentado à liberdade de imprensa [2], da determinação de bloqueio de contas em redes sociais e da autorização de mandados de busca e apreensão, inclusive genéricos, como claro instrumento para tentar calar críticas ao STF e a alguns dos seus ministros [3].

Será que as oniscientes divindades realmente não percebem que, ao macularem a dignidade dos cargos que ocupam por meio de comportamentos e decisões, para dizer o mínimo, atabalhoadas, estão fazendo por merecer essas inúmeras manifestações de desapreço? Que, quando apenas 24% das pessoas confiam no Supremo [4], ao passo que a reprovação a determinados ministros atinge taxas próximas a 70% [5], seria preciso, para calar os críticos, desligar a internet no Brasil?



Enfim, rezo baixinho aqui para não ser, também eu, contemplado com uma visita inquisitorial da Polícia Federal (a qual, pensando bem, talvez até contribuísse para me dar ainda mais voz). Porque, mesmo que viesse a ser impedido de escrever, eu certamente não deixaria de cantar, a plenos pulmões, ao amigo do amigo do pai: “Afasta de mim esse cálice”. J-J


Por: Regis Machado, auditor do Tribunal de Contas da União (TCU)

sábado, 27 de abril de 2019

Fã até nos pés: 'Havaianas' de Game of Thrones




Game of Thrones é uma das maiores séries de todos os tempos. Vários produtos temáticos foram confeccionados e vendidos, como sandálias Havaianas. A marca investiu nessa produção grandiosa admirada pelos telespectadores. E para aproveitar a estreia da oitava e última temporada no último dia 14, lançou dois novos chinelos no modelo slim.

As sandálias apresentam temáticas da série como brasões, dragões, mapas de Westeros e frases da casa dos Targaryen e dos Starks, com designers arrojados, cores vibrantes e fortes. Os produtos tem a capacidade de levar os fãs para um desafio cheio de batalhas por dinheiro, amor e poder. Veja alguns dos modelos abaixo e minhas considerações:





Uma sandália que apresenta frases da Casa Targaryen ("Fire and Blood", Fogo e Sangue) e da Stark ("Winter coming", Inverno chegando). Nas cores vermelho e azul em degradé e com as imagens/brasões de um dragão e de um lobo, a sandália chama a atenção por conta de seus contrastes e do fogo e gelo saindo da base e indo até o topo.  




A sandália apresenta o mapa de Westeros e tem um contraste elegante entre azul escuro e dourado. 





Na cor dourada e marrom escuro com tiras cinzas, essa sandália tem estampada o famoso Trono de Ferro e detalhes do mesmo. Achei interessante o contraste entre cinza, dourado e marrom escuro. 


As duas sandálias a seguir são lançamentos e produtos slim femininos. Dessa vez as estampas são de Daenerys Targaryen e das irmãs Starks. Veja:






O modelo de Daenerys Targaryen é uma sandália preta com muitos detalhes em dourado, além de um brasão e sombra de um dragão, o mapa de Westeros e outros brasões. Uma sandália belíssima e cheia de estilo. 




Já as das irmãs Starks tem tonalidades cinza escuro e claro e a figura de um lobo que se completa com as duas sandálias unidas. Além desse brasão, o produto apresenta mapas e estampas variadas. 


Os preços das sandálias variam de R$ 44,90 a R$ 45,99 e podem ser adquiridas no site das Havaianas. Veja os modelos aqui

Lembrando que não recebi nenhum mimo da Havaianas para falar dela, mas bem que poderia ganhar, não é? 

Gostaram das Havaianas? Curtem GoT? Digam tudo nos comentários! J-J


Por: Emerson Garcia

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Rádio Bagaralho: Programa "Capa & Conteúdo" #4






Olá ouvintes da Rádio Bagaralho FM (Rádio Bagaralho, a rádio do... povo). Aqui quem fala é o locutor Arthur Claro, aquele que é igual porém diferente. Com o oferecimento do Sebo Livro Aberto começa agora o programa Capa & Conteúdo

Nele mostrarei uma capa diferenciada de um disco e uma música deste que encontrei no Youtube. Peço que não julguem o cd pela capa e nem pelo conteúdo.



Ken - By request only - He loves me so










Kevin Rowland - My beauty - This guy's in love with you









Daltony - Cirrose








Queridos ouvintes, quero agradecer a todos e espero que que continuem ouvindo a Rádio Bagaralho. Peço que comentem nesse post as músicas que gostam de ouvir, pois irei fazer uma playlist. Pode ser qualquer estilo musical. Um bom fim de semana repleto de felicidades. Beijos e abraços. J-J
























Por: Arthur Claro

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Entre Frames #12: Flutua - Johnny Hooker feat Liniker







O Entre Frames dessa semana está lacrador! Eu e o Thiago Nascimento analisaremos o clipe Flutua de Johnny Hooker, com participação da Liniker. O vídeo foi lançado no dia 24 de dezembro de 2017 e conta com mais 9,9 milhões de visualizações260 mil curtidas e mais de 6,5 mil descurtidas. Os atores Jesuíta Barbosa e Mauricio Destri são os protagonistas do clipe produzido pela Elixir Entretenimento, dirigido por Ricardo Spencer e com fotografia de Pedro Von Kruger. 

Flutua conta a história romântica de um casal homossexual surdo. O clipe discute o relacionamento, bem como o preconceito vivenciado por ambos e a dificuldade que surdos possuem na sociedade. É um vídeo romântico, mas cheio de sentido, discussões e reflexões - algumas doídas que chegam a machucar o coração. Assista-o:




Eu e o Thiago Nascimento percebemos várias nuances e iremos discutir a partir de agora.


Estética do clipe



Flutua conta com quatro paletas de cores distintas que se mesclam e que se sequenciam. A primeira delas apresenta cores frias e neutras, como o cinza, verde, branco, preto e grafite (0:00 - 1:30). A segunda delas escuras, pois as cenas se passam em uma boate, e com filtros e detalhes coloridos em vermelho, lilás e amarelo (1:30 1:51). Há uma matiz de cores intensas que se contrastam com o bréu. A terceira, para uma paleta de cores naturais em uma ambientação que parece ser noturna (1:53).  A quarta volta para um tom de bréu com detalhes coloridos em amarelo, vermelho, lilás e azul (4:13). 







O clipe apresenta uma estética interessante, sempre focalizando nas cores, nuances e luzes coloridas (Falaremos mais à frente sobre isso). 


Barulho da cidade

O clipe é iniciado com o barulho da natureza e da cidade (carros, ventos e ar) - 0:00 - 0:07. É interessante como os produtores mesclam sons e silêncios em um clipe que possui como protagonistas surdos/mudos. Até que ponto o som pode incomodar? Até que ponto o silêncio pode gerar desconforto?

Ao final (6:23 6:35) o barulho é silenciado novamente e os sons da natureza e urbana ganham forma, assim como na metade do clipe, quando acontece uma atitude covarde (Falaremos mais à frente).


Liniker entra em cena



Exatamente aos 1:53 Liniker entra em cena e canta. E aos 2:21 Johnny Hooker e Liniker aparecem juntos. 










Simetria e alinhamento 



Flutua é um clipe simétrico, regular e harmônico. Do início até o fim existem frames  simétricos e regulares. O clipe já inicia com o personagem de Jesuíta Barbosa alinhado no meio do vídeo (0:14). Em outro trecho, ele e Mauricio estão alinhados em cena, juntamente com o espelho e o aro da toalha (1:46). As cenas dos cantores também são simétricas e lineares (4:03). 




Merece destaque a cena do beijo do personagem de Jesuíta e Mauricio na rua (2:29 3:00). Eles se aproximam aos poucos, até se beijarem, de forma receosa e tímida. Não há desarmonia ou deslocamentos, tudo foi calculado e filmado de forma simétrica.



Aos 2:02 os amigos do casal aparecem alinhados, o que significa que eles estão no mesmo barco e vivenciam as mesmas situações. 

Em outro trecho, porém, os personagens protagonistas ficam localizados na parte direita do vídeo (0:54). 




Formas geométricas






O clipe contém várias formas geométricas (retângulos, quadrados, círculos), seja no quarto do personagem do Mauricio (3:52) ou quando a câmera filma de cima para baixo o bairro/cidade e há quadrados e retângulos de diversos tamanhos (5:38). 


A surdez



A surdez é retratada no clipe de forma tranquila e sem preconceitos. Os protagonistas são surdos (0:33) e os amigos deles também, o que demonstra uma aceitação da condição. O interessante é que os cantores também fazem sinais de Libras, totalmente compreensíveis pelo telespectador (Liniker e Johnny Hooker fazem o trecho "Como amar" em Libras entre 4:22 4:25; e Liniker sinaliza em Libras, mais uma vez, o refrão da música entre 5:31 e 5:33). 




O clipe levanta a bandeira que qualquer pessoa normal pode fazer Libras para compreender uma surda e qualquer um tem a capacidade de falar Libras fluentemente (Aprendemos muito sobre as dificuldades de uma pessoa surda/muda na série Switched at Birth - já falada aqui).


Diversidade!

O clipe retrata várias minorias e diversidades (0:46 - 0:52), tais como: gays, negros e surdos. Cada um desses segmentos são estigmatizados e vistos como escórias na sociedade. Se ser gay já é motivo de preconceito, imagina se for gay, negro ou surdo? 


Flutue


Em vários momentos do vídeo os personagens e cantores cantam e encenam o verbo "flutuar". Flutuar, em nossa opinião, é se encontrar em um estado de leveza de corpo, alma e espírito, sem preocupar-se com o que os outros vão pensar e/ou dizer (1:23 1:26). Quantas vezes ficamos com a alma pesada e parecendo carregar um fardo por cedermos às pressões dos outros?! Ser leve e flutuar é vida. 


Amizade


Outro tópico importante a ser salientado é a amizade que o casal gay possui com amigos surdos. Percebemos um companheirismo entre eles e o compartilhar de momentos (2:02). Eles estão juntos para celebrar, permanecer em um estado de leveza ou para confidenciar medos, dúvidas e experiências. O legal é que um se apoia no outro e se esforça para compreender o outro, falando em Libras (Tudo indica que todos os personagens são surdos). Eles cativam um ambiente saudável e de troca de experiências que dá gosto de ver. 


O relacionamento

Os personagens de Jesuíta e Mauricio possuem um relacionamento apaixonante, verdadeiro e arrebatador. Contudo, o personagem de Mauricio é agredido por um grupo de homofóbicos e Jesuíta, por ser surdo, acaba não ouvindo, o que deixa o relacionamento ameaçado. Somente com o tempo que o personagem de Mauricio compreende o de Jesuíta e eles reatam o namoro e se reconciliam. 


Aquéns à homofobia



Como falado no tópico anterior, há uma situação de homofobia que é negligenciada. Ao despedir-se do namorado, Jesuíta caminha para frente enquanto Mauricio vai para trás e é surpreendido por um ataque de violência de um grupo. Jesuíta não ouve por ser surdo. Nessa parte do clipe a ambientação fica sombria e todos os sons desaparecem. De forma proposital, os produtores fizeram isso para elevar as taxas dramáticas da cena e para que ficasse apenas o silêncio que o personagem de Jesuíta estava ouvindo na hora (Ficamos arrepiados e emocionados nesse trecho).

O que a cena quer dizer em poucos segundos (3:20)? Que a sociedade é surda para a violência e homofobia, não ouvindo os gritos de socorros de muitos. 

Jesuíta ficar em primeiro plano e a agressão de Mauricio em segundo também insinua algo: enquanto cuidamos de nossas vidas no primeiro plano, viramos as costas, literalmente, para a homofobia que está em segundo. 

Até que ponto muitos da sociedade ficaram aquém da homofobia e "surda" para ela? Mesmo nesse cenário de negação, o clipe retrata, acreditamos, que a mãe do personagem de Jesuíta que o acarinha e o compreende (4:01). Aos 4:08 Jesuíta desabafa com ela e chora. Apesar desse cenário estarrecedor ainda existem pessoas que protegem a comunidade LGBTQ+ e não são surdas para ela.



Especulamos que o personagem de Mauricio culpa o de Jesuíta por não ouvi-lo em um momento de dor e sofrimento. Isso demonstra que a homofobia externa prejudica não só fisicamente os LGBTQ's, mas também o meio social. 


Reconciliação

Exatamente entre 5:14 5:29 os namorados se reconciliam e resolvem deixar de lado todo impedimento, falha ou defeito. Mas, antes disso, Mauricio vê no espelho a palavra "Flutua", o que acaba por engatilhar o perdão da parte dele para com o personagem de Jesuíta. É com essa palavra que ele entende e perdoa seu grande amor. Eles apenas querem se amar e flutuar, não se importando com os que os outros podem dizer. "E flutua, flutua Ninguém vai poder, querer nos dizer como amar".


Maior que tudo





Ao final do vídeo, os namorados estão mais seguros do que nunca (6:10 - 6:22). Isso é constatado por conta da pose que eles fazem, um se apoiando no outro e do beijo de Mauricio no ombro de Jesuíta. Tal cena demonstra que o amor é maior que tudo: que o preconceito, rejeição, homofobia, etc. 


A voz interior



O clipe explicita que mais que sons e barulhos, devemos conhecer e reconhecer nossas vozes interiores e sabermos ouvi-las. Se a negligenciarmos ou a colocarmos no "mute", vamos ficar doentes e com sentimentos represados. O trecho a seguir retrata bem isso: "Eu já cansei de me esconder entre olhares e sussurros com você"

Quantas vezes escondemos nossas vozes interiores por causa dos outros e somos prejudicados por conta disso?


Detalhes

Em meio à uma história tão forte e intensa, não poderíamos deixar de perceber alguns detalhes, os quais listamos logo abaixo:

-  há uma propaganda gratuita da Adidas na blusa do personagem de Jesuíta Barbosa (1:15)




- O personagem de Mauricio Destri tem um anel de compromisso na mão direita (1:26)




- O personagem de Mauricio pega no bumbum de Jesuíta (1:50)




- Filma-se um tênis azul e o exato momento em que a pessoa salta, em clara referência à flutuar (5:56)




- Close no rosto do personagem de Jesuíta Barbosa (4:06)




- O personagem de Mauricio coloca o dedo no espelho (4:38)




- Há um resgate da cena de homofobia (5:42)




- Jesuíta escreve 'flutua' no espelho (1:42 - 1:46)




- Liniker aparece na cena da boate ao fundo (4:30)



E você, percebeu mais algum detalhe no clipe? Entre em contato conosco pelos comentários que em breve atualizaremos esse post. 


Movimentos de câmera



A câmera é criativa e não-estática. Merecem destaque os movimentos de câmera que filmam de cima para baixo a cena, seja focando no casal e nos amigos deles (1:04) ou quando se filma prédios e casas de uma rua (5:38). 



Alternância entre cenas



O clipe conta com diversas alternâncias de cenas entre o bar e os cantores (4:25 - 5:20), o que acaba por deixar o clipe mais dinâmico e inteligente. 


Cores



As cores nesse clipe tem papel fundamental pois traduzem sentimentos  e contrastam com  as ambientações. Exemplo disso?! Cores neutras e claras - branco, cinza e grafite - contrastam com a blusa do personagem de Mauricio e com seu rosto machucado (0:41). 

Por outro lado, as máscaras coloridas do quarto do personagem de Mauricio realizam uma oposição com a ambientação do clipe (0:33). 




Além disso, assim como no clipe Terremoto (clique aqui), em Flutua há uma alternância de cores verificadas nas roupas das pessoas (PRETO - BRANCO - VERMELHO/PRETO - PRETO - VERMELHO/BRANCO - AZUL ESCURO - PRETO), sempre com cores opostas e contrastantes entre si (2:02). 



Beijaço



Entre outros fatores, o clipe não seria lacrador se não houvesse um beijaço entre Liniker e Johnny, né?! (6:05 6:08) Eles quebraram todos os estereótipos e preconceitos que poderiam subsistir. 


Créditos


















Os créditos são coloridos e em estilo de grafite/pichação (6:36 - 7:24) e combinam com as ambientações e detalhes de cores do clipe (laranja, lilás, verde, azul, roxo, rosa, verde água, etc). Não por acaso, as cores dos detalhes das ambientações e dos créditos são as mesmas da bandeira LGBTQ+. 


Inscrição no espelho/Fonte dos créditos



A pichação do espelho é a mesma que aparece nas fontes dos créditos. A fonte imita uma espécie de grafite/pichação. 


Ambientação dos cantores



Quando Johnny e Liniker aparecem em cena, o fundo é neutro - uma espécie de grafite - que se mistura com objetos prateados pendurados (julgamos ser estrelas ou flores) e com a iluminação do ambiente. 




Letra



Destacamos vários trechos significativos da música e comentamos logo abaixo:

“O que vão dizer de nós? Seus pais, Deus e coisas tais... quando ouvirem rumores do nosso amor [...]” 

Esse trecho claramente fala da preocupação das pessoas LGBTQs ao assumirem um relacionamento para sua família, apontando até a Deus que, na maioria das vezes, é a justificativa de muitas famílias rejeitarem o relacionamento dos filhos.


“[...] Baby, eu já cansei de me esconder. De olhares, sussurros com você. Somos dois homens e nada mais [...]” 

Um complemento a citação anterior. Neste caso, os dois homens no relacionamento estão cansados de se esconderem, como referenciado, entre olhares e sussurros, geralmente por medo da reação dos demais.


“[...] Eles não vão vencer, nada há de ser em vão [...]” 

Acredito que este texto seja autoexplicativo. A luta LGBTQ+ não foi, não é e nem vai ser em vão.


“[...] Um novo tempo há de vencer, pra que a gente possa florescer. E, baby, amar, amar sem temer [...]” 

Um outro trecho muito importante da letra fala sobre um tempo onde as pessoas LGBTQs florescerão seus relacionamentos de modo a não temer uma violência ao demonstrar afeto.


“[...] Ninguém vai poder, querer nos dizer como amar [...]" 

E chegamos no destaque da letra. Acredito que isso seja o sonho de todos os LGBTQs do mundo. Poder viver sem que ninguém diga que sua forma de amar está errada. Toda forma de amor é válida!


Música

Uma batida ritmada de guitarras e baterias, com elevações de teclado, que parece o ritmo de blues. A melodia traduz bastante a ideia da letra, que é de flutuar e elevar o corpo, alma e espírito. É uma música dançante, mas contida.


Essa foi nossa análise de hoje. Gostaram?! J-J















Por: Emerson Garcia e Thiago Nascimento
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