No domingo, 17 de abril, fiz pesquisa de campo na Paróquia Santa Terezinha onde conheci duas participantes da pastoral da saúde. A senhora Aída, de 51 anos, e a senhora Lourdes, de 87 anos.
Ao chegar na casa de Aída para levá-la a missa de domingo de ramos, estava com expectativa. Ao entrar, vi que era feliz e sorridente, apesar de não ter os movimentos das pernas. Com um sorriso no rosto me atendeu de bom grado. Nesse momento, já estava emocionado com seu modo de ser.
Ela me relatou que possui 1 ano de pastoral e que, por um convite, começou a participar do programa. Pude perceber como estava feliz de ser acolhida pelo grupo, pois seu olhar demonstrou tranquilidade e paz, assim como o modo que falava.
Me chamou atenção a sua humildade de ser querida na pastoral, pois me relatou que ficava sem graça por causa da boa recepção que as pessoas tem. E, apesar de não ter adquirido saúde em sua totalidade ainda, o trabalho ao qual participa mudou o seu interior e seu espírito.
O cuidado de seu pai, o senhor Antonio, é impressionante. Vontade de sempre ajudar, de apoiar a filha, de não tratá-la com menosprezo.
Tive a experiência de carregá-la até o carro e levá-la para a missa. Segurei-a fortemente e com disposição, para que se sentisse firme e confiante. Aída dependia de mim para chegar até o destino final, e, por causa disso, não poderia desistir no meio do caminho. Coloquei-a no carro com cuidado e afivelei o cinto de segurança.
Também conheci a senhora Lourdes, de 87 anos. Estava disposta e de bem com a vida. Pude ver o brilho do seu olhar e sua disposição. Apesar de, em alguns momentos, estar cansada, a senhora Lourdes não baixa a guarda. Descobri que tem gostado bastante do trabalho, pois relatou-me que os voluntários da pastoral da saúde possuem responsabilidade com sua vida.
O cuidado que sua filha, Maria de Fátima, possui com a mãe,chamou-me atenção. Não tem do que reclamar do trabalho, pois percebeu a atenção que eles possuem com sua mãe. Vê a pastoral da saúde como um escape, uma vez que seus irmãos e ela não tem tempo de levá-la.
Perguntei como Lourdes chegava das reuniões da pastoral e me disse que sempre chega alegre e como uma “menina de 15 anos”. Eu verdadeiramente pude constatar a felicidade de Lourdes.
A coloquei no carro com cuidado, com o sentimento de paz, e afivelei seu cinto, já que a senhora não possui forças de prendê-lo.
Durante a missa, constatei como os voluntários eram queridos pelos idosos. A cada idoso que chegava, os voluntários o acomodavam e ofereciam ramos com cuidado e dedicação e com o sentimento de dever cumprido.
Aída sempre estava atenta ao que estava sendo falado e participava ativamente das atividades. No período de louvor, cantava alegre e animada, com as mãos levantadas. Em outros momentos, balançava os ramos. Não media esforços e não se limitava.
Ao fim da missa, estava com paz no coração. Entretanto, o trabalho com as senhoras ainda não tinha acabado. Elas estavam animadas e parecia que escondiam qualquer sentimento de cansaço.
Ao deixar Aída em sua casa, me preparei psicologicamente para carregá-la. Dessa vez quase não conseguia mantê-la nos braços, pois seus ossos pesaram muito. Durante o percurso, não aguentei andar com tranquilidade, chegando um instante que sua perna escapou e eu tive dificuldades de erguê-la novamente. Por fim, consegui colocá-la em uma cadeira e me despedi com um abraço e um beijo.
Fui levar Lourdes. Ao contrário de Aída, não senti tantas dificuldades, já que conseguia andar, embora com dificuldade. Me despedi com um beijo e um abraço.
O trabalho que fui instigado a realizar foi um desafio. Não tem como não se emocionar e se relacionar com a história das pessoas. A experiência me pôs a prova e requereu de mim fôlego, sensibilidade, disposição e amor. Por um sentimento espiritual segui em frente, e me dispus a ouvir e conhecer cada história. O que mais me chamou a atenção nesse trabalho é como as pessoas que participam tem que se abdicar de si mesmas e passar a viver em função do outro. A preocupação com o outro vem em primeiro plano. Somente quem pensa assim pode trabalhar na pastoral da saúde. (JJ)
Por: Emerson Garcia