quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Quinta de série: Marlon

(Pode conter spoilers!)








No Quinta de série de hoje falarei de uma sitcom de comédia que teve sua serie premiere em agosto desse ano: Marlon. Criada e estrelada por Marlon Wayans (franquia Todo mundo em pânicoAs branquelas) a primeira temporada contou com somente 10 episódios e já teve sua segunda confirmada. A série é exibida pela NBC.

Marlon conta a história de um pai brincalhão e irresponsável que tem a difícil tarefa de criar seus dois filhos juntamente com sua ex esposa, que é totalmente o oposto dele (Centrada e responsável). Marlon tem o desafio de prestar assistência aos filhos, além de superar a vida amorosa que teve com Ashley. É claro que isso não será nada fácil e renderá as situações hilárias, como: os conselhos falhos e sem noção de Marlon, o difícil encaixe entre sua personalidade e as coisas sérias da vida e o revival que ele insiste em ter com Ashley.

Marlon leva a vida na maior brincadeira e diversão. Ele não tem preocupações e sempre vive o aqui e agora. Ele possui um canal na internet que leva o seu nome, em que compartilha situações cotidianas e momentos bem humorados. Inclusive no início de cada episódio tem uma pequena esquete do canal, que é ligada ao assunto ou tema que será discorrido.

Ele tem um melhor amigo, Stevie, que é seu colega de quarto e quem o ajuda a seguir em frente. O interessante que Stevie é psicólogo e dá muitos conselhos para Marlon ser mais homem, desapegar e olhar para o futuro, mas acaba não dando certo.







Ashley, a ex mulher de Marlon, também tem uma melhor amiga, Yvette. Esta é confidente, alegre, boêmia e dá conselhos interessantes para sua amiga - o principal deles: para ela seguir a vida e o baile. E parece que Ashley segue isso à risca.

Marlon, mesmo sendo uma série de comédia fala de vários temas sérios, como: separação de casais, criação de filhos, família acima de tudo, saber desapegar-se do passado e curar-se de relacionamentos. Mesmo que a série tenha me feito rir bastante, ela me deu várias lições e me fez refletir sobre as coisas da vida. No final de cada episódio tem uma lição e uma superação. Achei isso bem legal.



Personagens




Marlon: É o protagonista. Marlon é hilário, brincalhão e protagoniza as cenas mais divertidas da série. Seu jeitão deixa Ashley perplexa, mas agrada ao seu filho Zackery. 





Ashley: É extremamente responsável e sabe lidar com as situações da vida com seriedade. Mesmo que tenha se separado de Marlon, ainda é ligada à ele por conta da criação de seus filhos.





Stevie: É o melhor amigo de Marlon. Ele é um psicólogo centrado e conselheiro, que luta para ser reconhecido na profissão e ter êxito financeiro e pessoal.





Yvette: É a melhor amiga de Ashley. Yvette é extremamente de bem com a vida e alto astral. Ela é uma cristã que foge dos padrões, além de sempre estar à procura da felicidade, não importa onde ela esteja. 





Marley: É a filha mais velha de Marlon e Ashley. Está na fase da juventude, extremamente difícil e cheia de desafios. Possui dilemas, mas seus pais ajudam a superá-los.





Zackery: É o filho caçula do ex casal. Zackery é o que mais se parece com Marlon, seu jeito de ser e sua forma de lidar com as coisas. Ama o pai e tudo que ele faz, por mais sem noção que seja.




Representatividade


O elenco principal em peso é negro, o que demonstra uma representatividade da raça na TV. As piadas, por sua vez, também fazem referência a esse nicho e são direcionadas para os guetos americanos. Preciso parabenizar a atitude dos executivos de escalarem somente negros para a produção. Essa atitude me lembrou bastante o elenco de Eu, a patroa e as crianças composto também por negros.


Crítica


Gosta de comédias familiares? Então talvez Marlon chame a sua atenção. Embora com uma história não tão inovadora, piadas clichês e personagens superficiais, a produção é um bom passatempo. Se você curtiu Eu, a patroa e as crianças, poderá se interessar por esta, embora aquela chegue a ser melhor que Marlon, em minha opinião.

Uma falha que encontrei é que o desenvolvimento de Marlon e Ashley é maior do que os demais personagens. Confesso que gostaria de ver mais da Marley e Zackery, mas eles somente serviram como ponte para a história principal. Seria legal, na segunda temporada, desenvolvê-los mais. Os plots de Yvette e Stevie também podem ser melhor explorados. 

Essa é mais um sitcom tradicional com sacos de risadas e piadas bestas, mas muito engraçadas. Eu não fiz muito esforça para rir, aliás ri naturalmente e sem parar por várias vezes. Realmente o Marlon é muito engraçado! Li alguns textos para escrever esse post que dizia que o personagem dele na série é baseado no que ele é realmente. Já pensou se for verdade? Queria conhecer essa figura!





Acredito que o canal no Youtube do Marlon poderia ser melhor explorado. Na série ele só serve como uma introdução para o episódio e depois acaba perdido. Uma ideia que daria aos executivos é torná-lo mais evidente, ou então criar um spin-off ou websódios do canal para os fãs assistirem na internet. 

Se você espera por histórias complexas, Marlon não é recomendado. Ela é superficial e criada não para ser acompanhada, mas para passar o tempo e dar algumas risadas. Mas vale a pena ver, mais uma vez, o talento do ator Marlon Wayans, que é sinônimo de sucesso. Marlon foi a primeira sitcom da fall season a ganhar uma segunda temporada. Agora é só aguardar. J-J








Por: Emerson Garcia

terça-feira, 28 de novembro de 2017

8 campanhas publicitárias informativas e criativas sobre 'Novembro Azul'




Esse post pretende ser uma continuação ao de Pedro Blanche da semana passada, Como a campanha do 'Novembro Azul' vai para o lado errado. Parabenizo a condução que o jornalista deu ao texto ao mostrar que as propagandas e campanhas do Novembro Azul são, muitas vezes, de péssimo gosto, com piadas prontas e humor negro descabido, a fim de menosprezar os homens e fazer deles motivo de chacota. 

Quando pesquisei as propagandas para esse post, me deparei com homens sendo retratados como seres frágeis e medrosos, além da piada do 'dedo e toque'. A mais surpreendente que pude ver é a que ele é apresentado como um elefante abobalhado azul, com piadas sobre o 'dedão'  e música bem alegre. Ou seja, o objetivo foi fazer sorrir, além de reforçar estereótipos. Nada que informasse realmente.

É claro que nenhuma dessas serão colocadas nesse texto. O que pretendo trazer são campanhas publicitárias informativas e criativas, que representam o homem como um super-herói, forte, cheio de testosterona, mas com fraquezas. Ou seja, peças publicitárias que mostram o poder da masculinidade, como bem falou Blanche semana passada (com grifos):

" [...] um dos meios para convencê-lo a fazer o exame é mostrar o que ele é: um super-herói capaz de mover mundos e fundos para melhorar a si e os demais. Porém, como todo herói há aquela "criptonita" de cada dia, e o câncer de próstata é uma delas.  [...] O homem deve ser convencido a se cuidar porque ELE É IMPORTANTE PARA TODO NÓS! É o pai, irmão, marido, namorado, avô e tio que precisamos estar por perto e portanto é necessário fazer o exame."


Então vamos às propagandas e campanhas. Separei 8!


1- Novembro Azul 2015 (Instituto Lado a Lado pela vida)


Em 2015, o ILLV trouxe uma campanha informativa, com dados sobre o câncer de próstata. Simples, porém eficaz. Assista:







Gostei de toda peça, principalmente da frase ao final: "Compartilhe a informação de que cuidar da saúde também é coisa de homem"


2- Novembro Azul (Touch Health)





A Touch Health criou uma animação criativa e bem bolada, com a iniciativa de ampliar as discussões sobre o câncer de próstata. Logo no início ela deixa claro que não "está aqui para falar apenas de câncer de próstata, mas para reforçar a necessidade dos cuidados com a saúde em geral". Veja:






A campanha apresenta vários avatares (bonequinhos masculinos), sem menosprezá-los e representando-os com força e virilidade. Além disso, o vídeo traz dicas de como prevenir a doença e cuidar da saúde de forma geral, conhecendo o corpo, histórico familiar, mantendo uma vida saudável, e separando horas para o lazer



3- Novembro Azul (Propaganda livre da Nike)


Acredito que a campanha a seguir não é oficial da Nike, mas sim, uma produção de estudantes de audiovisual da faculdade. Mesmo assim, achei-a bem interessante. Aperte o play:






Como se pode perceber, apresentou-se o homem como sujeito ativo, forte e com uma vida comum. Não houve apelação para piadas prontas (Como a do dedo e toque) ou o  retrato do medo masculino. A frase ao final é bem explicativa: "Saúde é importante para o seu bem-estar físico, social e mental. Cuide da sua".


4- Sinais - Novembro Azul (Sesc)



O Sesc sabe falar desse assunto com maestria em várias propagandas. Por esse motivo, nessa seleção, a entidade aparece duas vezes. Na primeira, o Sesc compara o corpo masculino a uma máquina (automóvel). Assista:





Genial, não? Gosto muito das frases finais: "Por isso sempre é bom fazer uma revisão e visitar o seu mecânico. Não, não... quer dizer: visitar um profissional de saúde regularmente!" 



5- Novembro Azul 2017 (Instituto Lado a Lado pela vida)




Tive que colocar mais uma campanha do ILLV porque acredito que a entidade sabe como retratar esse assunto delicado. A campanha abaixo é recente (2017) e fala do tempo, sua importância e também do seu poder. Veja:






Essa é de longe uma das melhores campanhas que trouxe hoje. Realmente ela informa, impacta e faz com que não só homens reflitam mas a sociedade inteira. A frase a seguir é marcante: "O impacto do tempo, para nós é que o tempo não para..." 



6- Cuide de você e de quem você ama (Dana)
Essa da Dana vai de encontro ao que Blanche disse semana passada: a importância do homem para o meio em que vive e sua família. Aprecie:







A campanha focou no poder de influência dos homens, bem como sua força e poder, além de compará-los a um super-herói ("Seja o herói que sua família precisa. Faça os exames!").



7- Escolhas - Novembro Azul (Sesc)



Essa outra do Sesc é bem tocante e traz uma mensagem forte: o poder de escolhas está nas mãos dos homens! Confira:






A campanha mostra com ludicidade que o nosso bem-estar depende da gente e de nos cuidarmos. E quando é falado 'Cuide-se' não se restringe apenas à próstata, mas a várias outros órgãos. 



8- Kildare


A campanha a seguir foi apresentada em um post de 2015 em que falei do Novembro Azul, informações e ações publicitárias. Resolvi trazê-la novamente porque tem tudo a ver quando Pedro falou que "os homens são super-heróis, mas possuem fraquezas - uma criptonita". Veja:



A peça retratou o Superman, Batman, Homem de Ferro, Homem-Aranha e Wolverine, suas forças, mas também seus calcanhares de Aquiles. Ponto para a Kildare!



Essas foram as campanhas que acertaram em falar do Novembro Azul, da prevenção do câncer de próstata e dos homens. Gostaram? Conhecem mais alguma campanha publicitária informativa e criativa? Digam nos comentários! J-J



Por: Emerson Garcia

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

A contemporaneidade da música e clipe 'A cidade' de Cícero




Na última sexta-feira (24), às 7 horas da noite, o cantor Cícero Rosa Lins - mais conhecido com Cícero - lançou seu novo videoclipe de A cidade, que faz parte de seu quarto cd que em breve será lançado. A Cidade apresenta uma melodia melancólica, fria e urbana (que assemelha-se bastante ao tom de seu segundo cd - Sábado - já falado aqui); uma letra com uma mensagem forte; e um clipe perturbador e reflexivo. 

Sonoramente falando, A Cidade vai do rock ao samba, e do jazz até um som psicodélico. A banda Albatroz, que agora acompanha o cantor, imprimiu uma instrumentalidade triste, abafada, porém forte. O som, harmonicamente falando, não é certinho, mas torto e imperfeito, além de produzir uma espécie de labirinto que enerva os ouvidos de quem ouve a canção. Há vários sons repetitivos, que levam à psicodelia. 

A letra traduz o caos urbano atual e o isolamento dos indivíduos. O trecho "Em algum lugar Em meio a confusão Só resta esperar De pé na condução" traduz a rotina das grandes cidades, da correria e falta de tempo. A calmaria dá lugar ao caos, às buzinas de carro e à fumaça. Mas, mesmo em meio ao aglomerado de pessoas na cidade, engarramentos no trânsito, os indivíduos, na realidade, estão sós e somente preocupados consigo mesmos, em chegar à tempo no trabalho, em não perder a condução, etc.

Cícero também fala da rotina das cidades. Um ciclo vicioso que as pessoas enfrentam todos os dias, com estresse e cansaço. Em meio ao caos não existe inovação, novidade e novas perspectivas. Tudo é exatamente igual. 


"Amanhã o dia Amanhã será Foi e é assim desde sempre O mesmo desespero a desesperar A mesma alegria a alegrar Repetindo repetidamente Amanhã o dia Amanhã será E anoitecerá"




A composição de A cidade mostra uma sociedade desprovida de esperança, alegria e descontração. Na letra percebe-se a frieza social, o cinza das grandes metrópoles e a urbanidade que destruiu o verde, a natureza e a calmaria. O trecho "Um dia breve no cimento" traduz isso. 

Quanto ao clipe, ele foi produzido por Artur Miranda e consegue em imagens explicar a canção. No vídeo ocorre um acidente de trânsito, em que o carro capota, Cícero se fere e as pessoas se aglomeram ao seu redor. O caos instaura-se. Assista:






Uma situação cotidiana que acontece todos os dias. Cícero faz uma crítica à sociedade, que em meio ao caos da cidade, à correria e falta de rotina, ainda consegue parar não para socorrer o semelhante, mas pra fazer disso um show. As relações humanas estão cada vez mais banais nessa cidade de tijolo e cimento. Em que cada um preocupa-se consigo mesmo, em filmar tragédias, tirar fotos, e ser um espectador da dor alheia. 

Aquilo que deveria ser sério, vira banal. As pessoas estão cada vez mais acostumadas em relativizar e banalizar tragédias. Se houvesse uma continuação do vídeo, seria dos indivíduos seguindo suas vidas, como se nada tivesse acontecido. Como se fosse mais um dia, como diz no início da música: "Tudo continua igual Tudo continua A cidade no redor A menina nua A cabeça assimilando Tudo continua Desmorono"

O cantor soube retratar em poucos minutos o que a sociedade atual tem passado: relacionamentos frios, correria, caos e falta de tempo. Um momento em que as pessoas só se preocupam com o aqui e agora. Onde tudo é passageiro, relativizado. 


"Um dia breve no cimento"




O trabalho artístico do clipe merece destaque. Achei interessante o uso de cores e o clima nublado do ambiente. O cinza do cimento das imagens caiu como uma luva à mensagem da música. O Cícero deitado cantando também foi chocante e trouxe uma mensagem forte. Já o carro capotado simula um acidente de trânsito bastante realístico. Os figurantes e as pessoas ao redor também fizeram um bom trabalho, mostrando o caos e o nosso individualismo. 

A filmagem, por sua vez, soube contar muito bem a história, com planos-sequências e sem a utilização de cortes durante a edição. Também gosto de quando a câmera filma de cima e em panorama. 

A Cidade traz uma mensagem fortíssima, seja na melodia, letra ou clipe. Cícero, mais uma vez, conseguiu jogar verdades na cara dessa sociedade contemporânea, cada vez mais fria, caótica, individualista e que banaliza as coisas que não deveriam ser tratadas assim. A música, assim como o clipe, são socos secos no estômago. Gostei bastante dela por fazer reflexões bem atuais. 

E vocês, gostaram? O que extraíram da música e do clipe? Digam nos comentários! J-J



Por: Emerson Garcia

domingo, 26 de novembro de 2017

9 momentos marcantes do 'Jovem Jornalista'




Exatamente hoje o Jovem Jornalista faz 9 anos de existência. No dia 26 de novembro de 2008 ele fora criado, sem muitas pretensões e sem a ideia que ele chegaria até aqui. São 9 anos em que vocês tem nos acompanhado, opinado, comentado. Chegamos a conclusão que não é o JJ que marca vocês, mas é vocês que nos marca.

Foi assim que resolvi criar a arte comemorativa dos 9 anos. Utilizei as cores e a fonte do blog, e a partir do J da logo incrementei um círculo. O resultado final foi um 9 que ao mesmo tempo é o algarismo e o J. Também acrescentei outras cores que combinaram bastante com o verde-água: lilás e roxo em tom degradê. No dia que idealizei esse design aprendi a trabalhar com o gradiente - amplamente utilizado nos dias de hoje - e o resultado foi bem satisfatório. Veja a campanha de aniversário:





A lancei dia 11 de novembro com a seguinte frase:


"Não somos nós que marcamos vocês com nossos posts, ideias, textos e reflexões. São vocês que nos marcam. Há 9 anos. #ObrigadoPorNosMarcar #JovemJornalista #JJ #9anos"



Gostei bastante do resultado final (arte, slogan, frase e #hashtag). A arte foi divulgada nas mais diversas plataformas: Instagram, Whatsapp e Fanpage do blog. A ideia é utilizá-la por algum tempo, até mesmo no Siga-nos - que recentemente foi modificado (Ele aparece ao final dos posts de Pedro Blanche e Layon Yonaller).  

Achei pertinente criar uma #hashtag para o aniversário. #ObrigadoPorNosMarcar traduz muitas coisas, a principal delas é nosso carinho por cada um dos leitores. Aproveitando-a fiz uma arte com os 9 momentos marcantes do Jovem Jornalista - em que também incorporei a logo comemorativa.

São 9 anos, não é mesmo? E em 9 anos o JJ já teve vários momentos marcantes. Quem deu a ideia foi um dos colaboradores do blog, Layon Yonaller. Desse modo, reuni 9 deles e criei a arte. Escolhi desde gafes, posts mais visualizados e comentados, até reconhecimentos, prêmios e condecorações. Foi difícil fazer essa seleção e pode ser que algum momento tenha ficado de fora, mas quando fiz a pesquisa me surpreendi o quanto esse humilde espaço já foi reconhecido e, principalmente, marcado por cada um de vocês leitores.

Então, chegou a hora de reviver esses momentos (para quem já sabe) e de conhecer (para quem não sabe). Espero que gostem!































Curtiram? Já conheciam esses momentos marcantes da história do Jovem Jornalista? Somos gratos por fazerem parte desses 9 anos. Só chegamos aqui por conta de cada um de vocês. J-J



Por: Emerson Garcia

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

A nova bandeira brasileira criada por Hans Donner interferirá na identidade do país?




Nessa semana (19) comemorou-se o Dia da Bandeira - esta que é um dos nossos grandes símbolos nacionais e que representa os elementos do Brasil: azul do céu, verde das matas e o amarelo do sol e riquezas*. Recentemente (09), o designer Hans Donner - criador de várias aberturas, vinhetas e outras artes da Globo - apresentou um upgrade da bandeira brasileira durante o Fórum do Amanhã, que aconteceu em Tiradentes (MG). Donner manteve as cores da flâmula tradicional, mas trouxe conceitos contemporâneos, acréscimo de palavra e nova disposição da faixa branca central. Será que as mudanças propostas foram interessantes? Será que interferiram na identidade nacional?


Uma publicação compartilhada por Eu na Turma da Mônica (@eunaturma) em



Em minha opinião, a bandeira tornou-se mais viva e jovem. Acredito que Hans Donner manteve a sua essência, sem criar inovações impertinentes e incabíveis. A utilização do degradê é algo que gosto muito, mas não sei se - caso a nova bandeira seja adotada - ele ficaria interessante em impressões em papéis, confecção de tecidos e outros objetos com a flâmula. Teria de haver um cuidado muito grande para não distorcer as cores e modificar seus tons. Algo não tão preocupante com a bandeira tradicional, já que são cores únicas, em um único tom (Tudo bem, que vez ou outra vejo variações de verdes, amarelos e azuis de uma bandeira pra outra ou de um objeto para o outro). Veja a nova proposta de Donner, em comparação com a bandeira tradicional:




E aí, gostaram?



Nesse post discorrerei os seguintes tópicos: mudanças na bandeira; a moda degradê; e a nova bandeira está aprovada?


Mudanças na bandeira



Hans Donner trabalha nesse projeto há mais de 10 anos. São mudanças sutis, mas que fizeram uma diferença imensa. É possível perceber que a bandeira tomou forma e volume, em comparação à antiga que é chapada e plana. Além disso, as cores em degradê trouxeram frescor e jovialidade. Por último, a mudança de direção da faixa branca e o acréscimo da palavra 'Amor' tem um significado especial.


Forma e volume


Uma sombra faz toda a diferença né? E na bandeira de Hans Donner ela deu forma e volume ao losango e ao círculo da bandeira. Parece que ela salta sobre os nossos olhos. Possui uma tridimensionalidade incrível. Imagino se ela fosse adotada, como ficaria em tecidos e materiais. 


Cores


O verde - que vai do mais claro até o mais escuro; o amarelo - que sai do mais forte para o mais fraco; e até mesmo o azul - que muda gradativamente do bebê até o intenso. Tudo isso é o efeito degradê que Donner utilizou. O interessante perceber é que o verde, amarelo e azul da bandeira original estão contidos na nova, em um tom ou local.


Nova palavra e disposição da faixa


Donner acrescentou a palavra 'Amor', junto à 'Ordem e Progresso'. Para ele, é o verbete que faltava no pendão e que faz toda a diferença. Em minha opinião o amor é um sentimento nobre, essencial na vida do ser humano. Renato Russo e Paulo da bíblia já diziam que "Ainda que falasse a língua dos homens e não tivesse amor, nada seria". De fato é uma palavra forte, contudo deve-se tomar cuidado para não banalizá-la, já que, em minha opinião, 'ordem e progresso' foram.

Outra mudança é a disposição da faixa, que agora está voltada para cima, sugerindo o poder das três palavras, de acordo com Donner: 


"A frase que sobe tem poder. Queremos sinalizar esse poder, essa mudança que é necessária. Como está, a frase indica inferioridade". 



Desse modo, a nova bandeira não somente traz mudanças artísticas e de designer, mas a sugestão de mudanças políticas necessárias no Brasil. Um resgate dos valores, uma perspectiva positiva do país, uma nova visão e a possibilidade de novas esperanças e um futuro melhor. 


Hans Donner utilizou uma tendência marcante no design, nas propagandas e marcas atualmente: o degradê



A moda degradê







O degradê é um efeito interessante, criativo e despojado, presente na decoração, moda, arte, entre outros. Ele também é conhecido como efeito ombrê (Uma clara referência ao efeito dos cabelos com as pontas mais claras). Em junho de 2016 mostrei como o degradê - também conhecido como gradiente - tem sido adotado por várias marcas e logomarcas

O degradê, quando bem utilizado traz jovialidade e contemporaneidade. Contudo, basta uma mistura errada de cores, para ele se tornar brega e desarmonioso. Na proposta da nova bandeira do Brasil acredito que ele fora utilizado corretamente, pois o degradê é feito com cores únicas, sem a mistura de outras.

As inspirações para o efeito gradiente vão desde o mar, até as cores da natureza. Leia o que a Casa Vogue disse sobre (com grifos): 


"Com inspiração no mar e nas cores da natureza poente ou nascente, o degradê [...] é um poderoso acessório para deixar a vida mais calma. Com influências presentes no sereísmo, tendência forte para a temporada, a gradação de cores, do mais fraco para o mais forte (ou vice versa) dá versatilidade."



Calma e versatilidade podem ser percebidas na nova bandeira nacional, e acredito que mais que na tradicional.






Mesmo com essas características do degradê, muitas empresas que utilizavam-no em suas logos, tem optado por um visual de cores únicas e chapadas, como Layon Yonaller mostrou na semana passada que aconteceu com a nova logo da RedeTV!. Uma das características do flat design, dentre outras, é o abandono do gradiente, de acordo com o site 2op:

"Adeus ao degradê nas marcas: com cores definidas e chapadas, o minimalismo dá adeus ao degradê."



Desse modo, enquanto uns optam pelo menos é mais (Minimalismo e abandono do degradê), outros pelo gradiente, versatilidade e jovialidade. No final, tudo fica bonito e agradável. 

Agora, resta saber se as mudanças na nova bandeira e o degradê foram aprovados. 



A nova bandeira está aprovada?



A modernização da bandeira representa inovação e pode ser aprovada por aqueles que anseiam por mudanças estruturais no Brasil. Uma bandeira como essa propõe uma ruptura aos anos negros que vivemos na política. Quem se interessa por quebras de paradigmas com certeza deve ter gostado dela. 

Em uma matéria do Extra, tiveram comentários bem divididos acerca da nova bandeira. Selecionei alguns:


"Por que ele não faz mudança na bandeira do pais dele a Holanda. Ele é bom mesmo de criar vinhetas."


"Há certas coisas que é muito complicado se mexer. A Bandeira Nacional, nem pensar. Hino Nacional também. Veja, nós deveríamos ter um hino que qualquer cidadão cantasse. Fizeram um hino muito longo, o que prejudica demais decorar. A língua portuguesa, um idioma que o sujeito nasce e morre sem saber corretamente. Nisso poderíamos mexer sim, mas os ilustres não permitem e só complicam cada vez mais, como se isso nos ajudasse em alguma coisa."


"Precisa de mudanças mesmo. O amarelo poderia representar nossas matas em chamas, o verde representaria o Distrito Federal com sua altíssima concentração de dólares. O azul deixaria de existir já que nosso céu é cinzento e o branco continuaria mas representando a pureza que existe na mesa e na conta do trabalhador."





E claro que a zoeira na internet surgiu e tiveram aqueles que também propuseram mudanças na bandeira. Separei algumas bem divertidas: 




















Mudar a nossa bandeira será algo bem difícil. Desde sua criação, ela só fora modificada em 1889, com o acréscimo das estrelas. Para Donner avançar com sua proposta ele necessita reunir pelo menos 100 mil assinaturas a fim de levar seu projeto ao Congresso Nacional. As mudanças em seu design dependem da maioria simples nas duas casas do Legislativo. E você, gostou das mudanças? J-J



*Ao contrário do que a sabedoria popular afirma, o verde e o amarelo não representam nossa mata e nossas riquezas. O verde é símbolo da Casa de Bragança, a quem pertencia Dom Pedro I, enquanto o amarelo representa a Casa de Habsburgo, da imperatriz Maria Leopoldina (que era austríaca). O lema "Ordem e Progresso" foi inspirado a partir dos ideias da corrente filosófica positivista, que valorizava o pensamento científico e racional. (Revista Galileu)






Por: Emerson Garcia

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Quinta de série: Bloodline

(Pode conter spoilers!)








NQuinta de série de hoje trago uma série da Netflix que contou com três temporadas, totalizando 33 episódios: Bloodline. A produção teve sua estreia em 2015 e sua conclusão antecipada nesse ano, 2017. Ela fora criada por Todd A. Kessler, Daniel Zelman e Glenn Kessler. Obteve críticas positivas em sua primeira temporada, contudo a qualidade decaiu muito em seu segundo ano, ocorrendo seu cancelamento e encerramento na terceira temporada.

Bloodline conta a história de uma família desajustada, desajustada não, totalmente desajustada. Ela é composta pelos patriarcas, Robert e Sally Rayburn, e seus quatro filhos: Danny, John, Meg e Kevin. A família Rayburn é dona de um hotel à beira da praia em Miami, onde vivem, residem e trabalham. 

Os negócios da família vão de vento em polpa, até que um dos filhos resolve retornar para casa. Este é Danny, o primogênito dos Rayburn e considerado a ovelha negra da família. Acontece que seu retorno não será bom para a maioria, com exceção de sua mãe. Seu retorno causa muito incômodo, além de trazer à tona problemas do passado.

A série, então, vai se construindo assim: com a reintegração ou não de Danny. Seria ele um problema para todos? Por que seu retorno causou tanto desconforto? Desse modo, conhecemos o passado de Danny, assim como dos demais. Descobrimos que Danny realmente é uma ovelha negra: mente, usa drogas, fuma, bebe, tem um passado e um linguajar bem sujo. Mas também descobrimos que ele não era o principal problema, e passamos até mesmo a gostar dele e odiar os que se diziam heróis... 





Bloodline começa com a seguinte frase: "Não somos pessoas más, mas fizemos uma coisa ruim", que é dita por John - o segundo filho mais velho dos Rayburn e quem narra essa história. De fato, algo muito ruim foi feito para preservar a honra da família. Seria uma única pessoa que fez? Várias? Esse será um segredo que será guardado por um bom tempo e quando revelado, ocasionará reações irreversíveis.

Os Rayburn são o retrato de muitas famílias reais, em que há predileções por filhos, segredos guardados, conflitos, mágoas, rancores, mas também perdão, redenção e reconciliação. As situações retratadas são bastante comuns e demonstraram o drama que muitas pessoas já passaram. 

A série também é humana ao mostrar o que há de melhor e de pior nos seres humanos. Os personagens da série não são perfeitos e não tem apenas uma linha de personalidade. Eles são falhos, cometem besteiras, entretanto são apaixonantes e cativantes. Bloodline traz essa oscilação: em um primeiro momento você ama um personagem, para depois odiá-lo com todas as forças, ou vice-e-versa.





A série lidou com as mais variadas situações familiares: relação de pais e filhos; sexo na terceira idade; relacionamento entre irmãos; entre maridos e esposas, etc. Para os apaixonados por dramas familiares essa é a produção indicada.



Personagens




John Rayburn: é o segundo filho da família Rayburn e o protagonista dessa história de "tretas de família". É um detetive policial correto, mas que a partir de determinado fato terá sua personalidade modificada. 






Danny Rayburn: o filho mais velho da família Rayburn. Este é o típico filho perturbado que toda família possui, sabe? Danny é mentiroso, vagabundo, usuário de drogas e não mantém uma relação muito boa com sua família, exceto com sua mãe Sally. Possui um passado obscuro e agora volta para o seio familiar para se reconstruir.






Meg Rayburn: É a filha do meio. É uma advogada centrada e a mais sensata dessa família problemática. Possui dificuldades na vida sentimental, mas sempre está do lado de seus pais, para o que eles precisarem, sendo uma apoiadora e uma coluna tanto em suas vidas como nas de seus irmãos. 






Kevin Rayburn: É o caçula. Kevin renova barcos em Indian Key Channel Marina. É o típico filho que age por emoção e faz o que dá na telha. No decorrer da história ele comete muitas besteiras, mas seu irmão John está ali para corrigi-lo e dar um norte à ele.






Robert Rayburn: patriarca da família, dono de um hotel à beira-mar em Miami. Robert guarda muitos segredos do passado e não mantém uma relação muito boa com seu filho mais velho, Danny. 






Sally Rayburn: é a matriarca da família. Aquela que oferece carinho e proteção, além de ser a válvula de escape dos filhos. É uma mulher alegre, porém sofrida, principalmente por todas as coisas que acontecem na série.



Abertura, fotografia e paisagens



Bloodline tem um aspecto técnico incrível, e esse foi um dos motivos que me fez assisti-la. A Netflix realizou um trabalho impecável de fotografia, digno de uma obra cinematográfica. As camadas de cores das cenas é algo que merece destaque.

O deleite visual inicia-se a partir da abertura, que traz paisagens praianas e da natureza estonteantes. Trata-se de uma praia localizada em Islamorada, em Cayos (FL), onde fica o hotel dos Rayburn.  






A abertura consiste em mostrar essa praia em diferentes momentos do dia, com as mais diferentes intervenções: escuridão, sol, chuva, vento. O efeito ficou incrível e bastante realístico. A música-tema chama-se The water let's you in, da banda Book of Fears - que traz vozes e o som belíssimo de uma gaita. A letra fala de um homem que tem uma missão no mar. Assista:







É ou não é uma abertura incrível? Daí você pensa: se a abertura é assim, imagine a série e suas paisagens?! Sério! Meu sonho é morar nas ilhas de Flórida Keys depois de assistir Bloodline. Um cenário paradisíaco desses, bicho...







Crítica e audiência


Bloodline tem uma interessante trama, contudo, por diversas vezes, ela ficou complexa e difícil de ser entendida. Para explicar a história da família, foi utilizado flashbacks, que muitas vezes mais atrapalharam que ajudaram. 

A série tem um ritmo lento, que pode incomodar as pessoas que gostam de tramas cheias de ação e aventura. Bloodline, desse modo, foi cheio de altos e baixos, com episódios bons, mas outros ruins. A trama demorou pra engrenar, embora tivesse importantes ganchos, como os dramas da família, investigações policiais e suspenses.

Em matéria de focar na família e em seus dramas, Bloodline soube fazer isso muito bem, ao explorar as personalidades complexas dos personagens em diálogos riquíssimos e cheios de emoção.

Já sobre a atuação dos atores, não tenho do que reclamar. Eles se entregaram de corpo e alma à história. Merecem destaque as atuações de Kyle Chandler (como John Rayburn), Ben Mendelsohn (Danny Rayburn) e Sissy Spacek (Sally Rayburn). 

"Linha de sangue" teve um ótimo gancho da primeira para a segunda temporada, que me deixou de queixo caído. Se eu achava que essa família já tinha problemas suficientes, estava muito enganado. Contudo, a trama se perdeu no decorrer do seu segundo ano, com narrativas desinteressantes e que me deixaram com bastante sono. 

Com isso, a audiência só veio a despencar, até que os produtores e criadores resolveram cancelar a série e entregar um final tosco e sem graça. Sério! Me pergunto como tiveram coragem de colocar aquilo no ar e estragar o que de certa forma já estava estragado. Os delírios psicóticos de John e o subaproveitamento do filho de Danny foram fora dos limites. Só o que gostei do episódio final foi a deterioração da família Rayburn.





Tenho dúvidas se recomendo a série pra vocês ou não. Mas para aqueles que se interessarem, saibam que é uma trama bastante lenta, cheia de altos e baixos e um final arrasador. E o que verdadeiramente vale a pena? As paisagens paradisíacas, a fotografia impecável e os conflitos familiares dos Reyburn. Até a próxima! J-J






Por: Emerson Garcia
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