terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Crítica: "Quarto de guerra"



Como já puderam perceber, ultimamente tenho diferenciado os posts de cinema entre o 5Q e críticas de filmes. Já recebi alguns comentários que diziam que o 5Q era superficial. Por isso,  escrevi textos sobre O bom dinossauro e Perdido em Marte. Agora faço uma crítica sobre o filme Quarto de guerra

O filme é de Alex Kendrick, mesmo criador de sucessos como A virada, Corajosos, Desafiando gigantes e Prova de fogo. O que eles possuem em comum? São produções gospel que estão fora da órbita dos grandes sucessos hollywoodianos. Em minha opinião, muitos desses filmes poderiam concorrer ao Oscar, mesmo com orçamentos inferiores a um Star Wars, por exemplo. Mas não me surpreende um filme gospel não concorrer ao mais importante prêmio de cinema, até porque outros gêneros - como comédia e ação - foram extintos. Podem reparar se os filmes cotados ao Oscar não variam entre drama, animação, aventura, ou qualquer outro "queridinho" do momento - por ser um filme esperado ou de um grande diretor. 

Isentar um filme do Oscar não significa que ele seja ruim. Essa é a primeira coisa que devem ter em mente. Quarto de guerra, por exemplo, poderia concorrer ao prêmio, mesmo com algumas falhas no roteiro e com o "nariz torcido" de alguns críticos a conceitos gospel.

Kendrick, dessa vez, aposta em um conceito poderoso e bastante utilizado na fé cristã: a oração. O fervor e a fé de Clara Williams é apresentado ao telespectador, em confronto com a mornidão e a tristeza de Elizabeth. Esta última, poderia ser qualquer um de nós, que perdeu a fé e a esperança na vida. Por sua vez, o casamento da protagonista, que está a beira de ser destruído, poderia ser qualquer área de nossas vidas.




Os universos de Clara e Elizabeth se fundem, uma amizade nasce e a oportunidade de aprendizado surge. Clara apresenta, à esposa destruída, o magnífico poder da oração e o que ela chama de "quarto de guerra", local onde luta suas guerras espirituais. Conceitos de prece e conversa com Deus podem ser comuns e triviais a muitos cristãos, mas talvez não sejam a pessoas não-cristãs, que foram ao cinema apenas para serem entretidas. O impacto que se gera em evangélicos, pode ser diferente em outras pessoas. Não digo que a produção não pode mudar a forma de ver de uma pessoa que não conhece o poder da oração, mas digo, que talvez por ser uma produção evangélica, o filme se arvore em conceitos restritos aos cristãos. O filme poderia evangelizar uma pessoa não-cristã? Poderia. Mas não é esse o foco, e sim, disseminar a cultura evangélica.

Além dos conceitos de oração - que são apresentados de forma enfática, carismática e entusiasmada - o filme ainda roteiriza situações comuns e triviais, que ao meu ver foram perigosas e cheias de clichês. A produção não inovou ao trazer um casal que passava por problemas. Preferiu ir ao lugar comum de estratégias de guerra e de confrontos militares, para ilustrar uma guerra espiritual e um conceito cristão. E optou pelo marido autoritário, esposa submissa e filha depressiva - núcleos bastante comuns que já estamos cansados de ver em outras produções. 

Mesmo apresentando todas essas dinâmicas já bastante conhecidas, o filme poderia ousar mais um pouco e trazer uma nova ótica de guerras espirituais e família, mas não o fez, e se fez, não foi como deveria. O casamento de Elizabeth e seu esposo é apresentado de forma bastante superficial e parece que o problema enfrentado por eles não é tão grave assim. Só existiram algumas dr's e brigas que foram suficientes para colocar o casamento à prova de fogo. O marido de Elizabeth é ausente, mas faltou mostrar isso de forma mais incisiva.

Pouco tempo depois que Elizabeth apresenta à Clara seu problema, ele já é resolvido pelo poder da oração de Clara e da esposa, não dando margem a "mimimis" ou revoltas do marido. Existem casos reais de esposas que demoram anos para converter seus maridos e mudarem seus casamentos, mas no filme - E por ser filme! - isso acontece em um passe de mágica. Talvez essa tenha sido a falha mais grave de roteiro do filme: deixar pouco espaço para o ápice e para as cenas mais eletrizantes da produção.



Outra situação tem a ver com happy end, já bastante difundido em filmes estilo Sessão da tarde. Não é difícil que uma situação não se resolva, por mais complicada que ela possa parecer. Desse modo, o filme opta por trazer um final feliz, com a família reunida e um campeonato de corda, que envolve a filha e o pai. Se houve uma novidade foi a de eles não ganharem o primeiro lugar.



Não digo que o filme não foi eletrizante. Nem que ele foi de todo ruim. Preciso me explicar. O meu problema é mais com alguns aspectos técnicos, até porque o achei emocionante. E a emoção não tem nada a ver com a técnica. Me emocionei, por exemplo, quando Elizabeth expulsa da sua casa forças demoníacas; quando Clara agradece a Deus por suas orações respondidas; quando ela conta do propósito de ser Elizabeth a pessoa que iria ajudar; e também quando, no final, forma-se um grande exército de pessoas dispostas a orar e ter intimidade com Deus. Pronto! Um parágrafo para me redimir.

Mesmo com toda a trivialidade, o filme retrata conceitos importantes, como o amor próprio, perdão e fé. Claro, que se você não for cristão deve tratá-los como temas universais, humanos e necessários a todas as pessoas.




Talvez você se pergunte porque um filme com as falhas apontadas, merecia concorrer ao Oscar. Eu te respondo que, mesmo com todos os clichês e por se tratar de um filme evangélico, Quarto de guerra ainda pode surpreender. É uma família comum e trivial? É. Mas é uma família apaixonante, que faz com que você torça e vibre por ela. Além disso, o filme faz com que você repense algumas situações da sua vida. E, também, possui uma bela fotografia pra nenhum outro filme de sucesso colocar defeito. Espero que tenha me redimido de novo. J-J


Por: Emerson Garcia

9 comentários :

  1. Eu ainda não vi esse filme mas só tenho ouvido elogios, quero mt ver, bjs!

    bomhumornaosaidemoda.blogspot.com

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    1. Pois é. Foi bem recebido pela maioria das pessoas. É considerado o melhor filme do diretor.

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  2. Interessante a indicação Emerson ~ é sempre bom conferir esses títulos fora dos grandes circuitos!

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  3. não é meu tipo de filme não,mas a resenha como sempre muito bem escrita

    Bjuuuuu
    http://www.blogjumedeiros.com/

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  4. Acho que nunca tinha ouvido falar deste filme, mas até podia ser que eu gostasse de ver. Nunca se sabe... beijinhos.

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  5. Assisti no cinema e me marcou profundamente, marcou tanto que ganhei o dvd de aniversário! Nos EUA, entre a comunidade cristã, foi um grande frisson! Ao meu ver, eu não vi a vida do marido da protagonista mudando da noite pro dia não. Levou tempo. Aliás quanto mais ela orava, "mais ele aprontava". No final achei o propósito do filme muito bom e um despertamento para quem é evangélico: a oração move a mão Daquele que move o mundo.

    Grande abraço!
    www.vivendolaforanoseua.blogspot.com

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    1. Que bom que a moral do filme foi disseminada. Gostei muito do seu ponto de vista, Gisley.

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  6. Amei o filme e retrata o nosso dia a dia. .. aliás. ..oração não serve só pra evangélicos não. ..serve pra qualquer pessoa que se dispõe abrir seu coração pra Jesus. ... simples assim. ..!!!

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