Hoje é dia de Quinta de série aqui no JOVEM JORNALISTA. Trago uma minissérie brasileira, da Globo, veiculada em 1999. A produção contou com 4 capítulos, sendo exibida de 5 a 8 de janeiro de 1999. Criada por Guel Arraes, Adriana Falcão e João Falcão, a minissérie foi baseada em três obras de Ariano Suassuna - Auto da Compadecida, O Santo e Porca e Torturas de um Coração. Foi uma minissérie que misturou drama e comédia, tendo a religião como plano de fundo. No elenco estavam presentes Matheus Nachtergaele, Selto Mello, Fernanda Montenegro, Maurício Gonçalves, Lima Duarte, Marco Nanini e Denise Fraga.
A estória se passa no sertão de Taperoá, na Paraíba, durante a década de 1930. Na cidade conhecemos o esperto João Grilo e seu amigo Chicó, covarde e mentiroso, que ganham a vida anunciando o filme A Paixão de Cristo. Eles são pauperrímos e qualquer trocado era lucro. Eles, então, arrumam um emprego na padaria de Eurico, que possui uma esposa arretada chamada Dora. Chicó, então, se envolve com ela. Em uma cadeia de mentiras, ele e João Grilo tiram proveito de tudo, até mesmo de uma porca de barro, da cadela Bolinha e do padre e bispo da cidade.
É quando o cangaceiro Severino chega na cidade, liquidando os cidadãos da cidade. Assim, vários moradores de Taperoá são mortos e são julgados no Juízo Final (Não vou falar quem é morto pois seria spoiler). O que posso dizer é que os que são mortos e julgados, nenhum deles mereciam ir para o paraíso.
Assim, suas obras são julgadas por Jesus e pelo próprio diabo no Tribunal das Almas, até que chega a Nossa Senhora, a Compadecida, que muda o destino deles.
Na minissérie conhecemos outros personagens bem humanos, como Eurico, Dora, o padre João, o cangaceiro e o bispo. Sendo assim, O auto da Compadecida apresenta personagens icônicos e marcantes. Não é somente Chicó e João Grilo que brilham, mas todos os demais, com suas estórias, regionalismos e sotaques.
Na minissérie conhecemos outros personagens bem humanos, como Eurico, Dora, o padre João, o cangaceiro e o bispo. Sendo assim, O auto da Compadecida apresenta personagens icônicos e marcantes. Não é somente Chicó e João Grilo que brilham, mas todos os demais, com suas estórias, regionalismos e sotaques.
O auto da Compadecida é uma obra de ficção, cheia de regionalismos e coisas difíceis de acontecer. Ela beira ao regionalismo e à crítica a religião, pois mostra que todos pecaram, mas merecem uma nova chance.
Personagens
A minissérie contou com vários personagens marcantes, baseados na incrível obra de Ariano Suassuna. São eles:
Chicó: homem covarde que gosta de contar mentiras e "causos" que não aconteceram nem aqui nem na China. Trabalha em uma padaria e é o melhor amigo de João Grilo.
João Grilo: homem pobre e aproveitador que se amarra em criar confusões. Trabalha para o padeiro e é o melhor amigo de Chicó.
Padre João: chefia a paróquia da cidade. É extremamente racista e avarento. Ele visa somente o lucro material.
Bispo: é muito avarento e vive difamando seu colega, o Frade.
Eurico: dono da padaria da cidade, extremamente avarento e trata seus subalternos de uma forma ruim. É casado com Dora.
Dora: mulher adúltera que se diz santa. Vive agradando Eurico e passando a perna nele com suas desculpas.
Major Antônio Moraes: homem ignorante e autoritário que usa seu poder para amedrontar os mais pobres.
Cangaceiro Severino: cangaceiro que encontrou no crime a forma de sobreviver. Guarda um segredo.
Diabo: é o justo promotor do Julgamento, que vive tentando imitar o Emanuel, filho de Deus. Ele exige reverências pelos lugares onde passa. Ele tem um livro com as obras das almas e o assina com seu próprio sangue. Não possui misericórdia.
Jesus Cristo: também chamado de Emanuel (Deus Conosco), é o juiz do povo que julga com sabedoria e imparcialidade, mas com o dom da misericórdia. Na minissérie possui a pele negra, quebrando com muitos estereótipos.
Compadecida: também chamada de Nossa Senhora, é a mãe de Jesus Cristo. É bondosa e cândida, intercedendo por todos, colocando o julgamento de Seu filho e do diabo por terra.
Frases
Se existe algo de inesquecível nessa minissérie são as frases ditas pelos personagens que, até hoje, são relembradas pelo público com carinho. Resolvi ressaltar algumas:
- "Num sei, só sei que foi assim": frase dita por Chicó sempre que contava uma estória mirabolante.
- "Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, a braba dá quando quer. A mansa dá sossegada, a braba levanta o pé. Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher": versinhos engraçados ditos por João Grilo. Vale a pena vê-lo declamando e movimentando o corpo!
- "Já fui dizendo 'i love you' e ela se derretou todinha! - I love you? - É morena em francês": diálogo entre Chicó e João Grilo. Agora i love you tem um novo significado.
- Estou cansado dessa agonia. De ficar rico, ficar pobre. Ficar rico, fica pobre": frase dita por João Grilo em um momento cômico da série. Essa é a realidade de muitos brasileiros, não é verdade?
- "A cor pode não ser das melhores, mas o senhor fala bem que faz gosto": frase dita por João Grilo quando ele viu Jesus Cristo pessoalmente.
- "E lembrem-se, o casamento é uma invenção de Deus. - Só que o diabo acrescentou o chifre": a primeira frase foi dita pelo padre João e a segunda por João Grilo.
- "É tanta qualidade que exigem para dar um emprego, que não conheço um patrão com condições de ser empregado!": triste realidade dita por João Grilo.
Abertura
Confesso que gostei mais da abertura de 2020, do que a de 1999, mas como esse post é sobre a série de 1999, então tenho que comentar ela. A abertura contém cenas do filme La vie et la passion de Jesus Christ, de 1903, com a música Cavaleiro do Sol, do músico Antúlio Madureira. Escute a música e, logo após, a abertura da minissérie:
A música apresenta muito regionalismo do sertão nordestino.
Trilha sonora
A minissérie possui uma trilha sonora única e inigualável que, com certeza, ficou marcada na memória de seus fãs. Fique com uma apresentação musical de Sagrama, que interpretou Presepada.
A minissérie possui uma trilha sonora única e inigualável que, com certeza, ficou marcada na memória de seus fãs. Fique com uma apresentação musical de Sagrama, que interpretou Presepada.
Episódios
Como falado na introdução, a série contou com 4 episódios, são eles:
- O testamento da cachorra: Chicó e João Grilo arrumam emprego na padaria de Eurico. Chicó se envolve com a mulher do patrão e João tem a missão de convencer o padre a realizar o velório de sua cachorra.
- O gato que descome dinheiro: João entra em uma fria ao vender para os patrões um gato que fabrica dinheiro. Rosinha chega a cidade e encanta Chicó.
- A peleja de Chicó contra os dois Ferrabás: Chicó duela com os dois homens mais valentes da cidade por Rosinha e faz uma promessa. Mas não imagina que ao sair vitorioso do embate, seus problemas estariam apenas começando.
- O dia em que João Grilo se encontrou com o diabo: vários personagens se encontram no céu. Nossa Senhora intercederá por eles perante Jesus e o diabo no julgamento final.
Sucesso e prêmios
Como falado na introdução, a série contou com 4 episódios, são eles:
- O testamento da cachorra: Chicó e João Grilo arrumam emprego na padaria de Eurico. Chicó se envolve com a mulher do patrão e João tem a missão de convencer o padre a realizar o velório de sua cachorra.
- O gato que descome dinheiro: João entra em uma fria ao vender para os patrões um gato que fabrica dinheiro. Rosinha chega a cidade e encanta Chicó.
- A peleja de Chicó contra os dois Ferrabás: Chicó duela com os dois homens mais valentes da cidade por Rosinha e faz uma promessa. Mas não imagina que ao sair vitorioso do embate, seus problemas estariam apenas começando.
- O dia em que João Grilo se encontrou com o diabo: vários personagens se encontram no céu. Nossa Senhora intercederá por eles perante Jesus e o diabo no julgamento final.
Sucesso e prêmios
A minissérie foi um grande sucesso de público e crítica, registrando uma média de 39 pontos - audiência média que a novelas das oito recebia na época com Suave Veneno. A série ganhou o trófeu Walter Clark de melhor série de TV no Grande Prêmio Cinema Brasil.
Baseado em um livro
A obra é baseada em um auto de peça de teatro de Ariano Suassuna escrito em três autos, em 1955. É um drama nordestino, baseado em literatura de cordel, comédia e traços do barroco católico. A obra consegue misturar a cultura popular com a tradição religiosa.
Tive a oportunidade de ler essa obra no meu Ensino Médio, por volta de 2005, e percebi que ela é como se fosse um roteiro teatral, com falas, atos e cenas. Desse modo, é possível vermos a forma como cada personagem fala, com seus regionalismos.
Diferentemente da minissérie e filme, o livro tem um narrador chamado de O Palhaço, que apresenta os personagens e narra toda a obra.
Suassuna baseou o personagem João Grilo em uma figura folclórica tanto brasileira como portuguesa. Assim como se inspirou em dois folhetos de Leandro Gomes de Barros, chamado de O dinheiro ou O testamento do cachorro ou O cavalo que defecava dinheiro.
Em 1962 O auto da Compadecida foi considerado como "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro" por Sábato Magaldi.
Além dessa adaptação para a TV com a minissérie, a obra de Ariano Suassuna foi adaptada para o cinema pela primeira vez em 1969 com o filme A compadecida (com Regina Duarte no papel título) e pela segunda vez em 1987 com o filme Os Trapalhões no Auto da Compadecida. Já em 2000 a versão para a TV foi adaptada para os cinemas, com a inclusão de personagens de Torturas de um coração e elementos de O Santo e a porca, também de autoria de Ariano Suassuna.
Crítica
Essa minissérie é uma das melhores brasileiras que já cheguei a ver. É um trabalho mágico e incrível, que no final deu tudo certo. Possui bom roteiro, diálogos, elenco e produção. O resultado não poderia ser outro a não ser o de produto de qualidade artística elevado.
O roteiro de Guel Arraes, Adriana Falcão e João Falcão conseguiu captar a alma e os elementos das obras de Suassuna. Os personagens são carismáticos e inesquecíveis. Como se esquecer das aventuras e peripécias de João Grilo e Chicó? Ou da fidelíssima Dora? As estórias deles são muito bem entrosadas, gerando uma relação interessante.
Em tela, Matheus Nachetergaele e Selton Melo possuem uma química muito interessante. Eles não são nada iguais, mas igualmente interessantes, cômicos e criativos. Difícil é encontrar obras em que Matheus e Selton se destacaram, como em O auto da Compadecida.
Já a atuação de Marcos Nanini como cangaceiro é de meter medo. Em nada ela lembra a atuação do doce Lineu em A grande família. Nanini realmente vestiu a pele do violento cangaceiro Severino de Aracaju em uma bela e grande composição.
A impecabilidade também podem ser vistas na atuação de Fernanda Montenegro, Luis Melo e Mauricio Gonçalves. Personagens do imaginário popular, mas que realmente existem (sim, acredito que Jesus, a mãe de Jesus e o diabo são reais!). O figurino e os efeitos visuais e especiais em suas composições é algo bonito de se ver.
O auto da Compadecida apresenta uma trama difícil de imaginar que aconteceria na vida real, embora a parte do juízo final é algo que creio que acontecerá na vida terrena. É tudo mágico, fantasioso, cinematográfico... Mesmo assim, a minissérie ainda aborda temas sérios e reais como pobreza, miséria, fome, corrupção e religiosidade. A recomendo! J-J
Olá amigo, boa tarde
ResponderExcluirPassando, lendo, elogiando, e deixando votos de um dia abençoado pela Saúde e felicidade
Cumprimentos
Série e filme maravilhoso demais, amo
ResponderExcluirBeijos
www.pimentadeacucar.com
É uma série incrível, dei muitas risadas assistindo!
ResponderExcluirBeijos!
Aproveita pra conhecer meu blog, layout novo opsquerida.com.br e segue no insta instagram.com/siteopsquerida
Eu também ri bastante na versão de 1999 e na de 2020!
ExcluirJá estou acompanhando o blog com layout novo. Você arrasou.
Este filme é um dos poucos filmes nacionais que valem a pena ser assistidos. Uma excelente opção para a quarentena. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Concordo, Luciano. O recomendo sempre!
ExcluirQue nostalgia boa! Essa minissérie faz lembrar quando a família toda se reunia em frente a tv para assistir algo!
ResponderExcluirFiz postagem nova e gostaria muito da sua opinião.💟
Beijos!
Uma nostalgia e tanto, Paloma! Ôhh saudade.
ExcluirEu adoro essa narrativa! Acabei não vendo a série toda, só trechos. Mas pretendo vê-la por completo
ResponderExcluirhttps://naoseavexe.blogspot.com
Assista. Ela está disponível no Globoplay e você pode baixá-la por Torrent também.
ExcluirUau, que nostalgia boa. Já fiquei com saudades de assistir.
ResponderExcluirwww.vivendosentimentos.com.br
Sempre é bom relembrar produções excelentes.
ExcluirOlá!
ResponderExcluirQue sentimento gostoso e que nostalgia boa eu senti lendo seu post. Eu amo esse filme e é o meu preferido brasileiro. Muito obrigada pelo post.
Beijão!
Lumusiando
Também é um dos meus filmes/séries preferido brasileiro.
ExcluirEu amo demais o filme e o livro! Bateu uma nostalgia da obra. Adorei demais o post.
ResponderExcluirBeijos
Imersão Literária
Que bom que gostou do post, Leyanne. Esteja sempre acompanhando esse quadro e os demais posts do JOVEM JORNALISTA.
ExcluirViajei no tempo, já não me lembrava de que tinha visto isto! :) Bom fim de semana.
ResponderExcluir--
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De pensar que a série já tem 20 anos, me mostra como estou ficando velho.
ExcluirOlá, Emerson.
ResponderExcluirEu não vi a minissérie, só assisti o filme. E foi um dos melhores nacionais que assisti. E me surpreendi quando li o livro pela narrativa ser bem diferente do que eu estava acostumada hehe. Adorei a análise.
Prefácio
Verdade, o livro é bem diferente porque foi escrito para ser encenado, mas é tão bom quanto à série/filme.
ExcluirOI Émerson, essa série e esse filme são imperdíveis! Clássicos! Seu post está maravilhoso.
ResponderExcluirbeijos
Chris
Inventando com a Mamãe / Instagram / Facebook / Pinterest
O clássico dos clássicos!
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