segunda-feira, 13 de setembro de 2021

#PraCegoVer: acessibilidade e informação para os videntes "cegos"


A hashtag #PraCegoVer tem ganhado as redes sociais de postagens de diversas empresas brasileiras. Mais do que ser apenas uma modinha, essa hashtag tem um significado e função social e tem o intuito de descrever por meio de textos imagens para os deficientes visuais, tornando possível transformar elementos visuais em textuais.

Talvez você não saiba, mas o projeto foi criado em 2012 pela professora de Braille Patrícia Silva de Jesus, a partir da sua necessidade de se comunicar através de imagens com os cegos em suas redes sociais. Em 4 de janeiro de 2012, Patrícia criou um evento virtual no Facebook chamado Pra cego ver, onde convocou as pessoas a descreverem para cegos. Tal evento foi um sucesso e Patrícia criou uma página com o nome do projeto. A partir de então, Patrícia foi motivada a "enxergar" a existência de pessoas com deficiência nas redes sociais. 

O movimento #PraCegoVer aumentou exponencialmente e várias empresas, como Instagram, LinkedIn, Pinterest, TikTok e Behance, passaram a adotá-lo. 

A frase é aplicada como forma de conscientizar as pessoas não-cegas que os cegos merecem ser lembrados e terem acesso às informações. Além disso, também é utilizada como indicação aos usuários das redes sociais de que a partir daquele ponto, a imagem será descrita em detalhes em forma de texto e que aquele conteúdo está acessível. 


#PraCegoVer não é algo realmente para os cegos verem, mas sim, para que as pessoas que veêm enxerguem além do preconceito, da negligência e da indiferença. Patrícia Silva disse o seguinte:

"Como esta hashtag tem uma função educativa e inclusiva, ela existe para impactar, para despertar o olhar de quem lê e se pergunta: 'Ué, pra que raios esta descrição está aqui?'. Então vai pesquisar mais um pouco e… Zaz! Mais um vidente deixou de ser 'cego'."


Esse post tem o intuito de fazer com que você conheça mais dessa hashtag. Nele, discutirei os seguintes pontos: Recurso do texto alternativo; Quando usar o #PraCegoVer?; Regras básicas a serem seguidas para a descrição #PraCegoVer; Em busca do texto para a #PraCegoVer perfeitoEmpresas que aderiram ao #PraCegoVer; e O movimento da audiodescrição


Recurso do texto alternativo

Antes de falar da #PraCegoVer, preciso dizer que já existem recursos de textos alternativos em diversas redes sociais, como Facebook, Twitter e Instagram. O texto alternativo é uma função que permite aos produtores de conteúdo a inserção de descrições das imagens postadas em um recurso que fica invisível para as pessoas que enxergam, mas que é narrado para as pessoas cegas que utilizam leitores de tela. 

O texto alternativo não é tão divulgado como deveria, embora seja bem útil. Atualmente o recurso está disponível apenas para imagens. No caso de conteúdos em vídeo, não há nenhum recurso nessas redes sociais com essa função. A saída para alguns usuários é realizar a audiodescrição durante a produção de vídeo, sendo que em alguns casos a descrição é feita no próprio texto da publicação. 


Quando usar o texto alternativo e a #PraCegoVer?

Talvez esse seja o seu questionamento principal. Se o seu intuito é criar um post com imagens, é interessante a utilização do recurso alternativo. Agora, se está produzindo conteúdo para o Instagram, conteúdo em vídeo ou quer tratar do tema da inclusão digital, aposte na #PraCegoVer. Já posso adiantar que as empresas com acessibilidade que irei falar utilizaram de posts no Instagram com recursos bem interessantes.

Em muitos casos, a #PraCegoVer é a melhor opção, pois não limita o uso de caracteres no texto, além de promover ampla visibilidade à causa, valorizando o projeto e abrindo a visão da população que não "enxerga" os cegos nas redes sociais. 


Regras básicas a serem seguidas para a descrição da #PraCegoVer


Antes de conhecer as regras, é preciso entender que os cegos não se ofendem com essa nomenclatura (cego), nem com a expressão "pra cego ver". Além disso, #PraCegoVer é um trocadilho e a descrição não faz a pessoa cega literalmente enxergar, e sim, é um jogo de palavras, um empréstimo da palavra "ver" no sentido de "ter acesso" a algo. 

Com esses pontos em mente, há algumas regraas básicas a serem seguidas ao utilizar a descrição e #PraCegoVer. São elas:

1) Informar o tipo de imagem que será descrita- fotografia, card, banner: de que trata o conteúdo? É uma imagem, vídeo, gif? É importante deixar claro na descrição. 

2) Comece a descrever da esquerda para direita, de cima para baixo. Ordem de leitura e escrita: seja o mais descritivo e objetivo possível nesse passo. 

3) Informar caso se trate de uma imagem em preto e branco ou tons de sépia, se for colorida não precisa, pois vai citar as cores posteriormente: é preciso dessas informações, caso a fotografia não seja colorida, pois se ela for você dirá as cores dos elementos da foto na descrição e esta indicação ficaria redundante. Se você já vai dizer que a moça está de casaco vermelho, ao lado de flores amarelas, por exemplo, não precisa dizer que a foto é colorida. 

4) Descreva todos os elementos de um ponto da imagem, depois segue para o outro ponto, seguindo uma sequência lógica: comece da parte superior da imagem ou do início do vídeo, se for o caso, e depois passe para os outros elementos.  

5) Escreva com períodos curtos: menos é mais. Se pode falar com 3 palavras, não precisar usar 5. 

6) Não emita opinião: não adjetivar; somente descrever com riqueza de detalhes: se algo é belo, ridículo ou desagradável a pessoa cega é quem decidirá a partir da descrição criada.

7) Comece por elementos menos importantes e vá afunilado até chegar no ponto culminante da imagem contando o que está acontecendo: a surpresa e a cereja do bolo deve vir no final, chegando no ponto chave da imagem. 

8) Perceba se sua descrição responde a essas questões: “o que?, quem?, onde? e quando?": assim como lide jornalístico precisa ter todos esses pontos, sua descrição para a #PraCegoVer também.  

9) Quando encerrar, colocar 'Fim da Descrição': acredito que esse ponto não precisa ser escrito, mas narrado por quem está descrevendo o conteúdo para a pessoa cega. 


Algumas dessas regras são mencionadas na Lei 6478, reforçando que "a imagem deverá ser descrita sem quaisquer julgamentos ou opiniões". Desta forma, garante-se que o deficiente visual realize sua própria leitura do que lhe foi apresentado. 

As regras mencionadas podem ser aprimoradas em cursos, oficinas e outras fontes de leitura. 


Em busca do texto para a #PraCegoVer perfeito

Para ter sucesso na produção desse tipo de conteúdo é necessário adotar uma postura de empatia e de alteridade. Vale fechar os olhos e descrever para si próprio a imagem, vídeo ou qualquer outro conteúdo que será postado. Isso ajuda em insights valiosos sobre transmitir a realidade de formas criativas e diferentes. 

É preciso colocar o que é de grande valor para construir uma imagem mental, assim como descrever o conteúdo de forma objetiva, sem infantilizar ou interpretar pela pessoa, dando à ela a possibilidade de compreensão. O mote "descreva, não interprete" faz-se mais que necessário. 


Empresas que aderiram ao #PraCegoVer

Ressalto duas empresas que aderiram à essa hashtag. A primeira é a Kibon e a segunda é a Starbucks. São duas organizações relevantes que levaram em consideração a comunidade cega e inseriram o conceito da #PraCegoVer em seus posts com todas as regras citadas acima. Veja e confira:


 

 

 


O movimento da audiodescrição 


Tal movimento deveria ser enorme, mas o fato é que ainda faltam descrições do que acontece no cinema, teatro, exposições e museus. Mesmo assim, esse mercado tem crescido. Há profissões destinadas exclusivamente à audiodescrição, bem como aplicativos de smartphone que estão interligados com os filmes que possuem esse recurso. A minha própria smartTV tem esse recurso de acessibilidade.

É fato que ainda há muito para que a acessibilidade seja possível e recorrente nas mídias digitais. Muitas pessoas não são conscientes e tampouco conhecem o termo audiodescrição/descrição de conteúdos e a #PraCegoVer. Já é louvável, porém, o que empresas como a Kibon e a Starbucks tem feito recorrentemente em seus posts. A #PraCegoVer tem muitas funções, sendo que a principal delas é conscientizar e sensibilizar a sociedade. J-J


Por: Emerson Garcia

8 comentários :

  1. Eu já tentei fazer essa legenda em algumas fotos do meu instagram, mas tinha dificuldades em descrever. Vou usar suas dicas da próxima vez! Abraços!

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  2. Tenho alguma dificuldade em comentar texto tão longos e sobre os quais não estou bem informado. Mas gostei de ler.
    .
    Votos de uma feliz semana.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

    ResponderExcluir
  3. Uma iniciativa que desconhecia por completo, e que é absolutamente louvável!
    Grata por divulgar, Emerson! Um grande abraço!
    Feliz semana!
    Ana

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  4. Oi, Emerson!
    MUITO legal o post!
    Eu sabia só por cima sobre a #, mas não a fundo assim e nem dicas para fazer.
    Adorei a iniciativa. Vou compartilhar e divulgar seu post. Quanto mais gente souber disso, melhor, né?

    Beijoooos

    Teca Machado
    Casos, Acasos e Livros

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  5. Oi
    essa iniciativa é bem legal, todos tem direto de ter acesso as informações,

    http://momentocrivelli.blogspot.com/

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  6. Oi.
    Nossa que texto completo e explicativo.
    Já tinha visto a #, mas não conheci sua origem.
    Beijo

    https://tecontopoesia.blogspot.com

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  7. Olá a todos, estou aqui para testemunhar, de como me tornei rica e famosa modelo de sucesso no mundo, venho passando por dificuldades há anos, desde que perdi meus pais, não pude prosseguir com minha carreira devido à solução financeira então, até cinco meses atrás, eu me referia a um amigo que me apresentou à família da maçonaria, a princípio tive medo de entrar, pois li tantas notícias falsas na internet sobre a família da maçonaria, e que agora conheço isso não é verdade, tudo era notícia falsa, e quero usar esta oportunidade para agradecer muito à família da maçonaria, a todos os irmãos e irmãs desta família. Estou muito grato pelo apoio que todos vocês me dão, e por aqueles que pensavam que a família da maçonaria é má, que não conhece as regras e regulamentos desta família, por favor, pare de julgar o que você não conhece e pare de compartilhar notícias falsas, se você estiver interessado em se tornar um membro e aproveitar o benefício da família da maçonaria, entre em contato endereço oficial abaixo para mais informações.

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