quinta-feira, 10 de junho de 2021

Entre frames #45 #especialDuaLipa #2: Don't start now






Após a estreia do #EspecialDuaLipa (Inclusive agradeço o envolvimento e comentários dos leitores, pois vi que curtiram) no dia 27 de maio, estou de volta com o segundo clipe de sequência especial: Don't start now! Lançado no dia 01 de novembro de 2019, o clipe foi dirigido por Nabil - que trabalhou com Kanye West, The Weekend, James Blake e Bon Iver, fechando o ciclo de uma fase da vida musical da cantora e iniciando outra. O clipe - que também conta com diversos outros vídeos não-oficiais - já conta com 515.480.311 visualizações, 5,8 milhões de curtidas e 138 mil descurtidas.


Don't start now foi gravado no Brooklyn e se passa em dois ambientes distintos: um porão clube nos dias atuais e um baile de máscaras do século XVIII. Dua Lipa transita nesses dois cenários, cantando e dançando a música extremamente animada, com traços dos anos 1980 e música disco. O clipe tem uma fotografia noturna, com cores como azul e vermelho em destaque; cores neons dos figurinos dos participantes; sombras e luzes; movimentos coreografados e movimentos incríveis de câmera; cortes, frames rápidos e edições bruscas; homenagem ao período renascentista; cores vibrantes; e alguns detalhezinhos. Assista ao clipe:



Agora, vamos à análise!


Cores e estética







O clipe tem cores e estética parecidas com o anterior analisado no #EspecialDuaLipa. Assim como em Break my heart, as cores aqui são vibrantes, fortes e em tom neon. Dua e os produtores não tem medo de chocar o público com essas escolhas. Os clipes trabalham com cores contrastantes, sempre com um tom vibrante com outro que diferencia. 

Apesar de serem de diretores diferentes os clipes, eles possuem uma estética semelhante. Assim como Break my heart, Don't start now apresenta cores fechadas e vibrantes como laranja, azul, pink e amarelo, que dá um contraste interessante no vídeo. 

O azul da iluminação do porão clube contrasta com as roupas em tom neon de Dua, enquanto em outros momentos há contraste entre azul e vermelho. Um bom exemplo disso é quando no pré-refrão da música Dua está na pista de dança da boate, que possui uma iluminação azulada (0:35 - 0:49). Dua é justamente o centro da atenção, ao aparecer com pessoas ao seu redor e vestindo uma roupa em tom laranja neon e brincos e unhas em verde neon. Momentos depois ela surge com uma roupa amarela cintilante e neon no meio da multidão. Esses contrastes de cores perpassam toda a estética do clipe.   


5 horas antes X 5 horas depois 


O clipe inicia com a cantora em uma boate. Ela segura uma câmera filmando a festa. O uso desse recurso faz com que o espectador se aproxime do ambiente e das cenas. Queremos saber o que está rolando na festa a partir do olhar de Dua, que veste um look amarelo do início dos anos 2000, com brinco verde neon (0:00 - 0:09). 

Entre 0:09 e 0:10, Dua parece estar irritada e derruba a câmera bruscamente na rua, emitindo um som de raiva. Qual seria o motivo de sua exaltação? Será que ela realmente se divertiu na festa? Por que ela estragou a gravação? Não sei dizer para o leitor, mas que tem um motivo, isso tem. Analisando esses frames é possível perceber que a paleta de cores é amarela e combina com a roupa de Dua na mesma tonalidade.

Quando a cantora derruba a câmera no chão, a tela escurece em um efeito fade out (0:11), aparecendo a seguinte frase na tela: "5 horas antes". Isso quer dizer que o que aconteceu até antes dessa frase, na verdade aconteceu "5 horas depois".  


O clipe mostra Dua e as amigas chegando na boate. Elas estão animadíssimas e com expectativa para que a noite seja sensacional (0:12 - 0:16). A cantora veste um sobretudo chamativo laranja, que lembra a roupa usada pelo quinto elemento em O quinto elemento. A câmera as filma, seguindo seus passos antes de entrar no bar, até mostrá-las de costas. Quando Dua tira o casaco, ela aparece na tela de forma simétrica e regular. 


Cantando e dançando



Ao entrar no bar da boate, Dua já se direciona para o palco e começa a cantar. A câmera foca na sua performance, enquadrando Dua Lipa alinhada à esquerda (0:17). 

Em um frame seguinte (0:26) a câmera filma o ambiente onde Dua Lipa canta e outras pessoas dançam, a partir de uma outra perspectiva, ou seja, filmando dos fundos para a frente. Perceba simetria, alinhamento e uso das cores no frame a partir do print abaixo:



Ainda cantando, vemos uma intervenção tecnológica no vídeo quando Dua aparece enquadrada em uma tela de celular, com o rosto focado (0:32 - 0:33). Perceba que o alinhamento é o mesmo analisado em 0:17



Empoderada na pista



No pré-refrão e refrão Dua está empoderada na pista de dança. Ela quer aproveitar a noite com muita curtição e diversão, se autoempoderando. O que importa é que ela se realize, não precisando de entrar em um novo relacionamento. É como se ela dissesse: "Nós terminamos, ok. Mas estou muito feliz e realizada. Estou dançando, cantando e remexendo o meu corpo. Estou melhor que nunca. Fique bem aí, aonde você estiver, também"

Como dito, a curtição já é iniciada entre 0:35 e 0:49 no pré-refrão, seguindo para o refrão (0:51 - 1:05) com muita dança e remelexo. Há muito toque, movimentos de mãos e de corpo. É interessante destacar ainda que o faixo de luz amarela passa nos rostos de várias pessoas na pista de dança, inclusive de Dua Lipa (0:49). Essa luz amarela gerou um contraste interessante entre as cores das cenas. 



Na parte do frevo propriamente dito, não posso deixar de mencionar que quando tem o toque do tamborzinho (Que ficamos carecas de ver a coreografia de Manu Gavassi no BBB 20), há vários frames rápidos que estão em sintonia com o barulho (0:57 - 0:58). 

Os movimentos de câmera também devem ser mencionados por trazer a câmera lenta e em slow motion e a alternância de frames na edição. 


Em outro ambiente



No meio do refrão Dua desce as escadas da boate e vai para um outro ambiente, onde está rolando uma festa de máscaras do século XVIII (1:00). É justamente em um momento de transição do final do refrão para outra estrofe. Em 1:01 percebemos um contraste interessante entre a roupa amarela de Dua e as paredes vermelhas e azuladas, em mais uma observação das cores e estética do vídeo. Dua, então, adentra no ambiente e tem uma foto sua com aparência vintage em uma das paredes. Agora, o ambiente e estética realmente mudariam.

Entre 1:04 e 1:05, Dua entra de fato na festa, que possui uma estética dourada e amarela, lembrando as produções clássicas. A câmera vai mostrando os detalhes dessa festa, que é um baile de máscaras clássico do século XVIII, de forma dinâmica. 



Dua é a única pessoa que usa um look mais atual no baile de máscaras, até porque ela veio de uma festa atual. Percebemos que o início dos anos 2000, mistura-se com os anos 1700, promovendo esse mix que retrata um pouco a vibe de Dua Lipa que mistura ritmos atuais com os anos 1980, por exemplo.

Por estar diferente e aprontar um pouco no baile de máscaras, Dua chama a atenção dos presentes, como quando bebe uma taça de champagne de uma vez, balança sua cabeça, se anima e fica tresloucada (1:05 - 1:19). Ela começa a dançar ao som de Don't start now, não se importando com o som que estava passando na festa clássica nem com o que iriam pensar dela. Duas amigas a acompanham e entram na dança também. 



Sob efeito do álcool, Dua começa a observar quadros com um olhar surpreso (1:20 - 1:21), pois eles começam a movimentar os olhos (1:28). Ela olha novamente para ver se não estava doida e elas continuam se movimentar. 



Dua quer sair da festa de qualquer forma, afinal ela não se encontra em seu perfeito juízo. Ela, então, desce uma escadaria a fim de retornar para a boate dos dias atuais. O delírio é tão grande que no vão da escada ela vê seu olhar com maquiagem e sob um fundo azul, se remetendo ao porão clube. A medida que caminha nas escadas, aparecem várias réplicas da cantora na escada, até que a tela tem um efeito de esmaecimento - a partir da visão de Dua -, a tela se enche de azul e a cena seguinte é na boate (1:35 - 1:42). Tal efeito de montagem de tomadas bem construídas e amarradas me lembrou da técnica utilizada no clipe analisado anteriormente, Break my heart



De volta ao porão clube



De volta à pista, Dua se direciona até o banheiro da boate, para lavar o rosto e tentar ficar mais sóbria (2:00 - 2:02). No meio do caminho, há mais contrastes entre azul e vermelho, até que ela entra no recinto e se olha no espelho do banheiro (2:06 - 2:08). O banheiro tem tons e luzes em azul, deixando, mais uma vez, a estética interessante. 

A cantora, então, passa a mão no rosto para tirar o suor, afinal já tinha dançado muito. Ela se admira mais uma vez no espelho trabalhando o conceito de autoempoderamento. Dua passa a mão pelo seu corpo, com o seguinte pensamento de "olha o que você perdeu" (2:12 - 2:14).

Em 2:31 temos um contraste interessante entre os frames. Sai-se do azul convidativo e intimista para o vermelho estonteante. A iluminação que trazia o azul para o ambiente e a pele de Dua, agora fica vermelho. A câmera se aproxima da cantora, a medida que ela também anda pelo ambiente (2:36).


Em 2:40 separei um frame criativo que é quando a cantora faz um gesto com as mãos para o ex namorado ir embora, dando as contas para ele na mesma parte em que canta "Walk away, you know how" (Vá embora, você é bom nisso).


De volta ao início


Após Dua divertir-se e aprontar todas, o clipe retorna para as cenas iniciais, com ela saindo da festa, filmando e jogando a câmera no chão. Dua quer deixar registrado (Pelo menos à princípio) os momentos finais da festa, mas ela se enraivece por algum motivo e lança a câmera no chão, registrando fúria em sua face (2:41 - 2:56). 

O clipe então finaliza com um fade out e tela preta. O crédito do diretor do vídeo passa (2:56 - 2:58).


Letra

A letra é uma composição de Dua Lipa em conjunto com Caroline Ailin, Ian Kirkpatrick e Emily Warren, com produção de Kirkpatrick. A letra fala de positividade, superação, autoempoderamento e a não-permissão que ninguém fique no caminho para aplicar nas pistas de dança e na própria vida. Separei alguns trechos:

"If you don't wanna see me
Did a full 180, crazy
Thinking 'bout the way I was
Did the heartbreak change me? Maybe
But look at where I ended up"
(Se não quiser me ver
Fiz uma mudança radical, louca
Pensando em como eu estava antes
A desilusão me mudou? Talvez
Mas olha onde eu vim parar)

A cantora dá a opção do ex crush não vê-la pois ela está na pista para negócio e efetuou várias mudanças em sua vida. Ao invés da desilusão destruir Dua, ela fez dela motivos para dançar e se divertir (E muito!). 


"I'm all good already
So moved on, it's scary
I'm not where you left me at all, so"
(Eu já estou bem
Isso está tão superado, é assustador
Definitivamente não estou onde você me deixou, então)

O trecho fala de superação e força de vontade. É a tentativa da cantora de mostrar para o ex namorado que está melhor que nunca e não está na fossa.



"If you don't wanna see me dancing with somebody
If you wanna believe that anything could stop me
Don't show up, don't come out
Don't start caring about me now
Walk away, you know how
Don't start caring about me now"
(Se não quiser me ver dançando com alguém
Se quiser acreditar que qualquer coisa pode me parar
Não apareça, não saia de casa
Não comece a se importar comigo agora
Vá embora, você é bom nisso
Não comece a se importar comigo agora)

Mais um conselho de Dua para o embuste. Ela o aconselha a permanecer em casa. Ao contrário, ele veria como ela está feliz e alegre sem sua presença.



"Aren't you the guy who tried to
Hurt me with the word goodbye?
Though it took some time to survive you
I'm better on the other side"
(Você não é o cara que tentou
Me machucar com a palavra adeus?
Embora tenha levado algum tempo para sobreviver a você
Eu estou melhor do outro lado)

Trecho fala de uma tentativa frustrada de machucar o outro amorosamente. 


Música

Transborda entusiasmo com um toque disco pulsante, nos remetendo a nostalgia dos anos 1980. Também tem tendências do house, funk e synthpop (reminiscente a produções dos anos 1980). A música tem baixo insistente e vários barulhos que surgem uma vez mas não se repetem como cowbell, estalos, sintetizadores, violinos e baterias. 

Don't start now foi gravada para o segundo álbum de estúdio de Dua Lipa, o Future Nostalgia (2020). A música foi lançada no dia 31 de outubro de 2019 pela Warner Records, tornando-se o primeiro single do cd. 

Esse foi o Entre frames de hoje. O próximo será sobre Levitating, daqui 15 dias! Até! J-J













Por: Emerson Garcia

7 comentários :

  1. Não sou fã de pop, mas a Dua Lipa é linda e canta super bem né??
    Muito interessante sua análise do clipe/música :)

    https://www.heyimwiththeband.com.br/

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  2. Boa tarde Emerson. Não é o tipo de música que eu acompanho, mas parabéns pela matéria.

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  3. Como você tem tempo para fazer estes posts tão trabalhados, fico impressionada!!
    xoxo

    marisasclosetblog.com

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  4. Olá Emerson,
    Gosto muito da música e do vídeo, essa análise sua foi incrível.

    Big Beijos,
    Lulu on the sky

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  5. Gostei da música e do vídeo.
    Saúde, continuação de de boa semana

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  6. arrasou nos detalhes
    gosto muito das músicas dela

    beijo
    A mina de fé

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  7. Emerson adoro as suas análises detalhadas! Não escapa nada!

    Bom fim-de-semana!
    Vanessa Casais
    https://primeirolimao.blogspot.com/

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