terça-feira, 31 de março de 2020

Além da Classic Blue (PANTONE 19-4052), a cor de 2020


No final de 2019 a Pantone divulgou qual seria a cor de 2020: PANTONE 19-4052 Classic Blue. O tom é um clássico azul que inspira, de acordo com a empresa, "calma, confiança e conectividade". A cor lembra o céu noturno do entardecer, ou seja, um azul forte, mesmo que inspire tranquilidade. 

De acordo com a psicologia o azul sugere paz, serenidade e proteção ao ser humano. O site Follow the colours acrescenta que é a cor das virtudes intelectuais, ou seja, sabedoria, inteligência, ciência, controle, concentração e independência. Além disso, é relacionado a purificação (só lembrarmos que a água dos oceanos é azul) e tem o poder de expulsar energias negativas, estimulando a busca da verdade interior, bondade, ordem e disciplina. 

111 tons diferentes nomeados de azul, mas o foco desse post é falar da cor de 2020. 

O vídeo abaixo apresenta o Classic Blue com uma música relaxante de fundo:






Em tempos de incertezas, dúvidas e questionamentos que o mundo passa, ser inspirado por uma cor confiante e forte é essencial. Leia o enunciado da diretora executiva do Pantone Color Institute, Leatrice Eiseman (com grifos):

"Essa certeza e constância é expressa pelo PANTONE 19-4052 Classic Blue, uma cor sólida e confiável na qual sempre podemos nos apoiar. Permeada por uma profunda reverberação, PANTONE 19-4052 Classic Blue é um porto seguro onde ancorar. Um azul sem limite como o vasto e infinito céu noturno, PANTONE 198-4052 Classic Blue nos incentiva a olhar além do óbvio e assim expandir nosso pensamento; desafiando-nos a refletir com mais profundidade, aumenta nossa perspectiva e abre o canal da comunicação."

A Pantone lança suas color trends desde o ano 2000 (Saiba detalhes aqui). A última cor escolhida foi a Living Coral (Pantone 16-1546) (Saiba mais informações aqui). A Classic Blue é a 21ª cor escolhida!  


Mais sobre o azul 



A cor elucida a comunicação e conexões humanas, pois proporciona uma abertura para o diálogo por ser um tom transparente, aberto e profundo, assim como o céu gigantesco e o mar de imensidão.

Ana Karina Miranda de Freitas no artigo Psicodinâmica das cores em Comunicação  associa o azul à matéria e ao afeto. Podemos vê-lo no frio, mar, céu, gelo, águas tranquilas e na feminilidade (Sim! Como falei nesse texto o azul é uma cor feminina e delicada, não masculina!). Também o percebemos na verdade, afeto, paz, advertência, serenidade, espaço, infinito, fidelidade e no sentimento, mas não qualquer um, o sentimento PROFUNDO. 

A autora também cita a Teoria de Young-Helmholtz que teve o intuito de encontrar as três cores primárias na constituição do homem. De acordo com Young o olho humano é sensível primeiro ao AZUL, depois ao violeta e ao verde. As cores funcionam como receptores e são captadas pelo nosso cérebro. Veja a imagem explicativa abaixo:



A cor tem origem no árabe e no persa lázúrd, por lazaward e proporciona a sensação do movimento para o infinito ou para um céu sem nuvens.

De acordo com a Cromoterapia, o azul é a primeira cor fria, sendo a mais sutil e a que trabalha com emoções e sentimentos. A imagem abaixo mostra que o azul vem antes do azul arroxeado, violeta e vermelho-arroxeado, sendo considerada a primeira cor, de fato, fria. Veja:





O azul escuro, na tonalidade do Classic Blue, representa amplitude e profundidade, permitindo experiências que envolvem todos os sentidos, ou seja, experiências multissensoriais que conectam vários inputs sensoriais de nós mesmos, com os semelhantes e com o nosso mundo físico/natural em torno de nós. Não é difícil perceber as conexões ao ver um céu azul escuro e límpido, assim como um mar azulzinho. Desse modo, vemos a cor; sentimos a textura da água; e até mesmo utilizamos o olfato para cheirar nuvens. Isso que são eperiências multissensoriais, entende?


Azul e outras cores



O azul é uma cor que combina com outras, sejam frias ou quentes. Experimente combinar o azul com o amarelo, azul com prata ou azul com dourado que você será bem sucedido. É só observamos a natureza: o azul escuro orna bem com as estrelas pratas e a lua prata, o azul do mar combina bastante com a vegetação verde marinha e, ainda, o azul do céu se encaixa muito bem com o amarelo do sol. A cor, portanto, aceita muito bem a luz, tornando-se uma cor cósmica. 


Inspire-se!




A cor, baseada no céu escuro (natureza), pode ser observada em esmaltes, vestidos, sofás, papéis de parede, casacos, calcinhas, sutiãs, cuecas poltronas, quadros, azulejos, tintas, cadeiras, sapatos, tênis, entre outros. Use e abuse da cor! A partir de agora, falo como usar a cor com propriedade em vários tópicos:


Vestuário

O Classic Blue cai tanto em outfits monocromáticos, como em peças isoladas no look. Você pode fazer as combinações que citei no tópico anterior. Você pode brincar com a cor também em diferentes texturas e tecidos. 

Esse tom de azul nas roupas proporciona uma sensação de tranquilidade e serenidade, suavizando (ou até mesmo exterminando) as tensões e pensamentos negativos do dia a dia. Em apresentações ou reuniões de negócios, a cor tanto aproxima e envolve com o grupo, como dissipa o nervosismo e a ansiedade. 


Sapatos e acessórios


A tonalidade deixa qualquer combinação mais charmosa e elegante. 


Moda praia e lingeries

A cor, mesmo sendo fria, combina muito com a estação que acabou (verão) e com muitas outras, provando que a Classic Blue pode aparecer em visuais praianos, na piscina ou em momentos românticos e/ou à dois. 


Decoração



Em ambientes, a cor pode ser usada nas recepções de empresas, pois ameniza o tempo de espera, promovendo calma.

Já em casa, a paleta de cor é indicada em quartos de dormir, sendo excelente para quem sofre de insônia ou acorda muitas vezes à noite e demora para voltar a ter sono. Você também pode usar uma luz azul na hora de dormir, pois ela acalma as pálpebras e os olhos. 


Alimentos




Já os alimentos trazem energia para a vida. Frutas como ameixa, amora, uva e blueberry, se ingeridas de uma a duas vezes por semana, ajudam nos benefícios do azul no cotidiano. 


A cor de 2020



Essa é a cor desse ano. Tentei apresentá-la de uma forma única, como não vi em muitos blogs, com curiosidades entre outras coisas. J-J


Por: Emerson Garcia

segunda-feira, 30 de março de 2020

Eu vi #22: Muitos erros de grafia, a “Ucrânia na Rússia” no Jornal Hoje, afiliada do SBT em Goiás fora do ar e um filme bastante repetido em poucos dias na TV Brasil



Detalhes registrados neste período. | montagem: LAYON YONALLER


Olá a todos os leitores e internautas fiéis do JOVEM JORNALISTA. Estou de volta para publicar a 22ª edição do Eu viconsiderado por mim, é claro – o quadro mais detalhista sobre a televisão no Brasil. Peço desculpas pela minha ausência. Foi e ainda é um período difícil para mim desde 2019, mas vou aparecer com mais frequência por aqui.

Para hoje, detectei que os erros de grafia nos Geradores de Caracteres (GCs) estão cada vez mais frequentes e como a Geografia faz falta na hora de fazer a arte na tela da TV; Uma retransmissora de afiliada goiana do SBT está fora do ar há dias; e um filme nacional foi repetido tantas vezes em curto espaço de tempo na emissora pública do Governo Federal.


Erros de grafia na tela da televisão

Em 08 de julho de 2019 às 13h19 (Brasília: UTC-3h) do dia 16 de dezembro 2019 eu vi que no GCs do Jornal Local (TV Brasília/ RedeTV!) estava escrito a palavra “quise” em vez de “quiser” na frase padrão que aparecia. Lembro que durante todo o telejornal o erro não foi corrigido.

Sua TV onde você “QUISE”. | TV Brasília/ RedeTV!


Já em 20 de dezembro de 2019 às 10h51 (Brasília: UTC-3h) durante o quadro “Bem Estar” no programa Encontro com Fátima Bernardes (Rede Globo) estava escrito a palavra “enjôo” em vez de “enjoo” – sem acento e de acordo com o atual Acordo Ortográfico em vigor. O inusitado é que na mesma imagem a palavra “anti-inflamatório” estava correta.


“Enjôo” está incorreto. “Anti-inflamatório” está correto. | Globo


E no telejornal Fala Brasil (RecordTV) em 17 de março de 2020 às 8h48 (Brasília: UTC-3h) o GCs que ilustra a notícia dada ao vivo estava escrito “recpturados” no lugar de “recuperados ou recapturados”.


Erro no GCs do telejornal Fala Brasil. | RecordTV




A Rússia na Ucrânia

De acordo com esta imagem, a Rússia fica na Ucrânia. | Globo


O Jornal Hoje (Rede Globo) em 25 de março de 2020 às 14h11 (Brasília: UTC-3h) apresentou uma matéria onde mostrava o presidente da Rússia, mas usou o mapa da Ucrânia para ilustrar a localidade do país.

Mais alguém notou isso:




Filme repetido muitas vezes em pouco espaço de tempo


Murilo Rosa é o protagonista de “Vazio Coração”. | TV Brasil


Eu reparei que desde o último domingo (22 de março de 2020) a TV Brasil repetiu ao menos duas vezes a exibição do filme nacional Vazio Coração. O filme passou na data citada e, ao trocar de canal, eu registrei a exibição do mesmo em 26 de março de 2020 às 0h05 (Brasília: UTC-3h) na sessão de filmes Festival de Cinema.


Para terminar: sinal de afiliada do SBT em Goiás fora do ar

Sem sinal desde a última semana. | TV Serra Dourada/ SBT


Eu notei que desde a última quinta ou sexta-feira (19 ou 20 de março de 2020) o sinal da TV Serra Dourada – afiliada do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) no estado de Goiás – pelo canal 39 UHF (38.1 digital) está fora do ar. O canal da “TVSD” é o da retransmissora do município de Luziânia.


UPDATE: O sinal da emissora voltou hoje (30/3/2020) e eu vi isso por volta das 8h29 (Brasília: UTC-3h).



E foi isso o que eu vi. J-J




Por: Layon Yonaller, colaborador especial do JOVEM JORNALISTA

domingo, 29 de março de 2020

Iluminando o Distrito Federal (e outras regiões) com esperança



Se tem um grupo que está à frente do combate ao Covid-19, sem dúvidas, é o dos médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, operadores de raio X, motoristas de ambulâncias, entre outros. Eles tem sido verdadeiros anjos da guarda e protetores dos pacientes. Isso pode ser observado com os vários aplauzaços que ocorreram no país com o intuito de homenagear essas pessoas que salvam vidas, que estão fazendo plantão e que tem feito seu papel para essa peste não se alastrar.

Observei na região onde moro que vários monumentos e prédios significativos foram iluminados com a cor verde, em homenagem aos médicos e enfermeiros. O VERDE foi escolhido porque é a cor dos cursos de medicina e medicina veterinária, mas acredito ser oportuna a escolha do tom pois ele representa e ESPERANÇA, palavras mágicas que necessitamos para sobreviver à esses dias escuros. 

Já foram iluminados no Distrito Federal o Templo da Boa Vontade (TBV), o Congresso Nacional, o Palácio do Buriti, a Câmara Legislativa do Distrito Federal e a fachada do Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Veja como ficaram esses monumentos:

















Além desses monumentos, outros ganharão o tom esverdeado como o Museu da República, a Biblioteca Nacional e o Teatro Nacional. O gesto aqui no Distrito Federal ficará evidente nas fachadas enquanto a região estiver sob o risco de contaminação em massa pelo Coronavírus. 

Em São Paulo a Ponte Estaiada e a Biblioteca Mário de Andrade também receberam iluminação especial, de acordo com a matéria do SP2 (assista aqui)

A iniciativa também tem sido realizada em outros países afetados pelo novo coronavírus. Essa é uma forma de agradecimento pela solidariedade e trabalho desses profissionais. O diretor da pasta da saúde do Distrito Federal disse o seguinte:


“Neste momento, os profissionais de saúde se destacam como uma esperança para todos nós, arriscando sua própria saúde para salvar vidas. Esse gesto nada mais é uma forma de dizermos muito obrigado.”


Para o secretário da Casa Civil, Valdetário Monteiro, a iluminação verde é merecida e oportuna:


"Os trabalhadores da saúde estão enfrentando diretamente essa guerra. Estão todos trabalhando direto. Sem folga ou teletrabalho."


Segundo o Follow the colours, o verde representa vida, fertilidade, sorte e saúde. Fazendo uma relação com o tempo atual, o que mais almejamos? Diria que VIDA e SAÚDE, não é mesmo?! Não é a toa que o verde signifique saúde e foi escolhido para ser a cor do pessoal da saúde! 


E na sua região, os monumentos também estão iluminados de verde? Diga nos comentários. J-J


Por: Emerson Garcia

sábado, 28 de março de 2020

O coronavírus e a pandemia do oportunismo



No início de fevereiro, com a megaoperação de repatriação de 34 brasileiros que viviam em Wuhan, na China, epicentro da doença coronavirus disease 2019 (Covid-19), o Brasil testemunhou o prenúncio de um drama que passaria a assombrá-lo dali em diante. Após ficarem quinze dias de quarentena numa base militar de Anápolis (GO) e testarem negativo para o vírus Sars-CoV-2 em três sucessivos exames clínicos, aqueles brasileiros puderam, finalmente, retornar aos seus estados de origem [1].

Passado o episódio, bastaram apenas mais dois dias para, em 25 de fevereiro, o Ministério da Saúde anunciar o primeiro caso de Covid-19 no Brasil: um homem que acabara de voltar da Itália, país que enfrentava, então, um surto da doença [2]. Um mês depois, já contando, segundo os registros oficiais, 2.201 casos confirmados e 46 mortes, números esses em ascensão diária, o Ministério reconheceu a transmissão comunitária da Covid-19 em todo o país, orientando os gestores nacionais a adotarem medidas para promover o distanciamento social e evitar aglomerações [3].

Há, contudo, uma segunda pandemia em curso, a qual, se não atacada, tem potencial para causar ainda mais estrago do que a do novo coronavírus. É que, nesse contexto atribulado, em meio à comoção social causada em torno do combate à Covid-19, o terreno é fértil para o surgimento de propostas notoriamente oportunistas. A mais recente, por exemplo, explora o desgaste que o governo, para aprovação da reforma da previdência, promoveu sobre a imagem dos servidores públicos para sugerir, covardemente, o confisco de até 50% dos respectivos salários [4].

Ainda mais esdrúxulo e perigoso é o PL 791/2020, sendo gestado na Câmara dos Deputados, que institui um comitê nacional para “chancelar” as contratações públicas relacionadas ao enfrentamento da pandemia [5]. De acordo com o projeto, os processos de contratação seriam submetidos à chancela monocrática de um Ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), designado pelo Presidente da Corte, e homologados pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ouvido previamente o Procurador-Geral da República. Numa só tacada, seriam completamente afastados os controles do Ministério Público de Contas da União, de todas as instâncias do Poder Judiciário abaixo do STF, dos demais Procuradores da República e dos auditores que compõem o corpo técnico do TCU, o que é flagrantemente inconstitucional e afronta diversos precedentes do próprio STF. Para se ter ideia do potencial dano dessa tresloucada proposta, basta lembrar que o montante envolvido nessas contratações será multibilionário [6].

Não raro, esse surto de oportunismo acaba se alastrando para a seara política, o que agrava ainda mais o quadro. No caso tupiniquim, os governadores de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Distrito Federal, que já externaram pretensões presidenciais, parecem querer antecipar, de maneira inconsequente, uma disputa eleitoral que deveria ocorrer somente em 2022. À frente de Estados cujas contas, em geral, já estão bastante comprometidas [7], esses governadores, alegando necessidade de promoção do isolamento social em função da Covid-19, decretaram a parada completa da atividade econômica, mandando fechar, inclusive, divisas e aeroportos, medida que, além de gerar pânico na população, implicará na quebra generalizada de empresas e no consequente agravamento do desemprego [8]. A ideia seria, futuramente, jogar esses problemas na conta do presidente Jair Bolsonaro, buscando, assim, inviabilizar a sua reeleição.

Como se viu, em tempos de pandemia, é sempre recomendável redobrar a atenção com relação ao surgimento desse outro vírus, o do oportunismo, igualmente contagioso. No apagar das luzes, membros imunodeficientes do Legislativo e do Executivo podem manifestar o principal sintoma dessa doença: uma vontade incontrolável de tentar emplacar propostas descabidas, absolutamente incogitáveis sob o manto da normalidade. E, se não se cuidar, o Judiciário, aglomerado ali na Praça dos Três Poderes, também corre o risco de se contaminar [9]. Saúde! J-J

Obs.: As opiniões do autor não constituem posicionamento institucional do TCU. 


Por: Regis Machado, auditor do Tribunal de Contas da União

sexta-feira, 27 de março de 2020

O humor lgbtqfóbico e transfóbico de Jonathan Nemer



Há um tempo stories do advogado e humorista Jonathan Nemer muito me indignou. Mesmo que a situação fosse em tom de brincadeira ou descontração, ela gerou certo desconforto em mim. Bem se sabe que a maioria das brincadeiras possui fundo de verdade e acredito que existem certas questões que não podem ser tratadas no tom que Nemer tratou. Antes dele ser humorista, deve ter ciência que é advogado e, acima de tudo, cidadão brasileiro. Ou seja, ele, mais do que qualquer outro, conhece os direitos e deveres dos seres humanos e ele, deveria tratar os semelhantes com gentileza e compaixão.

Nos stories em questão, salvos e gravados por mim já que possuem certo tempo de vida, Jonathan Nemer resolve imitar "um primo que é trans". Assista:



Em pouco mais de 1 minuto Jonathan foi preconceituoso, lgbtqfóbico e transfóbico. Daí você pode questionar: "Ele não foi preconceituoso e transfóbico, Emerson, pois ele criou um personagem imaginário". Ok. É um personagem imaginário e uma situação imaginária, mas Nemer possui 1,6 milhão de seguidores no Instagram e seu poder de influência é enorme. Mesmo que seja em tom de brincadeira, ele continua influenciando as pessoas. Quantas foram que se divertiram com os stories de Nemer? Quantas são aquelas que possuem o mesmo pensamento preconceituoso e transfóbico que ele? Qual terá sido o impacto que as falas do advogado e humorista podem ter reverberado?

Os stories de Nemer me levaram à algumas pílulas de comentários. Compartilho com você agora:


1- Falta de conhecimento: Nemer ter compartilhado esses stories demonstra sua ignorância frente à classe LGBTQ+. Ele não deve conhecer o significado de nenhuma das letras da sigla, sendo ignorante ao ponto de estereotipar as pessoas transgêneros, como se fossem "apenas gays". Digo isso, pelo tom de voz de Nemer. Ele afeminiliza a voz e diz tratar-se de uma mulher trans, demonstrando total deboche. 


2- Nemer só reverbera o pensamento de muitos: o vídeo de Nemer só é o retrato da visão que muitas pessoas, inclusive humoristas, possuem da classe LGBTQ+. Você já deve estar cansado de ver imitações de humoristas de gays e lésbicas por aí. Os trejeitos, as poses, as falas. Acredito que as piadas de "viados" e afins são engraçadas até certo ponto, dependendo de quem e como faz. 


3- "Galera, eu queria pedir desculpa. Aqui [do meu lado no carro] é a Priscila, meu primo que é trans. Pegou o celular e eu fiquei muito chateado": essa é uma das frases que demonstra o estopim do preconceito e da transfobia. Se a pessoa transiciona para o feminino, então o correto seria "minha prima que é trans", e não "meu primo que é trans". Isso só demonstra que Nemer não sabe o que é ser e o que significa transgênero, colocando transgêneros, lésbicas e gays no mesmo balaio.    


4- Vai a pé, uai. Vai a pé. Tá de saltão 20 centímetros mas se vira": Nemer, ao dizer essa frase, transforma uma mulher trans (Mesmo que imaginária) em uma travesti estereotipada. Para ele, travestis usam "salto de 20 centímetros", não possuem sentimentos, anseios, vontades. Apenas se resumem a "saltão 20 centímetros". Nemer não foi apenas lgbtqfóbico, mas ele teve a audácia de resumir alguém a apenas sua aparência. Uma pessoa não pode ser resumida a apenas sua aparência, poder aquisitivo, orientação sexual ou forma de vestir.



Antes de Jonathan Nemer ter publicados esses stories - e não adianta dizer que ele não falou isso, pois salvei tudo - ele deveria refletir o impacto que isso traria à sociedade, ainda mais ele tendo a advocacia como profissão. Na hora não foi levado em conta que ele é humorista e um palhaço nato, mas um advogado que teve a audácia de colocar o seu na reta, sem medo de represálias ou processos que poderia sofrer. 

Como advogado Nemer deveria conhecer de perto os direitos e deveres dos lgbtq+. Entre os direitos, está o de ser respeitado. Ele também deveria conhecer os termos lgbtqfobia (preconceito, discriminação, medo e/ou ódio sofrido por pessoas lgbtq+) e transfobia (preconceito, discriminação, medo e/ou ódio sofrido por pessoas transgêneros), pois ele agiu exatamente dessas formas. 

Há comediantes LGBTQ+ no mercado que são mais sensatos que esse humorista barato, como Ellen Degeneres, Paulo Gustavo, Rodrigo Santanna, Marcos Majela e Júnior Chicó, que usam seus talentos não para zombar ou denegrir os LGBTQ+, mas para enaltecê-los. Eles fazem até mesmo piadas com pessoas LGBTQ+, mas em tom de total descontração. Chicó faz piadas hilárias desse universo, Rodrigo Santanna e Paulo se vestem de mulher e de drag. E qual a diferença deles para o bossal Jonathan Nemer?! Aqueles estabelecem limites de até onde podem ir, enquanto esse não. O limite, em qualquer relação ou situação, é o respeito.  J-J 


Por: Emerson Garcia

quinta-feira, 26 de março de 2020

Quinta de série: Jezabel

Pode conter spoilers!




Na volta do Quinta de série falarei da produção da RecordTV, Jezabel. Com 80 capítulos, foi exibida entre 23 de abril e 12 de agosto de 2019, na faixa das 8 e meia da noite. Ela é considerada ao mesmo tempo como uma macrossérie (Por ter mais de 50 capítulos) e uma novela, mas aqui no JOVEM JORNALISTA a considero como uma série, a exemplo do que fiz com Verdades Secretas. Contou com Lidi Lisboa no papel principal - a primeira protagonista negra de novela bíblica, André Bankoff, Iano Salomão, Rafael Sardão, Mônica Carvalho, Adriana Birolli, Juliana Knust e Juan Alba. Foi escrita por Cristianne Fridman e dirigida por Alexandre Avancini.

A ideia, com a exibição de Jezabel: A rainha má, foi a de abrir espaço para produções onde os protagonistas são vilões da Bíblia. Assim, podemos ver tramas como a de Caim  e Judas indo ao ar, por exemplo. Esse modelo de produção é mais um espaço a ser explorado, depois das novelas e minisséries bíblicas. Embora com essa ideia de roteiro, não li nenhuma notícia de uma série do gênero sendo produzida atualmente.   

Jezabel conta a história de uma mulher de uma beleza singular, com alto poder de persuação que se torna rainha de Israel. Acontece que essa união é proibida por Deus, pois ela sendo fenícia não poderia se casar com um israelita. Mesmo assim, Jezabel arma uma situação e se casa com o rei Acabe, contaminando seu reino e o povo de Israel com a religião de Baal, o qual ela é adoradora ferrenha. Além de sua persuação, Jezabel é perseguidora dos profetas de Deus. Seu nome é ligado diretamente ao deus que adora, significando "Baal exalta", 'Baal é marido de" ou "impuro"

Mesmo que o rei de Israel fosse Acabe, quem realmente mandava e comandava era Jezabel. Ela tinha uma enorme capacidade de manipular situações e pessoas para seus planos nefastos. Acabe era apenas uma peça do seu jogo de tabuleiro, sendo um rei abobalhado, fraco e permissivo.

Jezabel era uma mulher vaidosa, apaixonada por ouro, maquiagem e adornos extravagantes. Possuía não só a vaidade exterior, como a vaidade interior. Aliás, dentro dela só existia vaidade, opulência, soberba e dissimulação. Enfim, Jezabel era uma sacerdotisa dominadora e religiosa, que se denominava porta-voz dos deuses, por isso ganhou o título de profetiza. Quem gostaria de ter uma mulher dessas como amiga?!  

A profetiza de Baal tem como aliados o cruel Hannibal, seu amante e general de sua tropa, e Thanit, sua ambiciosa melhor amiga, capaz de influenciá-la com planos bárbaros, além de Baltazar, um ex profeta casado com Temina, que a trata com machismo e inferioridade. 

Na outra extremidade, para confrontar Jezabel, estava um profeta de Deus: Elias. Ele fez de tudo para que a aliança promíscua não fosse concretizada, mas Acabe não quis ouví-lo. A partir daí é visto como arquiinimigo por Jezabel. Ela passará a persiguí-lo com unhas e dentes, sendo até mesmo capaz de colocar a ninfeta Dido para seduzir Eliseu, discípulo de Elias, para descobrir os planos do profeta. 

Ainda na luta contra a rainha estão Isaac, Matheus e Obadias - administrador do palácio. Jezabel também sofreu ameaças de Queila, viúva do falecido irmão de Jezabel; e de Aisha, a bondosa primeira esposa de Acabe, que o ama de forma verdadeira e faz de tudo para que ele perceba que é manipulado pela rainha má.  

A série demonstra como atitudes e alianças errôneas podem levar à destruição pessoal e de uma nação inteira. Em um mundo contaminado por várias culturas e misturas, a produção mostrou como vale a pena servir à Deus com integridade. A produção respondeu a seguinte pergunta: nessa guerra espiritual, quem sai vencedor?! 
   

Personagens

A produção conta com muitos personagens. Resolvi mencionar somente os mais importantes. 



Jezabel: princesa fenícia e primeira sacerdotisa de Aserá, filha do rei Etbaal, rei dos sidônios. É dona de uma beleza rara. Embora seja rica, tem um passado sofrido, por ter perdido sua mãe e também por ter sido prostituta. Jezabel foi criada ao redor dos rituais de adoração aos deuses pagãos Baal e Aserá. Nenhum homem (NENHUM MESMO!) pode estar acima dela. Teve três filhos com o rei Acabe: Acazias, Jorão e Atália. 




Acabe: sétimo e pior rei de Israel. Totalmente sugestionável e um patrocinador da idolatria e tentativa de extinguir a fé no Deus único, ideias encabeçadas por Jezabel. Ele não pensava no povo muito menos em Deus, sendo alimentado de sua vaidade. Almejava ter a admiração do povo e respeito dos profetas, o que não acontecia. Casou-se visando relações políticas entre Israel e a Fenícia. Culpava Elias e outros profetas pelos infortúnios de Israel, como a seca. 




Elias: nasceu na aldeia de Gileade, que foi incendiada por viver fora dos caminhos do Senhor. Após esse episódio, decidiu que não deixaria mais que ninguém passasse por seu sofrimento e que viveria para espalhar a palavra do Deus Único, o Deus de Israel. Era veementemente contra a idolatria que Jezabel insistiu em instaurar, profetizando palavras do Senhor contra Israel. Elias era um homem forte, corajoso, determinado e destemido. 




Eliseu: um homem forte, bonito, simples, trabalhador, servo do Senhor e discípulo de Elias. Ajudou sua família a cultivar produtos agrícolas. Eliseu recebeu unção dobrada de Elias, tornando-se seu sucessor. 





Hannibal: general do exército fenício, que divide o comando do exército israelita com o general Barzilai. Másculo, forte, rigoroso e amante de Jezabel. Barzilai é seu maior rival. 





Thanit: fenícia, sacerdotisa da deusa Aserá. Mulher vaidosa, ambiciosa e tão cruel como a rainha má. 





Baltazar: israelita cheio de dúvidas com os assuntos espirituais. Casado com Temina e pai de Chaya, é um marido rude, que não reconhece a esposa como um ser pensante. Se torna o principal informante da rainha má. 





Barzilai: general comandante do exército israelita. Homem forte, bonito, combatente valente e bem preparado nas artes da guerra. Seu principal inimigo é Hannibal. Recebe de Acabe a responsabilidade de cuidar de Queila, por quem se apaixona. 




Hannah: moça linda, alegre, camponesa, serva de Deus. É irmã de Eliseu. É alvo da cobiça de Abner, mas se torna esposa de Tadeu. 




Tadeu: primogênito de Nabote e irmão de Abner. Um rapaz bonito, bom caráter e servo do Senhor. É companheiro do pai e trabalha com ele na vinha, tendo o mesmo talento para a produção de bons vinhos. É noivo de Hanna, mas vira alvo da obsessão de Jezabel. 




Abner: é o filho mais novo de Nabote, sendo irmão de Tadeu. É alegre, bonito e tem inveja do irmão Tadeu por achar que o pai sempre gostou mais do primogênito. 






Nabote: casado com Elza, pai de Tadeu e Abner. Servo de Deus, trabalhador, ético, caráter ilibado, pai e esposo amoroso. É dono da melhor vinha de toda Israel, abastacendo o palácio do rei Acabe e o comércio local. Acabe se interessa por sua venda, sendo capaz de pagar uma alta quantia por ela. 






Levi: ajudante de Phineas em sua loja e explorado por ele. Possui boa índole e é meio atrapalhado. Mesmo trabalhando vendendo postes ídolos e imagens, sente que isso é errado. Vive o primeiro amor com Leah. 






Leah: prima de Raquel e Noam, vive o primeiro amor com Levi, apesar da resistência de sua família por ele trabalhar vendendo ídolos. 






Raquel: filha de Emanuel e Yarin. Moça linda, alegre, inteligente, teimosa e serva do Senhor. Se apaixona por Micaías à primeira vista, quando ela se esbarra nele. 





Micaías: filho do profeta Inlá e de Rebeca. Jovem bonito, inteligente, alegre, corajoso, simples e aluno na escola de profetas. Dono de um temperamento explosivo, se envolve em confunsões por agir, muitas vezes, sem pensar. Ele faz parte de uma resistência de profetas e discípulos que agem contra a rainha má. Vive um romance com Raquel e se torna profeta. 





Isaac: jovem divertido e medroso. É assistente de Obadias no palácio. Temente a Deus, bom coração, vive apavorado com medo de ser vítima das maldades de Jezabel. 







Matheus: soldado forte e destemido e servo do Senhor. Correto e leal, se coloca ao lado do general Barzilai. 






Obadias: é administrador do palácio do rei Acabe e temente a Deus. Um homem inteligente, diplomático, bondoso, corajoso. Torna-se espião em favor da luta dos profetas contra a rainha má. 





Queila: cunhada de Jezabel. Mulher forte, bondosa, mas que traz um passado iníquo. Sofre situações muito ruins em sua vida. Hospeda Elias em sua casa, onde ocorre dois grandes milagres. 






Aisha: uma das esposas de Acabe. É totalmente o oposto da rainha Jezabel. Mulher dócil, serena, sábia, humilde e temente a Deus. Ela é a voz da consciência de Acabe em momentos cruciais. 






Safate: vive uma humorada relação com sua esposa, uma vez que ele sempre tem que esconder a comida para ela não devorá-la de forma descontrolada. 







Dalila: casada com Safate mãe de Hannah e Eliseu. 



Abertura e logo


Apresenta uma épica música instrumental. Jezabel é o grande foco da abertura, em que ela aparece com seus adereços e é coberta por ouro. Assista:





A logo apresenta o nome da protagonista banhado à ouro e uma espada que forma o "J"



Trilha sonora



Conta com várias músicas instrumentais, que deram mais sentido às cenas. Entre as faixas estão: Jezabel, Fenícia, Rei Acabe, Vinhas de Nabote e Gileade. Confira e ouça outras músicas aqui.    



Teasers de apresentação


Os teasers da produção foram criativos. O primeiro apresentou sua protagonista. Assista:






Já os outros apresentaram os personagens a partir da ótica da rainha má:












Recepção e audiência





Apesar de ser considerada uma superprodução, Jezabel não animou na audiência. Ela começou com 11 pontos de média com picos de 13, mas decaiu no decorrer de sua exibição: de 7,3 pontos, para 6,8 até sua pior média - 5,7. Foi a pior audiência do canal desde Vitória em 2015. 

A baixa audiência de Jezabel colocou em dúvida se a emissora produzirá novas novelas bíblicas ou não. Os números demonstraram que o gênero está saturado, sendo que a produção trouxe poucas novidades. Mesmo assim, as produções de Gênesis estão a todo vapor, pelo menos antes do Coronavírus.  


Crítica




Embora a história de Jezabel seja inédita na TV aberta, a forma como ela é contada pela RecordTV é cansativa. A macrossérie é mais do mesmo já apresentado: locações, figurinos e fotografias repetitivos. 

A tentativa de inserir núcleos bem humorados, como o de Safate, Dalila e Levi foi acertada. Ver Safate controlando a alimentação de Dalila e as atrapalhadas de Levi foram cenas diferenciadas e que trouxeram novidades à trama. Uma pena que a proporção dessas cenas tenha sido pequena. 

O grande destaque foi a atuação de atores, como Juliana Knust (Queila), Rafael Sardão (Hannibal) e Lidi Lisboa (Jezabel). Na produção vemos que Knust está confiante com seu personagem, Sardão compôs um vilão sem trejeitos e Lidi é o grande trunfo da macrossérie - uma personagem grande em mãos, cheia de nuances. 

A direção de Alexandre Avancini é redondinha. Jezabel conta com uma produção caprichada, embora com os efeitos especiais já batidos. Visualmente, é uma das mais incríveis novelas bíblicas da emissora. 

Essa é uma produção que não recomendo com certeza, tenho minhas ressalvas. Mas se você está disposto a se decepcionar e quer apenas um mero entretenimento, assista. J-J 






Por: Emerson Garcia
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