A negra Lidi Lisboa é a protagonista da nova macrossérie da RecordTV, Jezabel. Esta é a primeira vez que uma atriz dessa cor estrela uma produção bíblica do canal. Até o presente momento somente Gabryela Moreira, negra, havia protagonizado uma novela (Escrava Mãe, 2016). O papel de destaque de Lidi Lisboa já tem feito história na RecordTV e levanta, mas uma vez, as discussões de representatividade negra.
Lidi interpreta uma mulher ardilosa, esposa do rei Acabe, capaz das mais horrorosas atrocidades e crimes. Jezabel é uma personagem bíblica conhecida por sua impiedade, vaidade e elegância arrebatadoras. Lidi tem dado seu suor à personagem que, mesmo sendo uma vilã, tem aguçado a atenção dos telespectadores. Ela conquistou a todos nas chamadas (teasers) da produção, quando apresentava os personagens. Saiba mais da personagem e da história da macrossérie no vídeo abaixo:
A atriz interpreta uma mulher cheia de vaidade e exuberância (Jezabel realizava verdadeiros desfiles de moda com roupas elegantes e maquiagens exuberantes), mas não somente isso que chama atenção na conhecida "Rainha Má". Jezabel tinha uma importância no reinado de Rei Acabe, sendo manipuladora e controlando tudo e todos. É esse protagonismo que coube à Lidi Lisboa. Em Jezabel ela não interpreta uma negra submissa, à margem da sociedade, com fraquezas e vítima de preconceitos, e sim, uma negra com extremo poder. Somente esse fato já quebra com todos os estereótipos de atuações de negros em produções.
Negros não tem o costume de protagonizar histórias, como falei no post Chip do embranquecimento: Quando a mídia busca atores brancos ou negros tendo em vista o sucesso. Quando protagonizam é para reforçar estereótipos, interpretar pessoas mazeladas ou por meritocracia, tendo em vista à aceitação da grande massa. A própria Lidi fez parte dessa constatação. Ela já interpretou a PRESIDIÁRIA Cátia em Insensato Coração (2011), a BABÁ Gracinha em Cheias de Charme (2012), a ESCRAVA VILÃ Esméria em Escrava Mãe (2016) e era MEIO FIGURANTE e vivia uma policial em Segundo Sol (2018), que nem me lembro dela nesse papel para dizer a verdade. Lidi, por ser negra, era escalada para papeis secundários, estereotipados e que reforçavam ainda mais seu tom de pele. Os personagens supracitados não eram dignos ou de destaque.
Não quero dizer que Lidi é uma péssima intérprete, até porque seus papéis tiveram sua importância (Como se esquecer dela como a escrava vilã que atormentava Juliana em Escrava Mãe?!). O talento da atriz é incontestável. O que coloco em questão é que ele só fora utilizado, costumeiramente, para papéis secundários. Agora, portanto, ela tem a chance de apresentar todo o seu talento em um papel de destaque. Não sei se por meritocracia ou por representatividade, mas agora a RecordTV pode dizer que possui uma protagonista negra em novela bíblica.
Este é um fato inédito na emissora de Edir Macedo. Como falado no mesmo texto linkado acima, a RecordTV escalava atores brancos para interpretar personagens de regiões orientais. Relembre (com grifos):
"E não pense que é só a Globo que tem esse posicionamento! A própria RecordTV, atual emissora de Samara Felippo que achincalhou a Vênus Platinada, também (#Hipocrisiaagentevêporaqui). Suas novelas bíblicas, que se passaram em regiões orientais onde o sol é mais quente que o inferno - como 'Os dez mandamentos' e 'O rico e Lázaro' - trouxeram protagonistas branquinhos da cor de leite e pouquíssimos atores negros na trama. O mesmo acontece com 'Apocalipse' e ocorrerá com 'Jesus', em que o protagonista Dudu Azevedo é branco (E daí que Jesus era moreno? É ficção isso aqui!)."
Contudo, mesmo sendo uma artista negra, Lidi ainda está dentro dos padrões comerciais televisivos e midiáticos - é magra, linda e com tudo em cima. Prova disso é quando estampou a capa da Revista Visual Fashion.
O que isso significa? Que mesmo com a representatividade negra, a RecordTV ainda preza muito pela imagem de seus artistas. Eles devem ser perfeitos, magros e lindos, sem nenhuma ruga, defeito.
Mesmo com essa ressalva, o que tenho percebido é que as produções não focam mais no racismo em si e nos estereótipos dos negros, mas sim na humanização destes. Negros também possuem boas histórias a serem contadas, afetos, sonhos, ambições e experiência humana no mundo. Um negro também pode ingressar em uma posição superior do que de um branco, como é o caso da Rainha Má. Tais representações da raça aproximam mais o público com narrativas e imagens de perspectivas outrora não trabalhadas. Um negro pode representar outros tipos que não o motorista da família, a babá, a presidiária, a escrava ou a doméstica. J-J
Por: Emerson Garcia
O meu aplauso!!! Bj
ResponderExcluirFicamos sempre felizes quanto 'protocolos' são quebrados! Adorei
ResponderExcluirBeijos Pâm Sensato
Pâmela Sensato
Verdade. Eu, por exemplo, vibro bastante.
ExcluirQuando eu vi a chamada na tv eu fiquei tipo "como assim? ". É muito importante papéis em que negros exploram outros tipos de personagens e não os "tapa-buracos" como sempre.
ResponderExcluirBeijos
lolamantovani.blogspot.com
Pois é. Isso é muito importante que aconteça.
ExcluirGrato por seu comentário.
Olá JJ, tudo bom?
ResponderExcluirÉ uma gata! Nunca assisti a novela, é um pouco difícil assistir TV em casa..
Um beijo,
www.purestyle.com.br
Realmente a atriz é muito bonita.
ExcluirOie, td bem?
ResponderExcluirAAAAA que notícia maravilhosa!!! Representatividade é algo necessário!
beijos
www.somosvisiveiseinfinitos.com.br
Sim! E eu posso provar.
ExcluirNunca vi a novela, mas que legal esse espaço. O/
ResponderExcluirA record mandou bem.
Mandou, sim.
ExcluirNão acompanho as novelas da Record, mas a Globo também trouxe protagonistas negras. A Taís Araújo protagonizou Da Cor do Pecado em 2004, além de Viver a Vida como a Helena Negra do manoel Carlos em 2009, porém nessa novela foi ofuscada pela personagem Luciana da Alinne Moraes que era cadeirante.
ResponderExcluirBig Beijos
www.luluonthesky.com
Verdade. Mencionei isso no post "Chip do embranquecimento". É uma pena que isso tenha acontecido com a Taís Araújo, e logo ela sendo a primeira Helena Negra.
ExcluirNão acompanho as novelas da Record, mas fico imensamente feliz pela atriz e pelo protagonismo com mulheres negras.
ResponderExcluirBjs, Mi
O que tem na nossa estante
Que bom que está feliz. Por mais papéis de negros protagonistas!
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