segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

“Sonhar e acreditar, mas trabalhar”



Antonio José Pereira Garcia, mais conhecido como Toninho Pop, fala das grandes aspirações que tinha como radialista desde adolescente e como ele alia sua fama ao trabalho


Antonio José Pereira Garcia ficou conhecido como Toninho Pop aos 16 anos e desde adolescente já sabia que o rádio o encantava. Já poderia ver seu futuro traçado: era com equipamentos tão retrôs e singelos que ele construiria uma história de sucesso. Nasceu em São Luis (MA) aos doze dias do mês de junho de 1962, e cursou Marketing na Unicesp (DF), aos 40 anos. É ele quem traz a filial da Jovem Pan em 1996 para Brasília e trabalha nesta por cinco anos. Está atualmente na rádio JK desde agosto de 2004. Tem dois filhos, Tomy e Pedro, 26 e 10 anos, respectivamente. É divorciado e, hoje, aos 46 anos, ainda tem muito a realizar em sua carreira.Jovem Jornalista- Como você definiria o Toninho Pop?
Toninho Pop- Alegre e motivado, sempre.


J.J.- Você é mais conhecido como Toninho Pop, não é isso?
T.P.- Toninho Pop é o meu nome artístico que me foi dado quando moleque. Eu e meus amigos fazíamos festas nas Asas com equipamentos de som. Nesse tempo não tinha tecnologia, então os jogos de luz eram acionados por botões de campainhas. Foi nessa época que eu comecei a ser chamado de Toninho Pop.


J.J.- Você ainda guarda equipamentos retrôs dessa época?
T.P.- Eu tenho coisas dos anos 50 como o Gramofone, que funciona por uma manivela em que você coloca os discos de vinil ali. Dos anos 70 eu tenho gravador de rolo, disco de vinil, taid back, amplificadores. Eu sou um cara que preserva coisas antigas, mas também gosto de coisas novas.


J.J.- Você tem uma história preservada.
T.P.- Eu tenho umas gravações antigas que eu morro de rir. Eu tenho fita de 1979, 1980, eu falando no programa “Dancing Nights” da rádio Alvorada, que depois se transformou na rádio Atlântida, que depois virou a 93 e que hoje é a Antena 1, que foi onde eu comecei a minha carreira.


J.J.- Qual o seu nome completo?
T.P.- Antonio José Pereira Garcia e eu fui registrado pelo meu pai aos 40 anos e ele adicionou o “Teixeira Gomes Ferreira”, mas eu não uso. O nome que está na minha identidade é Antonio José Pereira Garcia.


J.J.- Você se formou com 44 anos, correto?
T.P.- Eu parei de estudar com 19 anos por causa da minha função como radialista. Na época o rádio era um meio de comunicação muito forte. O cara que falava no rádio era tido como celebridade. Eu era muito assediado na escola que estudava (Elefante Branco) e eu deixei me levar pela fama e mais tarde eu fui aprender a conviver com isso.


J.J.- E como foi fazer faculdade de Marketing aos 40 anos?
T.P.- Tive que ter paciência de durante esse tempo conviver com algumas questões que eu já tinha vivido e entrar no funil novamente. Eu fui respeitado por meus colegas mais novos, houve uma interação total. Agreguei muito valor ao conhecimento empírico que eu tinha com o conhecimento acadêmico que eu adquiri na faculdade. A única coisa que eu deveria ter era paciência e passar por esse processo novamente.


J.J.- Você é conhecido por uma grande parte da população?
T.P.- Para muita gente, eu sou um cara conhecido. Eu tenho muita força das pessoas e têm algumas que nem me conhecem porque o rádio não proporciona você ser unânime. Mas como eu faço alguns comerciais televisivos, acaba que 70% das pessoas me conhecem.


J.J.- Qual o seu trabalho como superintendente e apresentador da rádio JK?
T.P.– O superintendente é o gestor, aquele que faz a interface de toda a equipe. Aqui nós temos um sistema com quatro emissoras. JKFM 102,7, mix FM 88, 3, Globo AM 1160 e Bandeirantes AM 1410. O meu papel é fazer com que toda a equipe se comunique bem, para desempenhar a contento todas as tarefas relacionadas ao negócio. Com relação ao locutor, aí sim, é pura emoção. Apresentar um programa de rádio é para mim um momento especial. É brincar com a imaginação das pessoas, informar, entreter.


J.J.- A rádio sem ouvintes, para mim, não tem porque funcionar. Qual relação do espectador com a rádio JK?
T.P.– É uma relação de cumplicidade. Na minha avaliação, geralmente, quem ouve rádio ouve mais pelo conteúdo das mensagens do que pelas músicas. Até porque existem outros meios (internet, ipod, mp3, mp4, mp5). Dependendo da mensagem e da música que a pessoa ouça pela manhã, isso vai determinar o astral do resto do seu dia. E muitas pessoas têm apenas o rádio como companheiro.

J.J.- Eu pergunto isso porque o programa “Megafone” que faz exatamente isso: traz o público mais perto da rádio. Como é esse programa?
T.P.– Mudamos o nome do programa. Agora é “Alto Falante”, mas o conceito é o mesmo: entreter. Música, informação, prêmios e acima de tudo: a participação do ouvinte, a interatividade deste.


J.J.- A JK FM 102.7 é a única emissora que transmite o programa “Momento de fé”. É um diferencial?
T.P.– O padre Marcelo é o maior fenômeno do meio (rádio) hoje em dia. Com um programa que fala do dia-a-dia e dos problemas e necessidades das pessoas, o padre consegue evangelizar sem descaracterizar a verdadeira função do rádio.



J.J- Que espécie de flashbacks a programação da rádio JK insere? Seria da proporção 3:1? Como funciona?
T.P.– Em programas especiais românticos quatro por hora. Na programação normal, no máximo um a cada hora.

J.J.- É uma estratégia nem tocar músicas contemporâneas de mais nem antigas de menos?
T.P.– Depende do formato da emissora, mas procuramos sempre reviver bons momentos com músicas que já fizeram sucesso.


J.J.- Como foi a idéia de trazer a filial da Jovem Pan para Brasília em 1996?
T.P.– Foi uma decisão empresarial e artística. Na época, só a Transamérica veiculava uma programação para jovens. Cabia, então, pelo menos mais uma. Tínhamos duas rádios com o mesmo formato de programação. Que era a programação popular (rádio Atividade e Líder). Optamos, então, por fazer, em uma das emissoras, uma programação voltada para o público jovem.


J.J.- Quando se fala do universo dos jovens, ao qual a Jovem Pan se dedica, logo vem em questão do estilo. A rádio se define como pop-rock. Por outro viés, a Mix se manifesta como rock-pop. Você poderia caracterizar esses dois estilos?
T.P.– As duas rádios têm o mesmo objetivo: o público jovem. A Pan tem uma pegada mais dance e a Mix toca mais rock. São estilos semelhantes com esse pequeno diferencial, até porque as duas emissoras têm um ponto em comum: a valorização do humor.


J.J.- Como é ser integrante do “Programa Parceiros da Escola”?
T.P.– Esse é um projeto pessoal. Sempre acreditei na força da educação e da cultura. Integrar um projeto como esse é colocar em prática tudo aquilo que falamos e muitas vezes não fazemos, ou seja, ser solidário, solícito e, acima de tudo, partícipe e conhecedor de como as escolas atuam.


J.J.- Você já passou por uma situação engraçada nas rádios em que você trabalhou ou trabalha? Poderia compartilhar?
T.P.– Várias vezes. Já deixei microfone aberto, já fui confundido com outra pessoa, já troquei nome de artistas e de ouvintes, enfim, faz parte.
J.J.- Como é se dividir entre seus dois filhos e o seu trabalho? Você consegue conciliar?
T.P.– É muito fácil e gratificante. Com os filhos vivo duas situações. Um deles tem 26 anos e já é homem feito e maduro, com quem posso compartilhar uma relação de amizade. O outro tem 10 anos e tenho aquela relação de pai herói. No trabalho, procuro priorizar minhas ações profissionais, sempre dedicando a cada uma delas a importância merecida. Não sou centralizador. Distribuo tarefas para a equipe e sempre estou disposto a ouvir. Adoro o que faço e além do meu trabalho na rádio, me dedico ainda a outros três projetos (CFZ Brasília (ligado ao Zico); Toninho Pop Assessoria e Comunicação e Faculdade e Teatro Dulcina).

J.J.- Qual foi o momento mais inesquecível da sua carreira?
T.P.– Tem uma passagem que acho muito legal. Em dezembro de 1993 quebrei o recorde mundial de locução ininterrupta. Durante quatro dias, ininterruptamente, eu fiz um programa de rádio em uma cabine instalada em frente à antiga discoteca 2001, no térreo do Conjunto Nacional. Foi uma loucura, inesquecível.

J.J.- Você crê que contribuiu para o radiojornalismo brasiliense? Como?
T.P.– Acho que estou mais ligado ao entretenimento, porém tenho uma curta ligação com a notícia por meio dos informativos que veiculamos em nossas emissoras. A minha modesta colaboração é orientar os nossos jornalistas a trabalhar sempre com a verdade. Checar as informações e divulgar apenas o que pode fazer a diferença na vida das pessoas.


J.J.- Você tem fãs? Como é a relação com eles?
T.P.– Tenho vários admiradores. A relação é diária, até porque sou bastante conhecido pelo público. No restaurante, no elevador, no posto de gasolina e até na fila do banco procuro ser simpático e atencioso. Adoro as relações interpessoais. (JJ)
Por: Emerson Garcia
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