Há um tempo stories do advogado e humorista Jonathan Nemer muito me indignou. Mesmo que a situação fosse em tom de brincadeira ou descontração, ela gerou certo desconforto em mim. Bem se sabe que a maioria das brincadeiras possui fundo de verdade e acredito que existem certas questões que não podem ser tratadas no tom que Nemer tratou. Antes dele ser humorista, deve ter ciência que é advogado e, acima de tudo, cidadão brasileiro. Ou seja, ele, mais do que qualquer outro, conhece os direitos e deveres dos seres humanos e ele, deveria tratar os semelhantes com gentileza e compaixão.
Nos stories em questão, salvos e gravados por mim já que possuem certo tempo de vida, Jonathan Nemer resolve imitar "um primo que é trans". Assista:
Em pouco mais de 1 minuto Jonathan foi preconceituoso, lgbtqfóbico e transfóbico. Daí você pode questionar: "Ele não foi preconceituoso e transfóbico, Emerson, pois ele criou um personagem imaginário". Ok. É um personagem imaginário e uma situação imaginária, mas Nemer possui 1,6 milhão de seguidores no Instagram e seu poder de influência é enorme. Mesmo que seja em tom de brincadeira, ele continua influenciando as pessoas. Quantas foram que se divertiram com os stories de Nemer? Quantas são aquelas que possuem o mesmo pensamento preconceituoso e transfóbico que ele? Qual terá sido o impacto que as falas do advogado e humorista podem ter reverberado?
Os stories de Nemer me levaram à algumas pílulas de comentários. Compartilho com você agora:
1- Falta de conhecimento: Nemer ter compartilhado esses stories demonstra sua ignorância frente à classe LGBTQ+. Ele não deve conhecer o significado de nenhuma das letras da sigla, sendo ignorante ao ponto de estereotipar as pessoas transgêneros, como se fossem "apenas gays". Digo isso, pelo tom de voz de Nemer. Ele afeminiliza a voz e diz tratar-se de uma mulher trans, demonstrando total deboche.
2- Nemer só reverbera o pensamento de muitos: o vídeo de Nemer só é o retrato da visão que muitas pessoas, inclusive humoristas, possuem da classe LGBTQ+. Você já deve estar cansado de ver imitações de humoristas de gays e lésbicas por aí. Os trejeitos, as poses, as falas. Acredito que as piadas de "viados" e afins são engraçadas até certo ponto, dependendo de quem e como faz.
3- "Galera, eu queria pedir desculpa. Aqui [do meu lado no carro] é a Priscila, meu primo que é trans. Pegou o celular e eu fiquei muito chateado": essa é uma das frases que demonstra o estopim do preconceito e da transfobia. Se a pessoa transiciona para o feminino, então o correto seria "minha prima que é trans", e não "meu primo que é trans". Isso só demonstra que Nemer não sabe o que é ser e o que significa transgênero, colocando transgêneros, lésbicas e gays no mesmo balaio.
4- Vai a pé, uai. Vai a pé. Tá de saltão 20 centímetros mas se vira": Nemer, ao dizer essa frase, transforma uma mulher trans (Mesmo que imaginária) em uma travesti estereotipada. Para ele, travestis usam "salto de 20 centímetros", não possuem sentimentos, anseios, vontades. Apenas se resumem a "saltão 20 centímetros". Nemer não foi apenas lgbtqfóbico, mas ele teve a audácia de resumir alguém a apenas sua aparência. Uma pessoa não pode ser resumida a apenas sua aparência, poder aquisitivo, orientação sexual ou forma de vestir.
Antes de Jonathan Nemer ter publicados esses stories - e não adianta dizer que ele não falou isso, pois salvei tudo - ele deveria refletir o impacto que isso traria à sociedade, ainda mais ele tendo a advocacia como profissão. Na hora não foi levado em conta que ele é humorista e um palhaço nato, mas um advogado que teve a audácia de colocar o seu na reta, sem medo de represálias ou processos que poderia sofrer.
Como advogado Nemer deveria conhecer de perto os direitos e deveres dos lgbtq+. Entre os direitos, está o de ser respeitado. Ele também deveria conhecer os termos lgbtqfobia (preconceito, discriminação, medo e/ou ódio sofrido por pessoas lgbtq+) e transfobia (preconceito, discriminação, medo e/ou ódio sofrido por pessoas transgêneros), pois ele agiu exatamente dessas formas.
Há comediantes LGBTQ+ no mercado que são mais sensatos que esse humorista barato, como Ellen Degeneres, Paulo Gustavo, Rodrigo Santanna, Marcos Majela e Júnior Chicó, que usam seus talentos não para zombar ou denegrir os LGBTQ+, mas para enaltecê-los. Eles fazem até mesmo piadas com pessoas LGBTQ+, mas em tom de total descontração. Chicó faz piadas hilárias desse universo, Rodrigo Santanna e Paulo se vestem de mulher e de drag. E qual a diferença deles para o bossal Jonathan Nemer?! Aqueles estabelecem limites de até onde podem ir, enquanto esse não. O limite, em qualquer relação ou situação, é o respeito. J-J
Por: Emerson Garcia
Oi, Emerson como vai? O respeito é essencial. Infelizmente falta o respeito por parte de muitos cidadãos na sociedade, inclusive de pessoas consideradas cultas. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Um babaca contemporãneo ... retrato da sociedade contemporãnea ... tão babaca quanto seus seguidores e os movimentos LGBTs idesológicos que querem impor sua ditadura. Nenhum deles me representa.
ResponderExcluirOlá Emerson,
ResponderExcluirNão me conformo com as pessoas que não sabem respeitar o próximo.
Big Beijos,
Lulu on the sky
Infelizmente eu estou perdendo a esperança na humanidade. As pessoas a cada dia que passa estão mostrando seu preconceito descaradamente. NOJO!!!
ResponderExcluirwww.blogflorescer.com
Achei interessante sua análise sobre o acontecido. Não conhecia esse cara e realmente é uma atitude bem ruim, nem em tom de brincadeira certas coisas devem ser ditas, ainda mais por um advogado. Achei pertinente seus comentários.
ResponderExcluirhttps://www.biigthais.com/
Beijoos ;*
Grata, Emerson, por sua visita e comentário lá no blog.
ResponderExcluirComo sempre, um post muito bem escrito e explanado.
O respeito, por quem que seja, é fundamental. Lamentável atitude.
Abraço e dias de esperança.
Não sabia e fiquei com tanta raiva lendo. Faz um tempo que parei de ver as coisas dele por causa do jeito dele e é totalmente errado que ele fique zombando de pessoa e fingindo que não há um limite para "piadas". Acho que o pior de tudo é que muita gente não vê mal nas falas dele
ResponderExcluirBeijos
https://www.dearlytay.com.br