quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Quinta de série: Elize Matsunaga - Era uma vez um crime

 Pode conter spoilers!


19 de maio de 2012 foi a data de um crime que chocou o Brasil e o mundo: Elize Matsunaga mata e esquarteja o esposo, Marcos Matsunaga, o presidente da Yoki. Quais teriam sido as motivações disso? Quem é Elize? Quem é Marcos? A série explora os bastidores desse crime, a partir do depoimento de Elize Matsunaga, que decide dar sua primeira entrevista nesta série documental da Netflix que explora esse terrível caso. Em quatro episódios, de em média 50 minutos, a produção te uma classificação etária de 16 anos

O objetivo de Elize Matsunaga: Era uma vez um crime é humanizar, romantizar e mostrar um lado dócil e amável de Elize, o que funciona, porque no final da série ela é vista como heroína, princesinha e vítima.  Em uma história, há três lados, e a produção consegue mostrar o lado da assassina, que tinha motivos para matar o esposo, Marcos, que é pintado como o vilão. O objetivo é endossar o crime, a partir dos motivos que a esposa tinha, contudo, de certa forma, mostrando que o crime compensa, pode ser relativizado e compreendido. Não que o que Elize fez com o esposo tenha sido uma atitude louvável e de aplaudir (o lado horrendo é apresentado), mas o que Marcos fez com ela também não foi legal.


O perfil de Elize que a série apresenta, desde o início, não é o de assassina, vilã, mas de vítima, coitadinha e humana. Em vários momentos, ela aparece chorando, triste, desesperada, deixando suas marcas e traumas transparecerem, abrindo o coração e a alma diante das câmeras. É apresentado um pouco da história de Elize, como sua infância, relação com a filha e até mesmo com sua família, mostrando certa docilidade e amor da personagem. Elize teve uma juventude difícil, tendo que se prostituir e vender seu corpo. Foi nesse ambiente, que conheceu Marcos, que logo se engraçou dela e a tirou dessa vida. O relacionamento dos dois era intenso e forte, mas que teria um trágico fim.

O que era pra ser um relacionamento amoroso, tornou-se num pesadelo. Havia ciúmes, humilhação, misoginia, supremacia, desrespeito, violência, subserviência e uma série de outros sentimentos ruins, que deixariam o casamento em perigo e longe de um "felizes para sempre". No dia do assassinato, por exemplo, Elize confrontou Marcos na mesa de jantar, pois havia descoberto suas traições, com a ajuda de um detetive particular. Ela ouviu não só ofensas, como também levou um tapa na cara. Esse foi o estopim que levou à tragédia, mas antes disso, Elize vivia sendo insultada, maltratada, xingada e agredida em palavras e atitudes pelo ex presidente da Yoki. Ele a chamou de vadia, puta, jogou na cara dela que ela era alguma coisa por causa dele, além de também xingar suas partes íntimas. Não que sofrer dessa forma seja justificativa para o crime hediondo, mas o que não faltou para Elize foram motivos para agir da forma que agiu. Elize narra o episódio que antecedeu o assassinato do esposo na série, acompanhe:

"Cada vez que eu citava a mulher, ele dizia que eu estava louca. Quando disse que sabia de tudo, que tinha contratado um detetive, me deu um tapa no rosto, ele nunca tinha feito aquilo. Ele negava tudo de forma tão extrema e me colocava numa situação de culpada, eu me perguntava: 'Será que estou doida mesmo?’, relembra Elize. “Só sei que fui pro móvel na outra sala e peguei minha arma. Ele disse: ‘Atira, sua fraca, atira ou some daqui, vai pro Paraná com a sua família de bosta e deixa minha filha aqui' ".


A série documental de true crime é instigante, forte e contém depoimentos e imagens policiais impactantes. Era uma vez um crime mescla relatos dos advogados de defesa da criminosa, autoridades envolvidas nas investigações e condenação, repórteres que cobriram o fato, uma tia que sempre apoiou Elize, colegas (de ambos os lados) e a advogada de defesa da família de Marcos. Elize deu um tiro no marido (ela tinha interesse por armas e caça e aprendeu a atirar com o marido) e esquartejou seu corpo, a partir de conhecimentos que tinha de enfermagem, medicina e desossagem de animais. 

Após, colocou os restos mortais em sacos de lixos e dentro de malas e despachou numa estrada localizada em Cotia. A perícia encontrou essas partes de um corpo, que vestia roupas de grife caríssimas no momento da morte. Eram os restos mortais de Marcos, que havia sido dado como desaparecido, mesmo - supostamente - tendo respondido um email dizendo que "estava tudo bem".  Há uma narração dos detalhes que sucederam os fatos, desde tentativas de acobertamento do crime, passando pela confissão, prisão, julgamento em 2016, saídas temporárias e o relacionamento de Elize com seus familiares e filhinha.

Logo no início da produção, ela manda um recado para o espectador:

   "Respeito a opinião das pessoas. Sei que tem pessoas que entendem o que aconteceu, sei que tem pessoas que me abominam, que me julgam, e tudo bem."



Não só a Netflix pinta o perfil de vimizada de Elize, como a sua própria defesa. É mostrado como foi possível essa humanização da culpada e assassina, que tinha seu destino nas mãos da justiça e o fardo de uma vida infeliz que levava antes (E por que não dizer depois?!) de conhecer Marcos. A ex garota de programa também é um ser humano, sujeito à emoções, dramas, lágrimas, conflitos e sentimentos, e isso também está presente na docusérie. 

A produção é bem construída e o fio condutor compreende não apenas contar o lado da história de Elize, mas sua própria história de vida. Ela apresenta um visual fenomenal e cria tensão durante a narrativa, mesmo que a história já seja de domínio público. Mesmo com uma boa construção, faltou um elemento de novidade, algum fato novo sobre o caso.  


Há um registro histórico interessante, com a versão de Elize. Para quem é curioso, é uma boa fonte de informação. Ainda mais para quem ansiava ouvir a versão da moça pela primeira vez. A série foi produzida pela Netflix, em parceria com a Boutique Filmes

O intuito não é inocentar Elize, até porque ela já foi condenada e cumpriu sentença (pelo menos parte dela), mas é de compreender as motivações que ela teve para esse crime bárbaro. Nem para todas suas atitudes, a criminosa possui respostas, mas a docusérie consegue ser menos sensacionalista e mais humanizada, principalmente lançando um novo olhar sob Elize, que não é o do julgamento, preconceito, outrossim, da compaixão, amor e compreensão. Vale assistir para quem não tem viseiras nos olhos, nem julgamento, porque a tentativa foi a de trazer Elize como uma princesa da Disney, o que não pode agradar a todos, necessariamente. J-J



Por: Emerson Garcia

7 comentários :

  1. Peço desculpa mas, hoje, embora vendo, lendo, e elogiando a sua publicação, passo a fim de deixar:
    .
    Votos de um NATAL MUITO FELIZ, repleto de luz, alegria, saúde, amor, prosperidade, paz, extensivo à sua ilustre família.
    .
    Poema: “ Natal de amor e saudade “
    .

    ResponderExcluir
  2. eu assisti e até hoje não consigo ter uma opinião formada sobre

    beijo
    A mina de fé

    ResponderExcluir
  3. Vi muitas pessoas falando bem dessa série, tenho curiosidade em assistir. Gosto muito dessas séries de crime!

    https://www.heyimwiththeband.com.br/

    ResponderExcluir
  4. Boa tarde de quinta-feira, com muita paz e saúde. Boas Festas 🥳 🥳 🥳.

    ResponderExcluir
  5. Uma história interessante e cheia de mistério!
    xoxo

    ResponderExcluir
  6. Parece uma boa série. É sempre bom ver os 2 lados de uma história.
    Bjus!!!

    www.galerafashion.com

    ResponderExcluir
  7. Gostei muito . Difícil julgar,o que tornou a série interessante para mim. Boas festas para todos .

    ResponderExcluir

Obrigado por mostrar seu dom. Volte sempre ;)

Nos siga nas redes sociais: Fanpage e Instagram

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
 

Template por Kandis Design