Um dia sem celular

 

Você conseguiria viver um dia sem celular? Ao menos algumas horas sem redes sociais? Ou, ainda, isolado do mundo tecnológico por alguns minutos? Isso pode parecer o apocalipse, mas não é difícil de acontecer. Esse ano tiveram vários apagões tecnológicos de serviços de internet, operadoras de telefones e redes sociais, que deixaram as pessoas em polvorosa, mas elas não morreram por isso. Está certo que tiveram alguns arrepios de cabelo ali e uns gritos histéricos aqui, mas permaneceram íntegras. O fato é que temos que estar preparados para esses momentos, pois eles acontecem quando menos se imagina. Aconteceu comigo no meio desse mês. 

No final do dia 13 de dezembro, já na parte da noite, meu celular simplesmente morreu e não quis mais ligar para carregar.  E agora?! Como ficaria sem o smartphone que preciso para trabalhar, comunicar e, até mesmo entreter?! Passaria por uma experiência inimaginável, mas que traria muitos ensinamentos.

Não foi a primeira vez que fiquei sem celular, mas no final de 2019 também, quando fui assaltado, perdi meu aparelho e os dados dele para sempre. De lá para cá, muita coisa mudou, pois aprendi a não me importar tanto com perdas materiais, a ser grato pela vida e também a seguir em frente, em toda e qualquer situação. Talvez essa experiência do passado, tenha me ajudado a superar a do presente. 

Eu sabia que não tinha perdido meu celular para sempre, que ele precisaria ser consertado, mas que também era preciso que eu ficasse sem ele por algumas horas ou até mesmo dias. E nisso fui tendo visão, discernimento, paciência e maturidade. Para que me desesperar por algo que saberia que teria de volta?! E também eu poderia aprender muito nesse um dia sem celular, e foi o que aconteceu.

Quando estamos longe da tecnologia valorizamos coisas e pessoas que antes não tínhamos esse comportamento. Essa foi a oportunidade de conversar mais com minha mãe e assistir programações com ela, de ficar no colinho da avó e contar e ouvir piadas; mas de também continuar a leitura de livros que há muito tempo não lia, de apreciar a natureza, o barulho dos pássaros e sentir até mesmo o vento no rosto e agradecer até mesmo pela chuva (No dia 15, quando ia buscar meu smartphone, choveu bastante e muito forte). Talvez, se eu estivesse dentro da tela do celular por muitas horas ao dia, vendo fotos e vídeos no Instagram ou assistindo alguma coisa no streaming, não teria percebido nada disso. 

Quando a gente fica de frente para o espelho negro perde as coisas mais belas da vida. E quer saber a real? Perde a harmonia da família, perde a contemplação da natureza, perde a alegria da vida presencial, perde. Perde até mesmo horas e horas do seu dia, que poderiam ser gastas com coisas mais importantes e produtivas. No dia que fiquei sem celular (Parte do dia 13, todo o dia 14 e parte do dia 15) percebi como as horas demoraram a passar e eu pude aproveitar mais certos hábitos e experiências. Quando estamos 24 horas em frente ao espelho negro, nem vemos a hora passar, e isso é ruim, porque perdemos a beleza do tempo e da vida. Além de ficarmos impacientes, nervosos e ansiosos.

Sabe, esse tempo sem celular foi muito bom em minha vida, pois agora valorizo mais as pessoas e a natureza, bem mais do que a tecnologia e as redes sociais. Sinto que tenho até ficado menos tempo (Ou somente o necessário) vidrado na tela do celular. As tecnologias e smartphones são muito importantes no nosso dia a dia, realmente. Saiba que o smartphone proporciona a possibilidade de comunicação, mas uma comunicação frente a frente, presencial, é muito mais deliciosa. Que ele te oferece entretenimento, mas a diversão de contemplar o barulho dos pássaros, da natureza e da chuva não tem preço. Que ele te permite conhecer pessoas e cultivar amizades, mas a amizade presencial é mais divertida (Assim como um beijão daqueles na pessoa amada de forma presencial, ao invés da troca de emojis apaixonadinhos) [Veja a imagem abaixo que você entenderá do que estou falando]. Hoje ninguém pode (Não diria que ninguém vive, pois acho uma expressão muito forte) estar sem celular, pois o mundo requer isso, mas que tal ele apenas ser uma ferramenta, e não o motivo de sua respiração ou parte do seu corpo? Sua saúde mental agradece. J-J

Por: Emerson Garcia