quarta-feira, 29 de junho de 2022

Panafetividade: conheça mais sobre a atração por todos os gêneros

Mais cedo, o Arthur Claro escreveu um post sobre assexualidade, que é a falta total, parcial ou condicional da atração sexual, independente do sexo biológico ou gênero. Agora, explano sobre a panafetividade, ou seja, a atração sexual, romântica ou emocional em relação às pessoas, independente de seu sexo ou identidade de gênero. Pan significa todo, total, inteiro e afetividade, atração. Juntando, fica assim: atração por todos os gêneros - em todas as suas manifestações -, sem restrição e/ou preferência quanto à orientação sexual do outro.  

Pessoas pans não se importam com gênero, se referindo a si mesmas como "cegas". Para elas, gênero e sexo não são fatores determinantes em sua atração sexual ou romântica. Elas se interessam pela pessoa em si, suas características, como aparência e/ou personalidade. Assim, em cada pessoa panafetiva, a maneira de se relacionar se dá de uma forma diferente. Pessoas pans tem atração por homens, mulheres, trans, não-binários, intersexuais, andróginos, entre outros. Essa é mais uma das "caixinhas" da sexualidade existentes. 

O termo da panafetividade surgiu pela primeira vez em 1917, mas era usado para descrever pansexualismo, ou seja, a ideia de que as pessoas colocam seus instintos sexuais em primeiro lugar. Nos anos 1980, por sua vez, haviam comunidades fetichistas que usavam o termo para descrever indivíduos sem preferências sexuais específicas e abertas às mais distintas experiências sexuais. Mas esses dois conceitos não se aplicam atualmente. 

A identidade panafetiva mesmo surgiu na segunda metade do século XX, mas se tornou mais popular no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, com uma alternativa mais inclusiva, do que foi realizada anteriormente. Foi nesse período, também, que a comunidade queer dos EUA interagiu mais por correio. Com isso, inúmeros indivíduos com experiências distintas sobre a comunidade LGTQIAP+ interagiram. O choque cultural foi presente. Conheceu-se termos como pessoas trans ou genderqueer. 

A pessoa adepta à esse tipo de afetividade mostra que a orientação sexual pode estar congruente com gêneros distintos. Antes das discussões pans, ao se falar de homo e heteroafetividade, vinha na mente somente a ideia de homens e mulheres cis. Agora, não. Os gêneros e orientações são construtos sociais e devem ser atualizados. Por isso, o movimento pan se aproxima e apoia o movimento trans, pois ambos defendem debates sobre as amplas possibilidades de vivenciar os gêneros. 

O post de hoje tem o intuito de falar sobre vários tópicos, são eles: Panafetividade e biafetividade; bandeira pan, arromântica e símbolos; dia da panafetividadepensamentos e filosofias pans; panafetividade e terapia.


Panafetividade e biafetividade

Por muito tempo a panafetividade foi confundida com a biafetividade, mas isso caiu por terra. Afinal, a pansexualidade rejeita o binário de gênero, enquanto a biafetividade é utilizada como termo "guarda-chuva" por conta da atração por dois gêneros. Também não se pode confundir a panafetividade com a poliafetividade, que é a atração por mais de um gênero, mas não todos.

Convencionalmente, a diferença entre a biafetividade e a panafetividade é a seguinte: pessoas biafetivas reconhecem os diferentes gêneros e se relacionam de formas diferentes com eles, enquanto pessoas panafetividades se atraem por todos os gêneros, indistintamente. 

Há estudiosos que dizem que a panafetividade é uma ramificação da biafetividade. Já outros, afirmam que bi e pan são coisas separadas. Para aqueles que estão descobrindo sua orientação é bom pesquisar, se informar e conversar tanto com pessoas pans como bis. 

Um panafetivo pode se atrair por um andrógino que é uma pessoa que se veste e se comporta como alguém que não sabe o gênero dela. O fato é que a sexualidade é construída no decorrer do tempo. Para a sexóloga Ana Cláudia, muitos indivíduos se identificam como panafetivos, mas estão num processo experimental. A panafetividade, portanto, tem a ver com um desejo amplo, quando a questão sexual se encontra com a característica humana, sem pensar na física. 


Bandeira pan, arromântica e símbolos


A bandeira do orgulho panafetivo foi criada em 2010 por Jasper no blog Pansexual Flag. É composta por três faixas horizontais de mesmo tamanho, sendo uma rosa, uma amarelo e outra ciano. A faixa rosa é para pessoas que se identificam com o gênero feminino; a azul, pessoas que se identificam com o gênero feminino; e a amarela é para pessoas que se identificam com o gênero não-binário. Uma curiosidade é que o magenta, amarelo e azul formam todas as outras cores, daí a alusão à pan. 


Esse é um símbolo panafetivo nas cores da bandeira pan com a letra "P" estilizada cuja ponta termina em uma cruz  e uma seta, como os símbolos de masculino e feminino. 


Esse é mais um símbolo pan que apresenta símbolos de masculino e feminino de várias cores entrelaçados. 


Essa é uma bandeira panromântica, composta por quatro faixas horizontais de tamanhos iguais, nas cores azul, verde, laranja e rosa. As cores representam, respectivamente: gênero masculino, gênero neutro ou sem gênero, com gêneros fora do binário ou entre masculino e feminino e de gênero feminino. A bandeira foi criada em 24 de maio de 2015. 



Símbolo panromântico.


Dia da panafetividade

No mundo, o Dia Internacional do Orgulho Pansexual é comemorado no dia 8 de dezembro, aonde se dedica para celebrar a panafetividade. Já o Dia da Visibilidade Panafetiva e Panromântica é dia 24 de maio. 


Pensamentos e filosofias pans

Diversas figuras públicas se consideram pessoas pans, como Miley Cyrus, Serguei, Renato Russo, Reynaldo Gianecchini, Janelle Monáe, Demi Lovato, Bella Thorne, Jazz Jennings, Mary Gonzalez e Brendon Urie. A seguir, trago frases que essas pessoas disseram sobre a filosofia pan:

“Não sabia que isso existia até que alguém me explicou. Você gosta de seres humanos, não precisa ser uma garota ou um garoto, ele ou ela” - Bella Thorne

“Já tive, sim, romances com homens. Mas a sexualidade é muito mais ampla” - Reynaldo Gianecchini

"Panafetividade é a possibilidade do amor acima de tudo" - Nátaly Neri

“Eu gosto de garotas sexy, gosto de caras sexy. Eu gosto de sensualidade em geral, sabe?” - Bella Thorne

“É uma palavra ampla e isso ocorre porque as pessoas querem liberdade para se identificarem da maneira que quiserem, sem que ninguém as rotule” - Michael Aaron, psicoterapeuta e terapeuta sexual.


Panafetividade e terapia


A pessoa panafetiva também precisa cuidar de sua saúde. A população LGBTQIAP+ é a mais vulnerável a problemas emocionais como ansiedade, estresse, depressão e até mesmo o suicídio. A ajuda profissional é fundamental para o autoconhecimento e exploração da sexualidade. Busque ajuda para lidar com dores e preconceitos para se aceitar como ser panafetivo. 


A atração por todos os gêneros

A panafetividade pode ser para qualquer tipo de pessoa. Para transgêneros, intersexuais e até mesmo pessoas cisgêneros. A pessoa panafetiva tem o gênero como fator irrelevante na questão sexual ou relacional. Mesmo que o gênero não seja fator preponderante, as pessoas panafetivas tem suas preferências específicas, que não cabem dizer nesse post.

A identidade panafetiva deve ser aceita, compreendida e não criticada, em nossa sociedade. J-J





Por: Emerson Garcia

4 comentários :

  1. Sempre oferecendo temas intensos, profundos, didáticos, de enorme fator de conhecimento. O meu elogio
    .
    Cumprimentos cordiais
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

    ResponderExcluir
  2. Oi, Emerson,

    O post revela o quanto a afetividade e a sexualidade humana são complexas, não é verdade?

    Beijão e bom dia

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  3. Great article. I followed your blog. Success for your blog

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  4. Como são complexas estas questões de género!
    xoxo

    marisasclosetblog.com

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