terça-feira, 2 de abril de 2024

'A geração de Dorcas'

Pode conter spoilers!

Dia 28 de fevereiro assisti à peça A geração de Dorcas - a nova peça da Cia. Jeová Nissi. Já assisti a vários trabalhos deles. Inventivos, nessa nova obra eles pegam uma história bíblica e realizam uma releitura criativa e inventiva. 

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Na Bíblia, a vida de Dorcas foi marcada por sua dedicação em impactar as pessoas com generosidade, cuidado, compaixão e humildade. Na peça, três personagens principais retratam a geração de Dorcas: Tábita, Cacó e Abel(ardo). Tábita significa Dorcas e, acredito que por isso, seu nome tenha sido esse. 

Tábita é influenciada pela doçura, infantilidade e prazer de Cacó, assim como sofre influência de seu irmão, Abel, extremamente racional, preocupado em pagar contas, forçando Tábita a trabalhar e aumentando seu nível de estresse. A quem Tábita deve dar ouvidos? Retalhos e amarras do passado, representado por Abel; ou uma nova costura do futuro, com ludicidade e doçura, representado por Cacó?!  


O cenário é simples: apenas uma mesa com retalhos, costuras, linhas, lãs e tecidos e um telão que ilustra um ateliê. O figurino dos personagens beiram o clássico, principalmente o de Abel e Tábita. Cacó usa camisas e um avental cumprido, com linhas, carreteis e fitas métricas. 

O personagem de Abel é imponente, clássico e sério; enquanto Cacó é o extremamente o oposto. Dócil, angelical, engraçada, cômica e que vê beleza na vida. Por algumas vezes, ela lembra os papeis cômicos de palhaços ou bobos da corte. 

Há uma partipação especial na peça que é da viúva, que serve para situar um pouco quem é Tábita, seus serviços, sua importância para a sociedade, comunidade e para aquele ateliê. É interessante porque ela aparece lendo e escrevendo cartas com tintas e penas. E faz uma revelação, que Tábita não dá muito atenção: "A dívida já havia sido paga!"


Confesso que no início não estava entendendo a peça muito bem, talvez pela forma como ela é contada. Imaginava que a linguagem do enredo era não-linear, ou algo assim. Mais para a metade e o final é que comecei a compreendê-la. O final da peça é totalmente diferente do da Bíblia, mas serviu para impactar e chocar mesmo.

A geração de Dorcas, à qual a peça faz referência, refere-se a igreja. Tábitas e Dorcas, atualmente, estão mortas dentro de sua própria casa (o ateliê). A falta de perdão, racionalismo e trabalho exacerbado, tem feito com que ajamos maquinalmente, nos esforcemos e todo esse trabalho tem nos levado a morte. Mas nem tudo está perdido! Podemos resgatar o primeiro amor e as primeiras obras e sermos encorajados a voltar seus olhos para a verdadeira essência.   


A peça emociona, faz refletir e coloca o dedo em muitas feridas expostas. As palavras de Cacó, já com sua voz normal é de estraçalhar as emoções de qualquer um. E as canções que são cantadas ao final? Eu quero voltar ao primeiro amor e Quero ser como criança (Abraça-me)?! Além de atuarem, eles ministram e cantam muitíssimo bem. 

A moral que fica sobre a peça: é que podemos escrever e costurar um novo futuro, mas retornando a essência, a prática do primeiro amor. Recomendo A geração de Dorcas! J-J


Por: Emerson Garcia

4 comentários :

  1. Parece ser uma peça interessante. E se tem final diferente da estória bíblica, só conferindo para poder avaliar, rsrs.

    Abraço

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  2. Parece ser ótimo essa peça. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  3. Brilhante Jornalista Emerson, parabéns pelo texto, você é o cara. Compartilhando.

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  4. ótima sua explicação . Nem sempre entendemos a releitura

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