terça-feira, 30 de março de 2021

E se houverem LGBTQs no futebol?



Dia 25 de março foi comemorado no Brasil o Dia Nacional do Orgulho Gay, uma data importante para a comunidade gay. Tal evento foi comemorado pelos clubes esportivos do Flamengo, Botafogo e Desportiva, entre outros. O que era para ser apenas uma homenagem, tornou-se em uma polêmica. Os posts foram criticados e até um deletado. Os fatos demonstraram um preconceito velado à classe gay, principalmente mostrando o machismo escancarado e não adimitindo que ela também se encontra no ambiente esportivo.

Por mais que pareça absurdo e uma ideia talvez inconcebível, existem, sim, gays, lésbicas, transexuais, bissexuais etc no ambiente do futebol. Acredito que essas pessoas deveriam ser aceitas e acolhidas pelos clubes esportivos, mas o que ocorre é um preconceito descabido. Mesmo que o futebol segregue e seja machista, não há como negar que essas classes estejam presentes. Existem jogadores e jogadoras assumidamente LGBTQ+, mas o que há são brincadeiras de mal gosto, tais como: "São Paulino é tudo viado". E se realmente forem viados, qual é o problema?! Em qual manual esportivo está escrito que somente se aceita héteros e os adeptos da heteronormatividade no futebol?! Mas o que há nessa frase é um machismo e um preconceito às pessoas gays.

O que deu para perceber nos posts que veremos a seguir é um ataque descomunal, principalmente dos amantes de futebol héteros mais que tudo (Chega a dar dó). Héteros que atacaram os posts, por meio de críticas cítricas e piadas de muito mal gosto. 

O Flamengo criou uma arte de mãos nas cores LGBTQ+ sob um fudo rubro negro, ressaltando a violência contra os LGBTs no Brasil. Os torcedores héteros fizeram piadas, dizendo que era uma homenagem do Flamengo aos são paulinos e que deveria ter um Dia do Orgulho Hétero, alegando que matam héteros e que as resoluções desses crimes é de apenas 11%. A ideia foi retirar o foco da violência de LGBTs e amenizar o post com dados tão pesados sobre homofobia e discriminação. Acompanhe:

Ao retirar o foco da causa gay e de dados reais tão dolorosos, negligencia-se a comunidade gay e a violência que esta sofre. Mas nem tudo foi perdido, pois tiveram internautas que apoiaram o post do Flamengo (Ainda há salvação no mundo), pedindo conscientização, respeito e tolerância. Um clube esportivo engajado nessas causas sociais é uma atitude e tanto. Não é querer militar muito menos lacrar, mas destacar e jogar luz sobre a comunidade gay, minimizando o preconceito e a homofobia.

O Botafogo postou uma arte com a bandeira LGBTQ+, sob um fundo preto e branco (cores do time) e o emblema da equipe para apoiar e defende a classe LGBTQ+, promovendo amor, respeito e tolerância, tanto no futebol como no mundo. Veja:



O post também sofreu duras críticas de pessoas que disseram: "tudo bem comemorar, mas eu quero o título", "quero que o Botafogo jogue mais e lacre menos", "ok, vou dar a minha bunda, tô com orgulho, mas já somos campeões?" e "gay é igual a onça pintada. Todo mundo acha lindo mas bem longe". Comentários totalmente desnecessários e que reafirmaram a homofobia dos torcedores botafoguenses. 

Já o clube Desportiva, um time do Espírito Santo, fez uma homenagem no Twitter que também gerou polêmica por trazer termos ditos homofóbicos contra o time. Na postagem havia vários termos e trocadilhos e uma imagem de punho fechado nas cores LGBTQ+ sob o fundo na cor vermelha do time. Veja:





Infelizmente o time teve que apagar a postagem por ter sofrido ameaças ao termo "diva". "Diva" viria a ser uma ofensa homofóbica utilizada por rivais da Desportiva. Por esse motivo, os torcedores do time se sentiram ofendidos e o clube passou a receber fortes ameaças. 

Em minha opinião, a homofobia nesse caso veio tanto dos times rivais como dos próprios torcedores do Desportiva. Se foi falado isso, mas se sabe que não é verdade, porque se preocupar e gerar todo o frisson? Mas se tiverem "divas", gays, lésbicas, bissexuais, transexuais entre outros no time, que mal há nisso? Não há nenhuma regra que diz que só quem torce e joga futebol são os héteros, como já falei acima nesse texto!

A ideia do Desportiva com a legenda e imagem no Twitter foi a de diminuir o preconceito nos estádios, o que é uma atitude louvável e interessante. Mas, momentos depois, o clube apagou a postagem e postou um comunicado no Instagram. Acompanhe:
 


Em entrevista do clube ao Uol, foi falado sobre a intenção com o post e sobre a explicação da nota. Leia um trecho:

"Uma parcela se sentiu ofendida, por isso se acharam no direito de ameaçar. Prezamos pela segurança de quem está no clube. Por isso, resolvemos tomar a decisão de apagar e, pouco depois, postar a nota. A intenção era desconstruir um termo preconceituoso e pejorativo que uma torcida rival utiliza para se referir a nossa acreditando que, dessa forma, diminui a nossa torcida."


A ideia foi a de ser uma resposta que calasse os times rivais, mas isso gerou problemas ao clube, funcionários, jogadores e a equipe em si. Mas ao apagar o post, a defesa do time caiu por terra, além de ter deixado de homenagear a classe gay, dando mais voz ainda aos preconceituosos e homofóbicos de plantão. Foi como se desse, mais uma vez, razão aos preconceituosos e para a onda de homofobia que o time já sofria ao chamar jogadores e torcedores "divas". Quando se propõe um ataque e um contragolpe e acaba recuando depois pelas circunstâncias, soa como se o vitimismo, covardia e o silêncio voltassem a ser perpetuados. O silêncio, o calar de ideias e opiniões e a aceitação do que se é falado sobre voltam a tomar espaço. A mentira ganha mais peso que a verdade, por mais que a mentira seja descabida e inverossímel. 

É triste que em pleno 2021, a violência, intolerância e homofobia ainda estejam tão fortes, principalmente nos gramados. Mas pedir respeito, igualdade e o direito de viver e amar para todos tanto dentro como fora dos campos, não faz mal à ninguém. Sim, há LGBTQs no futebol - desde juízes, jogadores, técnicos, funcionários, até torcedores - e se faz mais que importante que essas pessoas sejam apoiadas, aceitas e respeitadas como qualquer jogador macho alpha, torcedor heterão ou juiz que destile testoterona. Eu apoio as propagandas LGBTQ+ não só no futebol como em qualquer outro esporte, pois não posso negar que essa classe não exista. Uma pena que ainda haja tantas piadas e críticas cítricas com a comunidade LGBTQ+ nos esportes. Uma pena mais ainda quando um clube se propõe a homenagear a classe gay, mas tem que deletar o post momentos depois. Uma pena. Realmente uma pena. J-J


Por: Emerson Garcia

9 comentários :

  1. Que post reflexão maravilhoso demais

    Beijos
    www.pimentadeacucar.com

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  2. Ótimo post. Parabéns. Abraço!

    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  3. deviam ser aceitas em qualquer lugar, isso é realmente uma pena, tamanho preconceito

    beijo
    A mina de fé

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  4. Bom dia tema polêmico, mais existem gays dentro e fora do campo.

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  5. Nossa! Uma tristeza as pessoas serem tão preconceituosas no meio esportivo, principalmente do futebol. Acho importante os clubes abraçarem a causa e com isso ir "educando" seus torcedores.

    https://www.biigthais.com/

    Beijoos ;*

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  6. Excelente post, não consigo entender nem aceitar que um jogador gay não seja aceito.

    Beijos/Kisses.



    Anete Oliveira

    Blog Coisitas e Coisinhas

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    Instagram

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  7. Olá, Emerson.
    Eu não acompanhei esse caso. Mas é tanta ignorância do povo que o que era para ser apoio a causa acabou se tornando um monte de comentário homofóbico. Será que esse povo ainda acredita em coelhinho da páscoa e papai Noel?

    Prefácio

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  8. A verdade é que a discriminação acontece todos os dias e em praticamente todos os lugares. Só imaginar a dificuldade de um lgbtqs para conseguir uma vaga equivalente a seus estudos ou merecimento diante de seus esforços, caso não se encaixe no padrão desejado por parte da sociedade. A reação a esses posts é somente expor esse preconceito de forma pública.

    Atraentemente Books

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  9. É parece que o feitiço se virou contra o feiticeiro!!
    xoxo

    marisasclosetblog.com

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