segunda-feira, 26 de junho de 2017

Tire suas dúvidas: Orientação Sexual, atual sigla LGBTQ+, Escala de Kinsey, Identidade de Gênero e Nome Social






Este post tem o objetivo de esclarecer conceitos e dúvidas sobre a comunidade LGBTQ+. Iremos falar sobre esses assuntos: principais orientações sexuais; conceitos de homossexualismo, homossexualidade e homoafetividade; a atual sigla LGBTQ+; Escala de Kinsey; identidade de gênero; e nome social.

Esperamos que aqueles que não tem conhecimento desses temas, se interem; e que quem já conhece, possa se aprofundar e compreender melhor. Cada assunto foi dividido por tópicos pra facilitar o entendimento.


1- Principais orientações sexuais



A primeira coisa que queremos falar aqui é algo que muita gente ainda não aceita, – e quando digo “muita gente ainda não aceita”, queremos dizer os heterossexuais – que é que a pessoa não vira homossexual, transgênero ou qualquer outra orientação ou identidade. Você já nasce assim.

Heterossexual: pessoa que sente atração pela do sexo oposto (hétero = diferente).

Homossexual: aquela pessoa que sente atração pela do mesmo sexo (homo = igual). Com isso, todo homem que se sente atraído por homem ou mulher que se atrai por mulher é considerado homossexual. 

Bissexual: pessoa que se atrai por ambos os sexos.

Panssexual: pessoa que não se sente atraída pelo sexo da pessoa, mas sim por ela propriamente dita. 

Assexual: pessoa que não se sente atraída por nenhum sexo.




2- Homossexualismo, homossexualidade e homoafetividade: Qual o termo correto?





O termo homossexualismo está em desuso por causa do sufismo ismo que pode significar "doença". Ele era bastante empregado quando este era considerado uma doença até 1973. Com o decorrer do tempo, tornou-se comum utilizar homossexualidade, já que o sufixo dade quer dizer "modo de ser". O manual de comunicação da Associação de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ALGBT) explica essa transição conceitual (com grifos):


“Homossexualidade ao invés de  homossexualismo

Em 1973, os Estados Unidos retirou “homossexualismo” da lista  dos distúrbios mentais da American Psychology Association, passando  a ser usado o termo Homossexualidade. [...]

Em 1999, o Conselho Federal de Psicologia formulou a Resolução  001/99, considerando que ‘a homossexualidade não constitui doença,  nem distúrbio e nem perversão’

Por isso, o sufixo ‘ismo’ (terminologia referente à ‘doença’) foi  substituído por ‘dade’ (que remete a ‘modo de ser’).”



Contudo, muitas pessoas utilizam o termo homossexualismo por considerarem que não há nenhum tipo de problema, já que o sufismo ismo tem outros significados, de acordo com o Wikicionário (doença seria apenas um deles, com grifo):

"sufixo de origem grega que exprime a ideia de
* fenómeno linguístico
* sistema político
* religião
* doença
* esporte
* ideologia
* etc."


De acordo com isso, ambos os termos - homossexualismo e homossexualidade - estariam corretos. Mas nos posts da semana adotaremos homossexualidade

Utiliza-se, ainda, o termo homoafetividade, já que os explicados acima podem sugerir um ar pejorativo e sexual. É preciso levar em consideração que uma pessoa que sente atração por outra do mesmo sexo, não quer apenas uma relacionamento de transa, mas de afeto e amor. 

O vocábulo homoafetividade foi criado pela desembargadora e jurista Maria Berenice Dias. Ela defende que a afeição é o fator preponderante na atração que um indivíduo sente pelo de mesmo sexo. Veja o que o site Significados diz:

 "Segundo a Desembargadora, a homoafetividade vai além da relação sexual, é, um vínculo criado pela afetividade, pelo carinho e pelo desejo de estar com o outro em uma convivência harmônica."



3- Entendendo a sigla LGBTQ+










Bom, para começar, nem sempre a sigla foi essa. Não muito tempo atrás, era GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes), mas ela não era muito aceita pela própria comunidade, visto que excluía as demais formas de sexualidade ou identidades de gênero. 

Depois disso a sigla se tornou GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transgêneros, Transexuais e Travestis), mas essa também não parecia muito certa, porque via-se que inclusive no meio, as mulheres eram diminuídas. Depois de muita luta, as lésbicas conseguiram que ela fosse mudada para LGBT, ganhando visibilidade e importância que também merecem.

Contudo, essa ainda não parecia a maneira correta de lidar com todas as identidades e sexualidades possíveis, como o intersexual, que são pessoas que nascem com uma certa dificuldade em identificar-se como 100% masculino ou 100% feminino (Em outras palavras, nascem com ambos os sexos); os pansexuais, que são aquelas que se atraem pela pessoa, e não pelo gênero atribuído a ela; e os assexuais, que não se atraem por nenhum sexo.  Então o outro nome que passou a fazer parte da sigla foi o Queer. 


“Queer é um movimento que toma uma direção não esperada, que contesta as normas dominantes, de modo que lésbicas, gays, intersex, bissexuais, trans, trabalhadoras sexuais podem viver com menos medo no mundo”, Judith Blutler. 


Queer também foi o nome de uma série LGBTQ+ muito famosa nos Estados Unidos chamada Queer as Folk (traduzida como "Gay como nós", uma brincadeira com a frase Nobody is so weird as folkNinguém é tão estranho como nós – surgiu Nobody is so queer as folk"Ninguém é tão gay como nós"), que é uma série bem polêmica para os parâmetros televisivos da época. 

Queers não gostam muito de rótulos, por isso são chamados assim. Irônico, não? A galera que não gosta de etiqueta, recebe uma só para eles.


Com isso, depois de muita luta, a sigla se tornou bem ampla, tentando alcançar todos os tipos de sexualidade e identidades de gênero. LGBTTTQAIP ou, em resumo, LGBTQ+ - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Transexuais, Travestis, Queers, Assexuais, Intersexuais e Pansexuais. 


4- Escala de Kinsey




A Escala de Kinsey foi idealizada na década de 40 pelo biólogo Alfred Kinsey com o objetivo de demonstrar que a sexualidade não é fixa; e  que entre comportamentos homossexuais e heterossexuais há muitas variantes. 

Esta escala possui 7 gradações diferentes, sendo que a de assexualidade foi acrescentada por Kinsey depois (representada pela letra X). Confira:

0 – exclusivamente heterossexual
1 – predominantemente heterossexual, apenas ocasionalmente homossexual
2 – predominantemente heterossexual, mas mais do que ocasionalmente homossexual
3 – Igualmente heterossexual e homossexual
4 – Predominantemente homossexual, mas mais do que ocasionalmente heterossexual
5 – Predominantemente homossexual, apenas ocasionalmente heterossexual
6 – Exclusivamente homossexual
X - assexual












A escala funciona mais como um guia do que como uma regra para entender melhor a complexidade da sexualidade e destacar a continuidade entre o comportamento e desejo sexual entre diferentes sexos (heterossexual) e mesmo sexo (homossexual) durante o período de vida das pessoas. O site Hypescience esclareceu isso (com grifos):

"A escala é puramente um método de auto-avaliação com base em sua experiência individual, e a classificação que você escolher pode mudar ao longo do tempo. Além disso, a escala é projetada para permitir a mudança e fluidez na sexualidade dos indivíduos. Ou seja, você pode ser completamente heterossexual por um período e heterossexual com alguns comportamentos homossexuais em outro. Seus autores estavam cientes de que a sexualidade não é fixa ou estática, desde o nascimento até a morte."



Você pode fazer seu teste aqui (Teste em inglês).



5- Identidade de gênero: cisgêneros, transgêneros, transexuais e travestis





A questão de gênero é algo que nem todo mundo consegue entender, e até pouco tempo atrás, nem nós entendíamos muito a diferença. Então, vamos diferenciar cisgêneros, transgêneros, transexuais e travestis!

Cisgêneros: são aquelas pessoas que se identificam completamente com o gênero biológico que lhes foi designado. Por exemplo, nascemos meninos, com o órgão genital masculino, não temos problema com o nosso corpo e nos indetificamos com o nosso gênero, logo somos homens cisgêneros.

Transgêneros: são aquelas pessoas que não se identificam com o gênero biológico que lhes foi designado. Como por exemplo, o caso do Thammy, que não se identifica como mulher, embora tenha a genital feminina. Ele fez uma cirurgia para reformar seus seios e faz tratamento com hormônios. Thammy, então,  é um homem-trans. 




Além disso, há algumas vertentes para o transgênero, como o transexual e o travesti. Em ambos os casos os indivíduos não se identificam com seu gênero biológico. 

Transexuais: são aqueles indivíduos que fazem a cirurgia de redesignação de sexo e passam a fazer parte do gênero que eles de fato se identificam.

Travestis: são aquelas pessoas que também não estão confortáveis com seus gêneros biológicos, se comportam como o gênero, mas não fazem a cirurgia de redesignação de sexo. 


Não é tão complicado, viu?


6- Nome social





Nome social tem estado nas principais agendas de discussões, além da justiça atualmente. Nome social nada mais é que o nome pelo qual pessoas transgêneros e travestis preferem ser chamados cotidianamente, ao contrário do nome oficial registrado, pois este não reflete sua identidade de gênero.

No Brasil, a Universidade Federal do Amapá foi pioneira na adoção do nome social para seus alunos. Recentemente, o Distrito Federal teve avanços nessa questão. Para a justiça, já é lei o nome social com o decreto nº 8.727. Universidades, concursos públicos, hospitais, escolas e organizações, como o Detran e o Metrô, já adotam o nome social. Caso essas entidades descumpram a norma podem ser punidas com base na lei nº 10.948/2001, que combate a transfobia. 


Nome civil X Nome social

O site Jus Brasil distinguiu esses dois conceitos:

Nome civil: conjunto de prenome e sobrenome que todas as pessoas naturais têm direito de possuir.

Nome social: pode ser definido como um nome civil que não aderiu à personalidade da pessoa natural, portanto é o prenome que é utilizado publicamente distinto do nome civil de quem o utiliza.



Como você se identifica?

Desde quando nascemos, somos identificados com um nome. Logo depois, adquirimos uma carteira de identidade. Contudo, nem sempre o que está escrito nela, condiz realmente como a pessoa se enxerga. É com esse objetivo que a legalização do nome social surge: resignificar identidades e adequá-las à realidade do indivíduo. É assim que diz um texto do Fanzoni (com grifos):

"O nome social passou a ser adotado para adequar o senso de identidade do sujeito àquilo que esse sujeito representa socialmente. Assim evita-se a exposição desnecessária do indivíduo, e o constrangimento de ser tratado de uma forma que não condiz com sua condição humana, psicológica, moral, intelectual e emocional."


Intrínseco à legalização do nome social está a aceitação e o respeito.


Esperamos que tenham tirado suas dúvidas sobre esses assuntos atuais e pertinentes. J-J






Por: Emerson Garcia e Thiago Nascimento

12 comentários :

  1. Meninos,
    Uma aula breve e sucinta sobre tudo isto, que por muitas vezes, me complico toda, agora não mais! Parabéns, um post super !!

    Beijos e bom início de semana!
    DMulheresInstagramFanpage

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  2. Post completo, bacana, mas no fundo acho tudo isso muita frescuragem e politicagem. hahahahaha'

    http://www.cherryacessorioseafins.com.br

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  3. Discordo. Se somos todos iguais, isto não seria necessário.

    XOXO,
    http://diamonds-inthe-sky.blogspot.pt

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    Respostas
    1. Exatamente por não sermos todos iguais, em questões de escolhas sexuais e identidades de gênero que isso é necessário. Na verdade todos somos iguais em questões humanas.

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  4. AAAA que post sensacional! Acredito que vai tirar as dúvidas de muuuuita gente que ainda não entende sobre o assunto. Pra mim, a única coisa que eu não concordo é com a Escala de Kinsey porque eu acredito que todos entre o exclusivamente heterossexual e o exclusivamente homossexual são bissexuais, mas as pessoas ainda têm um certo medo de se denominar bi, o que é uma pena. Enfim, adorei a iniciativa e viva ao amor <3
    Um beijão,
    Gabs | likegabs.blogspot.com ❥

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    Respostas
    1. A bissexualidade é mais complicada que a homo e a heterossexualidade. Cremos que há muito preconceito com essa classe ainda.

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  5. Excelente post. Ainda não sabia da maioria dessas informações. Bjs

    www.mayaravieira.com.br

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  6. Que maximo amei a postagem não conhecia, obrigado pela vista, tenha uma semana abençoada.
    Blog: https://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br/
    Canal:https://www.youtube.com/watch?v=DmO8csZDARM

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  7. Já que é para classificar, por que não facilitar?
    existem os heteros e os D+
    Simples assim

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    Respostas
    1. Você quer facilitar ou minimizar uma classe que precisa ser vista?

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