quarta-feira, 28 de junho de 2017

Crianças e convivência com homossexuais e o mundo LGBTQ+



Crianças são inteligentes, criativas, perceptivas e possuem uma visão de mundo diferente dos adultos. Elas são, sobretudo, aprendentes e influenciadas pela sociedade, e família. Atualmente é comum conviverem com homossexuais.

O objetivo desse post é discutir: qual é a visão delas sobre o mundo LGBTQ+?; como é a didática para explicar a homossexualidade para elas?; e filhos de pais gays


Visão sobre o mundo LGBTQ+



Crianças criadas em um ambiente que trate a sexualidade de forma natural, que aceita toda e qualquer forma de amor, tem mais facilidade de terem uma reação natural ao ver duas pessoas do mesmo sexo se beijando na rua, por exemplo. O amor, respeito, compreensão e aceitação que vivenciam no lar influenciam na visão sobre o mundo LGBTQ+. 

A partir da criação, elas encararam a homossexualidade com maturidade, entendimento, compreensão e dentro do seu próprio universo, o infantil. A sinceridade e ludicidade as fazem ver uma relação homossexual como "amor" e um gay não como gay, mas como "uma pessoa que ama". Foi com essa reação de seu irmão de 8 anos que Lucas Vasconcellos de 23 anos surpreendeu-se ao contar sobre sua orientação sexual. Confira (com grifos):


“Hoje eu contei para o meu irmãozinho que eu era gay.

Após muitos anos desde que descobri a respeito da minha sexualidade, sobre o gênero que desperta uma paixão realmente autêntica em mim, finalmente cheguei a decisão de confiar a minha realidade a essa pessoinha com quem mais me importo na vida.
Dividi isso de maneira bem pedagógica, tentando criar uma analogia sobre as pessoas e suas cores favoritas. Dizendo que têm pessoas que gostam mais de preto, ou branco, ou azul, ou amarelo, ou vermelho; explicando sobre o quão legal isso fazia do mundo. Que todos podemos gostar de cores diferentes, e ainda assim sermos felizes e respeitados ao colorir nosso mundo com elas.

Ele parecia saber que eu ia confessar algo. Mergulhou num estado quieto e pensativo durante a explicação inteira, e então, por fim, resolvi assumir minha sexualidade. Ele continuou me olhando, bem calmo e sorrindo, tão natural, e eu o questionei:

“Tu sabe o nome que se dá a quem gosta de pessoas iguais, John? Homens que gostam de outros homens, e mulheres que gostam de outras mulheres?”

Eu estava preparado para soltar a palavra “gay”, já na ponta da língua quando ele simplesmente me escancara a verdadeira resposta:

“Amor?”

E então eu chorei.

“Não chora”, ele disse, me abraçando.

Ele me olhou com aqueles olhos, cheios de inocência e de mesmo tons que os meus, e eu senti que pela primeira vez ele me enxergava como eu realmente era. Um irmão que ele amava, um amigo que ele jamais perderia e, mesmo uma pessoa qualquer com uma preferência diferente por quem se apaixonar, ainda assim uma pessoa igual a qualquer outra.

Eu soube disso pela resposta dele. Pela bondade em cada palavra. Uma criança de oito anos de idade soube encarar algo tão natural com mais maturidade que muito adulto. Mais que meus próprios pais, inclusive, que sempre me negaram o direito de confidenciar isso ao meu irmão.

Aproveitem pra aprender da pureza deles, que a maioria esquece ao crescer, pois eu acho que as maiores verdades dessa vida estão no coração dos pequenos.
E a vida continua como se nada tivesse mudado.
E do fundo do coração, eu agradeço por isso.”


As crianças Ana Clara, de 8 anos, e Guilherme, 6, há três anos participaram de um vídeo do Canal das Bees (atualmente estão com 11 e 9 anos) onde responderam perguntas sobre amor, preconceito, diferenças e sexualidade. Foram sinceras, inteligentes e fofolindas nas respostas. Vejam:






O interessante é que eles explicaram conceitos que são tão complexos para a sociedade aceitar. Ana Clara disse em um trecho: 


“Se uma mulher anda de mão dada com outra mulher no shopping, não tem diferença! Você nunca namorou na vida, pra ter preconceito?”



Guilherme falou o que são casais homossexuais e heterossexuais:

"É quando um homem e uma mulher se casam e quando duas mulheres se casam". 






A parte do beijo das lésbicas é a mais polêmica do vídeo, mas vale a pena ver a reação das crianças.



Como explicar a homoafetividade para crianças?



Qual é o momento certo de pais falarem desse assunto com os filhos? Como falar? Essas são as dúvidas principais que surgem. Há especialistas que dizem que quanto mais cedo, melhor, pois ajuda na cognição dos pequenos:


"Quanto mais cedo tu contas para uma criança, mais rápido podes preparar a cognição infantil para conceber que na homossexualidade tem afeto, amor, carinho", diz o professor de psicologia da Fadergs Eduardo Lomando.




É preciso falar do tema com clareza, a partir do universo da criança, sem mostrar insegurança. Instigar perguntas educativas e dialogar com ela são atitudes fundamentais, para abordar o assunto da melhor forma possível, sem causar desconfortos e incompreensões. 

O Tribuna de Minas disse em um texto que não deve haver distinção entre explicar o amor entre heterossexuais e homossexuais para uma criança:


"A explicação deve acontecer de forma natural, da mesma forma como se explica o amor entre os casais heterossexuais ou os laços afetivos. Também devem ser respeitados os limites de cada criança e seu nível de amadurecimento."



O texto Como falar sobre homossexualidade com as crianças disponível no ZH Vida e Estilo dá dicas de como isso pode ser feito:


 "— Procure não antecipar o assunto antes da pergunta. Espere a dúvida chegar para abordar o tema, pois, muitas vezes, a construção do questionamento é parte importante para o amadurecimento do diálogo.

— Não torne a conversa um monólogo. Introduza a criança ao tema, instigue-a a refletir sobre o assunto. Muitas vezes os adultos transmitem muita informação, mas é importante ouvir as crianças também.

— Muitos adultos acreditam que conversar sobre homossexualidade com crianças é um incentivo a práticas homoafetivas. Falar de sexualidade é instrumentalizar crianças para entender o mundo.

— Faça-os entender que homossexualidade é mais uma forma de amor, tal qual a heterossexualidade."




A forma como falar desse assunto é que fará a diferença, ajudará na cognição dos pequeninos e permitirá que eles ajam com amor e compreensão com a comunidade LGBTQ+. Por exemplo, há uma diferença enorme quando pais falam que "homem que gosta de homem é viado" e "homem que gosta de homem é um ser humano que ama". Entende?

Usar elementos lúdicos facilitam e ajudam também. Por isso, volto a usar alguns trechos do depoimento de Lucas Vasconcellos (com grifos):


"[...] Dividi isso de maneira bem pedagógica, tentando criar uma analogia sobre as pessoas e suas cores favoritas. Dizendo que têm pessoas que gostam mais de preto, ou branco, ou azul, ou amarelo, ou vermelho; explicando sobre o quão legal isso fazia do mundo. Que todos podemos gostar de cores diferentes, e ainda assim sermos felizes e respeitados ao colorir nosso mundo com elas. [...]

“Tu sabe o nome que se dá a quem gosta de pessoas iguais, John? Homens que gostam de outros homens, e mulheres que gostam de outras mulheres?”

Eu estava preparado para soltar a palavra “gay”, já na ponta da língua quando ele simplesmente me escancara a verdadeira resposta:

“Amor?” [...]"





Lucas explicou sua homossexualidade ao irmão mais novo usando as cores. A sociedade, por exemplo, espera que ele goste de preto ou azul, mas ele mostra à criança que pode gostar de vermelho sem nenhum problema. Ele deu uma lição que os gostos por cada cor devem ser respeitados, não importa qual seja. Lucas teve sabedoria e delicadeza ao falar do tema e teve uma resposta surpreendente do seu irmão ao final.



Filhos de pais gays







Sobre o tópico anterior, acredito que muitos ainda vejam como forma de propaganda e incentivo a discussão de questões sobre homossexualidade e o mundo LGBTQ+ com crianças. Já outros (assunto desse tópico) acreditam que a convivência com gays influencia no comportamento ou identidade sexual destas. Ainda há aqueles que relutam na adoção de pequeninos por casais gays. 

Uma reportagem da Superinteressante discutiu científica e psicologicamente esse assunto e mostrou que não há diferenças entre crianças criadas por casais héteros e por casais homos. É o que pensa a psiquiatra Charlotte Patterson (com grifos):

“As pesquisas mostram que a orientação sexual dos pais parece ter muito pouco a ver com com o desenvolvimento da criança ou com as habilidades de ser pai. Filhos de mães lésbicas ou pais gays se desenvolvem da mesma maneira que crianças de pais heterossexuais”.



Já para a psicóloga Mariana Farias, autora do livro Adoção por homossexuais - A família homoparental sob o olhar da psicologia jurídica acredita que o vínculo dos pais é mais importante que o tipo de família da criança (com grifos):

“O desenvolvimento da criança não depende do tipo de família, mas do vínculo que esses pais e mães vão estabelecer entre eles e a criança. Afeto, carinho, regras: essas coisas são mais importantes para uma criança crescer saudável do que a orientação sexual dos pais”.


Desse modo, a matéria discutiu e colocou por terra quatro mitos. São eles: "Os filhos serão gays!"; "Eles precisam da figura de um pai e de uma mãe"; "As crianças terão problemas psicológicos por causa do preconceito!"; e "Essas crianças correm o risco de sofrer abusos sexuais!". Vale a pena ler como a reportagem desconstrói cada um deles. 

E você? É a favor ou contra a adoção de crianças por casais homossexuais?


Crianças conviverem com homossexuais é inevitável, seja na rua ou dentro de casa. A forma como os adultos explicam isso pra elas é que fará toda a diferença na construção de uma personalidade compreensiva, amorosa e respeitadora. J-J




Por: Emerson Garcia

8 comentários :

  1. Essa história me fez chorar por motivos de: Meu irmão é gay. Pois é, acho que nunca te comentei isso? Me fez lembrar de quando ele me contou, tive uma reação parecida mas eu já era mais velha e sabia o que era. E esse vídeo das crianças sempre me faz chorar quando vejo ♥

    www.vestindoideias.com

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    Respostas
    1. Você nunca tinha contado. Que história! E que bom que você o compreendeu e o aceitou.

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  2. Achei super legal você abordar esse assunto. As crianças são as coisas mais lindas desse mundo, emociona.

    www.mayaravieira.com.br

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  3. Que bacana o assunto, assim gente vê que o problema somos nos adultos que vemos.
    Beijos

    http://www.cherryacessorioseafins.com.br

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  4. Muito legal a discussão. Com certeza temos que tirar esses preconceitos de dentro de nós..

    www.vivendosentimentos.com.br

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  5. Emerson
    O assunto é sempre tão profundo... mas hoje em dia é tão mais fácil explicar e as pessoas aceitarem com menos espanto. Seu texto é lindo, que pena que o vídeo não consigo ver. Conscientizar as crianças desde pequenas é que acho certo, não sei opinar muito sobre o assunto, mas sempre criei minha filha para aceitar as pessoas como elas são, é tanto que tinha amigas na faculdade que eram gays e nem por isso se afastou. Um casal gay criar filhos, acho natural e todos tem direito de serem pais e mães, não sei como isso é o dia a dia em casa, mas penso que pessoas que tomam esse passo são conscientes e saberão educar bem seus filhos. Espero que tenha contribuído de alguma forma ahahah
    Beijokas,
    DMulheresInstagramFanpage

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    Respostas
    1. Muito bom o seu comentário! Fico feliz na forma que educou sua filha. Isso contribuiu para o respeito e o amor que ela tem com o próximo.

      Boa sua colocação sobre adoção de filhos por casais gays.

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