O desabafo de um quase-cientista: a irresponsabilidade coletiva

Peço desculpas desde já porque essa publicação claramente não é destinada a todos vocês, e talvez possa acabar sendo agressiva demais, mas eu precisava demonstrar toda a minha inquietação e revolta perante a irresponsabilidade da maioria das pessoas. 

Como um aluno em final de graduação de uma das melhores universidades do Brasil, me sinto na obrigação de disseminar informações corretas sobre os assuntos mais relevantes da minha área. E é o que tenho feito aqui no blog, trazendo publicações sobre a pandemia, sobre onde estamos, conteúdo esse que eu passo horas lendo artigos atrás de artigos, confirmando tudo o que escrevo aqui. 

Pois bem, o Brasil atualmente se encontra na segunda posição de número de casos mundiais e em terceiro lugar no número de mortos pela covid-19. Mesmo com esses números em crescimento aceleradíssimo, alguns cidadãos acham que o vírus já acabou, que o mal já não está mais aqui e que não precisam mais tomar cuidados. Com isso, os números continuam acelerando. Há cada vez mais contaminados e mortos. 

Então, caros cidadãos, venho informar que o vírus não acabou, ele não foi exterminado. O mal continua aqui e ele continua matando. E venho trazer uma triste verdade para você, caso seja uma pessoa de baixa-renda - e segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cerca de 52% dos brasileiros são baixa-renda ou sem renda nenhuma -, você não vai conseguir hospital para se tratar porque estes estão superlotados, e com isso, você não sobreviverá ao vírus. 

No Brasil, mais de 50% dos casos graves estão abaixo da faixa de 60 anos. Um estudo sobre a população de New York hospitalizada, realizado por Ramy Rahmé, pós-doutorando da Universidade de Paris, indica que 10% da população estudada desenvolveu o caso grave da doença e desses, 15% vieram a óbito. Nesse mesmo estudo, ele indica que 5% acaba desenvolvendo o estado crítico da doença, e desse número, 50% acaba falecendo.

Com isso, chegamos onde eu quero. Pacientes de estado grave e crítico necessitam de respiradores para tentar lutar contra o vírus e, mesmo assim, alguns acabam perdendo a luta. Existem pessoas que se cuidaram, que cumpriram a quarentena, mas que precisaram ir ao supermercado uma vez, em um único dia do mês, e contraíram o vírus. Enquanto isso, também existem as pessoas egoístas, que não aguentam ficar sem tomar sua cervejinha no bar ou sem fazer a caminhada da noite, que decidem sair em prol do seu entretenimento. E ainda por cima sem os cuidados necessários.

Para esse último grupo é para quem essa postagem é destinada. Agora falo diretamente a vocês. A verdade é: VOCÊS VÃO MORRER. Não existe cura, não existe tratamento. Esse remédio que o vosso presidente prescreve está matando mais do que curando, segundo dados científicos que, inclusive, estão sendo revisados pela Organização Mundial de Saúde. 

Vocês não tomam cuidado, não usam proteção e decidem exercer suas funções de entretenimento. Com isso, vocês encontram com uma pessoa que precisou sair para fazer as compras do mês e transmite o vírus para ela. Ela, como não tem plano de saúde, acaba morrendo no corredor de hospital à espera de um leito.

“Ah, mas eu não estou doente. Não estou com sintomas.” Cerca de 60% das pessoas são assintomáticas, ou seja, não desenvolvem os sintomas da doença, ou no máximo demonstram sintomas leves. Com isso, seu egoísmo acabou matando pessoas. 

“Ah, mas eu não gosto de usar máscara. Me sinto sufocado.” Experimente pegar covid-19 e me diz como é a sensação de se sentir sufocado. 

Por fim, peço solidariedade e empatia. Se vocês acham que não vão contrair a doença, bem. Mas mesmo assim, usem as máscaras para evitar de passar para outras pessoas. Máscara não se usa no queixo. É que nem usar fralda no cotovelo. Não adianta de porra nenhuma! A máscara precisa estar no nariz e na boca, que são as vias principais de entrada do vírus.

Com isso, agradeço a quem está cumprindo a quarentena arduamente. Seu esforço não vai ser em vão. Iremos passar por isso. Continuem que vai dar certo! Lavem as mãos, usem máscaras, evitem aglomerações e, se possível, não saiam de casa. E para aqueles que não estão cumprindo: vão se f…! J-J

Por: Thiago Nascimento