segunda-feira, 27 de abril de 2020

Tudo o que você precisa saber sobre o SARS-Cov2, novo coronavírus




Medo, desespero e incerteza são exemplos de sentimentos que muitas pessoas ao redor do mundo estão tendo nos últimos meses com o caos emergente do novo coronavírus. Esse post será dividido em duas partes. A primeira, escrita por mim, Thiago Nascimento; e a segunda pelo editor-chefe do blog, Emerson Garcia. 

Essa publicação tem o intuito de informá-los do que se precisa saber sobre o surgimento da doença, transmissão, protocolos de limpeza, sintomas, diagnósticos e tratamentos. 

Também dissertarei sobre as perspectivas para o futuro com relação à Covid-19. Perguntas como: quando, possivelmente, esse caos terá fim? quando a quarentena e o isolamento cessarão? e o que esperar do futuro? serão respondidas. 

Foram feitas pesquisas em fontes científicas confiáveis sobre o tema, com o intuito de levar a informação certeira e correta para cada um. Desse modo, os dados expostos são baseados em artigos nacionais e internacionais. 


O surgimento do novo coronavírus




No dia 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi notificada pela China que haviam alguns casos de pneumonia onde o agente infeccioso era desconhecido. Em seguida, no dia 7 de janeiro de 2020, as autoridades chinesas revelaram que o agente causador era um novo coronavírus, até então sendo referido como 2019-nCoV. Três dias depois, no dia 10 de janeiro, a sequência genômica do vírus foi revelada em uma base de dados online, para que a comunidade científica internacional tivesse acesso à ela. No final de janeiro, mais especificamente no dia 30, a OMS declarou Estado de Emergência a nível internacional. 

Além do novo coronavírus, existem outros seis tipos de coronavírus que afetam humanos onde quatro deles não causam nada mais que uma gripe. Contudo, os outros dois já são um pouco mais perigosos. SARS-CoV e MERS-CoV são mais perigosos do que os outros quatro tipos. 

Em 2002, houve um surto de SARS-CoV, também na China, onde 8.000 pessoas foram infectadas e cerca de 10% morreram. Em 2003 a infecção cessou e o vírus não foi mais notificado. Porém, em 2012, um outro tipo de coronavírus surgiu: o MERS-CoV. Houveram cerca de 2.500 pessoas infectadas, o que os estudos comprovaram que esse vírus tem uma dificuldade maior de transmissão entre humanos comparado com o SARS-CoV. Contudo, embora os números de infectados seja menor, sua mortalidade é de 35%.

Segundo informações publicadas em um artigo do Military Medical Research, a sequência genética do SARS-CoV2, até então identificado como 2019-nCoV, é 96,2% idêntica ao RATG13, um coronavírus de morcego. O RATG13, é 79,5% idêntico aos SARS-CoV. Com essas informações, acredita-se que o SARS-CoV2 possa ter sido transmitido de morcegos para um hospedeiro intermediário e, em seguida, infectado humanos. Alguns cientistas acreditam que o hospedeiro intermediário possa ser um pangolin, mas nenhum estudo foi feito ainda para determinar a veracidade dessa suspeita. 


A polêmica da origem do vírus



Recentemente, o cientista francês Luc Montagnier, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina em 2008, causou polêmica ao afirmar que o novo coronavírus teria sido fabricado artificialmente por um laboratório chinês:


“O laboratório de alta segurança da cidade de Wuhan é especializada nesse tipo de vírus, o coronavírus, desde o começo dos anos 2000. Eles têm expertise com isso. Isso me fez olhar de perto a sequência de RNA do vírus. Fiz essa análise, assim como o matemático Jean-Claude Perez, especialista em biomatemática”.


Luc teria estudado as sequências após um grupo de pesquisadores indianos publicarem um estudo com o genoma completo do vírus, que demonstrava que ele possuía sequências de um outro vírus. “Isso foi uma surpresa para mim, pois era exatamente o HIV”, diz o especialista em virologia, negando que poderia ser proveniente de alguma mutação natural de um paciente com AIDS. 

A declaração de Luc está causando discussões mundialmente sobre a origem do vírus, mas a maioria dos cientistas permanecem na explicação do evento zoonótico devido a outros coronavírus terem sofrido mutações e passado a infectar humanos da mesma forma. 


Transmissão


Imagem retirada do portal G1.



Conforme a pandemia avança, novas descobertas vão sendo feitas sobre o comportamento do vírus, mas uma coisa que é consensual entre os cientistas é que a transmissão se dá através de gotículas de uma pessoa contaminada (gotículas da fala, tosse ou espirro), assim como contato pessoal muito próximo (como apertos de mãos) e, em alguns casos, a transmissão por aerossol (pelo ar) também é possível quando a pessoa fica exposta a uma concentração alta de aerossol em um ambiente sem ventilação. 

Devido a isso, algumas precauções como protocolos de limpeza um pouco mais rigorosos - que serão falados mais a frente no texto - devem ser adquiridos, assim como o uso de máscara (que já é obrigatório em muitos lugares do Brasil).


Persistência do vírus sobre superfícies e no ar

Um estudo publicado na Elsevier por cientistas alemães do Departamento de Virologia Médica e Molecular no dia 6 de fevereiro fala sobre o tempo que o vírus permanece em algumas superfícies com o potencial de infectar alguém. Já é de conhecimento científico que os coronavírus são bem resistentes em determinadas superfícies e temperaturas. 
O artigo mostra que coronavírus humanos, não só o SARS-CoV2, podem permanecer por bastante tempo em superfícies inanimadas, onde o maior tempo é do SARS-CoV no plástico que pode sobreviver por até 9 dias; no aço o vírus pode durar até 96 horas; no papel, madeira, vidro e metal ele pode durar de 4 a 5 dias. Já no caso do novo coronavírus, o SARS-CoV2, sobrevive por mais tempo quando depositado sobre papelão, por até 24 horas, e de dois a três dias sobre superfícies de plástico e aço inoxidável. Também foi descoberto que as superfícies de cobre tendem a matar o vírus em cerca de quatro horas.
No caso de transmissão pelo ar, as gotículas podem se espalhar no ar por até dois metros da fonte da infecção, mas ainda pode viajar por mais alguns metros. Contudo, lugares abertos e arejados podem diminuir a concentração das partículas no ar, diminuindo a chance de contaminação. Mas reparem que a informação é que ela pode diminuir a chance, não é impossível. 


Protocolos de limpeza e outros precauções

Com todas essas informações sobre a persistência do vírus, algumas medidas de segurança são necessárias. Muitas pessoas ainda têm estado confusas sobre quais tipos de limpeza seguir quando formos no mercado, por exemplo. Então vamos esclarecer algumas situações, começando pelas compras.





A precaução começa antes mesmo de sair de casa. Ao ver a necessidade de ir ao mercado você deve fazer um planejamento, começando pela lista de compras. Uma lista com tudo o que está precisando no momento otimiza o seu tempo ao máximo, fazendo com que fique menos tempo exposto no estabelecimento. Uma dica útil é fazer a lista utilizando categorias para fazer tudo o que tem que naquele determinado corredor de uma vez (por exemplo: açougue, higiene, limpeza, grãos, etc).
Em seguida, uma preocupação bastante recorrente é com os produtos e utensílios da loja, como carrinhos por exemplo. A recomendação é que se leve o próprio carrinho, se tiver. Caso não possua, tenha em mãos álcool 70% para fazer a higienização do apoio do carrinho. Em itens que são de uso coletivo, sempre opte por usar álcool 70% para fazer a limpeza, ou use o seu próprio.
Uma outra coisa importante é manter o distanciamento enquanto estiver fora de casa. Se manter a mais de dois metros de distância de qualquer outra pessoa é essencial para evitar contágio, visto que a transmissão é feita pelo contato de gotículas de vias aéreas de pessoas contaminadas. Também é sempre bom lembrar de evitar levar as mãos ao rosto até que elas sejam devidamente higienizadas.
Ao chegar em casa, não entre com suas compras logo de cara. Higienize todas as compras com álcool 70%, utilize uma solução a base de hipoclorito de sódio (água sanitária) para limpar frutas, verduras e legumes. O ideal é lavá-los com água corrente e deixá-los de molho na solução por até 10 minutos. Uma colher de sopa rasa em um litro de água faz a concentração ideal.
Outro cuidado essencial é ter sempre uma estação de higiene na entrada de casa, antes de entrar com objetos. Algumas casas que contam com torneiras do lado de fora são ótimas porque a pessoa pode lavar bem as mãos com sabão antes de pegar na maçaneta de casa. Mas caso isso não seja possível, deixe um vidrinho de álcool em gel na entrada para que isso possa ser feito.
Além disso, é muito importante higienizar aqueles itens manuseados com frequência, como chaves, celulares e fones de ouvido. Esses itens ficam expostos na rua tanto quanto você e podem acabar levando o vírus para dentro da sua casa. Também é de extrema importância que não entre em casa com seus calçados, assim como tomar banho e trocar de roupa assim que chegar em casa. 



Também é de extrema necessidade que todos da população usem máscaras, inclusive isso foi decretado obrigatório em alguns estados como Rio de Janeiro, Pará e Belo Horizonte. Sabe-se que a taxa de contágio do novo coronavírus é extremamente alta, daí a necessidade do uso. Mas o uso precisa ser responsável e inteligente. A máscara não pode estar larga, não se deve deixar o nariz ou o queixo exposto, não levar ela ao queixo em momento algum enquanto estiver fora e não encostar no tecido da máscara (utilize sempre os elásticos). É importante lembrar que as máscaras não descartam os outros cuidados, como lavar sempre as mãos, higienizar com álcool 70%, manter as distâncias recomendadas de 2 metros de outro indivíduo, assim como seguir com o distanciamento social.

Agora, a limpeza de casa também não pode ser negligenciada. É muito importante que haja uma limpeza constante de superfícies, principalmente se alguém no seu núcleo familiar estiver com sintomas gripais suspeitos. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a limpeza deve ser feita com água e sabão - qualquer tipo de sabão, incluindo detergentes -, álcool 70% ou hipoclorito a 0,1%. Mas eles também chamam a atenção a cuidados que devem ser tomados em relação ao hipoclorito, pois este é tóxico para as mucosas, inclusive as do trato respiratório. É recomendado que essa limpeza seja feita com o máximo de frequência, pelo menos uma vez por dia.  


Sintomas



Segundo informações divulgadas no site da World Health Organization (Organização Mundial de Saúde - OMS), os sintomas podem ser leves para a maioria das pessoas, onde incluem febre, tosse seca e cansaço. Contudo, complicações podem ocorrer e levar as pessoas a terem os mais graves, como a temida falta de ar. Esse sintoma indica que você já não é mais um caso leve e que você deve procurar um atendimento de saúde o mais rápido possível. Alguns outros sintomas também foram notificados, como dores de garganta, diarréia, náusea e coriza. 
De acordo com um artigo publicado no Military Medical Research, febre, tosse e cansaço são os sintomas mais comuns, apresentando-se em 88,7%, 67,8% e 38,1% dos casos, respectivamente. Outros sintomas como dores de garganta, dor de cabeça, diarréia e náusea são apresentados em 13,9%, 13,6%, 3,8% e 5% dos casos, respectivamente. 
Pessoas assintomáticas também representam uma parcela da população. Até o dia 02 de abril, 19 pesquisas sobre pessoas assintomáticas e pré-sintomáticas estavam registradas na Organização Mundial de Saúde. Os resultados apontaram que 6,4% de 157 pessoas monitoradas durante a pesquisa realizada no CDC foram infectadas por pacientes pré-sintomáticos; na China, os assintomáticos foram responsáveis pela transmissão de 46% a 62% dos casos; e 48% das transmissões de Singapura e 62% na cidade de Tiajin tiveram origem em pessoas assintomáticas. A OMS também diz que o risco de contrair Covid-19 de pessoas assintomáticas é muito baixo, mas que estão sendo realizados estudos que serão avaliados e divulgados com a comunidade de acordo com as descobertas. 
Mas então não seria apropriado realizar o teste em todos? Segundo Renato Kfouri, infectologista e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), testar quem não está doente pode sobrecarregar ainda mais o sistema de saúde, que é o que está tentando evitar no momento. 
Devido a essa possibilidade de transmissão, mesmo que baixa, a partir de uma pessoa assintomática é essencial que mantenhamos o distanciamento social, como recomendado pela própria OMS. Mais detalhes serão discutidos futuramente no texto.


Diagnóstico




O diagnóstico do Covid-19, doença causada pelo vírus SARS-CoV2, pode ser feito de duas maneiras: o exame de PCR e o de anticorpos. No primeiro, também conhecido como Reação em Cadeia de Polimerase, é recolhido uma amostra do paciente, geralmente do nariz, que é levada ao laboratório onde uma máquina vai criar cópias de um fragmento específico de um material genético. Nesse caso, como está sendo investigado a presença de um patógeno, o trecho a ser analisado é dele. Com isso, havendo a presença do vírus na amostra, o aparelho faz várias cópias daquele genoma, confirmando o diagnóstico de Covid-19. Caso a amostra não esteja contaminada, a máquina não cria cópias. Tudo isso é avaliado em um software no computador através de um gráfico.
No segundo exame, o diagnóstico através de anticorpos, também conhecido como testes rápidos, é mais simples e, consequentemente, mais rápido - mas isso não necessariamente indica que é mais eficiente. Neste tipo de diagnóstico, é recolhido uma amostra de sangue dos pacientes suspeitos e esta é colocada em um dispositivo - que emite um resultado em um período de 10 a 30 minutos - e este indica se o paciente está produzindo anticorpos para aquela doença ou não. Caso a pessoa esteja produza anticorpos - que lutam contra infecções - significa que ela foi infectada pelo vírus. 
O teste de PCR é considerado pelos estudiosos ao redor do globo como o mais eficiente porque permite detectar a infecção ainda no começo e a chance de receber um falso positivo é muito baixa, visto que o exame procura exatamente pelo genoma do vírus dentro do paciente - se não tiver havido infecção, não será encontrado material genético. Contudo, como nem tudo são flores, se o exame de PCR for feito tardiamente, cerca de 12 dias após a infecção, pode ser que o vírus não seja mais detectado no exame de PCR.
É neste ponto que entram os testes de anticorpos. Você descobre se a pessoa foi infectada a partir de anticorpos encontrados no seu sangue. Nas fases iniciais de infecção, isso é um problema, visto que os anticorpos demoram a serem produzidos pelo corpo - geralmente a partir do sétimo dia de infecção. Por isso, nos estágios iniciais, não é recomendado que  sejam feitos, visto que será recebido um falso negativo. 
No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está realizando os testes de PCR, assim como alguns laboratórios da rede privada. Além disso, o Ministério da Saúde recebeu uma quantidade de testes rápidos para realizar em profissionais da saúde, mas a Fiocruz também tem planos de produzí-los. 
Apesar disso, o número de testes sendo realizados aqio no Brasil ainda é muito alto. A recomendação é de que os testes sejam feitos apenas nas pessoas que estão sendo diagnosticadas e internadas em hospitais. Caso você tenha sintomas leves, como febre e tosse, a recomendação é que fique em casa, em isolamento e tomando os cuidados para não infectar o resto da sua família. Mas, fique alerta!! Caso haja falta de ar, procure um serviço de atendimento de saúde o mais rápido possível. 
A quantidade de testes realizados é muito importante, principalmente nesse estado inicial da pandemia, para entendermos a taxa de letalidade do vírus. Ela é importante para sabermos o quanto de pessoas morrem a partir das que ficam doentes. No Brasil, já são 53 mil casos confirmados, onde 3.670 foram a óbito e a taxa de letalidade está em 6,9%. Isso significa que a cada 100 pessoas infectadas, 7 morrem de Covid-19. Na China, a taxa de letalidade do vírus está em 4% e na Alemanha está em 1,78%. Tudo isso devido a quantidade de testes realizados na população. 


Tratamentos

Como a descoberta do novo coronavírus aconteceu há pouquíssimo tempo, ainda não há nenhum tratamento com eficácia cientificamente comprovado. Contudo, os cientistas do mundo todo estão trabalhando para encontrar algo logo. Enquanto isso, os médicos estão trabalhando de forma a combater os sintomas da doença, tentando comprar tempo para que o corpo lute sozinho contra ela. Nesse meio tempo, vários medicamentos estão sendo testados em diversos Centros de Pesquisa ao redor do mundo e vamos falar sobre alguns deles agora.
A cloroquina, o medicamento que mais tem sido falado na mídia, é usado para o tratamento da malária e de doenças reumatológicas, e foi autorizado pelo Ministério da Saúde para ser utilizado para os casos mais graves de Covid-19. O problema disso? Ela não teve eficácia comprovada cientificamente. 
A bióloga Natalia Pasternak, pesquisadora da Universidade de São Paulo, não vê sentido no seu uso para o tratamento da doença. Segundo ela, um trabalho publicado na China não viu benefícios no uso da cloroquina. Ela afirma que o trabalho é pequeno, mas é bem mais elaborado do que o estudo francês que está sendo utilizado como justificativa para o uso do fármaco. 
No experimento francês, 15 pacientes receberam a hidroxicloroquina, um análogo da cloroquina, e outros 15 não receberam, mas os 30 receberam os tratamentos convencionais. Daqueles que receberam o fármaco, 13 estavam com a carga viral zerada, enquanto dos que não receberam 14 não possuíam mais o vírus. “Ou seja, estatisticamente não há qualquer diferença entre tomar e não tomar cloroquina, segundo esse trabalho”, comenta Natalia. “São indivíduos já fragilizados. Não é uma boa ideia dar um tratamento sem qualquer evidência de eficácia e que pode causar reações adversas”, conclui. Vale ressaltar que este medicamento pode causar efeitos colaterais como alterações da frequência cardíaca, taquicardia e alteração da pressão sanguínea, assim como problemas de visão, náuseas, vômitos, entre outros. 
Além disso, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também testaram uma droga que está sendo utilizada contra o HIV. O atazanavir mostrou eficácia em reduzir a replicação do vírus em até 100 vezes. O experimento foi realizado in vitro, ou seja, não testado em humanos. Contudo, ele se mostrou ser menos danoso em comparação a cloroquina. Isso não necessariamente significa que o medicamento estará pronto para ser utilizado como tratamento, e sim que estudos maiores precisam ser realizados para comprovar a eficácia do remédio, tanto in vitro quanto in vivo. Na teoria, o medicamento ajuda a combater a infecção generalizada nos casos mais graves da doença. 
Marcos Pontes, Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, informou que o fármaco nitazoxanida tem se mostrado eficiente contra o coronavírus em testes laboratoriais, diminuindo em até 94% a carga viral. Os testes estão sendo realizado no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais e, segundo ele, estão em terceiro estágio para aprovação de testes clínicos e, caso se mostre promissor, a ANVISA irá autorizar que os médicos o receitem aos pacientes de Covid-19. 
Ele diz que demorou a divulgar o nome do medicamento devido a possibilidade de pessoas correrem para as farmácias e se medicarem, como ocorreu com a cloroquina. A nitazoxanida é um antiparasitário de amplo espectro usado originalmente para tratar gastroenterites virais, helmintíases provocadas por nematódeo, criptosporidíase, amebíase, entre outros parasitas.
Vários outros medicamentos estão em estudos clínicos para avaliar a eficácia no combate ao novo coronavírus. Cerca de 3.200 pacientes de países europeus estão participando. Cada grupo irá receber um tratamento diferente para que seja avaliado a evolução da doença, os sintomas, assim como sua recuperação. Os medicamentos que serão testados são remdesivir, antiviral utilizado para o vírus ebola; lopinavir combinado com ritonavir, usados inicialmente no tratamento de HIV; lopinavir e ritonavir associado com interferon-beta (utilizado normalmente no tratamento de esclerose múltipla; e também testaram a própria hidroxicloroquina
No Japão, também está sendo testado um remédio comumente utilizado para o tratamento de influenza, o favipiravir. Ele impede que o vírus copie o seu material genético, dificultando sua reprodução.

Em São Paulo, um consórcio formado pelo Hospital Sírio-Libanês, Hospital Israelita Albert Einstein e a Universidade de São Paulo irá iniciar testes clínicos para utilizar o soro de pacientes já recuperados para tratar pessoas em situações graves. Esses mesmos estudos de imunização passiva, onde se usa o soro de pessoas já curadas da doença para tratar infectadas, também estão sendo feitos em outros países. Espera-se que esse tratamento ajude a reduzir a gravidade da infecção em pacientes hospitalizados, impedir o agravamento da doença e ajudar no combate a infecção. 
Além destes medicamentos mencionados, outros medicamentos estão sendo testados em diferentes instituições ao redor do globo. velpatasvir/sofosbuvir, ledipasvir/sofosbuvir, interferon (IL6),  ribavirin, sarilumab, tocilizumabe, oseltamivir, entre outros. 

Um estudo coordenado pela pneumologista Elnara Márcia Negri, médica do Hospital Sírio-Libanês e professora da USP, mostra o uso de anticoagulantes com resultados promissores. A descoberta foi feita a partir de necropsias realizadas em pacientes mortos pela doença. Os patologistas descobriram tromboses - coágulos em vasos sanguíneos - em vários locais do corpo. Estas podem dificultar a oxigenação dos tecidos por causar obstrução das veias e artérias. Esse tratamento com anticoagulantes visa combater as tromboses causadas pelo vírus.
Na última quinta-feira (23), iniciou-se na Inglaterra, na Universidade de Oxford, os testes clínicos em humanos de uma possível vacina para o novo coronavírus. Em sua fase inicial, o estudo deve contar com até 1.112 voluntários, onde 551 receberão uma dose da potencial vacina contra a Covid-19, e a outra metade uma de controle. Dez participantes receberão duas doses da experimental, com espaçamento de quatro semanas. A equipe da professora Sarah Gilbert estima 80% de chance de sucesso e planeja produzir a vacina em massa, tornando-a disponível para a população até outubro. 
Na Alemanha, o governo também aprovou o início da fase de testes clínicos de uma vacina. Duzentas pessoas participarão dos testes nessa primeira fase. Os cientistas querem analisar o desenvolvimento da imunidade contra o vírus e incluir mais pessoas na segunda fase. Contudo, o presidente do instituto responsável pelo desenvolvimento da vacina afirma que ainda levarão meses até que uma vacina seja desenvolvida e chegue aos postos de saúde para a população.


Distanciamento social, quarentena e isolamento: Qual a diferença entre eles e por que é importante?

Com o rápido avanço da Covid-19, medidas de contenção precisaram ser adotadas ao redor do mundo na tentativa de controlar a contaminação e impedir que o sistema de saúde se sobrecarregue. Por se tratar de um vírus novo, onde nenhuma pessoa teve contato anterior e, consequentemente, não possui anticorpo para a doença, a tendência é que muitas pessoas se contaminem ao mesmo tempo, o que pode carregar um perigo à saúde coletiva devido a sobrecarga de hospitais, assim como a falta de Equipamentos de Proteção Individual. Com isso, algumas medidas foram tomadas pelos governos para tentar impedir o colapso da saúde local.
Como já mencionado no texto, há uma parcela da população que pode ter contraído e esteja assintomático, ou seja, não possuem os sintomas, mas ainda assim possuem a habilidade de contaminar pessoas saudáveis. Partindo desse ponto de vista, os governos adotaram a recomendação da OMS de distanciamento social para evitar a disseminação da doença. Mas o que seria o distanciamento social?

Frente a essa situação de não saber se um indivíduo está contaminado ou não, é recomendado que seja mantido a distância o suficiente para que não haja contaminação, e é exatamente isso que o distanciamento social é. A estratégia adotada visa limitar o convívio social para que possibilite um controle de contaminação para que não haja uma sobrecarga no sistema de saúde e, por este motivo, atividades como serviços não-essenciais, escolas e eventos foram cancelados no mundo todo, na tentativa de controlar a curva de contaminação do SARS-CoV2.
Mas o que é essa curva de contaminação? A contaminação do SARS-CoV2 é muito alta, principalmente por se tratar de um vírus que pode ser transmitido simplesmente com o ato da fala. Com isso, uma única pessoa pode contaminar no mínimo seis outras, o que gera um crescimento exponencial de contaminação. Uma pessoa contamina seis, dessas seis, cada uma contamina mais seis, levando a um índice de contaminação exacerbado em um período muito curto. E é a partir daí que entra a necessidade do distanciamento social e ao achatamento da curva.






Essa foto retirada do site BBB Brasil explica basicamente o que acontece nessas situações. Como o crescimento da contaminação é exponencial, a tendência é ele crescer muito rápido em um curto espaço de tempo, sobrecarregando o sistema, o que pode acarretar na morte desnecessária de uma grande parte da população por falta de recursos. Com o distanciamento social, a transmissão pode ser diminuída significativamente, possibilitando que o sistema de saúde dê conta de tratar as pessoas que necessitem de atendimento especial nesse momento.
Embora essas informações sejam extremamente claras e divulgadas de várias formas em múltiplas mídias e redes sociais, muitos indivíduos ainda ignoram as recomendações e continuam saindo de casa sem necessidade, assim como não manter a distância recomendada de dois metros de outros indivíduos e o uso de máscaras. Não faça isso. Você não está pondo em risco só a sua vida, mas também como a de várias pessoas, tanto do seu núcleo familiar quanto a de outras pessoas que tiverem contato com você. Se não houve necessidade de sair para trabalhar ou exercer alguma atividade essencial para sua sobrevivência, #FiqueEmCasa.

Existem tipos diferentes de distanciamento social. Atualmente estamos no que é chamado de distanciamento social ampliado, onde há o fechamento de escolas e comércios, assim como o cancelamento de eventos e a estimulação do trabalho em casa. Contudo, ainda existe o distanciamento social seletivo onde pessoas assintomáticas podem circular, mantendo os cuidados necessários, desde que não sejam dos grupos de risco já que estes permanecem em casa também no distanciamento seletivo. Este segundo tipo de distanciamento deve começar a ser adotado nos países que tiverem com o contágio controlado, já que não é possível fazê-lo com a contaminação ainda muito alta.
No caso do isolamento, ele é feito no caso de pessoas doentes com o intuito de separá-las das não-doentes na tentativa de evitar a contaminação. Este isolamento pode ocorrer no hospital, no caso do agravamento do caso clínico do indivíduo, mas também pode ser feito em casa caso o paciente esteja apenas com sintomas leves. Já a quarentena é feita por pessoas que foram expostas ao vírus, mas ainda não possuem sintomas por estarem no período de incubação do vírus - que no caso é de até 14 dias - ou por serem assintomáticas. Ainda há um outro tipo que é chamado de bloqueio total ou contenção comunitária, onde todas as atividades são suspensas em uma determinada região por um período de tempo na tentativa de impedir o agravamento da contaminação. Neste tipo ninguém pode entrar ou sair da área em bloqueio.
No Brasil, estamos no distanciamento social ampliado, na tentativa de controlar a taxa de contaminação do vírus, mas é importante lembrar que cada município está adotando as medidas apropriadas para sua população. Em Niterói, no Rio de Janeiro, por exemplo, o prefeito decidiu fechar os acessos a cidade, impedindo a entrada e saída de moradores. Já em Duque de Caxias, também no Rio de Janeiro, o prefeito adiou o máximo que pode as recomendações de decretar distanciamento feitas pelo governador e acabou se tornando uma das cidades do Estado com maior número de casos e mortes por milhão de habitantes.

Com isso, as seguintes recomendações foram feitas no país:

- Todos os moradores devem utilizar as medidas de higiene recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (lavagem de mãos frequente, uso de álcool em gel na concentração 70%, etc);
- Suspensão de aulas em escolas e universidades;
- Distanciamento social (incluindo o pedido de trabalhar de casa para quem pode, manter idosos e pessoas com doenças crônicas em casa, etc); e
- Cancelamento e proibição de eventos que gerem aglomerações.


Perspectivas para o futuro

Com o alastramento descontrolado da doença atualmente, o futuro ainda parece ser muito incerto. Nossa esperança mais próxima é o desenvolvimento de uma vacina que nos imunize do vírus, fazendo com que possamos voltar a exercer nossas atividades normalmente. Mas quando isso vai acontecer? Os cientistas não estão muito confiantes quanto a isso. 

Embora alguns tratamentos e vacinas estejam em fases de testes clínicos, além de muitas outras pesquisas que estão sendo feitas no intuito de descobrir algo que nos ajude a combater essa doença, uma pesquisa publicada por pesquisadores da Universidade de Harvard na revista Science mostra que as medidas de distanciamento social podem ser necessárias até 2022 caso não seja encontrado nenhuma vacina para o novo coronavírus. 

Segundo o artigo, há uma janela de 3 semanas entre o início do distanciamento social e o pico da demanda por cuidados intensivos de saúde. Com isso, o artigo ressalta que talvez tais medidas sejam necessárias de forma intermitente por até dois anos. 

Os cientistas afirmam que temos dois cenários que podem nos ajudar nesse momento: um deles é aumentar a capacidade do sistema de saúde, visando ajudar as pessoas que precisem de tratamento intensivo; o outro é descobrir e introduzir um tratamento que seja eficiente - e cientificamente comprovado - que corte pelo menos pela metade dos infectadas que necessitam de internação. 

Os pesquisadores ainda não sabem se o corpo desenvolve imunidade permanente contra o novo coronavírus. Caso o corpo desenvolva imunidade permanente, ele pode desaparecer após alguns anos, mas caso o corpo não desenvolver imunidade permanente é possível que ocorra surtos de infecção do vírus de tempos em tempos. 











Com isso, nós do JOVEM JORNALISTA, pedimos: fique em casa. Tenha uma alimentação o mais saudável possível E evite sair na rua caso não haja necessidade. É uma questão de responsabilidade coletiva. Pense no seu vizinho que é idoso, ou no filho da outra vizinha que tem uma doença crônica, ou nos profissionais da saúde e pesquisadores que se arriscam diariamente para nos manter bem e vivos. Tenha empatia com as pessoas. É um momento de necessidade a todos. Temos consciência que algumas pessoas têm necessidade de irem às ruas, mas ainda há muita gente que não tem e está saindo. Então, por favor, #FiquemEmCasa. Caso haja alguma dúvida, entre em contato conosco pelos comentários que tentaremos saná-las. Agora, fique com um vídeo explicativo do tema. J-J



Por: Thiago Nascimento

10 comentários :

  1. Todo cuidado é pouco, pois podemos ser infectados a qualquer momento quando houver exposição. É triste de ver que ainda existem pessoas que estão descumprindo a recomendação da quarentena, pondo outras pessoas em risco. Parabéns pelo post. Quanto mais informação verdadeira é essencial para o cuidado necessário de toda a população. Abraço!

    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  2. Olá!
    É muito bom se manter informado né?!
    Saber que medidas tomar e manter sempre uma boa higiene.
    Abraços.

    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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  3. Publicação fabulosa. Obrigado pela útil informação. O saber não ocupa lugar
    .
    Cumprimentos

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  4. Seu post está excelente, super informativo!

    Beijo.
    Cores do Vício

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  5. Muito bom post JJ, muito elucidativo e pormenorizado com tudo o que se sabe até agora. É minha opinião que este virus tenha saído do tal laboratório!!
    A China mente!
    xoxo

    marisasclosetblog.com

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  6. Bem interessante e muito informativo o seu post.

    www.paginasempreto.blogspot.com.br

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  7. Seu post está super informativo.
    Nesse período é importante ficar em casa e não se esquecer de manter mãos e objetos bem higienizados.
    Bjus!

    galerafashion.com

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  8. Muitíssimo interessante. Informações cruciais para conhecimento de todos nesse período tão alarmante. show

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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    Respostas
    1. Meu Deus, que post ! Parabéns !

      Em casa a que sai sou eu (inclusive voltei a trabalhar), mas confesso, que medo que eu tenho de levar isso pra dentro de casa. Se minha mãe contrair ela não aguenta. Sério... saio de casa mas volto sempre com o coração na mão. :(

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