Entre Frames #25 #universoFelipeSassi: Brisa - IZA

Se liga porque "Eu 'to na brisa E nada me abala, que delícia E hoje eu 'to de boa, 'to na brisa". Sim! No Entre Frames de hoje analisarei o clipe Brisa, da cantora IZA. Lançado no dia 18 de abril de 2019, ele conta com quase 97 milhões de visualizações, 1,3 milhões curtidas e 46 mil descurtidas. O clipe faz parte - indiretamente - do #universoFelipeSassi, apresentado à vocês com o clipe Bumbum no ar e Coisa Boa, sendo o terceiro, cronologicamente, dessa estória. A produção tem direção de Felipe Sassi; roteiro de Felipe Sassi e IZA; e direção criativa de Felipe Sassi, IZA  e Bianca Jahara.  

Brisa tem cores alegres e fortes. Ele possui uma mensagem de alegria, positividade e esperança. Ele tem todo o conceito visual e roteiro de Felipe Sassi, mas com o dedinho de IZA. Além disso, Brisa só possui atrizes negras, mas há um por que que falarei mais à frente. Assista-o:

Agora, como vocês já estão acostumados, vamos à minha análise!

Cores

Há basicamente quatro paletas de cores no clipe, são elas: a primeira representada pelo color blocking do reggae, ou seja, amarelo, verde, vermelho e preto; a segunda, rosa choque e azul bebê; a terceira, verde e vermelho; e a quarta, verde, preto e vermelho. 

O site Cultura Mix explicou o significado de cada uma das cores do reggae. O verde - vegetação; o amarelo - riqueza mineral; vermelho - sangue derramado durante a escravidão; e preto - raça jamaicana.

O que se percebe no clipe é que a ideia foi representar várias bandeiras africanas que, em sua maioria, possuem cores vivas - amarelo, verde e vermelho - e o preto básico que, por coincidência, são as cores do reggae. A parte artística do clipe representou a bandeira da Jamaica, por exemplo, principalmente nas tomadas da praia. 

As narrativas

O clipe é narrado em quatro takes ou cenários, são eles: navio, piscina, praia e barraquinha de praia. Vou falar de cada um deles agora:

1- navio: Iza é a comandante. Ela veste um look nas cores do reggae e um chapéu de comandante.

2- piscina:  IZA é acrobata com um grupo de garotas e veste um maió cavadíssimo.

3- praia: onde ocorre parte da coreografia e IZA sensualiza.

4- barraquinha de praia: a cantora dança com um biquini, acompanhada de uma senhora negra.

Ok, ok. Essas narrativas não tem nenhuma estória muito forte, mas cada uma delas possui signos e simbologias muito fortes, que esmiuçarei mais à frente.

Navio

Não sei pra vocês que assistiram, mas pra mim o começo lembra muito Piratas do Caribe (0:00 - 0:05). Há o nome "brisa" sendo levado pelo vento e a aproximação do navio das garotas por uma ave (0:06).

No navio há somente mulheres negras que vestem roupas nas cores do reggae e dançam no ritmo de músicas caribenhas ou do reggateon.

No barco o clima é de descontração e... empoderamento feminino! Prova disso é quando IZA sai de um compartimento com portas vermelhas toda poderosa (0:09). Esse empoderamento feminino pode ser visto também quando a cantora gira o leme loucamente (0:40 - 0:41), demonstrando que o navio poderia estar fora de controle, mas as garotas tomaram o controle. 

Piscina

Na segunda narrativa do vídeo, IZA também ganha destaque ao aparecer com dançarinas. Todas usam vestimentas rosas, mas a cantora uma vestimenta diferente com mangas bufantes (0:10-0:11). 

Elas dançam no ritmo da música e fazem várias coreografias ritmadas e sincronizadas. Percebam que elas dançam dentro de uma piscina que possui várias plataformas. 

Praia

Na terceira narrativa, IZA surge na Praia de Guarujá, litoral paulista, com mais dançarinas (0:54-0:58). O clima solar, areia e praia formaram o cenário perfeito da positividade. Nesse take, IZA homenageia claramente as terras jamaicanas ao usar um biquini em tons esverdeados e uma saída de praia vazada. 

Barraquinha de praia

Na última narrativa, IZA está em uma barraquinha na mesma praia com o quarto look do clipe, um biquini de melancia e bandana (1:00-1:02). A barraquinha possui majoritariamente a cor verde, mas também há detalhes em amarelo e vermelho. Há cocos e plantas que remetem à ideia de tranquilidade e natureza e um chapéu que remete ao reggae (1:05). 

Nesse take, a cantora aparece acompanhada de uma senhora negra que veste as cores do reggae (1:11). 

Detalhes

Como puderam ver no tópico anterior, o clipe é cheio de simbolismos e representatividade. Agora, separei outros detalhes que podem ter passado desapercebidos.

Quadrado: as meninas na piscina fazem uma espécie de quadrado com as mãos, com IZA no meio (0:18-0:19). Tudo leva a crer que elas fizeram a logo da cantora, que é um quadrado com as letras I, Z e A circunscritas! 

Símbolo de flor: tanto na embarcação como na plataforma da piscina existe um símbolo (0:23), uma flor. Esse símbolo é da empresa Downy - que foi a patrocinadora do clipe. 

Cena de Beleza Americana: quando IZA está deitada na areia da praia (0:59-1:00), por várias vezes ela imita a clássica cena do filme Beleza Americana - sim, quando a personagem está nua na cama e caem várias pétalas de rosa sobre o seu corpo. 

Pedro Álvares Cabral e sua luneta: IZA usa uma luneta como Pedro Álvares Cabral quando disse "Terra à vista" quando chegou aqui no Brasil (Seria lenda ou isso aconteceu realmente?!) (2:30). 

Coisa de cinema

O clipe foi muito bem produzido visual e artisticamente. Felipe mostrou nesse clipe à que veio: ele consegue fazer de um clipe de 3 minutos algo cinematográfico. Há planos e closes incríveis, além de tudo, a fotografia é belíssima, com boas paisagens e paleta de cores (falarei mais da fotografia no tópico câmera). 

Toda estrutura, composição de cenários e narrativas são de tirar o chapéu. A construção dos navios, piscina e da barraquinha para compor os elementos foram realizados com muito carinho e cuidado. Tanto é, que IZA não queria que desmontassem o navio ao final do clipe, pois ela gostou muito. 

Linearidade e simetria

Entre a estrutura visual, destaco dois pontos: a linearidade, quando IZA e as dançarinas ficam enfileiradas em uma tábua e rebolam ao som da música e a cantora "arranha" umas notas no saxofone (0:42-0:47) e quando as dançarinas aparecem alinhadas na praia (0:55); e quando a cantora aparece centraalizada na praia com um tecido vermelho (1:02). Gosto muito quando há linearidade e simetria no clipe, mas gosto mais ainda quando a câmera deixa as proporções erradinhas e tortas. 

Não passou desapercebido

Não passou desapercebido por mim: vários frames passando no ritmo da música (0:28-0:30); close no gingado e na virilha da cantora (1:30); e IZA levantando seu corpo na areria da praia (2:03). 

Coreografia

Dançante e pra cima! Me deu vontade de ensaiar os passinhos.

O fim

Se no início, houve uma aproximação dos cenários, no fim há um distanciamento. A tomada final é a câmera saindo do barco e indo para a praia (2:30), finalizando com o navio no meio do mar e o barulho de ondas (fade out) (2:33). Isso nos faz pensar nos movimentos de câmera do clipe.

Câmera

Se era pra apresentar e mostrar detalhes, a câmera se aproximava; se era pra se despedir de cenários, se distanciava, como aconteceu quando ela se distanciou das dançarinas na praia e em várias cenas subsequentes (2:09). 

O que é a brisa?

Brisa é um estado de espírito e de corpo de bem estar, prazer e descontração. A praia e o mar do clipe representam isso. A letra foi escrita quando IZA estava em um momento relaxante, quando acabou de operar seu joelho. Ela quis transmitir a positividade. 

Em momentos de dificuldade, caos e incerteza que o mundo passa, falo desse clipe na hora certa. Está certo que não podemos curtir a brisa em uma praia tomando coco na areia, pois o isolamento social não permite, mas a ideia da música é o ESTADO DE ESPÍRITO, e não o LUGAR em que você se encontra. Ou seja, você pode curtir a brisa, em qualquer situação, mas também tomar água de coco e escutar o barulho do mar (coloquem no Youtube) na sua própria casa, por que não?! 

Para IZA, a brisa é uma "vibe do foda-se", de estar com sua galera, se jogar, relaxar, estar com os amigos e com quem se gosta. 

Grito contra o racismo e empoderamento

A ideia de colocar apenas mulheres negras no clipe, veio de IZA que sentia falta de ver bailarinos negros nos lugares. Foi um ato contra o racismo da cantora que fará isso "até as pessoas pararem de falar, até não ser mais um assunto, porque é normal!".

Como falado no início do texto, o clipe também tem muito empoderamento por ter somente mulheres em toda sua exibição. 

Tá, mas o que o clipe tem a ver com a narrativa do #universoFelipeSassi?!

O clipe é um intermediário na estória tecida por Felipe Sassi e só saberemos o que o clipe realmente tem a ver no próximo Entre Frames, Yoyo. Vocês devem ter estranhado e se perguntado: cadê os easter eggs? cadê a estória que o Felipe começou a contar?! Calma, tudo fará sentido mais à frente. 

Letra

A letra fala de estar em uma vibe positiva e dos sentimentos que há quando as pessoas estão na praia. Quantas pessoas não ficaram com amigos e familiares em momentos descontraídos na praia? Ou quantos não viram o nascer ou pôr do sol? A letra, portanto, fala de ações simples, mas que promovem extrema alegria e paz. Ressalto algumas partes da música agora:

"Sente a vibração que o som chegou

Bota o pé na areia e deixa a onda entrar"

A sensação de colocar o pé na areia é muito boa. Uma pena que não podemos fazer isso no momento.

"Então passa lá em casa 'to fazendo vários nadas

Traz o isopor porque hoje a tarde vai dar praia

Presta atenção que hoje a missão

É ficar suave, numa boa, tranquilão"

Quem aí tá fazendo 'vários nadas' nessa quarentena? O trecho fala de levar o isopor com bebidas e churrasco para a praia. 

Música

Super animada e pra cima. IZA pegou inspirações de ritmos caribenhos, do reggae e da Jamaica e inseriu em algo mais pop. Resultado? Sucesso total.

Esse foi o Entre Frames de hoje. Até o próximo, com Yoyo! J-J

Por: Emerson Garcia