segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Boia rosa e azul, meninos príncipes e meninas princesas e novas convenções sociais


Recentemente (02), a ministra Damares Alves reiterou sua opinião de um ano atrás de ser contra à ideologia de gênero, com humor e ironia. Sua fala não gerou tanta repercussão como à de um ano atrás. Muitos devem lembrar-se do frisson do "Menina veste rosa e menino azul", né?! Lembro que na época, artistas e celebridades saíram com roupas contrárias à "prescrição" de Damares. Ou seja, meninos de rosa e meninas de azul. Esse ano, a Damares falou de boia rosa e azul e que meninos devem ser chamados de PRÍNCIPES e gurias de PRINCESAS e não houve nenhum alarde. E por que?




Uma publicação compartilhada por Damares Alves (@damaresalvesoficial1) em


Acredito que não há motivos para lacrar mais e ir contra a fala da ministra e, mais que isso: dessa vez as pessoas entenderam ao que Damares se refere. Não tem mais graça de lacrar. O que já foi, já foi. O momento de 15 minutos de "birra" e "blá blá blá" já passaram há muito tempo. Internet é isso: o fato só tem sua importância alguns dias, sendo necessário encontrar outra coisa para fazer o show de mimimi

Era da época que brinquedos e brincadeiras eram determinados para meninas e meninas. Um menino jamais poderia brincar de boneca e uma menina de carrinho. A sociedade CONVENCIONOU assim (como falado no texto Rosa e azul: cor tem ou não gênero e as convenções sociais) e foi desse modo por muito tempo. Acredito que até teria que reeditar meu post do ano passado e rever algumas coisas, pois nos dias atuais menino brinca de boneca, de casinha, veste camisa florida e rosa e menina joga futebol, luta judô e assiste à jogo de futebol. Acredito que essas convenções mudam diariamente. O que quero dizer é que em certo momento, se eu fosse entrar na piscina deveria escolher boias nas cores neutras ou azul. Hoje, se for entrar novamente, posso escolher a boia da cor que quiser, inclusive rosa.

A sociedade está tão evoluída nessa nova década, pois há uma indefinição do que seriam brinquedos femininos e masculinos. No final da década passada (Parece longe, mas foi ontem!) - 2019 - a mãe do Mauro Sousa, filho do Mauricio de Sousa, encarnou uma fada diferente. Os momentos foram gravados por seu filho Mauro no stories do Instagram. Nos vídeos ela diz que não escolheu presentes definidos para meninos e meninas, sendo possível um menino definir o presente que gostaria de ganhar, dando a ele liberdade. Mauro definiu sua mãe como uma "fada sensata".

A sensatez deveria ser uma qualidade de luxo para as pessoas, papais e mamães. Ou seja, por que definir a cor do quarto ou enxoval de um bebê? Por que não optar por cores neutras - como verde pastel e amarelo pastel? Papais e mamães ainda insistem em presentear seus pequenos a partir de convenções sociais. Que interessante seria sair delas e entender que um menino brincar de boneca, com uma boia rosa ou vestir uma roupa rosa não faz dele gay, assim como uma menina brincar de carrinho ou jogar futebol não faz dela lésbica.

Acredito ser necessário haver uma separação entre as convenções sociais e a ideologia de gênero. Convenções sociais tem a ver como a sociedade convencionou em o que meninos e meninas devem vestir-se ou se portar-se. Já a ideologia de gênero é dizer que nossas crianças podem escolher (SOZINHAS) se são meninos ou meninas, o que acho totalmente errado (OLHA A POLÊÊÊÊMICA). Uma criança não pode definir se é menino ou menina, pois isso daria um bug em sua mente. Somente com o tempo, é que ela pode definir quem realmente é, a partir do reconhecimento do seu corpo e dos outros ao seu redor. Meninas não podem optar por retirar os seus seios, pois nem mesmo os tem; assim como garotos seus pênis. São os pais e tutores que os guiam até determinada idade. Por outro lado, meninas e meninos podem escolher do que brincar (Lembrem-se da fada sensata, a mãe do Mauro Sousa). 

Nessa mesma linha de pensamento, criança alguma tem poder sobre si mesma sobre como deveria ser chamada. Então, um menino dizer que gostaria de ser chamado de PRINCESA, ao invés de PRÍNCIPE é inconcebível. Ele não tem força de argumento necessária para isso. Desse modo, meninas poderão ser chamadas de princesas e meninos de príncipe, sim, porque CONVENCIONOU-SE assim. Por enquanto, não vi nenhum menino de tiara de princesa por aí, mas posso estar errado.

"Mas, Emerson, uma criança deve ser chamada do que ela quiser" E desde quando ela tem força de argumento para isso?! Qual é o menino que falou para sua mãe que queria ser chamado de PRINCESA e a mãe aplaudiu e falou: "Tudo bem, PRINCESA Ryan. A partir de hoje você é uma PRINCESA." "Mas, Emerson, você disse que pais podem presentear seus meninos com brinquedos de meninas." Sim, e reitero isso. Pais podem presentear garotos com bonecas Barbie e fazer um aniversário das princesas Disney para eles. Inclusive conheço um rapaz que quando era criança tudo que ganhava era da Pequena Sereia. Contudo, não vi, até hoje, um pai chamando um menino de princesa. Seria hipócrita se dissesse que sim. Em outras palavras, o menino ganhou tudo da Pequena Sereia, mas em nenhum momento foi chamado de PRINCESINHA por seus pais. Além disso, não pôde falar que gostava de garotos quando era apenas uma criança e nem seus pais definiram isso. Somente quando atingiu certa maturidade que pôde definir suas decisões. O que quero dizer é que as convenções sociais são fortíssimas para serem redefinidas de uma hora para outra. Quem sabe se em um futuro próximo meninos possam ser chamados de PRINCESAS e meninas de PRÍNCIPES, mas por enquanto não vejo isso acontecer nem de perto.

Já houve uma época também que garotos não poderiam usar esmaltes nas unhas e muito menos cílios postiços, pois seriam vistos como afeminados. Ano passado pude provar para vocês que isso era uma convenção social que caiu por terra. O Mauro Sousa, personagem principal do post de abril passado, recentemente protagonizou stories com garotas em que colocava cílios postiços coloridos e brilhantes. E foi isso que fez dele gay?! Não, foram outras variáveis que o tornaram gay. Desse modo, um menino pode, tranquilamente, usar esmaltes brilhantes ou cílios postiços e isso não o tornará homossexual. É costume vermos meninos calçando calçados femininos e "fazendo a festa" com as maquiagens e batons da mamãe. Ele não é visto como uma drag queen ou gay, apenas como um menino alegre e feliz. 

É, pelo visto precisamos rever e reeditar algumas convenções sociais. É necessário, portanto, não confundí-las com a ideologia de gênero. Atualmente as convenções sociais estão bem mudadas, como pudemos ver no post. Contudo, tem aquelas que não mudarão tão cedo, como a de meninos PRÍNCIPES e meninas PRINCESAS. Por outro lado, o mundo está tão evoluído nessa nova década que eu, com os meus 95 kg e 30 anos de idade, posso perambular por aí com a boia da cor que eu quiser, seja azul, preta, branca, verde, vermelha, lilás, marrom e, claro, ROSA. Digo e repito: "cor alguma pode definir uma pessoa ou sexualidade. Escolhas de cores não definem quem você é". E ponto final. J-J


Por: Emerson Garcia

12 comentários :

  1. Liberdade e respeito pelas escolhas já é um bom começo. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  2. Concordo com o Luciano e acrescento que a internet é sim uma ferramenta poderosa de contestação. Só de ouvir as pessoas reclamando, temos a possibilidade de parar e refletir sobre qual é a nossa opinião sobre o assunto.
    Convenção social ou não, é importante não aceitar tudo goela abaixo, não é mesmo?
    Um beijo,
    Fernanda Rodrigues | contato@algumasobservacoes.com
    Algumas Observações
    Projeto Escrita Criativa

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  3. Liberdade é poder escolher rosa ou azul!!
    xoxo

    marisasclosetblog.com

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  4. O Brasil, tem a casa a arder... a Amazónia... pretendendo talvez virar uma outra Austrália... e é incrível, como os mais altos dirigentes, se agarram a questiúnculas... que em pleno séc. XXI de qualquer cabeça arejada nem têm razão de ser... mas afinal... todos foram escolhidos a dedo... pelo manda chuva principal... que detesta pirralhas com as ideias no lugar... e que até foram eleitas personalidade do ano, por revistas conceituadas...
    Cada um escolhe seu género na sua própria cabeça... e só tem de se sentir bem com as suas escolhas e estar bem ciente das consequências que o preconceito de outros lhe possam trazer... e saber ser superior a elas...
    Há muito preconceito no Brasil, ainda... alimentado pela religião e política... precisam de acordar desse torpor... e aceitar que o mundo não é azul, rosa, preto ou branco... há muitos cambiantes... e todos eles são válidos... pois são pessoas... e cada um é como cada qual... desde que cada um não faça mal ao próximo... as escolhas de cada um, devem ser respeitadas...
    Aqui em Portugal, já há legislação, que defende igualdade de género, para pessoas que queiram fazer mudança de sexo... adopções e casamentos por pessoas do mesmo sexo já é permitido... Enfim... Acho que 500 e tal anos depois, é o Brasil que deve vir descobrir Portugal... para que o vosso país... tome outro rumo que não seja o do preconceito... Liberdade... com responsabilidade! É isso que os políticos daí deviam exercer... exemplificar... ou talvez até aprender...
    Um grande abraço! Feliz 2020!
    Ana

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    Respostas
    1. Grato pelo comentário tão agregador. Feliz pelo desenvolvimento de Portugal.

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  5. Sua análise é didática e perfeita ... Que se danem os mimimis ... Queiram ou não a sociedade brasileira é conservadora assim como o mundo todo o é! Não adianta espernear, isto é só discurso político e ideológico. Na prática e no dia a dia, lá no cantinho de cada casa e de cada pessoa tudo continua como dantes ...

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  6. Infelizmente há mentalidades que pararam no tempo... 🤔😔

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  7. Cores não definem nada e cada um gosta e usa o que quiser. O país evoluiu, mas ainda está longe de uma mentalidade crescida sobre o assunto.

    www.vivendosentimentos.com.br

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  8. Todos podemos ser livres para usar as cores que mais gostamos! :)
    --
    O diário da Inês | Facebook | Instagram

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