Rádio Bagaralho: Programa Discografia - Tim Maia

Olá ouvintes da Rádio Bagaralho FM (Rádio Bagaralho, a rádio do... povo). Aqui quem fala é o locutor Arthur Claro, aquele que é igual porém diferente. Com o oferecimento do salão de festas Tua Fiesta és Loca começa agora o programa Discografia.  

Hoje vou apresentar as obras do músico fluminense Tim Maia (para os íntimos era "O Síndico").

Azul da cor do mar - Tim Maia (1970)

Tim Maia estava procurando um lugar para morar e foi pedir abrigo ao seu amigo Fábio, um cantor paraguaio que estava fazendo sucesso. Fábio dividia com seu empresário, Glauco Timóteo, num apartamento na rua Real Grandeza, em Botafogo, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro. Lá era um entra-e-sai de meninas devido ao sucesso do cantor paraguaio. O apartamento era de dois quartos, um de Fábio e outro de Glauco. Restou para Tim o velho sofá da sala, apelidado de dromedário, no qual ele passou a dormir. Tim Maia ficava sempre sozinho, vendo todas aquelas garotas entrando nos quartos com Fábio e Glauco. 

Ouvindo risos, gemidos e gritos, Tim ligava o gravador e cantava com tristeza e raiva, chegando até aos prantos, Fábio e Glauco viajaram para shows em Salvador e Recife, deixando Tim Maia solitário na casa. Logo, ele abandonou o dromedário e passou a ficar na cama de Glauco. Na parede em frente à cama havia um pôster colorido de uma morena, contra o mar azul do Taiti. Tim, se sentindo muito só, pegou o violão e começou a cantar esta canção. Quando Fábio voltou da viagem, Tim ligou o gravador e disse que tinha feito esta música inspirado no pôster. Depois de ouvi-la Fábio virou para o Tim dizendo que esta seria a música da vida dele e que seria um dos grandes sucessos.

Meu país - Tim Maia (1971)

Tim Maia com essa música nos explica muito bem o contexto que encontrou nos Estados Unidos da América, as lutas pelos direitos do negro e pela igualdade civil. O que realmente inspirou o Tim foi o de surgimento de grandes líderes, como Martin Luther King Jr e Malcon X. 

O histórico da discriminação racial nos EUA é tão grave quanto no Brasil, entretanto, a coisa é um pouco diferente. Enquanto aqui no Brasil os negros são excluídos ou aceitos pelo que levam em suas carteiras, os norte-americanos não têm muitas papas na língua e o preconceito racial lá é completamente escancarado. Existe uma segregação pesada, sendo construídos bairros para negros, produzidos produtos especiais para os negros, estabelecendo assim fronteiras que seriam inimagináveis aqui no Brasil, devido à intensa mestiçagem do nosso povo.

Lamento - Tim Maia (1972)

Uma música sobre um lamento que um apaixonado sente após ser deixado pela amada.

Réu Confesso - Tim Maia (1973)

Esta música é um pedido de perdão do Tim por algo que ele fez de errado com a namorada que tinha na época.

Imunização Radical (Que beleza) - Tim Maia Racional, Vol. 1 (1975) e Tim Maia Racional, Vol. 2 (1976)

Nesta época o Tim Maia se converteu a Cultura Racional com isto ele começou a escrever músicas sobre o livro Universo em Desencanto, tanto que chegou a mandá-lo para várias pessoas, entre elas os músicos James Brown, Curtis Mayfield e John Lennon. Dentre todas as música escolhi esta, pois gosto dela e ela aparece nos dois discos.

É preciso Amar - Tim Maia (1976)

Desiludido com a nova religião e a repercussão dos discos anteriores, Tim tirou tudo de circulação e voltou a gravar as suas músicas como antes.

É Necessário - Tim Maia (1977)

Tim Maia mostra que era realmente um gênio. Enquanto todos os artistas da MPB vasculhavam o dicionário buscando palavras rebuscadas para fazer suas músicas longas e incompreensíveis, Tim só precisou de apenas um verbete para intrigar os ouvintes com sua composição cult conceitual. Ele fez que o título da música equivalesse à letra inteira. Não sabemos o que é necessário, nem por quê. Não é necessário.

Sossego - Tim Maia Disco Club (1978)

A música traz de volta a alma funk do Tim Maia e também é um pedido para não ser amolado com o papo de emprego.

Vou com gás - Reencontro (1979)

Pode se dizer que esta música é uma continuação de Sossego por ter um ritmo parecido, mas não tem nenhuma informação se é proposital. O que é proposital é a homenagem do Tim para o estado de Minas Gerais.

Você e Eu, Eu e Você (Juntinhos) - Tim Maia (1980)

Tim fez a música no estilo disco-funk para entrar na onda da disco music que virava moda no mundo.

A festa - Nuvens (1982)

Nesta música Tim apresenta a visão de festa que o agradava. Ele até deu seu próprio jeito para simular um ambiente alegre: pediu para a galera do estúdio bater palmas e dar risadas.

Essa dor me apanha - O descobridor dos sete mares (1983)

A música por si só explica o título e mostra um pouco da tristeza do Tim Maia.

Mama Super Mama - Sufocante (1984)

Esta música começa com os dizeres do Tim Maia: "Essa música é uma homenagem a minha querida mãe Maria Emaculada Maia, a todas as mães do Brasil e do Mundo", então acho que não preciso dizer muita coisa. Vale a pena homenagear as suas mães com esta música.

Acredito - Tim Maia (1985)

Esta música é uma das poucas compostas pelo Tim Maia neste disco. A escolhi por causa disto.

Do Leme ao Pontal - Tim Maia (1986)

Eu escolhi esta música por achar ela bem dançante, pois como o próprio Síndico dizia "Quem não dança, segura a criança".

Se esse amor termina - Somos América (1987)

Nesta música Tim Maia afirma ter vontade de selar um compromisso firme com uma mulher. Ou seria com o seu público? Ai é com quem ouve para decidir.

With no One else Around - Carinhos (1988)

Uma música que mostra o lado pop-romântico do cantor. Ela é em inglês.

Vale tudo - Dance bem (1990)

A música mais democrática do Tim Maia, ou não. Basta saber entender bem a letra.

O Nordeste é lindo - Voltou Clarear (1994)

Esta música é uma homenagem do Síndico para o nordeste brasileiro. É um xote bem gostoso de ouvir e até senti vontade de dançar.

Essa tal felicidade - Nova Era Glacial (1995)

É uma música que o Tim Maia faz uma retrospectiva da sua vida. O ritmo é lindo e a voz do Tim é bem gostosa de ouvir. Só não vale chorar.

Eu confesso - Pro meu Grande Amor (1997)

É a música mais puxada para algo mais carnavalesco que o Tim Maia compôs. Dá até vontade de sambar.

Vixe - Só você (para ouvir e dançar) (1997)

É um soul-funk que traz os velhos tempos de balanço nas pistas. É temperada por um compasso sutil e irresistível. Esta música foi escrita pelo Tim Maia, que parece ter voltado a se inspirar nas composições que datam de sua fase disco-funk.

África Mãe - Sorriso de Criança (1997)

Esta música Tim Maia fala de não abrir mão do respeito à sua cultura com um lamento que, aos poucos, lhe enche o peito de orgulho. Isto fica perceptível quando ele aumenta o grave da voz e diz: "Erguer a cabeça/E ter confiança/Uma liderança/Para conduzir essa gente bela/Sem esperanças".

Queridos ouvintes, quero agradecer a todos e espero que continuem ouvindo a Rádio Bagaralho. Vocês também podem dar ideias de bandas e cantores para que eu realize uma discografia deles. Um bom feriado e fim de semana repletos de felicidades. Beijos e abraços. J-J

Por: Arthur Claro