terça-feira, 13 de março de 2018

Transgêneros podem representar as mulheres no 'Dia da Mulher'?

Que comecem as polêmicas! I Internet


Semana passada no Dia Internacional das Mulheres (08) criei uma playlist especial para esses seres. Escrevi o seguinte (com grifos):

 "Ser mulher vai além de ter um corpo com seios, cintura fina e um bumbum evidente. Ser mulher é ser dotada de atitude, sabedoria, resiliência, capacidade de fazer inúmeras tarefas durante o dia, se desdobrar em inúmeros papéis sociais, sem perder a pose. Mas ser mulher é, sobretudo, ser você mesma e ser o que quiser."


Sim! A mulher tem o direito de ser o que quiser, e ninguém tira dela isso. Mas algumas situações confusas surgiram semana passada e senti a necessidade de me posicionar. Tais como: uma mulher trans é mulher biológica? Uma jogadora de vôlei trans pode comemorar o Dia da Mulher? Mulher também pode ser homem? Sentiram a polêmica, né?! 

Para chocar vocês logo de cara: uma cantora transexual (?) NÃO representa as mulheres; uma jogadora de vôlei trans JAMAIS poderá comemorar o Dia da Mulher; e mulher pode ser homem, MAS NÃO DEVE SE ESQUECER que ela fez parte da Luta de igualdade feminina.

E com que base você pode afirmar essas três frases absurdas, Emerson? Ora, simples: na própria história do Dia Internacional das Mulheres.


História do Dia Internacional das Mulheres


08 de março de 1917 na Rússia. I Via Marxismo Cultural



A data alude a uma manifestação de mulheres em 1917 na Rússia Soviética, e não ao incêndio de uma fábrica têxtil, de acordo com Pedro Blanche. Elas reivindicavam direitos trabalhistas (férias, descanso, diminuição da jornada de trabalho, aumento salarial, etc) e igualdade de gênero. 

O Dia Internacional da Mulher, portanto, surgiu por conta da luta da igualdade de gênero, pelo reconhecimento das mulheres na sociedade e pela aquisição de direitos. O ano de 1917 foi marcante para a história feminina, mas, de acordo com a blogueira Laryssa Machado do Di Lua, outros movimentos também devem ser ressaltados, como o Woman's Day - que desde 1908 é um esforço de intercionalização da data. 

Atualmente, o que percebo é um processo de ofuscamento sobre o verdadeiro significado do Dia Internacional da Mulher. Isso, de certo modo, prejudica o que as mulheres já obtiveram de conquistas até aqui. Como uma cantora transexual poderia representar e entender as lutas femininas? Que tipos de preconceitos ligados ao gênero feminino uma jogadora de vôlei trans sofreu? 

O que Liniker e Tiffany Abreu querem é abraçar uma causa que não lhes diz respeito; é dizer que transfobia é a mesma coisa que preconceito contra a mulher, quando na verdade não é nada disso; e, claro, elas (?) querem ofuscar o real sentido do Dia Internacional da Mulher, por lutas que deveriam estar em outra data que não no dia 08 de março!



"Sou Mulher, Trans, Empoderada e Negra". Oi?! 



Apresento a cantora Leniker! I Internet




Me pergunto porque a produção não levou uma cantora de fato mulher para representar a luta feminina no Dia das Mulheres (Fui redundante de propósito!). Cantoras como Rita Lee, Zélia Duncan, Adriana Calcanhoto, Ana Carolina, e tantas outras, tem motivos de sobra para representar a classe feminina.  

Preciso deixar claro que não estou sendo preconceituoso com a cantora trans (?) Liniker. Pelo contrário, qualquer pessoa pode ser o que quiser, mas é forçar a barra dizer que uma transexual faz parte das lutas femininas, não acham? Liniker ficaria bem alocada em um programa de luta pelos direitos LGBTQ+, mas não nessa ocasião






Não é usar batom, brinco, colar, saia, peruca e roupas femininas que definem uma mulher como mulher, mas sim seu gênero biológico, características psicológicas, físicas e sociais. É fácil nascer homem, transicionar para mulher e dizer que agora é "a representante de todas as garotas do Brasil e do mundo"

RESPONDA: qual foi o preconceito que Liniker sofreu por ser mulher? NENHUM! Ela não foi menosprezada por conta de sua força inferior, posição social ou cultural. Outrossim, o preconceito que a cantora sofreu foi devido as suas escolhas sexuais e de gênero. Ou seja, sofreu LGBTQ+fobia e transfobia, mas não feminofobia (Não sei nem se existe isso). 

Foi desrespeitoso com as mulheres uma cantora transexual representá-las em um programa matinal, sim. Foi uma tentativa de ofuscar o verdadeiro significado da data e de atribuir às mulheres características físicas e estereótipos que elas não possuem. Nenhuma transexual tem os níveis de estrôgenio e progestorona que uma mulher possui por mais que tentem; uma transexual, mesmo que seja mulher, ainda tem o pomo de Adão; uma trans mulher tem mais força que uma mulher; e uma trans mulher jamais saberá defender e entender as lutas femininas. 


Uma publicação compartilhada por Fátima Bernardes (@fatimabernardes) em


É cômodo para a Liniker chamar-se de "MULHER" no Instagram, sendo que não sofreu preconceito por ser mulher, não sofreu abuso e assédio na rua por homens, nem sentiu na pele as desigualdades salariais e sociais por ser do sexo feminino. Por sua vez é cômico ver na mesma frase de sua autoria "Sou mulher, Trans, Empoderada e Negra", de alguém que nem mesmo soube se definir ainda, quando disse que "não sabe de fato quem é" e que "usa batom, brinco, colar, saia, bigode e o que desejar"

Sério que é essa pessoa que deseja representar as mulheres? KKKK Sério que uma mulher trans (?) sabe das lutas femininas? Aliás, intitular-se "trans mulher" não significa que a pessoa tirou o órgão sexual masculino e, cirurgicamente, adquiriu uma vagina e tornou-se, de fato, mulher. Está aí a Liniker e seu volume que não me deixa mentir. Se representar o sexo feminino fosse isso, qualquer trans mulher com pênis ou um cis homem poderia fazê-lo, concordam?

É engraçado ouvir da boca de uma trans mulher que ela precisa ser empoderada, que é maravilhosa e que está em busca de direitos. Na verdade, os direitos de uma mulher transexual não passam por adquirir direitos femininos, como por exemplo ter um salário igual a de um homem, mas sim, por ter direitos, como qualquer ser humano, afinal, ela também é um


Uma publicação compartilhada por Liniker 🎤🌟🌷🌟🌈 (@linikeroficial) em



Tifanny Abreu: trans mulher ou mulher?



Discutir transfobia, cisgêneros, transgenia e transexualidade é super válido, mas não no Dia das Mulheres! I Metrópoles


Em que uma trans mulher jogadora de vôlei assemelha-se a uma mulher jogadora de vôlei? Em nada e, por esse motivo, Tifanny Abreu não pode entender a luta feminina, muito menos comemorar o Dia das Mulheres

A começar por seus aspectos biológicos. Mesmo com uma aparência feminina, cirurgia de mudança de sexo, seios, cabelos longos, Tifanny Abreu, biologicamente, não é mulher. Mesmo após a transição, Tifanny ainda possui a força e o desempenho masculinos. Ela chega a saltar cerca de 3,25 m, bem mais que a mulher cis e jogadora Thaísa (3,16). Será que o corpo que cresceu masculino leva vantagem nas competições esportivas? Tifanny mostra que sim, já que ganhou várias partidas e tem quebrado tudo em quadra. 

Afinal, Tifanny é de fato mulher? Ela representa as mulheres, mesmo com essa força acentuada e desempenho elevado? Diria que não. Mesmo com a diminuição dos níveis de testosterona, a jogadora, biologicamente, ainda é homem.  Ninguém muda os cromossomos facilmente assim! É o que o médico João Granjeiro coordenador da Comissão Nacional Médica da Confederação Brasileira de Vôlei defende:


“Nenhuma mulher, a não ser que tenha usado testosterona de origem externa ao organismo, conseguiria formar o mesmo corpo. Não se trata de ser homofóbico ou politicamente incorreto. O assunto é necessário.”


Colocá-la no mesmo nível que as mulheres cis jogadoras, seria no mínimo uma covardia. Desejar à ela um Feliz Dia das Mulheres é totalmente incongruente. Tifanny não é mulher, mas uma trans mulher! Ana Paula Henkel fala que equiparar essa última com aquela é uma atitude descabida (com grifos):


"A inclusão de pessoas transexuais na sociedade deve ser respeitada, mas essa apressada e irrefletida decisão de incluir biologicamente homens, nascidos e construídos com testosterona, com altura, força e capacidade aeróbica de homens, sai da esfera da tolerância e constrange, humilha e exclui mulheres."



"Meu macho, sim!"


Na última semana polêmicas que envolviam o homem trans Thammy Gretchen também surgiram, como internautas que desejaram à ele Feliz dia da mulher. Thammy levou na esportiva e chegou a postar uma foto no Instagram bem dúbia. 




Nela Thammy ainda é mulher e estava fisicamente bem diferente. Foi bem antes do processo de transição. Achei bastante curioso alguém que é trans homem postar uma foto de quando era mulher. No fundo, ela reforçou os votos de "Feliz dia da mulher" que recebeu e deu margem para que mais pessoas lhe desejassem felicidades. 

Além desse aspecto, o ator não foi feliz em sua piada de humor negro, quando disse: "Foi essa mulher aí da foto que me fez o homem que eu sou hoje! BEEEEM, mas infinitamente beeeemmm mais evoluído que vocês". No fundo, no fundo, Thammy quis dizer que não é um homem de fato, mas um trans homem e que dentro dele tem uma mulher evoluída. E, de fato, nenhuma mulher pode ser comparada com um homem né? Nisso a Thammy acertou!

Se o Thammy é um trans homem de uma mulher que digievoluiu (Referência à Digimon), logo podemos inferir que antes de sua transição o Thammy sofria preconceitos de desigualdade de gênero e assédio. Quantos não se lembram da dançarina de cabelos pretos longos, de corpo escultural, que usava roupas curtas e rebolava até o chão? Creio que essa mulher tenha recebido inúmeras cantadas.

Acredito que se a Thammy ainda existisse ela poderia representar as mulheres e receber um Feliz dia da mulher, sim. Mas, atualmente, é o Thammy que existe e ele é um trans homem, logo representa a comunidade dos trangêneros, e não das mulheres (mesmo com os deslizes que fez na postagem no Instagram). 

Então, vamos deixar o Thammy em paz e não criticar sua noiva de chamá-lo de "Meu macho, sim!". Não vamos também obrigá-lo a abraçar uma comunidade que não mais lhe pertence, muito menos a representar a luta feminina, ok?!



Mulher pode ser o que quiser?


Sim! A mulher pode ser o que quiser, inclusive homem! Mas é necessário tomarmos cuidado ao dizer que um trans homem ou uma trans mulher podem representar as mulheres na luta feminina. Não é por aí. Não vamos misturar desigualdade de gênero, com homofobia, transfobia e LGBTQ+fobia. Isso é ofuscar o verdadeiro sentido da data do dia 08 de março. J-J


Por: Emerson Garcia

12 comentários :

  1. Olá JJ tudo bem???


    Nossa difícil isso, mas pensando na luta das mulheres não sei se é justo trans representarem as mulheres. Sei que elas tb lutam contra muitos pré-conceitos, mas são coisas diferentes...


    Beijinhos;
    Débora.
    https://derbymotta.blogspot.pt/

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  2. Realmente um assunto bem polêmico e complicado. No geral, não acho correto nem respeitoso dizer que uma mulher trans não é mulher, acho que isso só coopera pro ódio contra as manas trans. Agora, botar Pabllo Vittar como mulher (como tem nesse tweet aí) tá bem errado mesmo haha afinal, Pabllo é drag, uma personagem feminina, mas continua sendo homem.
    Um beijão,
    Gabs | likegabs.blogspot.com ❥

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    Respostas
    1. Olá, Gabriela. Quando eu disse que a Tifanny não é uma mulher, mas uma trans mulher, disse biológica e geneticamente falando. Sim, concordo com você: a Pabllo Vittar é drag.

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  3. Bom artigo para reflectir apesar de eu achar que uma trans mulher na cabeça dela achar que é mesmo uma mulher e por isso se possa incluir no dia das mulheres.
    Xoxo from Portugal

    marisasclosetblog.com

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    1. Concordo, Marisa. Mas entre ela achar e ser aceita como mulher na sociedade são duas coisas distintas.

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  4. É preconceito, SIM. Mulher trans é mulher sim. As lutas são diferentes, mas ela tem todo direito de ser representada como mulher. As lutas das mulheres trans não são as mesmas de uma mulher cis porque como ela vai lutar contra aborto se ela não tem direito de usar um banheiro? Não podemos menosprezar lutas de maneira nenhuma. E você, como HOMEM, não tem muito que dar opinião sobre isso, não é? Mas nada novo. Homem sempre tem opinião da luta/dor dos outros.


    Beijinhos
    n. // www.fashionjacket.com.br

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  5. Um ótimo post para gerar muita discussão. Coragem por colocarem a opinião de vocês assim, e eu acho muito legal, pois mesmo vocês falando, muitas pessoas vão achar que é preconceito falar essas coisas. Mas eu concordo com vocês...

    www.vivendosentimentos.com.br

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    1. No JJ tem que se ter coragem para falar dos mais diferentes assuntos, sendo eles polêmicos ou não, Monique.

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  6. Que reflexão, onde a mídia quer levar o povo compartilho da sua opinião quanto a representação feminina no programa não é nada contra mas achei desnecessário! Beijão equipe JJ

    Beijos

    http://www.cherryacessorioseafins.com.br

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