Hoje é quinta-feira, dia de que? Isso mesmo! De Quinta de série! A série de hoje chama-se Segunda Chamada e foi lançada e produzida pela Globo e O2 Filmes. Criada por Carla Faour, Julia Spadaccini e Jô Bilac, a produção é um drama que se passa em uma escola que oferece o EJA (Educação de Jovens e Adultos). Dirigida por Joana Jabace, possui roteiro de Giovana Moraes, Maíra Motta, Victor Atherino, Carla Faour e Julia Spadaccini. A produção conta com grande elenco, incluindo Débora Bloch, Paulo Gorgulho, Silvio Guindane, Thalita Carauta, Hermila Guedes, Carol Duarte, Felipe Simas e a estreante MC Linn da Quebrada. Lançada em outubro do ano passado (2019), conta com uma temporada e 11 episódios.
Segunda Chamada descorre sobre a história de professores e alunos que deixaram de estudar na época certa por algum motivo. A história se passa na Escola Estadual Carolina Maria de Jesus. Ela é uma escola cheia de problemas, desigualdades sociais, violência, mas, sobretudo, de seres humanos. Conhecemos de perto o drama de cada professor e aluno e a luta inglória dos professores Jaci, Lúcia, Eliete, Marco André e Sônia para criar uma educação de qualidade e transformadora.
O drama começa com a personagem Lúcia, personagem professora de literatura, que passa alguns anos afastada por motivos particulares e assume o EJA. Lúcia possui traumas e tem que aprender a lidar com isso. Aliás, todos os personagens possuem dores, angústias e traumas.
O principal mote da série é mostrar que a educação transforma. Transforma os ambientes, as pessoas, a sociedade em que se vive (a série e os depoimentos ao final mostram isso). Mas até ter uma educação transformadora será requerido pulso firme e empenho. E é o que cada um dos professores (o diretor nem tanto) procura ter. Eles são capazes de tudo (TUDO MESMO!) para prezar pela educação e pela vida de cada aluno. E isso é muito legal na série. Às vezes cheguei a pensar "Esses professores são verdadeiros heróis".
Pelos temas fortes tratados - transexualidade, violência, violência doméstica, uso de drogas, homossexualidade, sexo, intolerância religiosa e palavras fortes - a série não é recomendada para menores de 16 anos. Se você não a assistiu, mas tem vontade, se prepare para muitas emoções. Não são temas leves, palatáveis, mas de extremas polêmicas. São assuntos que ninguém quer discutir, mas que existem. A série, portanto, abre espaço para esse debate.
A ideia
A educação é um tema bastante difundido nas produções, por isso as autoras da série estudaram uma forma de apresentar inovação na telinha. Foi assim que elas decidiram dar o recorte do ensino noturno, bem como suas dificuldades e vulnerabilidades. O ensino noturno é muito diverso: há pessoas de diferentes idades, credos e cada um com seu conflito.
As autoras tiveram a ideia de mostrar o valor da educação, que é mais complicado ainda quando se trata da EJA.
A autora Carla Faour disse que a escola foi escolhida pela diretora da série, e que ela fez toda a diferença, pois carrega a memória e a história. A série tem pontos positivos por ser gravada em uma escola real.
Personagens
A educação é um tema bastante difundido nas produções, por isso as autoras da série estudaram uma forma de apresentar inovação na telinha. Foi assim que elas decidiram dar o recorte do ensino noturno, bem como suas dificuldades e vulnerabilidades. O ensino noturno é muito diverso: há pessoas de diferentes idades, credos e cada um com seu conflito.
As autoras tiveram a ideia de mostrar o valor da educação, que é mais complicado ainda quando se trata da EJA.
A autora Carla Faour disse que a escola foi escolhida pela diretora da série, e que ela fez toda a diferença, pois carrega a memória e a história. A série tem pontos positivos por ser gravada em uma escola real.
Personagens
Como falado anteriormente, o show se divide entre professores e alunos. Tem os principais, recorrentes e participações especiais. Falo de cada um agora:
Lúcia Helena: é professora de língua portuguesa e diretora do ensino noturno da EJA. Antes de ter a atual posição, era professora de adolescentes no ensino diurno. A personagem guarda lembranças ruins do passado e muitos traumas, um deles envolve seu filho. Com essa crise pessoal, ela para de dar aulas por três anos, até que volta à sala de aula a convite do diretor Jaci, por quem se apaixona e tem um caso. Com toda a carga dramática, Lúcia é a protagonista da série, cheia de falhas e conflitos.
Jaci: é o diretor e administrador da escola Carolina Maria de Jesus. Jaci é carismático, charmoso, fanfarrão e boa lábia. Tem uma personalidade forte e questionável para resolver as questões da escola. Ele é objetivo e eficiente ao resolvé-las, fazendo tudo com o mínimo de esforço possível. Antes de sua atual posição, ele lecionava no turno diurno, aonde conheceu Lúcia. O gestor tem a difícil missão de manter a rede de ensino em pleno funcionamento, mas tem que lidar ainda com seu problemático filho, Leonardo.
Sônia: é professora de História e Geografia do ensino noturno do EJA. Para ter uma renda a mais, leciona em outras escolas além de dar aulas particulares. Por ter uma rotina atribulada, fica exausta, mal-humorada e sem paciência na parte da noite. Ela é uma das professoras que não acredita com veemência no poder transformador da educação, dando uma aula chata, desejando que o dia termine logo. Ela toma remédios estimulantes, abrindo espaço para essa discussão polêmica.
Eliete: é professora de Matemática. Muitas vezes, é a que trouxe alívio cômico, alegria, senso de humor e leveza para a dura realidade da escola. Ela tem um jeito único de ensinar a matéria, criando rimas e versinhos animados. Eliete tem um posicionamento sensato para lidar com os problemas e dificuldades dos alunos tomando, muitas vezes, decisões complexas. Por ter sido criada em uma comunidade menos favorecida, Eliete entende muito bem as dificuldades de seus alunos. É mãe solteira, criando sozinha sua única filha. Para complementar a renda vende produtos cosméticos e joias. Evangélica, Eliete é bem resolvida com sua sexualidade, sendo uma mulher livre.
Marco André: é professor de Artes. Ele luta pelo bem estar dos alunos e por oferecer um ensino de qualidade para eles. Idealista, briga por colocar a disciplina artística no rol de matérias importantes do colégio. Vindo da escola particular, se depara com um ambiente bem diferente, de dura realidade. Por conta disso, Marco André age com ingenuidade frente aos problemas escolares. Se relaciona com a professora Sônia.
Solange: é aluna do EJA, que rouba um leite da cantina para alimentar o filho recém-nascido. Sua atitude não é aprovada pela maioria, fazendo com que ela abandone os estudos.
Natasha: mulher trans que luta diariamente contra o preconceito, opressão e transfobia. Ela é cobradora de ônibus durante o dia e estudante a noite. Muitos professores, principalmente a Eliete, compram a briga de Natasha, que é protagonista de polêmicas, já que muitos alunos não a aceitam do jeito que ela é.
Maicon Douglas: homem honesto, estudante que manda bem na escrita, mas que é vítima do sistema. Para sustentar sua família, realiza um assalto na sala de aula, que acaba em uma de tantas tragédias vivenciadas pelos alunos da Escola Carolina de Jesus.
Gislaine: estudante à noite e garota de programa durante o dia. Gislaine é uma excelente estudante, mas que sofre assédio e preconceito logo após descobrirem sua profissão.
Silvio: morador de rua que vê na educação uma forma de mudar de vida. É excelente em Matemática e com muitos sonhos. Sofre preconceito dos colegas de classe por conta de seu cheiro.
Jurema: senhora que sonha em terminar os estudos. Ela é esforçada, mesmo que não seja tão inteligente. É capaz de enfrentar até seu marido machista para estudar. Jurema é uma católica fervorosa, o que faz reprovar as atitudes de muitos alunos e professores da escola.
Aline: aluna do ensino noturno, sofre com seu namorado possessivo e tóxico.
Joelma: aluna que vive constantemente na defensiva, sempre desconfiando de tudo e todos. Tem um passado duro.
Jiraya: jovem que contrabandeia medicação tarja preta pelos arredores da escola.
Valquíria: aluna nova que sofre preconceito por ser ex-presidiária.
Javier e Alejandra: estudantes venezuelanos que sofrem ataques dos colegas, por venderem lanche mais que os vendedores locais.
Pedro e Marcia: casal de alunos evangélico que passam por várias situações em que suas fés são postas à prova frente a outras religiões. É um casal tradicional, que arruma briga até mesmo quando uma aluna precisa amamentar seu filho.
Abertura e trilha sonora
O tema de abertura é Comportamento geral, de Gonzaguinha e é interpretado com maestria por Elza Soares. A abertura tem matizes de cores sóbrias, como bege, amarelo queimado e tons esverdeados, com cenas envelhecidas. Objetos e cenários da escola se misturam com objetos do dia a dia dos professores e alunos. Tudo é caótico, mostrando que a escola está totalmente abandonada. Assista:
A trilha sonora é de altíssima qualidade, com o melhor da música brasileira. Destaco a música AmarElo (Sample: Belchior - Sujeito de Sorte) com Emicida, Majur e Pabllo Vittar que embalou muitas tramas e foi repetida à exaustão na série. Veja e ouça (quem sabe não faço um Entre Frames dela em breve?):
Produção
A série, diferente de muitas da Globo, foi escalada para a TV aberta e, somente depois, disponibilizada no serviço de streaming da emissora (GloboPlay). A produção foi gravada na antiga Escola do Jockey Club de São Paulo.
Audiência
A série manteve uma boa audiência em todo o seu período de exibição. Por mudanças de estratégia na programação, a Globo passou a exibir logo após A dona do pedaço, o que gerou o dobro de audiência, de 11 para 22 pontos.
Prêmios
A série, diferente de muitas da Globo, foi escalada para a TV aberta e, somente depois, disponibilizada no serviço de streaming da emissora (GloboPlay). A produção foi gravada na antiga Escola do Jockey Club de São Paulo.
Audiência
A série manteve uma boa audiência em todo o seu período de exibição. Por mudanças de estratégia na programação, a Globo passou a exibir logo após A dona do pedaço, o que gerou o dobro de audiência, de 11 para 22 pontos.
Prêmios
Ela foi premiada no Troféu APCA nas categorias Melhor Série e Melhor atriz (Débora Bloch).
Crítica
Segunda chamada é uma série de qualidade. A produção chama a atenção por conta do roteiro realista e bem elaborado, elenco de peso com atores veteranos e novos (que mandam muito bem), bons plots e histórias, fotografia e direção de arte impressionantes.
A atuação dos atores está brilhante. Destaque para Débora Bloch (não foi à toa ela ter ganhado um prêmio), que soube imprimir toda a dor da sua personagem de uma forma encantadora; e Linn da Quebrada, que emocionou a todos com seus dramas, além de impressionar a todos com sua qualidade vocal.
A série é recheada de boas histórias. As histórias são dramáticas, tensas e que, com certeza, me deixaram vidrado e ligado aos capítulos. A série é de uma carga dramática e emotiva sem comparação.
As autoras ficaram orgulhosas de sua história ter encantado e impactado as pessoas, principalmente os professores, que se identificaram e acreditaram que o universo criado por elas é bem próximo à realidade que eles vivem.
O trabalho de câmera e enquadramento também merece destaque. Ele teve o intuito de captar os elementos dramáticos da melhor forma, dando destaque aos dramas vividos pelos personagens.
A realidade criada pela direção de arte também é outro ponto a favor. Tudo é o mais real possível: salas sujas, paredes acabadas, infiltração durante a chuva, entre vários elementos.
Enfim, Segunda chamada é uma série brasileira de qualidade. Realista, tensa e contundente até demais. A recomendo.
Sobre a segunda temporada
Ainda no mês de sua estreia, em 11 de outubro de 2019, foi confirmada pela Globo a segunda temporada para esse ano ainda. O intuito é manter apenas os professores, já que os alunos tiveram suas histórias e arcos concluídos. Então, a nova temporada contará com novos alunos e novas histórias.
A segunda temporada só foi possível devido ao sucesso de público e crítica da primeira temporada.
Os novos capítulos (12 novos episódios) são mais desafiadores do que a temporada antecessora, por falar de uma realidade mais doída e precária dos alunos da escola. Jaci, Lúcia, Eliete, Sônia e Marco André terão que gerenciar, mais uma vez, as histórias desses alunos. Também veremos na nova temporada o desenrolar da vida dos professores e diretor.
A nova temporada abordará, também, assuntos delicados e polêmicos, como abuso, intolerância racial, alcoolismo, adoção, transtornos e os problemas visíveis e palpáveis da educação pública.
Esse foi o Quinta de série de hoje. E você, já conhecia a série? Tem vontade de ver? Diga tudo nos comentários! J-J
Por: Emerson Garcia
Oi, Emerson como vai? Eu assisti alguns episódios da primeira temporada e gostei, infelizmente não pude acompanhar todo o seriado. De todo modo é uma excelente notícia saber que haverá uma segunda temporada, pois a série é excelente e vale muito a pena ser vista. Ótima dica. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Elogio as suas publicações que obrigam a ter tempo para ler com calma...E o tempo... custa tanto... tempo. ( Lol)
ResponderExcluir.
Cumprimentos poéticos
Proteja-se
Realmente. Faço os posts com muito carinho e dedicação.
ExcluirOI Émerson, na época que foi lançada essa série, quando eu vi a chamada, eu me interessei em assistir,. Mas acabei não conseguindo tempo. Já tinha me esquecido dela. Muito obrigada pelo post e por ter me lembrado da série.
ResponderExcluirbeijos
Chris
Inventando com a Mamãe / Instagram / Facebook / Pinterest
Por nada. Assista, pois vale muito a pena.
ExcluirGracias por la recomendación, buen fin de semana
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