quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Minissérie 'O Auto da Compadecida' retorna após 20 anos com repaginações


De 7 à 10 de janeiro a Globo reexibiu um de seus maiores sucessos em termos de minisséries: O Auto da Compadecida. Baseada na peça de Ariano Suassuna, a produção foi apresentada pela primeira vez há 20 anos - em 5 de janeiro de 1999. Em sua íntegra de capítulos ela só fora apresentada pelo Canal Viva (2012 e 2014). O Auto da Compadecida é um ode à cultura nordestina, religião e regionalismos que nessa exibição ganhou roupagens, edições, acréscimos, remasterizações, efeitos visuais, e até mesmo uma abertura.

Logo no primeiro frame uma novidade: os inícios dos capítulos são ilustrados com imagens que remetem à arte bizantina. Os desenhos parecem que foram pintados sob uma parede, com cores fortes e alegres - como o amarelo, bordô, dourado e azul. Não sei quem foi o criador dessas imagens, mas elas foram muito bem feitas. 

  

O diretor e produtor da minissérie também a remasterizaram, com o intuito de reforçar as cores e as definições das cenas. Também foram tirados arranhões da obra original e a imagem ganhou mais brilho e vida. 

Os efeitos especiais foram refeitos, como o céu do julgamento e o inferno. Atualmente há tecnologias digitais e efeitos visuais mais avançados que os utilizados em 1999. Desse modo, a personificação dos personagens pintados da parede está mais convincente, assim como o diabo mais aterrorizante.  

Os efeitos sonoros também passaram por uma repaginação. As vozes dos personagens estão mais audíveis e limpas. Em algumas cenas, elas envolvem o telespectador de uma forma única.

Guel Arraes, diretor da produção, disse que O Auto da Compadecida é uma obra aberta, que sempre pode passar por reparações para se tornar mais inesquecível do que já é:

"É muito doido. O negócio está pronto há 20 anos, e você entra lá e faz de novo uma parte. Isso foi muito bacana. É uma obra que não termina, de certa maneira."



A Globo presenteou os telespectadores com uma hora de material inédito que não estava no filme. Sobre isso, o intérprete de Chicó, Selton Mello, disse o seguinte:

"Essa uma hora a mais que tem na minissérie eu já não lembro mais o que é que tem. Eu só lembro que tinha um gato que descome dinheiro. O resto não lembro mais nada, porque a gente se acostumou nesses 20 anos a ver o filme."


A minissérie, como das outras vezes, foi dividida em quatro capítulos, são eles: O testamento da cachorra, O gato que descome dinheiro, A peleja de Chicó contra os dois ferrabrás e O dia em que João Grilo se encontrou com o diabo. Os três primeiros episódios tiveram entre 36 a 37 minutos e o último 47 minutos. Essa divisão muda a forma de assistir, pois cada episódio contou com um foco distinto, diferentemente do longa que eram vários focos sequenciados. 

Também foi produzida uma nova abertura para a série, com artes bizantinas e o toque simples e regional de violões e outros instrumentos, que por sinal é muito mais bonita e produzida que a abertura de 1999. Assista e compare:









Com a reexibição da minissérie O Auto da Compadecida há uma inauguração de uma nova geração de fanáticos pela estória de Chico e João Grilo. Depois de 20 anos, a minissérie está mais jovial, por conta de seus aspectos visuais, mas continua a falar sobre religionalismos e religião, para os fãs antigos. Além disso, é uma obra que provoca o riso por meio das peripécias dos protagonistas e se aproxima dos espectadores devido aos diálogos simples e inteligentes. 

Permitir que a obra fosse ao ar em 2020 é uma tentativa de dar voz para tantos Chicós e Joãos Grilos do nordeste do país, colocados de lado pela burguesia e sudelistas. O diretor, Guel Arraes, disse que a obra é um painel popular do Brasil com o intuito de incomodar políticos, artistas e empresários sobre a realidade do nordeste e dos nordestinos - um povo esperto, safo e que consegue se divertir, ter humor, como retratado na minissérie. Enfim, ao ver a produção novamente percebi que ela é uma crítica à religião, uma sátira ao "jeitinho brasileiro" de lidar com as situações e de mentir, mas também um alerta sobre a pobreza e a fome, pois os personagens estão sempre atrás de comida. Ainda em 2020, O Auto da Compadecida é uma série atual, e não falo isso somente por conta das atualizações da produção, mas também pelos assuntos tratados. J-J

Por: Emerson Garcia

9 comentários :

  1. Um dos poucos longa metragens com produção brasileira que valem a pena ser assistido. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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    Respostas
    1. Com certeza vale muito à pena. Uma verdadeira obra-prima brasileira.

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  2. Uma obra maravilhosa e inspiradora

    Beijos
    www.pimentadeacucar.com

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  3. OI Émerson, eu acho essa série sensacional. Gostei de ver você falando dela aqui no seu blog.
    beijos
    Chris
    Inventando com a Mamãe / Instagram  / Facebook / Pinterest

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  4. Conhecia e gostei de ver
    Bom post
    Abraço
    Kique

    Hoje em Caminhos Percorridos - Dica de beleza - Cabelo

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  5. Eu vi um excerto no Facebook e achei genial!!
    xoox

    marisasclosetblog.com

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