No Entre Frames de hoje analiso o clipe The Greatest da cantora Sia. Lançado no dia 5 de setembro de 2016, ele é uma homenagem às vítimas do atentado à boate Pulse, em Orlando (EUA) no dia 12 de junho de 2016. No dia que comemora-se o amor no Brasil, uma atitude de desamor acabou com os sonhos e a vida de 49 pessoas.
O clipe tem participação de Kendrick Lamar e Maddie Ziegler e direção de Daniel Askill. No Youtube ele tem mais de 580 milhões de visualizações e 3,7 milhões de curtidas.
A mensagem é claríssima. Não há maquiagens ou filtros. Tudo alude ao atentado, seja o uso de cores, as câmeras ou a quantidade de figurantes utilizados (49, assim como as vítimas do massacre). Apesar de possuir uma coreografia alegre e contagiante, a produção é de clima de tristeza em seus 5 minutos e 51 segundos de duração. Assista:
#WeAreYourChildren
Logo no início do clipe aparece essa 'hashtag', que em português significa "Nós somos seus filhos". Refletindo, cheguei ao seguinte pensamento: ser filho de alguém é levar o legado e a herança, e o que Maddie (mini Sia) e os demais figurantes fazem no clipe é isso: eles são filhos das vítimas do atentado e são suas vozes e gritos. Isso é muito interessante. Acho que por esse motivo, o clipe conta com várias crianças dançarinas.
Estética do clipe
Em sua maior parte (0:00 - 3:30) o clipe é totalmente obscuro e apresenta cores como o cinza, preto e o azul escuro. Essa ambientação casa com o momento em que os figurantes vivem em um espaço de aprisionamento, de prisão mesmo.
Aos 3:31 o cenário muda. As paredes que eram cinzas e marrons, agora são vermelhas. Cores quentes invadem um ambiente que outrora era de cores frias. Mesmo assim, a falsa liberdade dos dançarinos ainda é percebida. Ou seja, apesar de estar em um ambiente mais alegre, o clima é de tristeza.
Simetria e movimentos de câmeras
Em sua maior parte, o clipe é simétrico. Os objetos, dançarinos e a Maddie ficam enquadrados no meio da tela.
Por sua vez, os movimentos de câmeras são ousados, dando closes nas cenas (4:42), no rosto da mini Sia (5:03) e nos corpos no chão (0:57) e "passeando" por entre as ambientações (3:01). De maneira geral, gostei muito dos movimentos de câmera que souberam contar a história do clipe.
Barulho sonoro
No início do clipe (0:00 - 1:04) e no final (4:39 - 5:51) surge um som ensurdecedor e angustiante que parece não ter fim. Acredito que ele fora colocado de forma proposital e serve para chamar a atenção e incomodar mesmo.
Corpos no chão
Aos 0:08 e 4:39 aparecem vários corpos espalhados no chão, em alusão ao que aconteceu na boate Pulse. Achei essa parte bem verídica.
Um propósito
Em todo o momento, os dançarinos e a Maddie dançam juntos e ficam unidos em um mesmo propósito. Acredito que o propósito é denunciar a violência e a homofobia. Preste bem atenção ao que acontece aos 0:14!
Simbologia
Aos 0:21 mini Sia aparece com as mãos e o corpo sujos de carvão. Acredito que essa sujeira serve para incomodar e chamar a atenção.
Já aos 0:24 ela pinta seu rosto com as cores da bandeira LGBTQ+. Ela é a única no clipe que tem o rosto pintado com essas cores. Os dançarinos, por sua vez, possuem o rosto pintado de azul escuro. Sabemos que o azul é uma cor melancólica, triste e representa a tristeza no filme Divertida mente.
Revolta!
Em vários momentos, como aos 0:40, mini Sia aparece revoltada. A revolta é com a negligência e com relação às pessoas LGBTQ+. Tal revolta é verificada por seu rosto e seus movimentos corporais.
Liberdade?
Em vários frames os dançarinos e Maddie parecem estar livres, por dançarem e estarem em movimento, mas essa liberdade é falseada, porque eles estão em ambientes obscuros e tristes.
A coreografia da música, embora libertadora, apresenta vários gestos e feições de alguém que está preso, algemado. Percebam aos 1:48 quando é coreografado o refrão da música. O balançar de cabeças, mãos e gestos são todos subliminares - como quando a mini Sia e os figurantes fazem movimentos com a cabeça aos 1:10.
A falsa liberdade pode ser verificada quando Maddie quebra o portão da prisão aos 1:20, como sinônimo de "liberdade" e "libertação". O interessante é que nesse momento as pessoas que estavam caídas no chão e presas correm, fogem e dançam o refrão da música em um corredor.
Interação
Há muitas interações da mini Sia e dos dançarinos nesse corredor quando, por exemplo, a Maddie faz uma estrelinha (1:39); quando interage com os figurantes (1:38); quando os figurantes parecem pedir ajuda e levantam as mãos para uma parede que tem uma uma janela (2:00); quando os dançarinos estendem as mãos e pedem ajuda à Maddie (2:07); e quando ela levanta os rostos dos figurantes (2:09).
Tais interações podem significar vida, mas o que percebi nas pessoas é que todas elas não tem vida e estão mortas e que qualquer tipo de interação é em vão. Como quando um menino negro parece pedir ajuda aos 2:12.
Mais coreografias e gestos
Aos 2:23 mini Sia corre por um corredor sozinha, como sinônimo de uma falsa liberdade e como se estivesse pedindo ajuda. Ajuda esta que também verificada aos 3:26 quando ela parece pedir socorro. Maddie também parece levar um susto aos 3:09, acredito eu que por conta do massacre.
Aos 2:40, por sua vez, Maddie invade uma sala e os figurantes e ela começam a fazer gestos com mãos nos rostos e vários movimentos, até que fica no meio deles (2:50).
Por fim, aos 3:13 um grupo de figurantes se junta à dançarina principal na parede e fazem coreografias, entre elas uma em que parecem estar de olho no telespectador (3:19).
Figura dourada
Aos 3:06 aparece uma figura dourada na parede esquerda que não consegui identificar ainda.
Azul e vermelho
Como falado no segundo tópico, a partir de 3:31 a ambientação e a estética do clipe muda. Um jogo de luzes azul e vermelho (cores da bandeira dos EUA) invade a cena, assim como há vários globos de luzes coloridas no chão e uma parede vermelha ganha vez.
Na parede ao fundo há 49 buracos (3:39), em alusão aos tiros e às 49 pessoas assassinadas na boate. Essa alusão é repetida também com os 49 figurantes e dançarinos do clipe.
Como robôs e mortos
Como falado, à todo momento a alegria e a liberdade no clipe parecem ser falseadas. Como exemplo disso está o frame em que a Maddie parece ser um robô, por conta de seus gestos e coreografias bem secos e robotizados aos 3:55. Tais passos são repetidos pelos figurantes, que aos 4:15 parecem não ter mais vida e alegria, estando anestesiados e sem vontade própria, até que caem no chão novamente e "morrem".
Menininha ganha a cena
Aos 4:12 uma garotinha ganha a cena com seus movimentos duros e sem vida.
Várias cenas
Aos 5:11 repete-se várias cenas do clipe.
Mini Sia acorda
Depois que todos caem no chão e morrem, a câmera se aproxima dos corpos até chegar no rosto de mini Sia, que acorda no meio da multidão aos 5:03.
O clipe é finalizado com ela chorando sob uma parede vermelha aos 5:24. Um frame bem poético e emblemático.
Crianças
Várias crianças estão presentes no clipe. Elas significam diversão, descontração, pureza e inocência. Foram utilizadas com o intuito de serem equiparadas àqueles inocentes que morreram por motivos banais.
Melodia
A música traz uma melodia envolvente e contagiante. A entrada dela apresenta boas batidas e um bom ritmo. É para dançar mesmo, embora com a temática pesada. Os barulhos ensurdecedores no início e no final do clipe dão à melodia um ar mais pesado.
Letra
A letra fala de empoderamento, alegria e vigor (apesar de serem poucos) e liberdade (apesar de inexistir). A letra fala de nunca desistir, de manter o foco, a fé e a esperança. Deixo um trecho forte pra vocês: "I'm free to be the greatest, I'm alive I'm free to be the greatest here tonight, the greatest The greatest, the greatest, alive The greatest, the greatest, alive" (Eu sou livre para ser a melhor, estou viva Eu sou livre para ser a melhor esta noite, a melhor A melhor, a melhor, viva A melhor, a melhor, viva). J-J
Por: Emerson Garcia
hahah adoro os clipes da Sia. Dá uma vontade de sair quebrando tudo hahahahAH
ResponderExcluirUm beijo,
www.purestyle.com.br
Realmente é um som muito bom e contagiante.
ExcluirOlá,
ResponderExcluirAchei bem legal a ideia da coluna. A música é ótima.
até mais,
Nana - Canto Cultzíneo
Estamos na sétima edição.
ExcluirIn love!
ResponderExcluir❤ Mary María Style ❤
Muito bacana essa seu post, bem explicativo sobre o clipe. Achei a música boa! Os Delírios Literários de Lex
ResponderExcluirQue bom que gostou.
ExcluirBoa semana!
Nunca tinha ouvido falar nessa cantora, gostei do vídeo;)
ResponderExcluirBjs!
Confesso que não a conhecia, tampouco esse clipe. Mas achei muito interessante a análise que fez! A música também é incrível!
ResponderExcluirBeijo!
www.coresdovicio.com.br
Ótimo que gostou.
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