sábado, 12 de outubro de 2019

Reflexões sobre as gangorras colocadas na fronteira México e Estados Unidos



E se povos diferentes pudessem ser unidos por uma simples gangorra? Foi com essa ideia que o arquiteto norte-americano Ronald Rael e a designer Virginia San Fratello criaram gangorras entre os vãos de um muro entre El Paso (EUA) e Ciudad Juaréz (México), com o objetivo de unir de forma lúdica os dois lados. 

As peças de metais foram colocadas entre os vãos do muro, sendo pintadas na cor rosa. A escolha dessa cor foi com o intuito das gangorras serem vistas à distância e por causa do contraste que ela possui com o entorno. Rael disse o seguinte: 

"As áreas de fronteira são áreas de contrastes - e o rosa faz contraste com o lixo, o deserto, o metal. É muito brilhante, traz alegria”.


O rosa também é uma forma de lembrar a época violenta da Ciudad Juárez, principalmente nos anos 90, em que várias mulheres morreram ou desapareceram. 

Nas redes sociais, vídeos e fotos foram divulgados, em que mostram a experiência e alegria das pessoas ao brincarem nas gangorras. 




One of the most incredible experiences of my and @vasfsf’s career bringing to life the conceptual drawings of the Teetertotter Wall from 2009 in an event filled with joy, excitement, and togetherness at the borderwall. The wall became a literal fulcrum for U.S. - Mexico relations and children and adults were connected in meaningful ways on both sides with the recognition that the actions that take place on one side have a direct consequence on the other side. Amazing thanks to everyone who made this event possible like Omar Rios @colectivo.chopeke for collaborating with us, the guys at Taller Herrería in #CiudadJuarez for their fine craftsmanship, @anateresafernandez for encouragement and support, and everyone who showed up on both sides including the beautiful families from Colonia Anapra, and @kerrydoyle2010, @kateggreen , @ersela_kripa , @stphn_mllr , @wakawaffles, @chris_inabox and many others (you know who you are). #raelsanfratello #borderwallasarchitecture #teetertotterwall #seesaw #subibaja
Uma publicação compartilhada por Ronald Rael (@rrael) em


O conceito das peças já existe há 10 anos, desde 2009, quando a política da Lei de Cerca Segura foi desenvolvida pelo então presidente George W. Bush, mas só foi desenvolvido no final de junho desse ano, de acordo com o jornal The Guardian.



A construção das gangorras levam a uma série de reflexões, embora a experiência tenha oferecido entretenimento e diversão em um primeiro momento. Primeiro, os objetos são uma forma de protesto contra as políticas migratórias americanas que surgiram já há algum tempo. Na concepção de muitos, o local onde a cerca está instalada é um ambiente de desigualdade, preconceito e desequilíbrio. 

Segundo, colocar gangorras ali tem o sentido de unir povos diferentes e equilibrá-los. Esses objetos construídos me lembrou a amizade entre um alemão e um judeu, por meio de uma cerca, no livro e filme O menino do pijama listrado. Assim como eles eram unidos apesar das diferenças, as pessoas que sentam de um lado ou de outro se unem também. Veja o que o arquiteto Rael disse em um post no Instagram:


“O muro tornou-se um fulcro literal para as relações EUA-México. Crianças e adultos foram conectados de maneira significativa em ambas as partes, com o reconhecimento de que as ações que acontecem de um lado têm uma consequência direta no outro”.

Terceiro, as gangorras só funcionam com a participação de ambos os lados, ou seja, se forem adotadas ações de um lado (Sejam positivas ou negativas) elas interferirão diretamente do outro. Não é possível tomar medidas em um país, sem que elas interfiram em outros. Por isso é importante o respeito, a compreensão e a alteridade. Apesar de ambos os lugares estarem separados por um muro, eles necessitam um do outro. Interações, mesmo que indiretas como por meio dessas gangorras, são possíveis e mais que necessárias.






A ideia é que as gangorras sejam instaladas em outros lugares da fronteira, e por que não dizer em outros países que vivem em pé de guerra?! Seria muito interessante colocar uma entre a fronteira brasileira e argentina, entre a judaica e arábica e entre a Coreia do Sul e do Norte. Por mais simples que um objeto possa parecer, ele tem surtido efeitos. Espero, de coração, que diferenças socieconômicas, raciais, de gênero, de sexo etc. possam acabar. As gangorras foram o primeiro passo e significativo. J-J


Mais informações
Site
Instagram do Ronald Rael


Por: Emerson Garcia

10 comentários :

  1. Eu já tinha isto isto na tv, achei uma ideia tão engraçada, uma bela maneira de mostrar a união mesmo que separados!!
    xoxo

    marisasclosetblog.com

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  2. Que possamos em cada gesto, cada escolha, atitude e palavras sermos portadores de união... É disso que o nosso mundo precisa!
    Amei a postagem!
    Um abraço carinhoso

    ResponderExcluir
  3. em 2019, devemos construir pontes, não muros ♥


    Beijinhos
    n. // www.fashionjacket.com.br

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  4. Eu achei a ideia incrível, mas isso é tão triste de ver. Guerras e desigualdade numa fronteira invisível que usam como forma de separar as pessoas
    Beijos
    http://www.dearlytay.com.br/

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