Quinta de série: The X Factor BR

Pode conter spoilers!

No Quinta de série de hoje falarei do programa musical The X Factor Brasil. Exibido na Band e no TNT de 29 de agosto de 2016 à 24 de novembro de 2016, contou apenas com uma temporada, totalizando 26 episódios. O formato original foi criado por Simon Cowen e se chama The X Factor. A versão brasileira foi dirigida por Guilherme Pendino, apresentada por Fernanda Paes Leme e com os bastidores de Maurício Meirelles. Os jurados foram Alinne Rosa, Di Ferrero, Paulo Micklos e Ricardo Bonadio. A primeira temporada teve como ganhador o cantor Cristopher Clark, que ganhou um contrato de gravação com a Sony Music.

O The X Factor BR teve a mesma missão que as outras versões, principalmente a do Reino Unido: a de encontrar participantes que possuam o Fator X e descobrir a nova estrela da música brasileira. O Fator X seria o diferencial, a surpresa e o ponto alto dos competidores.

As inscrições foram abertas para qualquer pessoa a partir de 16 anos. Os inscritos eram divididos nas seguintes categorias: grupos (incluindo duplas, trios, grupos vocais e dançantes), homens, mulheres e adultos. Cada um deles era mentorado por um dos jurados: Paulo Micklos, Di Ferrero, Alinne Rosa e Ricardo Bonadio, respectivamente. 

O interessante do programa era perceber que não era preciso dominar técnicas vocais ou ter uma bela voz para ser selecionado. O que contava, e muito, era a performance no palco, o fator X. Desse modo, contava a química, entrosamento e cumplicidade, caso fossem grupos; e a presença de palco e inventividade, caso fossem solos. 

No processo de inscrição era preciso enviar um vídeo de no máximo 2 minutos inédito e recente, gravado exclusivamente para uso do programa e para a avaliação da produção. O participante teria que cantar uma música sem fundo musical, qualquer edição de imagem ou voz e sem instrumentos. Se o vídeo chamasse a atenção da produção, ele era selecionado para a primeira audição. Foram permitidos participantes de países da América do Sul e da Angola, contanto que falassem língua portuguesa. 

As audições gerais ocorreram na Arena Corinthians, em São Paulo, e reuniu pessoas de diversos estados. Foram 30 mil candidatos que passaram por dois dias de seleção. Somente 104 participantes foram aprovados para a próxima fase, que foi a de audições (saiba mais no próximo tópico). Essa fase foi dividida em oito episódios. 

Fases da competição

O programa foi dividido em quatro fases de competição, são elas: audições, centro de treinamento, desafio das cadeiras e shows ao vivo. Falarei de cada uma delas agora:

Fase 1 - Audições

Depois de ser selecionado, o candidato (seja de que categoria for) se apresentava para os jurados com uma canção de sua preferência. No final, os jurados avaliavam a apresentação e devem votar SIM ou NÃO sobre a apresentação e os motivos. Se a maioria dissesse SIM, o participante avançava para a próxima fase. Nessa etapa, 100 candidatos avançaram. 

Fase 2 - Centro de treinamento

Nessa fase, os candidatos foram divididos em quatro categorias (homens, mulheres, adultos e grupos), sendo que cada jurado ficou responsável por uma delas. Os participantes foram desafiados a cantarem na capela e a desenvolverem toda sua presença de palco. Os jurados avaliaram a harmonização de voz, desenvolvimento no palco e a capacidade dos participantes de trabalharem com outros artistas.

Apenas nessa fase é que os jurados descobriram qual categoria iriam mentorar, com a ajuda, de Péricles, Tiago Iorc, Fernanda Abreu e Ludmilla. 

Após a seleção, quarenta participantes (sendo dez de cada categoria) avançaram para o Desafio das cadeiras. 

Fase 3 - Desafios das cadeiras

Os selecionados se apresentam individualmente aos jurados e o mentor de cada categoria decidiu quem sentava em cada uma das quatro cadeiras, fazendo substituições. Dezesseis competidores se classificaram para os Shows ao vivo. 

No final, 16 participantes - sendo 4 de cada categoria - avançaram para os Shows ao vivo. 

Fase 4 - Shows ao vivo

Na última fase do programa, os dezesseis participantes competiram entre si. Agora, o público é quem decide o destino deles a partir de votação por telefone, mensagem de texto e internet. Dentre os três menos votados, o que recebeu a menor quantidade de votos foi eliminado enquanto os outros dois recebiam uma nova oportunidade. Dessa vez, após uma nova apresentação, a decisão de quem permanecia na competição foi dos jurados. Em caso de empate, o menos votado foi eliminado. 

Os Shows ao vivo eram compostos por apresentações individuais e gerais, com todos os competidores. A cada semana, um tema era proposto. Os temas foram: livre; Hallowenn; retrô; trilhas de filme e grandes hits; escolha do jurado e escolha do participante; e escolha dos finalistas. 

Categorias e jurados 

Como falado anteriormente, cada jurado ficou com uma categoria. Fernanda Paes Leme foi a primeira a ser escolhida, ela comandou a atração. Depois foram confirmados Rick Bonadio, Alinne Rosa, Di Ferrero e Paulo Micklos como jurados.

A final do programa foi composta assim: Paulo Micklos (grupos - Ravenna, Valter Júnior e Vinícius, O clã e TropeirÁfrica), Di Ferrero (homens - Conrado Bragança, Diego Martins, Miguel EV e Eli), Alinne Rosa (mulheres - Jenni Mosello, Heloá Holanda, Naomi Dominguez e Ariane Villa Lobos) e Rick Bonadio (homens - Cristopher Clark, Rafael Oliveira, Prih Queiroz e Tamires Alves). 

O mentor vencedor foi Rick Bonadio, com Cristopher Clark. A vice-liderança ficou com Alinne Rosa, com Jenni Mosello. 

Melhores apresentações 

The X Factor Brasil, apesar de ser bastante floppado, contou com algumas melhores audições (Tá, tá certo que tiveram apresentações não tão boas assim!). Resolvi destacar cinco audições, são elas: Cristopher, Tamires, Rafael, Luan Lacerda e Jenni. Assista:

Abertura 

Apresentava um 'X' viajando por toda a galáxia, ao som de uma música instrumental. 

Controvérsias 

The X Factor Brasil foi marcado por várias controvérsias, a principal delas foram as reclamações de candidatos nas redes sociais que ressaltaram a falta de estrutura e organização por parte da produção do programa, como: poucos banheiros químicos para cerca de 15 mil inscritos, filas intermináveis do lado de fora do estádio com atraso para ouvir os inscritos, o que causou a desistência de muitos. A situação controversa chegou até o ponto de candidatos pedirem o cancelamento do reality no Brasil.

Por meio de uma nota, a FremantleMedia pediu desculpas pelo ocorrido, pois ela não previa a quantidade de participantes e disse que providências seriam tomadas para que isso não voltasse a acontecer nas próximas fases da competição.

A qualidade de muitos dos selecionados não fazia jus ao Fator X. Eram candidatos tão medianos e/ou medíocres que não valia a pena continuar assistindo ao programa. Os comentários dos jurados, por sua vez, não eram muito técnicos e precisos, com exceção dos do Rick Bonadio e Paulo Micklos. 

Essas controvérsias fizeram com que o programa fosse floopado e cancelado. 


Insucesso da versão brasileira 

O jornalista e blogueiro Mauricio Stycer elencou seis motivos para que o programa fosse um fracasso no Brasil. Resolvi transcrevê-los a partir do meu entendimento. Seguem:

1- Jurados e apresentadora: a escolha dos quatro jurados não foi boa. Eles não formaram um grupo de ponta. Não havia discordâncias entre eles e, quando havia, era algo forçado. Rick Bonadio, apesar de ser um excelente produtor, não agregou muito nas suas opniões. Já Di Ferrero foi um dos jurados mais incoerentes da história de musicais, não tendo a capacidade de julgar e de "destruir sonhos". A cantora baiana Alinne Rosa foi incoerente, sendo fofa e tentando imitar o que a Cláudia Leitte fazia no The Voice Brasil. Já o ex-Titãs, Paulo Micklos, não soube definir uma postura rígida. Ele e o Rick Bonadio eram para ser os carrascos do programa, mas não foram. Já a apresentadora Fernanda Paes Leme possui carisma sobrando, mas estava crua para apresentar sozinha um programa. Ela errou algumas vezes nos programas ao vivo e problemas de áudio pioraram seu desempenho. 

2- Candidatos: como falado anteriormente, eles estavam abaixo do nível que se esperava. Foi de contar nos dedos os candidatos realmente inovadores e com o X Factor. 

3- Produção e seleção: como falado no tópico anterior, a produção e seleção do programa foram bastante problemáticas, o que deixou o programa com uma percepção negativa. 

4- Concorrência: programas desse gênero já estavam saturados na televisão. Talvez isso contribuiu para seu insucesso. 

5- Dia de exibição: o programa era exibido duas vezes por semana. Se ele fosse concentrado em apenas uma, seria mais atraente. 

6- Timing errado: depois de muito tempo que o programa fez sucesso em vários países, é que ele chegou ao Brasil. Isso pode ter sido um motivo importante para seu fracasso. 



Audiência 

Dados divulgados pelo Ibope mostraram que o programa estava fadado ao floop. Em sua estreia, assumiu a vice-liderança com 5,4 pontos, mas os números só caíram a cada episódio. A audiência consolidada chegou à 2,4 e até mesmo 1,7 pontos. A final do programa teve audiência menor que a de um episódio normal de MasterChef Brasil, de acordo com o F5. 

Vencedor: Cristopher Clark

O grande vencedor do programa foi o rockeiro Cristopher Clark. Ele cantou se não todas, a maioria das músicas em inglês. Relembre algumas das apresentações mais bombadas dele agora:


1. Audições

Soltou a voz com o hit de Bruno Mars, When I was Your man. Bonadio disse o seguinte sobre a sua apresentação: "Você tem 43 anos e é um talento. Cantou bonito e tem uma presença de palco marcante".

2. Desafio das cadeiras

O cantor fez uma releitura incrível de Set fire to the rain, da Adele. 

3. Shows ao vivo

Cristopher levou o púlico ao delírio com I don't wanna miss a thing, do Aerosmith. 

4. Shows ao vivo 2

Clark cantou uma música do Queen, Somebody to love. 

5. Centro de treinamento

O cantor impressionou a todos cantando Super duper love, de Joss Stone. 

Ele lançou o disco pela Sony Music. O álbum foi totalmente produzido pelo seu mentor no programa, Rick Bonadio. O cd possui 14 faixas, reunindo 10 veersões já famosas - interpretados por ele no talent show da Band - e outras quatro autorais. Você pode ouvir o cd completo em seu site. 



Crítica

The X Factor Brasil tinha tudo para ser um programa interessante e longevo, mas por conta de vários problemas isso não foi possível. Eu assisti até o final porque gosto de criticar e queria saber quem venceria, mas não é um programa/série que recomendo. Tudo bem que ele possui uma fotografia bonita, algumas boas apresentações e até uma direção de imagem competente, mas a produção deixou muito a desejar. 

O reality poderia ser melhor trabalhado e produzido e, quem sabe, ganhar até mesmo uma segunda temporada. Contudo, ele foi cancelado (A Band rompeu os direitos com a Criadora do programa) e aberto para alguma emissora comprá-lo e reformulá-lo. Quem sabe um dia possamos assistir uma versão melhorada dele. Quem sabe... J-J

Por: Emerson Garcia