A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística

O livro A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística de Nilson Lage mostra como um repórter se posiciona diante dos fatos, tendo o cuidado com as pautas, fontes, entre outros, em suas matérias jornalísticas. O autor conceitua o repórter no tempo ao colocar, em um primeiro momento, como um interpretador político. Essa postura, de acordo com ele, envolvia sensacionalismo, por isso, é estabelecido o surgimento da reportagem.

O repórter, portanto, passa a ser mais fiel aos fatos, utilizando-se de dados objetivos e de uma relação com as fontes mais contextualizada. A apuração muda de forma e o jornalista passa a ser testemunha da realidade. Esse conceito faz com que ele seja os “olhos e os ouvidos” dos consumidores de informação, já que, ao contrário destes, ele está presente diante dos fatos. Lage explica que o repórter precisa assimilar a realidade a partir da percepção que ele possui. Para isso, nos capítulos seguintes ele traz um repertório que faz parte do mundo do repórter, do seu dia-a-dia, e o modo como ele deve proceder para que sua matéria seja objetiva e não-tendenciosa.

Os tópicos que o autor apresenta são bem conhecidos para os alunos de jornalismo, e são aprendidos logo no início do curso, por volta do 2º semestre. É interessante compreender cada passo de uma apuração jornalística para não incorrer em erros graves. Com esse intuito, os capítulos seguintes se apresentam como dicas para os estudantes de jornalismo. É o que acontece com o capítulo Pautas & Pautas, onde o autor explica como o repórter deve compor uma pauta, como ela precisa ser planejada, para que seja bem-sucedida e não se torne fria. Já com relação às fontes, o repórter precisa compreender a importância de cada uma das fontes e pesquisar quem pode discorrer do assunto. O repórter precisa ter uma relação de cumplicidade com estas e criar vínculos profissionais com as mesmas. Em uma relação de vínculo, Lage explica como o repórter deve lidar com o entrevistado. Ele precisa conhecê-lo, e também saber discorrer do assunto que será tratado.

No capítulo seguinte, Lage faz um painel da ética no jornalismo. Conceituando situações onde até que ponto o repórter pode ir em busca de informações além de como o jornalista precisa lidar com vocabulário, pessoas, entre outros, para que não seja taxado como anti-ético. Lage explica que até nas escolhas de palavras você pode ser anti-ético.

Em Reportagem Especializada, o autor mostra a necessidade do repórter se especializar em outras áreas do conhecimento com o intuito de realizar matérias jornalísticas, que se diferem um pouco das que possuem somente tom técnico. Ele explica que essa especialização faz com que o repórter tenha conhecimento de determinada área, e o torna apto para falar de um conhecimento específico.

Nos capítulos finais o autor apresenta outro estilo de pesquisa, que vai além da entrevista, que seria pesquisas aos livros e outros. Ele diz que é importante para a compreensão de uma matéria.

O livro, no geral, é interessante, apesar de trazer conhecimentos já sabidos desde o início do curso. O autor sabe fazer um apanhado, contextualizando a profissão do jornalismo ao lado profissional e ético deste. Um dos capítulos mais promissores é o que fala de ética. É um capítulo que resume a ideia do autor. Arrisco opinar que seria melhor que esse capítulo viesse no início ou no fim, pois onde se encontra creio que fica perdido no contexto. J-J

**Resenha produzida para a disciplina Jornalismo Especializado I, quando cursava o curso de Comunicação Social - Jornalismo na Universidade Católica de Brasília (UCB).