segunda-feira, 22 de junho de 2015

A tolerância da intolerância: O caso Boechat Vs. Malafaia

Quem deveria procurar rola mesmo?

Quando a jornalista e apresentadora do SBT Brasil Rachel Sheherazade diagnosticou o linchamento de um bandido menor de idade no Rio de Janeiro e reincidente de crimes, o povo dos direitos humanos disse que era “infrações análogas a...” (escolha o nome do seu crime favorito). Choveram hordas de repúdio à sua opinião, acusaram-na de “incitar o ódio”, falou-se até em cortar a verba publicitária estatal e cassar a concessão da emissora de Silvio Santos.

Foi uma gritaria. Receoso, o SBT resolveu calar Rachel visando a renovação de sua concessão em ano eleitoral. Aliás, o Partido dos Trabalhadores, o governo e as esquerdas estavam incomodados com suas falas no telejornal, além dos colunistas Carlos Chagas, Denise Campos de Toledo e José Nêumanne Pinto. Os três últimos foram demitidos e substituídos por Kennedy Alencar (ex- assessor de imprensa de Luiz Inácio Lula da Silva e um perfil mais afável aos ouvidos do governo atual e seguros para o SBT).

“Pedro, o que isso tem haver com o imbróglio Malafaia-Boechat?” Acalme seu coração porque deixei isso de propósito para confirmar o que acontece quando as esquerdas são contrariadas.

Antes de eu ir à Baiona (França) ver minha tia Gabrielle, deparei-me com a notícia na internet de que o jornalista Ricardo Boechat, da rádio Band News FM, teria respondido ao pastor Silas Malafaia para “procurar uma rola”.


As origens da peleja
Tudo começou quando se noticiou que um grupo de pessoas, em especial uma menina, foram apedrejados por duas pessoas no Rio de Janeiro. Pelas palavras das próprias vítimas – e nenhuma outra prova material como vídeos ou fotos que firmem isso. O parecer da polícia civil definiu o ato violento como crime de preconceito religioso. ATENÇÃO:  ATÉ QUE SE ENCONTREM OS RESPONSÁVEIS, AS POSSÍVEIS PROVAS MATERIAIS E A COMPROVAÇÃO DAS PROVAS TESTEMUNHAIS DE QUE HOUVE, DE FATO, INTOLERÂNCIA RELIGIOSA E O DEPOIMENTO DOS CRIMINOSOS É ERRADO TRATAR O CASO COMO TAL! 

Temos de concreto que houve violência, e reitero que quem fez isso merece ser punido ao total rigor da lei. Caro leitor, veja se a imprensa brasileira teve esse cuidado, que como jornalista eu tenho. Terá que garimpar bastante e encontrar o “nióbio” do cuidado jornalístico.

Pois bem, com base no depoimento das vítimas e do parecer policial, já elegeram o culpado e a viga-mestra do ato horrendo: o cristianismo e em especial, os evangélicos. Preste atenção e guarde estas ressalvas feitas.

Ao comentar o caso, Boechat disse:

“[...] A população evangélica tem uma responsabilidade maior no enfrentamento desta questão porque ela (referendo-se ao ódio às minorias e o incidente supracitado acima) se dá no seu seio, ela se dá no seu rebanho. Dentro do rebanho evangélico é que estão acontecendo ações desta natureza e é importante que a avassaladora maioria de evangélicos tomem a frente do repúdio a esse tipo de conduta. [...]”.


A íntegra está aqui. Faça suas conclusões porque já fiz as minhas. Este excerto é importante porque creio que esse seja o eixo que Silas Malafaia acusa o jornalista de falar que os pastores incitam o ódio contra as minorias religiosas. 



Dentro do espectro de quem o defende, Boechat apenas se referiu a intolerantes que respeitam as crenças alheias, e no início do áudio ele faz uma ‘ressalva’ para garantir que não está generalizando.

Como dizem os jovens: “só que não”. Seria aceitável se não percebesse a tática verbal de Boechat – um ateu convicto – e de muitos esquerdistas pondo questões religiosas e casos, como o do Rio de Janeiro, como se houvesse grupos organizados e estruturados em perseguir qualquer um que não crê no cristianismo, mas a máscara cai. Desvendando assim, Luciano Ayan:

“[...] Como parte do jogo, vão coletar eventos de violência, que não possuem participação alguma de pastores religiosos, e atribuir a culpa a estes líderes. Foi exatamente esta a técnica usada por Ricardo Boechat, que resolveu acusar os pastores evangélicos de “culpados” pela agressão a uma garota dia desses. [...]”


Você se lembra da ATENÇÃO que eu deixei negritado e em letras garrafais? Nem Boechat teve este cuidado apesar de sua falsa ressalva.



Uma opinião equivocada e resposta estúpida e infantil
Depois dos dois tuítes do Silas Malafaia, Ricardo Boechat podia ter deixado claro que não estava confirmado se houve intolerância por parte dos criminosos que até agora não foram encontrados. Ele não fez! Ricardo Boechat podia ter respondido com superioridade e polidez sem dar trela ao pastor. Ele não fez também! Assim foi a resposta dele:

“Ele tá pedindo para eu parar de falar asneira num programa de rádio, incitando o ódio. Ô, Malafaia, vai procurar uma rola. Não me enche o saco! Você é um idiota, um paspalhão, um otário, um pilantra, tomador de grana de fiel, explorador da fé alheia. Você gosta de palanque, e palanque eu não vou te dar. [...]  Você é homofóbico, você é uma figura execrável, uma figura horrorosa, e que toma dinheiro das pessoas pela fé. Você é rico. Você é um charlatão, cara. Usa o nome de Deus, de Jesus, pra tirar grana. Repito: vai procurar uma rola! [...]”


Ricardo Boechat cometeu infrações ao Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros em vários pontos, como incitar ao ódio contra uma crença religiosa, ser irresponsável em suas declarações, acusação sem provas e desrespeito a pessoa citada. Vamos conferir:

Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros
Capítulo II - Da conduta profissional do jornalista
Art. 7º O jornalista não pode: 
V - usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime;
Capítulo III - Da responsabilidade profissional do jornalista 
Art. 10. A opinião manifestada em meios de informação deve ser exercida com responsabilidade.
Art. 12. O jornalista deve: 
II - buscar provas que fundamentem as informações de interesse público; 
III - tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar;


Você também não vai ver além do blog Jovem Jornalista, que o jornalista foi pego cometendo estes atos graves. Afinal já disse em texto anterior que a classe jornalística em sua maioria é composta por uma gente que acredita ter o dom de mudar o mundo. Isso dá medo. Se a Rachel Sheherazade na rádio Jovem Pan dissesse alguma coisa no mesmo nível ao ex-BBB Jean Wyllys... Você já sabe! Já dei uma avant-première do que aconteceria no início do texto.

Fonte: Direita Brasil/ Facebook


Mas como o alvejado das ofensas foi um pastor, e o ofensor uma pessoa muito simpática a vandalismos (“Vandalismo o cacete!”, disse Boechat), um patrocinador moral de black blocs - mesmo que esta ‘estética’ acarretasse na morte de um colega de emissora, tá tudo bem!


Falta de ética desde 2001
A falta de esmero com seu ofício não vem de hoje. Em 2001, Ricardo Boechat foi pego em grampo telefônico. Em palavras curtas, combinando como iria publicar uma reportagem, entre outras coisas. Com a descoberta, não teve outra. Ali Kamel, então diretor executivo do jornal O Globo, foi a casa de Boechat e demitiu o jornalista. Foi demissão na hora certa e em domicílio:

“Decisão unânime de demissão porque os responsáveis pelo jornalismo das Organizações Globo concordaram que a conduta de Boechat, no telefonema a Paulo Marinho, estava fora das normas do código de ética da empresa. Para eles, o colunista não poderia ter lido para Marinho a reportagem que publicaria no dia seguinte em O Globo e tampouco deveria ter discutido com ele procedimentos internos do jornal.”



Um momentinho de ironia e considerações finais
No áudio, postado no site NaTelinha, percebi algo que para mim foi um escorregão despercebido de Boechat:

“[...]  O meu salário, os meus bens, o meu patrimônio veio do meu suor. Não veio do suor alheio. [...]”


Essa foi a parte em que acusa sem provas que Silas Malafaia rouba, explora e vive do dinheiro dos outros. Foi um escorregão porque a emissora que ele trabalha tem o dinheiro evangélico como parte de suas receitas e lucros. Querendo ou não, Ricardo Boechat ganha o seu salário com base na fé dos outros. Na televisão trata-se de uma realidade cruel, no qual parte dos lucros de uma emissora vêm de horários alugados e sempre sujeitos a ferir as leis de concessão de TV (vide os casos das emissoras CNT e a Rede 21).

Se o pastor Silas Malafaia processar Ricardo Boechat, o jornalista merece ser condenado pelas declarações infelizes. Para deixar claro: nem Boechat e nem ninguém tem a obrigação de gostar de Silas, mas quando se está sobre o papel de formador de opinião é vital manter o respeito e a crítica bem fundamentada com base em fatos. Nada de especulações porque vai contra as legislações e estatutos vigentes. E nem ser cínico.

Se Malafaia é corrupto e explorador da fé alheia, que se prove isso e o puna. De nada adianta os xingamentos e ofensas de molecotes de internet e outros palpiteiros virtuais. E mais: caso os criminosos apedrejadores forem evangélicos que sejam punidos sem dó.


Pronto, terminei. Agora vou a Baiona. Volto semana que vem ao Brasil. J-J


Por: Pedro Blanche

9 comentários :

  1. Hello from Spain: I read that you will be in Baiona to visit your aunt Gabrielle. Welcome to my country. I read that there are problems in your country and mine. They are political struggles with interest.We keep in touch

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  2. Não vou nem comentar muito sobre esse ocorrido, pois realmente lamento. Lamento pelo falta de paciência, intolerância e julgamento de ambos. Não culpo apenas um.

    Mas boa viagem e aproveite muito! :)

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    1. Pois é, os dois não tem papas na língua, a verdade é essa.

      Obrigado!

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  3. Realmente é lamentável, mas não consigo me conformar com as palavras do Malafaia.

    www.chezb.com.br

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    1. O Malafaia é bem tempestivo. A maneira dele expor sua opinião. Mas o Boechat xingar ao vivo também achei de mal gosto.

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  4. Oi linda!
    Parabéns pelo se blog ele é estiloso, ele tem uma apresentação linda e é cheio de informação útil que eu poço por em pratica no meu dia a dia.
    Que a sua segunda-feira seja ótima!!
    Beijokas!

    Dé uma passadinha o meu blog, se gosta me siga. Mas se você não gosta....... ME siga mesmo assim!!! rsrsrs

    http://viciadasemlivros911.blogspot.com.br

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  5. Faço de suas palavras, as minhas, sou estudante de Jornalismo e francamente o que vejo de pessoas que fogem do que era pra ser até então neutro não está no gibi, como jornalista nosso papel é transmitir a notícia como ela é, não tomando lados e muito menos a usando para jogar indiretas, percebo que ambos foram infelizes em seus comentários, não concordo com as palavras do Malafaia, na minha opinião a igreja devia ser um lugar para se buscar a Deus, como a bíblia fala sobre a ordem e decência creio que não deveria ser misturado a política, já é um motivo por eu desgostar de determinados pastores, para concluir eu lamento a falta de intolerância para ambos os lados.

    http://modern-rapunzel.blogspot.com.br/

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    1. Pois é. Seu comentário foi muito bom, ponderando ambos os lados da situação.

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