Quinta de série: Pluft - O fantasminha

Pode conter spoilers!

Uma garotinha que tem medo de fantasma. Um fantasma que tem medo de humanos. Essa é a premissa da minissérie Pluft- O fantasminha, exibida na Rede Globo e Globoplay em 3 episódios de em média 30 minutos cada, entre 8 e 22 de janeiro de 2023. A produção é infanto-juvenil e mistura comédia e aventura. Ela foi criada por Cacá Mourthé e José Lavigne; dirigida por Rosane Svartman; e produzida por Clélia Bessa. O elenco contou com Lucas Salles, Nicolas Cruz, Juliano Cazarré, Lola Belli, Hugo Germano e Fabíola Nascimento. Foi distribuída pela Globo Filmes, Gloob e Raccord Filmes.  

Foi baseada na peça teatral de Maria Clara Machado lançada em 1955, e é uma versão estendida do filme lançado em 2022. Tanto a peça, como a minissérie contam a estória do sequestro da garota Maribel pelo vilão pirata Perna-de-pau. Ela fica escondida no sótão de casa abandonada e conhece uma família de fantasmas. Ela acaba fazendo amizade com Pluft, um carismático e medroso fantasminha que tem medo de gente. 

  

Perna-de-pau quer usá-la para encontrar o tesouro deixado pelo avô da garota, o falecido Capitão Bonança Arco-Íris. Maribel espera pela ajuda de três marinheiros covardes e medrosos para salvá-la, são eles: Sebastião, João e Julião. Eles eram amigos do velho capitão e saem numa aventura atrapalhada para resgatar Maribel. 

O mote principal da série é a improvável amizade entre Maribel e o fantasminha Pluft. A amizade deixa de ser aterrorizante e passa a ser amável e adorável, em meio à inúmeras aventuras. 

É considerado o primeiro infantil brasileiro de live-action em 3D. 

Personagens

A produção conta com ao menos 12 personagens. Conheça cada um deles agora:

Pluft: É um fantasma de garotinho que "morre" de medo de pessoas. Ele enfrenta os seus medos e tem uma amizade improvável com uma garotinha. 

Maribel: neta do Capitão Bonança e coprotagonista da série. É dócil, corajosa, mas tem de medo de fantasmas. 

Mãe-fantasma: é a mãe de Pluft que mora com ele numa casa abandonada. 

Tio Gerúndio: marinheiro fantasma que habita a casa abandonada e gosta de estar em repouso, mas que sempre desperta quando são oferecidos pasteis de vento para ele. 

Prima bolha: agente da polícia secretíssima fantasma que se comunica pelo telefone com Mãe-fantasma.

Julião, João e Sebastião: marinheiros covardes que ajudam no salvamento (Ou não) de Maribel. 

Perna-de-pau: vilão que está de olho no tesouro do vô de Maribel e por isso a rapta. 

Capitão bonança: avô de Maribel que faleceu e deixou um importante tesouro. 

Abertura

Conta com cenas da minissérie, embaladas pela composição original de Tim Rescala, responsável por criar uma música autoral para a produção. A mixagem musical ficou por conta de Armando Torres Jr. Confira a abertura:

  

Episódios

Dividida em três episódios, a minissérie conta com bons plots twists e finais de episódios com ganchos surpreendentes. Confira a estória de cada um dos capítulos: 

No episódio introdutório, a menina Maribel conhece um fantasminha medroso chamado Pluft, morador de uma ilha deserta, dentro de uma casa abandonada que guarda um tesouro. 

Maribel e Pluft tem que enfrentar seus medos e nasce uma amizade improvável entre eles, no segundo episódio. 

A estória é concluída no terceiro capítulo, quando Maribel finalmente é resgatada.

   

Produção

A peça foi encenada pela primeira vez no Teatro O Tablado, no Rio de Janeiro, em setembro de 1955. Em 1975 foi adaptada para o formato de minissérie pela TV Globo em parceria com a TVE, pela primeira vez, com Dirce Migliaccio e Norma Blum nos papeis principais. Em 2022, foi produzido o filme, o primeiro infantil em 3D lançado no Brasil.  

Para a diretora Rosane Svartman, exibir Pluft na televisão é sinônimo de felicidade, pois levar uma história brasileira de fantasia e amor é uma grande conquista. A diretora Rosane e Clélia Bessa, por sua vez, foram desafiadas a darem veracidade à magia da atração para as telas de cinema. Elas se basearam no ilusionista francês Marie-Georges-Jean Méliès - precursor do cinema e dos efeitos especiais; e também no clipe subaquático de Only You, de Portishead, já que que a ideia foi dar veracidade à atuação dos fantasmas. Foi utilizada uma piscina e tecnologia para dar vida à locomoção dos fantasmas. Rosane fala mais desse processo:

“O fantasma tinha que ser mágico! Precisávamos pensar num truque que traduzisse a linguagem do teatro pro cinema. Depois de muita pesquisa e testes, achamos que filmar debaixo d'água era a solução. Para fantasmas, o ar teria mesmo uma densidade diferente”.

O filme é totalmente produzido, finalizado e feito por brasileiros. De extrema qualidade técnica e visual, o longa infantil é considerado o de maior orçamento da história brasileira, com R$ 12 milhões. 

   

O uso de piscina em cenas com fantasmas, foi utilizado em filmes famosos de Hollywood, como Avatar: o caminho da água. O resultado foi satisfatório e surpreendente para as produções brasileiras. 

Pluft era uma estória de fantasmas somente representadas em palcos, ao ir para as telonas e telinhas precisou ser readaptada para ser crível para o público. A diretora Rosane Svartman falou mais desse projeto:

“Todos tinham um carinho enorme pela peça. Nós demos as mãos e contamos essa história juntos. Não dá pra pensar na responsabilidade o tempo todo, mas na paixão dá. Sempre na vontade de dar o meu coração, sangue e suor de estar neste projeto. Isso nunca saiu do meu horizonte”.

Audiência e repercussão

A minissérie foi recebida positivamente pelo público. As atuações de Fabiula Nascimento e Juliano Cazarré foram elogiadas por suas performances e trejeitos. A produção chamou bastante a atenção do público infantil e não gerou desconforto, aumentando o aspecto lúdico da história. 

Prêmios

Em setembro de 1955, a peça recebeu o prêmio APCA. 

Em 2023, a produção concorre ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, como Melhor longa-metragem infantil, assim como Melhor direção, maquiagem e efeitos visuais. 

Crítica

É uma minissérie envolvente, divertida, cheia de aventuras e bem bonita. Criada para toda a família. A atuação dos atores é bem feita e você se envolve com os personagens. A amizade entre Pluft e Maribel é algo que aquece o coração, até daqueles que morrem de medo de monstros e fantasmas. 

Ela é inovadora por trazer coisas novas, tanto no âmbito narrativo, como no técnico. A utilização da piscina trouxe criatividade e fluidez genuína, sem ser piegas ou ter um tom exagerado. A tecnologia 3D, por sua vez, é utilizada de forma interessante, agradando tanto crianças como adultos. A representação dos fantasmas, com suas particularidades e características, está um primor, dando o tom dramático à trama e no desenvolvimento do enredo. 

Os marinheiros relembram um pouco da essência dos Trapalhões e saca do público grandes risadas. A trilha sonora também é excelente, trazendo valor às cenas. As músicas da taverna são ótimas e as cantadas por Frejat também. Recomendo a série. É um bom alívio e entretenimento para uma tarde de domingo qualquer. J-J

    

Por: Emerson Garcia