Por volta das 23 horas e 30 minutos de ontem (26) fui surpreendido com uma notícia tristíssima para o meio evangélico: a passagem da cantora e pastora Ludmila Ferber aos 56 anos de idade. Quando soube, fiquei perplexo, afinal tenho muitas histórias com as músicas, profecias e ministrações de Ludmila. Suas canções (altamente inspiradas em Deus e em suas experiências íntimas com Ele) sempre me animaram, geraram em mim força, esperança e ânimo para prosseguir. Sobretudo, aumentaram minha intimidade com Deus e fizeram parte de várias devocionais e orações minhas ao Pai das Luzes. Não posso deixar de mencionar que a cantora foi voz profética sobre minha vida, pois ela tinha o dom da profecia e da liberação da palavra.
Suas músicas refletiam sua vida e experiências com Deus, no secreto. Eram orações cantadas. Diálogos com Deus transformados em versos. Palavras que edificaram não só minha vida, como a de milhares de pessoas. Até suas lutas e dores serviram de inspiração para as músicas. "Em tempos de guerra Nunca pare de lutar Libera a palavra Profetiza sem parar". O que mais Ludmila enfrentou nos últimos anos foram lutas, mas ela não desistiu, prosseguindo e mantendo-se firme até o fim. Sua última publicação no Instagram há três dias mostra sua esperança e confiança em Deus - "Quando tudo parece estranho ao redor Buscar Tua face é preciso, Deus Quando a gente não sabe o que está ocorrendo Buscar Tua face é preciso, Deus". E Ludmila buscava a face de Deus em todo e qualquer tempo, sobretudo nos momentos de lutas e dores.
Ela cantava o que vivia e vivia o que cantava. Um grande problema que vejo no meio gospel são cantores que cantam sobre situações que não tem nada a ver com suas vidas, somente para fazer sucesso e arrecadar lucros. Ludmila não era assim, ela cantava o que vivia, suas experiências de vida. É possível ver verdade nas suas músicas e sua entrega e devoção à Deus.
A música Ouço Deus me chamar é o exemplo da intimidade que a cantora possuía, e transformou isso em versos. "Eu vou Já estou indo ao teu encontro, Senhor Eu vou correndo ao teu encontro Eu vou Já tô indo ao teu encontro, Senhor", é o que diz a canção e só pode cantar isso quem realmente tem intimidade com Deus, pois é muito comprometimento. Ludmila tinha Deus como melhor amigo, contava seus problemas à Ele, trancava a porta do seu quarto e desabafava com Ele. Certamente ela chegou até à presença de Deus cantando esses versos tão lindos e fortes.
Talvez a música mais conhecida da ministrante é Nunca pare de lutar, uma verdadeira injeção de ânimo e esperança para aqueles que estão perto de desistir. A canção foi altamente ministrada e cantada no Brasil, e ainda hoje é assim, pois é uma letra que jamais fica ultrapassada. A música também foi interpretada lindamente pelo Padre Fábio de Melo.
Quando a canção foi lançada, por volta de 2005, minha mãe comprou o CD com a música e me presenteou e eu simplesmente gostei muito desse presente, a ponto de toda vez que eu ia banhar, colocava o meu som no banheiro e dava o play nesse CD (Sim, nessa época ouvir CD no som era moda KKKK!). Esse álbum simplesmente não saia de dentro do meu som. As faixas Calma, Buscar Tua face é preciso, Nunca pare de Lutar e Vale a pena ser profeta eram as que eu mais ouvia, principalmente Vale a pena ser profeta - "Vale a pena ser profeta Vale a pena ser pastor Vale a pena ser discípulo Amigo, teu adorador Vale a pena ser teu filho, Vale a pena te servir Vale a pena ser fiel Só assim eu sou feliz" eram os versos que repetia enquanto a água caía no meu corpo durante o banho.
Anos mais tarde, em 2007, eu e minha avó estávamos na rua e ela me presenteou com o novo DVD da Ludmila Ferber daquele ano - Coragem. A lojista disse que aquele projeto havia edificado muito sua vida e, certamente, iria edificar a minha também. Não deu outra: mais uma vez as palavras de Ferber foram certeiras em meu coração. Aguenta firme é a música que mais me impactou. Tenho uma lembrança dessa música ter sido cantada em um culto por uma pastora convidada e ela pedia para cantarmos para a pessoa ao nosso lado, profetizando sobre sua vida e ficando de mãos dadas com ela. "Aguenta firme, não desista Continue a lutar As crises e as dores acontecem Mas chega uma hora aonde elas têm seu fim Se você não desistir É pra mim inspiração Pra também permanecer Fiel e firme Eu tô contando contigo Deus tá contando com a gente O céu inteiro se move Pra ver a gente vencer". Pense que emocionante era essa ministração!
Também fui consolado e edificado com os versos que diziam "Se tentaram matar os teus sonhos Sufocando o teu coração Se lançaram você numa cova E ferido perdeu a visão Não desista, não pare de crer Os sonhos de Deus jamais vão morrer Não desista Não pare de lutar Não pare de adorar Levanta os teus olhos e vê Deus está restaurando os teus sonhos E a tua visão". Esse louvor fez parte até do meu repertório de uma competição musical, que eu quase vencia (Fiquei em segundo lugar), mas não sei como cheguei até a final (Talvez porque a igreja em peso torcia por mim, até uma crush que gostava muito KKK!). Foi surpreendente, porque não iria cantar e acabei cantando e vencendo a timidez e, por isso, chamei a atenção do público. Esse louvor sempre me impactou e foi muito cantado nas congregações, sendo entoado até os dias de hoje. Quiseram e tentaram matar todos os meus sonhos (Até mesmo me tirar a alegria e a vida), mas eu tenho sonhos de Deus e eles jamais morrerão. Foi a Lud quem me ensinou isso e plantou essa esperança em meu ser.
Em um momento de extrema dor, no ápice do sofrimento, ela fez seu último post no Instagram - que já possui 254.709 curtidas - dedicando trechos de uma belíssima canção, com o desejo que ela renovasse as forças para as pessoas continuarem suas jornadas. Mas ela deixou um importante lembrete: "Buscar a face de Deus é preciso!! Dele vem o nosso fôlego de vida!!". E o fôlego do Mestre veio sobre sua vida, porque ela buscou a face de Deus em todo e qualquer tempo!
Após cinco anos sem estrear nenhum trabalho inédito, Ludmila Ferber lançou seu último em 2019 chamado de Um novo começo. E ela realmente viveu um novo começo que só pôde ser proporcionado pelo próprio Senhor. Sua história parecia ter acabado, chegado ao fim. Ela já havia vivido noites escuras, tempestades, lutas, perseguições, mas, como ela mesma disse na letra "Depois da noite vem um novo dia Depois tempestade vem a calmaria". Lud ainda continua: "Depois de toda a história que acabou Se foi escrita aos pés da cruz Foi só um ciclo a mais que se fechou E uma nova porta vai se abrir, vai se abrir". A letra exala fé, esperança e amor e cresce no refrão, forte, que diz: "Em Deus, sempre haverá um novo começo A glória da segunda casa Será maior do que a primeira". E Lud tinha essa fé extravagante, que ia além dos limites e circunstâncias. Estas poderiam dizer uma coisa, mas ela confiava em Deus, que dizia outra. Assim, Ludmila profetizava sobre o caos, vivia o impossível em sua vida e era esperançosa.
Vida e obra
Ludmila era pastora, cantora, compositora e profetiza, nascida em 8 de agosto de 1965, no Rio de Janeiro. Apaixonada pelas artes, escreveu sua primeira canção aos 8 anos, e estudou canto, violão e teatro. Fez várias faculdades, mas a área musical era sua paixão.
Aos 20 anos se converteu ao cristianismo, tendo uma história com Deus de 36 anos. Construiu sua vida dentro da igreja e queria impactar e evangelizar as pessoas por meio da música. Sobretudo, profetizou sobre a vida delas pelas canções e ministrações.
Iniciou o seu trabalho no ramo gospel como participante do grupo Koinonya. O álbum Marcas (1996) foi o seu primeiro projeto, de uma carreira que durou mais de 20 anos. Suas músicas mais conhecidas incluem Sonhos de Deus, Sopra Espírito, Ouço Deus me chamar e Nunca pare de Lutar - este último foi título de seu livro, lançado em 2013 por Thomas Nelson Brasil.
Criou vários álbuns especiais como Pérolas da Adoração (2007) - que reuniu várias músicas fortes e impactantes; O poder da Aliança (2011) - projeto de duetos com amigos pessoais; Uma história, uma estrada, uma vida (2004) - CD comemorativo de anos na música gospel; Adoração profética - CD's de profecia; Para orar e adorar - projetos de devocional; Meu amigão do peito (2005) - obra infantil; e compilações de músicas com Melodias inesquecíveis (2007) e Canções inesquecíveis infantis (2010).
Também esteve presente em programas de televisão, como Nunca pare de lutar (2007 - 2010) pela Rede Super e Cozinhando com a pastora Ludmila Ferber (2012) no canal Você Adora.
Homenagens
Desde que soube da notícia, famosos e amigos tem compartilhado suas homenagens. No início, elas eram poucas, mas depois foram aumentando com o decorrer da madrugada. Acredito que fui uma das primeiras pessoas à homenageá-la, pois quando fiz um storie no meu Insta não vi nada (Tive que até que checar e rechecar a informação).
Uma das pessoas mais esperadas para homenageá-la ainda não o fez. Sua melhor amiga, a cantora e pastora Ana Paula Valadão, ainda aguarda o momento exato de prestar suas palavras de carinho. Contudo, postou no início da tarde de hoje vários stories em que demonstrava seu carinho e afetividade à Lud por meio de uma roupa que ela lhe deu, um anel que lhe presenteou demonstrando a verdadeira amizade e usando um perfume que parecia com Ferber. Ana disse o seguinte: "Hoje me vesti com uma roupa muito bonita que uma amiga incomparável me deu [...] Ela sempre estava cheirosa, desde de manhã, e gostava de perfumes doces. Escolhi um hoje que parecia com ela [...] Em respeito à família, vou esperar para me expressar melhor, mas desde já agradeço ao Senhor pelo privilégio de ter vivido a aliança da verdadeira amizade".
A cantora Aline Barros ressaltou a personalidade de guerreira de Ludmila e uma experiência quando Aline tinha apenas 12 anos de idade.
A cantora Ana Nóbrega ressaltou características físicas, psicológicas e de personalidade de Ludmila, além das marcas que a cantora produzia nos seus ouvintes e até mesmo em Deus e no Espírito Santo.
Se eu pudesse responder a pergunta: quais são as marcas que Ludmila Ferber deixará? Responderia: as da esperança, fé, amor, coragem, força, profecia, intimidade com Deus, otimismo e alegria. Sim, Ludmila Ferber me marcou. Se não tivesse me marcado nem dela estaria falando aqui no JOVEM JORNALISTA. Foram seus louvores, também, que me motivaram a seguir em frente quando passei por dois momentos depressivos. Fique agora com sua marca de alegria. J-J