Quinta de série: Vale o escrito - a guerra do jogo do bicho

 Pode conter spoilers!

Hoje é dia de Quinta de série aqui no JOVEM JORNALISTA. A produção da vez é uma docusérie da Globoplay que focou na guerra do Jogo do Bicho no Rio de Janeiro, chamada de Vale o escrito. Criada por Fellipe Awi, possui direção artística de Monica Almeida; direção de Fellipe Awi, Ricardo Calil e Fian Carlo Belloti; e roteiro de Fellipe Awi e Ricardo Calil. Lançada em 2023, possui classificação etária de 16 anos, por apresentar linguagem imprópria, drogas e violência, ou seja, é uma série sangrenta e violenta. Ela possui 7 episódios, de em média 1 hora cada. 

No formato de biografia, documentário e crime, a produção tem como foco o Jogo do Bicho no Rio de Janeiro que é controlado por famílias cujos chefes são patronos de escolas de samba. Duas dessas famílias vivem sangrentas guerras de sucessão. A docussérie investiga as complexas origens e os dilemas do Jogo do Bicho no Rio de Janeiro, abordando sua evolução desde o final do século XIX. 

A produção é dividida em duas partes e explora o impacto da criminalização das apostas, o envolvimento dos bicheios no carnaval e no futebol, e as ligações com as milícias. Foram entrevistados de forma exclusiva bicheiros, seus herdeiros e familiares, revelando os bastidores do lucrativo negócio e explicando a história de suas atuações e a dinâmica do negócio, sem poupar críticas e acusações mútuas. Esse link explora em detalhes as famílias de bicheiros mostradas na série. 

Vale o escrito - a guerra do jogo do bicho é uma produção cheia de reviravoltas e catarses, com muito banhos de sangue, assassinatos e buscas pelo poder. Cada episódio é centrado em um personagem importante do jogo do bicho do Rio de Janeiro. É uma série que vai se construindo de maneira fabulosa e bem redondinha. É repleta de brigas internas pelo poder, traições, fraudes, prisões e até mesmo assassinatos. O trabalho investigativo do jornalista Pedro Bial, um dos colaboradores da produção, está impecável. 

O Jogo do Bicho inicou com a criação da Cúpula da Contravenção nos anos 1970, que nada mais é que um grupo que dividiu os territórios do jogo para evitar conflitos e fortalecer os negócios. Essa cúpula é formada por grandes chefões que dividiam os pontos de jogos do estado entre si. Nos dias atuais, esse é o modelo vigente, embora a emergência de uma nova geração de contraventores o tenha colocado à prova. 

Há análises de historiadores e jornalistas que explicam como a influência do Jogo do Bicho tornou muitos desses líderes em patronos de escolas de samba das comunidades em que mantêm seus negócios.

Há figuras conhecidas na produção que analisa o duplo papel de chefes da contravenção e benfeitores sociais em suas comunidades, prestando suporte às atividades educacionais e culturais, com influência nas condições de vida de suas regiões e na profissionalização do Carnaval carioca. Um dos episódios é surpreendente porque faz uma ligação importante entre bicheiros e o assassinato de Marielle Franco. Assim, os assassinatos que abalaram o Rio de Janeiro são revisitados e novos detalhes e informações estabelecem conexões que não podiam ser feitas quando estes crimes ocorreram.

Recomendo a produção, pois ela é impactante e cheia de reviravoltas. É um belo trabalho jornalístico e investigativo. J-J

Por: Emerson Garcia