sábado, 1 de setembro de 2012

Dom de reportagem: Trote





Trote em 2010  no curso de Comunicação da UCB
gera opiniões divergentes

Todo início de semestre é comum acontecer os trotes em várias Universidades do País. Os calouros são recepcionados por veteranos numa espécie de ritual de acolhida. Contudo, por várias vezes, essa brincadeira pode conter alguns exageros, como ocorreu recentemente na Universidade Católica de Brasília (UCB). O último trote de acolhida do curso de Comunicação Social gerou polêmica, pois segundo o diretor do curso, André Carvalho e alguns calouros que participaram, a brincadeira ultrapassou limites, ao danificar os óculos de uma das participantes e ocasionar a torção no pé de outra. Houve uma investigação do caso e após conversa entre veteranos e a Direção, ficou acordado que os veteranos receberiam uma advertência oral e se houver reincidência, a advertência será por escrito.
Na quinta-feira do dia 15 de abril de 2010, no período noturno, veteranos do curso de Comunicação Social, foram à sala dos calouros, convidando-os para participar de uma atividade de interação e passeio pelo campus da Universidade.
Todos os anos, o ritual de acolhida é semelhante: após o convite feito pelos veteranos, os alunos são amarrados por um barbante e colocados em uma fila indiana e saem da sala cantando a música: “Eu sou calouro, eu não me engano, eu dou minha vida por um veterano”. Ao chegar fora dos muros da Universidade, os calouros se sentam e recebem na testa, as inscrições feitas com batom “Jor” para Jornalismo e “PP” para Publicidade e Propaganda. Depois disso, joga-se farinha, água, tinta, e os calouros pedem dinheiro no trânsito para a confraternização. O corte de cabelo, também é comum nessa brincadeira, mas, não ocorreu no trote desse semestre, segundo o veterano João*.





CASOS
A brincadeira, porém, teve uma carência de cuidados por parte dos veteranos com os calouros, como ocorreu com Mariana Brasil, caloura de Publicidade e Propaganda, que teve seus óculos da marca Vogue, estimado no valor de R$ 600, danificados enquanto o trote ocorria. “Quando fui pegar meus óculos, não eram mais óculos. A haste ficou torta, uma das lentes quebrou. Eles estavam espatifados”, relata. De acordo com o veterano Caio Bruno, que estava presente, os materiais dos estudantes ficaram guardados em um carro.
Depois do ocorrido, os pais da aluna compareceram a direção do curso e conversaram com a assessora pedagógica, Rosana Pavarino, sobre como os óculos seriam ressarcidos. Os pais trouxeram um orçamento e Rosana sugeriu que trouxessem mais dois para que a dívida fosse paga pelos veteranos envolvidos no trote. Alguns deles fazem parte do Centro Acadêmico de Comunicação Social.
Outro caso, que demonstra um exagero em algumas atitudes, foi sofrido por uma caloura que enquanto o trote acontecia torceu o pé. Natalie Araújo narra o fato: “Todos estavam amarrados com barbante. Quando os veteranos iam jogar balões cheios d’água, ela se soltou de forma brusca, correu, torceu o pé e caiu”, afirmou. Segundo o veterano Caio Bruno, esse fato não é da responsabilidade dos veteranos. “Até porque ninguém torce o pé de ninguém”, justifica.

POSTURAS DIVERGENTES
As opiniões com relação ao trote no curso de Comunicação Social são divergentes. Existem aqueles que acham que a atitude não traz benefício algum e os que dizem que a atividade traz interação e trocas de experiências entre os envolvidos. De acordo com João*, o trote que é aplicado não é violento e não humilha os estudantes que participam. O objetivo é acolher e inserir na academia. Segundo ele, a atividade é democrática, ou seja, as pessoas podem escolher se participam ou não: “Se a pessoa não quiser cortar o cabelo, a gente respeita. Se disser que o barbante está machucando, a gente solta”.
Contudo, a caloura Natalie Araújo conta que essa democracia não foi atendida, de fato. “Muitos foram obrigados a participar do trote, porque eles trancaram a porta da sala em um momento, e não deixaram ninguém sair”. Ela conta ainda que alguns limites foram excedidos. “Durante o trote, tive os braços apertados pelo barbante e jogaram tinta azul no meu cabelo. Demorou dias para sair. Eu preferiria que a atividade não amarrasse ninguém”, comentou.
            De acordo com Angélica Córdova, assessora da direção do curso, os estudantes se descontraem, mas não é possível limitar essa brincadeira e prevenir maiores constrangimentos. ”Situações de brincadeiras podem se tornar situações de risco à medida que o limite extrapola”.
Jorge Amilton, diretor de comunicação e marketing da UCB, explica que a Católica não adota e não é a favor da prática de trote, porque existem outras formas de acolher. “Todo início de semestre, a Católica tem um movimento de acolhida aos calouros. Tem a apresentação da Católica no auditório e tem um congraçamento”. Ele ainda explica que o trote que amarra as pessoas, joga farinha e água, é inaceitável na Universidade.
Entretanto, João* explica que essa atitude traz interação e criação de vínculos. “O estudante, ao entrar na universidade, fica muito só, e, nesse momento, do trote, tem a oportunidade de conhecer as pessoas do curso. Depois, os calouros tiram as dúvidas a respeito de como fazer pré-matrícula e explicam sobre as dependências da Universidade como a Casa da Mão, o Centro de Rádio e TV (CRTV), a Matriz, entre outros”, argumenta.
De acordo com o Regimento da Universidade, a Católica proíbe a aplicação ou participação em trotes, sob pena de 1 a 30 dias de suspensão ao estudante envolvido. O aluno que se sentir de alguma forma lesado, pode recorrer a ouvidoria através do link disponível no site da Universidade (http://www.ucb.br/003/00301025.asp?ttCD_ITEM_CONTEUDO=169). As denuncias podem ser feitas anonimamente e são transmitidas ao Conselho Disciplinar. No caso desse trote, a Direção do Curso, através de e-mail, informou a todos os estudantes a postura da Universidade em relação aos trotes e advertiu oralmente aos envolvidos.

*O nome foi trocado a pedido do entrevistado.


*Por Emerson Garcia e Sara Mendes para a UCB

4 comentários :

  1. Oi, tudo bom? Obrigado por comentar lá no meu blog, o blog ta atualizado. Eu não sou contra nem a favor do trote, acho que TUDO na vida tem seus limites inclusive o trote.

    bunnets (.blogspot.com)

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  2. Eu entrarei na faculdade ano que vem se tudo der certo,mas estudo em uma etec e quando você entra automaticamente você leva muuitos trotes,é como se estivesse em uma faculdade mesmo,é realmente complicado.
    wolftheideia.blogspot.com.br

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  3. Olá.
    Espero que esses trotes caiam de moda, no meu tempo.
    Não gosto disso, acho muito ruim, poderiam fazer uma coisa que não levasse a tanta polêmica.
    Beijos
    neversaynever-believe. blogspot. com. br

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  4. Acho tão sem graça esse negócio de trote.
    Na faculdade onde estudei não é permitido fazer. Não imagina como fiquei contente em saber! No lugar, a instituição faz uma gincana, que arrecada alimentos para os mais carentes.

    Parabéns! Muito boa a sua reportagem :)

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