Pode conter spoilers!
Hoje é dia de mergulhar na história da resistência negra e do movimento negro brasileiro desde a chegada dos primeiros negros sequestrados de África até os dias atuais por intermédio da série documental e histórica Resistência Negra da Globoplay. Dividida em 5 episódios de em média 35 minutos cada, é de autoria de Ivanir dos Santos, dirigida por Mayara Aguiar e roteirizada por Paulo Lins, Mariana Jaspe e Grace Passô. O elenco conta com Djonga e Larissa Luz. A série foi lançada em 20 de novembro de 2023 e conta com classificação etária de 12 anos.
Com depoimentos, atuações teatrais e musicais, a produção foi apresentada por Djonga, Larissa Luz e Lua Miranda e faz um recorte da história de séculos do movimento negro no Brasil, desde a chegada dos primeiros negros sequestrados para serem escravisados no Brasil até os dias atuais. A série exibe o trabalho de pessoas que foram importantes para a causa, como Zumbi dos Palmares, Luiz Gama, Emilia do Patrocínio, André Rebouças (o escritos da Lei Áurea), Abdias Nascimento e Francisco José do Nascimento. A obra ainda aborda temas como aquilombamento, política, religião, cultura, trabalho e educação com muito didatismo, seriedade e veracidade.
O trabalho de Resistência Negra é primoroso por contar com depoimentos e bastante história e performances musicais e teatrais. É uma série documental que foge do lugar comum, por trazer outras narrativas e gêneros de forma muito criativa, interessante e inteligente.
O projeto foi idealizado pelo professor, doutor e Babalaô Ivanir dos Santos. O formato foi pensado pelo supervisor artístico Rafael Dragaud. Já os roteiros foram liderados pelo escritor Paulo Lins, enquanto Petrônio Domingues auxiliou na consultoria sobre pesquisa da história.
Depoimentos de sumidades no Movimento Negro brasileiro atual foram colocados no ar, entre eles estão: as escritoras Conceição Evaristo e Sueli Carneiro, as políticas Benedita da Silva e Erica Malunguinho, e o pesquisador Julio Menezes Silva.
O lançamento da produção foi justamente no Dia da Consciência Negra e a série, em si, fez muito sucesso e chamou a atenção da grande crítica brasileira.
A produção documental mergulha nas raízes da luta antirracista, descobrindo episódios, personagens e vozes que não cabem nos livros didáticos tradicionais. Não é somente um resgate histórico - é um chamado para o presente. Com imagens de arquivo, entrevistas com historiadores, lideranças e artistas, a produção reconstrói não apenas fatos, mas também a memória coletiva e afetiva da população negra no Brasil.
Cada episódio conecta passado e presente, mostrando como a resistência assumiu diversos formatos: dos quilombos de Palmares às rodas de samba, dos jornais negros do início do século XX aos coletivos artísticos e políticos que hoje ocupam as redes e as ruas.
Tecnologia ancestral trata sobre uma das formas de resistência do povo preto no Brasil: o aquilombamento. É tudo o mesmo suor sobre o povo negro, que é a força motriz da economia e do trabalho no Brasil. A gente tem um trato sobre a capoeira como ponto de partida para falar sobre repressão e como a resistência negra se organiza contra a violência do Estado. As leis para a população preta trata-se de uma reverência aos que lutaram pela igualdade dos direitos constitucionais. A liberdade, criminalização do racismo e de condutas discriminatórias são mais formas de resistência. E o último, Descobrir o Brasil, celebra o acesso do povo preto ao ensino formal, à universidade e a participação de negros e negras no mercado das artes e em cargos públicos.
Falando-se da estética da produção ela apresenta cores vivas, fotografia que valoriza tons de pele negros, e uma trilha sonora que passeia entre o afrofunk, tambor ancestral e rap contemporâneo. Tudo isso cria uma atmosfera que não somente informa, como também emociona e empodera.
O ponto alto da produção, em minha opinião, são as representações teatrais e musicais, mas os depoimentos não perdem em nada. Lideranças quilombolas, acadêmicos, militantes, artistas e jovens ativistas narram suas próprias histórias, sem mediação. A cada relato, percebemos que a luta negra é também uma luta pela preservação da cultura, pelo direito ao território, pela dignidade e pela vida.
Além de assistir, a produção merece ser discutida. Ela abre debates em sala de aula, inspira ações comunitárias e provoca reflexões profundas. Se quer entender o Brasil além dos manuais de instruções, ou se deseja reconhecer as contribuições e enfrentamentos da população negra, este é um título obrigatório. J-J
Por: Emerson Garcia
Adoro séries história e tratando-se da escravatura, Aida mais
ResponderExcluirVou ver se tenho a Globoplay.
Obrigada pela dica.
Beijinho e óptimo dia com paz e saúde, Emerson.😘
Um documental sensacional, é uma forma de conhecer mais da história, Emerson boa quinta-feira abraços.
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