quarta-feira, 27 de maio de 2015

Haters: justiceiros ou criminosos virtuais?

 



A ideia desse post surgiu logo após eu compartilhar no meu Facebook uma notícia sobre dois pedreiros que abusaram sexualmente de um menino de 5 anos. No compartilhamento escrevi a simples frase: "Triste". Uma amiga comentou: "Ridículos", reprovando a atitude dos rapazes. Tal fato, me fez refletir muito durante a semana passada. Podemos opinar sobre situações trágicas como essa nas redes sociais? Podemos rotular, agir com justiça, ojeriza, até mesmo xingando os autores desse e de outros fatos? Até que ponto somos justiceiros ou criminosos virtuais?

Todos esses questionamentos, me fez definir o que é um haterHater é um termo usado na internet para definir pessoas que postam comentários de ódio ou crítica sem conhecimento profundo da causa. "Ridículos", é só uma forma de manifestação, mas são adicionadas outras, como: "favelado", "estuprador", "assassino", "ladrão", "afogue um nordestino", "puta", "merecia morrer queimado", entre outros.

Sabe-se que a internet é um meio de livre expressão. Contudo, ela pode trazer uma certa comodidade, que vai, desde o anonimato, até a possibilidade de não sofrer represálias físicas. Você pode ser uma pessoa fictícia, "sem rosto", e falar mal do governo ou de alguma celebridade. Pode criticar algo, sofrer críticas virtuais, mas sem sofrer dano físico. Só que nem sempre a livre expressão será vista com bons olhos. 

Eu, talvez, já tenha sido comparado a um hater quando critiquei o modo de agir do cantor Psy. Contudo, não usei o anonimato, e também não fiz uma crítica sem conhecimento. E o mais importante: não quis desejar a morte do cantor.

Até que ponto esse tipo de agressão virtual torna-se séria? Em minha opinião, essa questão é totalmente delicada. Querer justiça sobre os pedreiros que violentaram o menino de 5 anos é uma atitude normal. Isso entristece e enraivece a todos. Chamá-los de ridículos, monstros, estupradores e animais, foram comentários comuns nesse caso. Os internautas tiveram conhecimento do fato. Foi uma notícia que apareceu em um grande veículo, o R7. Não os vejo como haters criminosos, mas como justiceiros, bem como não vejo a minha amiga como tal, embora optei por comentar sobre a situação, e não, sobre os acusados. 



Então você está passando a mão na cabeça desses internautas, Jovem Jornalista? De forma alguma, caro leitor. Disse que eles conhecem o fato e são justiceiros e pessoas de livre expressão. Com certeza, se eles comentassem algo que não tivessem conhecimento, os chamaria de criminosos virtuais.

Aliás, existem casos e casos. O CQC estreou, nessa temporada, um quadro chamado Haters, onde propõe investigar autores de comentários ofensivos sem causa nas redes sociais.  







O quadro já apresentou o caso de internautas agirem com violência e ódio à respeito de invasores de uma área pública em São Paulo. Um comentário dizia "Tem que explodir com todo mundo dentro", demonstrando a falta de conhecimento. Eles não invadiram porque quiseram, ou porque são criminosos, mas porque estavam necessitados.

Outro caso, mostrou as ofensas virtuais de pessoas ao desabafo de uma mulher que abriu o coração e disse que havia sido estuprada há 10 anos. Internautas diziam "parabéns", chamavam-na de "puta", sem saber que ela queria ajudar outras mulheres para não passarem pelo mesmo sofrimento.



Atitudes reprováveis, como essa, me lembrou o caso daquela paulista que no Twitter teve a infelicidade de postar um comentário que dizia: "Faça um favor à humanidade. Mate um nordestino afogado". Isso foi motivo de crime virtual, e a mulher fora processada. Casos como esses acima, são criminosos, em minha opinião, e não é porque se está em um ambiente virtual, que estará isento da justiça, aliás, os crimes virtuais, ou cyber crimes, estão sendo estudados e criminalizados na atualidade.

Há um limite interessante entre a justiça virtual e a violência virtual, e porque não dizer, gratuita. Situações como a dos estupradores, é claro que não se espera comentários, como: "Parabéns", "Que bela atitude", "Era pra deixar o menino pior" ou "Por que não o deixou com mais dores?". Quem comentar ou escrever algo parecido com isso é no mínimo louco. O sentimento é de revolta e os comentários variam de "monstro" até coisas piores.

Agora, quando desrespeito a dor do outro, quando faço comentários maldosos, sim, isso é crime! E o meu medo é que deixe de ser virtual e passe a ser real, como o caso de jovens que atearam fogo em um índio que dormia em uma parada de ônibus aqui em Brasília, em 1995. O ódio nesse caso foi cruel, e realizado por "haters reais". Tudo começa na mente de um criminoso, e porque não dizer, no comentário de um criminoso?! Foi por acaso não vermos um nordestino afogado depois do comentário maldoso da paulistana. 




O ódio na internet só é tolerado até certo ponto. Quando faz sentido indignar-se sobre uma situação ruim. Quando ele passa a agredir o próximo, como em situações de Cyberbullying, homofobia, preconceito, sem conhecimento de causa; esse ódio não pode, nem deve, ser tolerado. Não é porque falamos de um ambiente virtual, de livre expressão ou de anonimato, que as pessoas podem ser impunes. J-J


#nãoaoshaterscriminosos


Por: Emerson Garcia

12 comentários :

  1. Tudo verdade. Pra coisa sair do mundo virtual é um pulo!
    Eu entendo que a revolta das pessoas como nesse caso dos pedreiros é muito grande, e penso o mesmo, mas costumo não expor de forma alguma em redes sociais.

    Já sofri bullying virtual de pessoas que eu nem sabia que existiam, na época foi um horror, fiquei bem triste e escandalizada com o que haviam escrito, e o pior, postaram publicamente, acho que eu tinha uns 15 anos e naquela época nem sabia que poderia virar processo. A coisa foi tão feia que eu tive que deletar minha pág., (orkut), mais de mil comentários maldosos em um único dia. Mas, ainda bem que isso é um caso mais do que superado por mim!

    :**

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    1. Fico feliz que superou isso, Carla! Infelizmente, não é a realidade de todas pessoas que sofrem cyberbullying. Muitos ficam com medo de procurar ajuda.

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  2. Esse tema agora está bem em alta depois do quadro do CQC né?! O problema de expor a sua opinião é aquela clássica e sábia frase ''o seu direito acaba quando começa o do outro''. Bom senso é importante em todos os momentos!

    Bjs, rasgadojeans.blogspot.com

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    1. Concordo com você, Samara. A gente não quer para o outro o que a gente não quer para si.

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  3. Tudo verdadeiro o que você falou ! Não considero o Hater justiceiro como um bandido , creio que eles só querem uma coisa que no Brasil está muito dificil de ter , hoje assassinos matam um jovem e saem no natal para visitar a mãe dele enquanto a mãe do jovem morto chora . Usar as redes socias para homofobia , xenofobia e etc. Está se tornando cada vez mais comum mal sabem eles que podem sim ser localizados mesmo assim eles continuam a usar a internet para atitudes de monstros.
    Gostei muito do seu texto , muitas pessoas deviam ler ele.
    http://sweetsafira.blogspot.com.br

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    1. Obrigado, Manu. Pois é. Essas questões geram muitas controvérsias.

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  4. Muito bom post Emerson, e "falando" de um tema tão importante hoje em dia!
    Muita gente não sabe de nada ( You Know Nothing Jon Snow ) e comenta mesmo assim, ou pior ainda os que fazem por maldade mesmo...
    Beijos e beijos

    http://simplesmentelilly.blogspot.com.br/

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  5. Concordo totalmente com você! Dependendo do caso, acho superválido colocar a sua opinião e a revolta acontece mesmo. Como a gente vai defender um assaltante que simplesmente mata a troco de uma bicicleta? É revoltante! Mas acho que em outros casos, podemos até mostrar a nossa opinião, mas sem perder o respeito. E mostrando a cara, sem dúvida! ;-)

    Beijos,
    Carol
    www.pequenajornalista.com.br

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  6. Fui hater a alguns anos, e não me orgulho disso. Vi que era ridiculo, e simplesmente parei. Poque sei que, ser julgada por pessoas que você nem se quer conhece é horrível. Super concordo com você. Gostei muito do post, super bem escrito!

    www.arrasandodeallstar.blogspot.com

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