sábado, 30 de setembro de 2017

Aquela cena: A morte de Opie em 'Sons of Anarchy'






O Aquela cena de hoje traz uma sugestão da colaboradora do Jovem Jornalista Stephanie Ferreira. Ela indicou a morte de Opie em Sons of Anarchy - série que contou com sete temporadas e teve sua conclusão em 2014.

Ao pesquisar sobre essa cena encontrei que ela foi considerada como um dos 5 momentos insanos de SoA, de acordo com o site Amigos do Fórum. Ainda não assisti a série (pretendo algum dia), por isso não posso dizer se a cena foi insana, por justamente não não ter tido a oportunidade de ter empatia pelo Opie. O que percebi é que foi uma cena chocante e forte. Assistam:





Acharam a cena forte? Eu sim! Foi uma morte violenta, seca e fria. Imagino como foi para os fãs da série terem visto. Vejam o que o site Amigos do Fórum disse:

"A morte mais difícil de engolir nessa série. Opie é sem dúvidas o personagem mais queridos pelos fãs, justamente por sofrer na pele toda a irresponsabilidade do MC. Sua morte inesperada é um chute poderoso no estômago, e mais uma vez mostra o quanto Kurt Sutter não fica andando em círculos antes de um grande ato."


Já assistiram à SoA? Gostaram da cena escolhida? Não deixem de participar desse quadro enviando suas sugestões de cenas por email ou pelos comentários! Até a próxima! J-J





Por: Emerson Garcia

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Quinta de série- nostalgia: Revenge

(Pode conter spoilers!)







Hoje trago uma série inspirada na história de vingança da literatura que também foi adaptada para os cinemas, O Conde de Montecristo. Trata-se de Revenge, que contou com 4 temporadas e 89 episódios e começou em setembro de 2011 e foi cancelada em maio de 2015. A produção foi criada por Mike Kelley e exibida pelo canal americano ABC e pela Globo.

A série segue a história de Emily Thorne, uma socialite com um passado obscuro que muda-se para a comunidade dos Hamptons disposta a se vingar e fazer justiça com as próprias mãos, para o seu pai, David Clarke, injustiçado no trabalho e acusado de um incêndio terrorista. Para isso, Emily Thorne assume uma nova identidade (na verdade ela é Amanda Clarke), alia-se a Nolan Ross - um exímio hacker e tecnólogo - e a Ashley Davenport - secretária da família Grayson. 

Emily inicia a sua vingança com os membros da família Grayson, já que seu pai trabalhava na empresa dessa família. Calculando seus passos, ela se aproxima de Daniel Grayson por quem se 'apaixona', de seus sogros Victoria e Conrad Grayson e de sua cunhada, Charlotte Grayson.

A 'condesa de Montecristo' não é uma mocinha e alguém que iremos aprovar as atitudes. Ela é fria, calculista, não tem pena de suas vítimas e faz de tudo para colocar seus planos em ação, não importando com as consequências. Desse modo, a cada episódio ela dedica-se em vingar-se de alguém ligado à injustiça com o seu pai, fazendo um 'xis' em vermelho em uma foto que está dentro de um baú.





Baú esse que foi deixado por seu pai antes de morrer e que ela guarda em segredo. Nele está entalhado dois infinitos entrelaçados - símbolo que ela tem no pulso e que também está na logo da série. Este ícone está ligado a Amanda Clarke/Emily Thorne e seu pai e significa o sentimento de amor por toda a eternidade (infinito vezes infinito). Dentro dessa caixa de madeira contém um caderno com todos os nomes, recortes de jornais, pistas, fotografias, uma carta do pai de Emily e outros objetos que irão nortear a vingança da protagonista.

Revenge foi uma série bem realística, por trazer assuntos reais, como: sede de vingança, vida aparente dos ricos, conflitos familiares e falsidade. Gostava da série por conta desse lado e por ela trazer dramas que podemos viver durante a vida. Tudo bem que em alguns momentos as cenas eram exageradas e cinematográficas, mas tinha um tom de realidade interessante.

Com Revenge pude refletir se a vingança e a justiça é o melhor caminho a ser seguido. Motes como: "A vingança é um prato que se come frio", "Olho por olho, dente por dente" e "Quando vingar-se de alguém cave duas covas", estiveram presentes no decorrer de toda a série.

Me pergunto se toda a vingança de Emily valeu à pena e se ela sentiu-se em paz no final. Esse é um caminho sem volta, com muitas mentiras, laços e relacionamentos desfeitos, frieza, solidão, dor. E a série soube retratar tudo isso. Pode ter sido uma luta inglória também, porque descobrimos que o pai de Emily está vivo (Desculpem pelo spoiler enorme! Mas tinha que falar!). Então, fica aquela pergunta: será que a vingança e esse coração inflamado valeram alguma coisa?!




Foi Revenge que me ensinou também que os ricos e as socialites não estão livres da solidão, tristeza e problemas. Pelo contrário, é um mundo de tantos vazios e falsidades, que os deixa em depressão, como qualquer outra pessoa de outra classe social. É tanto fingimento, esnobismo e gente querendo puxar o tapete dos outros que eu fiquei surpreso.

Por último, Revenge me ensinou que os inimigos podem estar dentro de nossa família e essa é a pior guerra de todas. De um lado, Emily Thorne queria puxar o tapete dos Grayson's, incluindo seu noivo Daniel; por outro, Victoria Grayson era uma sogra ardilosa e uma mulher cheia de ódio no coração. Já viram o que essa relação não será capaz de produzir né? 

Falando em família, foi lá que foram desenvolvidos os maiores conflitos da série. Seja na aceitação do vício de Charlotte, seja na traição de Conrad e Victoria ou nas descobertas de segredos familiares (Que a minha e sua família possui e a série estava cheio deles!).





Personagens



Amanda Clarke/Emily Thorne: Amanda Clarke/Emily Thorne fica órfã quando seu pai morre, acusado de um ataque terrorista, e passa sua infância em um reformatório. Lá ela conhece Nolan Ross, um jovem apaixonado por tecnologia. Emily cresce e agora irá vingar a morte do seu pai e a acusação injusta. É Nolan que lhe conta toda a verdade e dá uma misteriosa caixa pra ela. Então, decide se vingar com sua ajuda e se infiltrar na família Grayson, principal responsável pela injustiça com seu pai.





Victoria Grayson: Poderia ser considerada a grande vilã do seriado, se Emily Thorne não estivesse na série! kkkk Victoria é uma socialite riquíssima e a matriarca da família Grayson, esposa de Conrad e mãe de Daniel e Charlotte. É a principal responsável na acusação de David Clarke e guarda muitos segredos do passado. Seu casamento se deteriorou e ela está à beira do divórcio, o que deixará sua família em colapso.





Nolan Ross: É o principal aliado de Emily Thorne e a pessoa que realmente sabe o motivo dela ter voltado para o Hampton e sua verdadeira identidade. Ele está disposta a ajudar Emily em tudo, como retribuição por tudo o que o pai de Emily fez à ele. Então, por ser engenheiro de softwares e hacker, Nolan ajudará nessa parte no desenvolvimento da vingança da 'condesa de Montecristo'. Ele é bissexual.





Daniel Grayson: É o filho de papai que está acostumado a ser mimado e conseguir tudo o que quer. Está disposto a mudar de comportamento depois de um grave acidente. Para isso, ajudará seu pai na Grayson Global. Logo conhecerá Emiily Thorne e se apaixonará por ela.





Charlotte Grayson: É a filha mais nova do casal Grayson, cheia de problemas, o principal deles é que ela é viciada em drogas. Charlotte não possui um relacionamento muito bom com sua mãe, principalmente após a revelação de um segredo. Mantêm um relacionamento com Declan Poter. 






Conrad Grayson: Conrad é o patriarca da família Grayson e dono da empresa Grayson Global. Está envolvido com lavagem de dinheiro que foi utilizado em um atraque terrorista que derrubou um avião. Se envolverá com a melhor amiga de sua esposa, Lydia, o que gerará bastante conflitos.





Jack Porter: Filho de Carl Porter e irmão de Declan Porter. Gerencia um bar logo após a morte do seu pai. Extremamente responsável, terá que lidar com os negócios da família e cuidar do seu irmão mais novo. Na infância foi apaixonado por Amanda Clarke, tanto que tem um barco com o nome de 'Amanda'. Irá se apaixonar por Emily Thorne sem saber a sua real identidade.





Declan Porter: Irmão caçula de Jack. É inconsequente e se mete em muitas confusões. Se relacionará com Charlotte Grayson, o que renderá muitos conflitos.






Aiden Mathis: Foi treinado ao lado de Emily Clark por Takeda, um mestre em artes marciais. Se envolve romanticamente com Emily e também a ajuda em sua vingança, mas principalmente em domar esse sentimento.






Margaux LeMarchal: Uma jornalista esperta e que assume os negócios de seu pai em uma famosa revista. Foi uma grande ameaça a Emily Thorne, por ter motivos de sobra para se vingar dela.






Ashley Davenport: É uma secretária da família Grayson, responsável, principalmente, por organizar festas e eventos dos milionários. Conheceu Emily em 2006, quando ela a tirou da prostituição. Desde então as duas tornaram-se amigas e confidentes. Emily consegue adentrar no círculo dos Grayson's por meio dela, mas ela não sabe suas reais intenções para com a família.






David Clarke: Pai de Amanda Clarke. Era um empresário bem sucedido na Grayson Global. Foi acusado de terrorismo por Victoria, Conrad, Frank e pela iniciativa norte-americana. É preso, e na cadeia é dado como morto. Fornece um misterioso baú a Nolan para que ele entregue a Amanda, a fim de vingar-se. 




Crítica e audiência


Revenge trouxe uma premissa bem interessante e inovadora à TV, embora o tema tratado já seja recorrente em muitos produtos da indústria cultural. Merece destaque a primeira temporada, por conta dos ganchos, roteiros bem construídos, as grandes reviravoltas e a pessoa vingada à cada episódio. 

À partir da terceira temporada, a série começou a perder o seu rumo, principalmente por conta da autodemissão de seu criador, Mike Keller. A história ficou batida, já que Emily já tinha se vingado das principais pessoas. Por que continuar a série então? Para dar continuidade à história, personagens desnecessários entraram, histórias sem noção foram acrescentadas, até chegar em uma das piores invenções que a série poderia ter. Os roteiristas trouxerem David Clarke de novo! Ele não estava morto! Foi aí que a produção ficou mais sem pé e cabeça ainda, com episódios arrastados e aquela enrolação por não saber como desenvolver mais à história.

Em minhas pesquisas para esse post, li algo que concordo plenamente: Revenge funcionaria melhor como uma minissérie, do que como uma série, até porque tudo é praticamente resolvido na primeira e segunda temporada. Por que não criar uma minissérie de 11 ou 15 episódios, ao invés de empurrá-la com a barriga por quatro anos? A produção se tornaria mais memorável do que foi!

A series finale (Duas covas, em português) também deixou muito a desejar. Ela foi mal feita, cheia de clichês e trouxe um cliffhanger totalmente desnecessário. Esperava algo mais sangreto, dramático e perturbador que aquele final, e não um happy ending colorido para Emily Thorne. Porque dar um final feliz para quem sofreu à série toda e vingou-se das pessoas? Emily é a pessoa menos indicada para ser feliz, por todo o seu passado vingativo e frio. Emily não era nada boazinha... Em resumo: foi um dos piores finais de série que já vi (Acho que só perde pra Dexter). 

A história também se refletiu consideravelmente na audiência. A primeira temporada recebeu críticas positivas, boa audiência (tiveram até mesmo indicações de atuações e melhor série); a segunda foi razoável nessas questões; mas a terceira e a quarta temporada foram uma verdadeira tragédia. Confira, de acordo com dados do Wikipédia:

1ª temporada: média de 8,7 milhões de telespectadores
2ª temporada: média de 8,8 milhões de telespectadores
3ª temporada: média de 8,4 milhões de telespectadores
4ª temporada: média de 6,7 milhões de telespectadores



Enfim, essa é mais uma série que teve problemas por ser mais longa do que deveria e precisaria ser. Não a recomendo em sua completude, apenas a primeira e, talvez, segunda temporada. Revenge foi prejudicada por conta de seu roteiro e dessas pessoinhas que pensaram em lucrar com uma história de vingança, protagonizada pela 'condesa de Montecristo'. Uma pena. J-J






Por: Emerson Garcia

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Vibe humor: músicas de gêneros valorizados







Há dois anos atrás, no dia 14 de setembro de 2015, publiquei o post Vibe humor: músicas depreciativas. Uma lista bem pesada, em que homens e mulheres foram desvalorizados através das canções. No final do post disse o seguinte:

"Só pra amenizar esse clima pesado, depois posto uma de Músicas que valorizam homens e mulheres, ok?! "


Hoje, finalmente, chegou esse dia. Antes tarde do que nunca né?! Neste post selecionei 9 músicas que valorizam, enaltecem e engradecem os gêneros masculino e feminino. Tem nacionais e internacionais na playlist. Senti mais dificuldade em encontrar as que valorizam o masculino, mas mesmo assim ainda tem algumas delas. 

Deem o play! Meus comentários serão sobre as letras das músicas.







Maria Maria conta a história de uma mulher forte, lutadora e trabalhadora, com um nome bem comum e humilde. "Mas é preciso ter força É preciso ter raça É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo a marca Maria, Maria Mistura a dor e a alegria". A letra não enaltece o corpo da mulher, mas suas características como pessoa e suas qualidades psicológicas. É uma grande canção que passará por toda a história sonora.

O significado de Agora só falta você está subentendido, mas se fizermos uma leitura detalhada e profunda, perceberemos que a letra enaltece, sim, a mulher por ser cantada por um ícone feminino (Rita Lee) e por conta do que significa. A letra fala de um momento de transição e da quebra de um estereótipo, além de falar de liberdade feminina e de se ser como realmente se é. "No ar que eu respiro Eu sinto prazer De ser quem eu sou De estar onde estou Agora só falta você".

Independent Women do Destiny's Childs ainda está no arco das músicas que enaltecem as mulheres. A letra empodera as mulheres independentes, famosas ou não. A música não menciona o corpo feminino, mas as características psicológicas das mulheres, como o poder de decisão, a independência e o querer é poder, além de ter vários momentos em que enaltece o consumismo e o capitalismo. "All the women who are independent Throw your hands up at me All the honeys who makin' money Throw your hands up at me All the mommas who profit dollas Throw your hands up at me All the ladies who truly feel me Throw your hands up at me" (Todas as mulheres que são independentes Joguem suas mãos sobre mim Todas as queridas que fazem seu próprio dinheiro Joguem suas mãos sobre mim Todas as mamães que ganham dólares Joguem suas mãos sobre mim Todas as mulheres que realmente me sentem Joguem suas mãos sobre mim).

Homem de verdade é a primeira música da lista que valoriza os homens e que eu usei em uma homenagem do Dia dos pais, postada aqui. A letra enaltece o gênero masculino, mas com relação ao feminino. Ela fala de um homem que se importa mais com o que a garota é, do que com o que ela aparenta. "Ele te tira pra dançar descabelada sem motivos em qualquer lugar Sabe, homens desse tipo são poucos mas ainda se pode encontrar Ele te arranca sorrisos, valoriza te gosta do jeitinho que é uh, uh, uh Do tipo raro que não ama só corpo, mas ama a alma da mulher".

Homem de família é cantada por um homem, o cantor sertanejo Gusttavo Lima. A letra enaltece não todos os homens, mas apenas um: o de família, caseiro e que possui um bom caráter. O interessante é que Gusttavo faz menção ao antigo homem e diz que não é mais assim, que houve mudança. Por incrível que pareça até acho a letra bem interessante. Resta saber se é apenas uma canção cantada ou uma atitude tomada né?! "E quem me viu, se visse hoje não acreditaria Troquei o bar, agora é só sorveteria Só eu e ela quem diria Que o cachaceiro virou homem de família Só eu e ela quem diria Que o cachaceiro virou homem de família, de família".






Muitos dizem que a letra de Esse cara sou eu é utópica, que o tipo de homem cantado na música não existe, mas ela merecia estar nessa lista. A letra fala de um cara apaixonado, romântico e educado ao extremo, que valoriza a mulher, mas que também tem um caráter aprovado. "O cara que pensa em você toda hora Que conta os segundos se você demora Que está todo o tempo querendo te ver Porque já não sabe ficar sem você E no meio da noite te chama Pra dizer que te ama Esse cara sou eu".

Grown Woman de Beyoncé conta a história de uma mulher adulta, madura, que aprendeu muito com a vida. A cantora tem muitas músicas e letras empoderadoras, que enaltecem o papel da mulher e sua independência e essa é mais uma delas. "I'm a grown woman (eh, eh) I can do whatever I want (eh, eh) I'm a grown woman (eh, eh) I can do whatever I want (eh, eh)" (Eu sou uma mulher adulta Eu posso fazer o que eu quiser Eu sou uma mulher adulta Eu posso fazer o que eu quiser).

Girl on fire de Alicia Keys fala da capacidade e do poder feminino. Mais uma música que fala do empoderamento do gênero. "Looks like a girl, but she's a flame So bright, she can burn your eyes Better look the other way You can try, but you'll never forget her name She's on top of the world Hottest of the hottest girls, say" (Parece uma garota, mas é uma chama Tão brilhante que pode queimar seus olhos Melhor olhar para o outro lado Você pode tentar, mas nunca esquecerá seu nome Ela está no topo do mundo A mais quente dentre as garotas mais quentes, dizem).

Finalizo a playlist de hoje com Menina não vá desanimar de Marcela Taís, que também fala das características femininas e de suas peculiaridades. Além disso, a letra é incentivadora e dá a lição de nunca desanimar ou desistir. "Ela é forte, sua graça é divina Não é sorte, seu Pai lhe fez bendita E ela brilha grande menina Ela pode só não sabia, ela só não sabia Se ela sofre, faz poesia Pra que decote, se ela tem simpatia Nem é nobre e Rei chama de filha Ela vence por teimosia".


Espero que tenham gostado do post. Conhecem outras músicas que valorizam homens e mulheres? Acrescentariam mais alguma? Digam nos comentários e não deixem de participar com ideias para esse quadro! J-J






Por: Emerson Garcia

domingo, 24 de setembro de 2017

A liminar do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho trata mesmo de homossexualidade como doença?





Essa foi uma decisão tomada pelo juiz por acreditar que a resolução 01/1999 do Conselho Federal de Psicologia delimitou algumas atuações psicológicas, bem como censurou outras. Contudo, foi uma decisão inicial vista como preconceito, discriminação e homofobia por muitos. 

Observei que as pessoas trataram a fala do juiz de maneira equivocada ao atribuir a ele os conceitos de "cura gay", de tratar a "homossexualidade como doença" e de ele ser à favor de "terapias de reversão sexual". Diversas matérias e textos colocaram que o juiz "autorizou tratamento de gays como doentes", "tratou a homossexualidade como doença" e "liberou a cura gay". É preciso que interpretemos ao pé da letra o que ele declarou na audiência. 

Desse modo, esse post destrinchará: o que disse o juiz; o posicionamento do Conselho Federal de Psicologia, ONG's e OAB (Ordem dos Advogados do Brasil); diferenciar homossexualidade como doença e Reorientação Sexual; os pontos válidos dos protestos; e o termo 'Cura Gay'



O que disse o juiz?


Durante a audiência do dia 15 o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho ouviu as partes Rozângela Alves Justino e outros e o réu, o Conselho Federal de Psicologia, com o intuito de discutir a resolução 01/1999, bem como suas proposições. Entre os artigos da resolução (Leia a audiência completa aqui), o juiz destacou o artigo 3 que diz (com grifos):

"Art. 3° - os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça
a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.

Parágrafo único - Os psicólogos não colaborarão com eventos e
serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades."



Ao meu entender a resolução falou da proibição da cura gay e da tentativa de psicólogos curarem homossexuais por meio de tratamentos que não foram solicitados por ele.

O juiz ampliou as discussões para um gay que procura um psicólogo não para se curar ou tratar-se, mas para compreender-se, e a forma como a resolução da CFP está disposta não permite essa procura, nem muito menos atendimentos de reorientação sexual solicitada por homossexuais. Veja um trecho do que ele disse (com grifos):

"Conforme se pode ver, a norma em questão, em linhas gerais, não ofende os princípios maiores da Constituição. Apenas alguns de seus dispositivos, quando e se mal interpretados, podem levar à equivocada hermenêutica no sentido de se considerar vedado ao psicólogo realizar qualquer estudo ou atendimento relacionados à orientação ou reorientação sexual. Digo isso porque a Constituição, por meio dos já citados princípios constitucionais, garante a liberdade científica bem como a plena realização da dignidade da pessoa humana, inclusive sob o aspecto de sua sexualidade, valores esses que não podem ser desrespeitados por um ato normativo infraconstitucional, no caso, uma resolução editada pelo CFP.

Assim, a fim de interpretar a citada regra em conformidade com a Constituição, a melhor hermenêutica a ser conferida àquela resolução deve ser aquela no sentido de não privar o psicólogo de estudar ou atender àqueles que, voluntariamente, venham em busca de orientação acerca de sua sexualidade, sem qualquer forma de censura, preconceito ou discriminação. Até porque o tema é complexo e exige aprofundamento científico necessário.

[...]

O perigo da demora também se faz presente, uma vez que, não obstante o ato impugnado datar da década de 90, os autores encontram-se impedidos de clinicar ou promover estudos científicos acerca da (re) orientação sexual, o que afeta sobremaneira os eventuais interessados nesse tipo de assistência psicológica."



Em nenhum momento o juiz tratou a homossexualidade como doença, muito menos falou de cura gay. Ele apenas colocou em discussão os atendimentos de orientação ou reorientação sexual de uma pessoa que procura um psicólogo; bem como a atuação legal desse profissional para ajudá-lo nessa questão. Não é só doente quem procura psicólogo, mas quem quer compreender a si mesmo. Veja o que o juiz disse em nota publicada no dia 21:

" [...] Considerando que em nenhum momento este Magistrado considerou ser a homossexualidade uma doença ou qualquer tipo de transtorno psíquico passível de tratamento

Considerando ser vedado ao Magistrado manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento (art. 36, III, da Lei Orgânica da Magistratura Nacional); "


Além do equívoco de terem dito que o juiz considera a homossexualidade como doença passível de tratamento, também houve o que considerou a fala do juiz homofóbica, retrógrada e preconceituosa, uma vez que, segundo ele, é "vedado ao Magistrado manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento". 

Para o magistrado, ainda, não permitir que as pessoas procurem ajuda psicológica para reorientação sexual, nem estudos psicológicos no tema, é afetar a liberdade científica da profissão e censurar a atuação dos psicólogos (com grifos):

“Por todo o exposto, vislumbro a presença dos pressupostos necessários à concessão parcial da liminar vindicada, visto que: a aparência do bom direito resta evidenciada pela interpretação dada à Resolução nº 001/1990 pelo C.F.P., no sentido de proibir o aprofundamento dos estudos científicos relacionados à (re) orientação sexual, afetando, assim, a liberdade científica do País e, por consequência, seu patrimônio cultural, na medida em que impede e inviabiliza a investigação de aspecto importantíssimo da psicologia, qual seja, a sexualidade humana”.


O Conselho Federal de Psicologia recorrerá da decisão por acreditar que esta é uma medida perigosa, que dará abertura para Terapias de Reversão Sexual que não tem resultado. Contudo, a atuação do juiz não influirá na atuação dos psicólogos, ou seja, o ele não pode opinar sobre o que acontece em um set terapêutico, muito menos influenciar nas condutas desses profissionais. Desse modo, se algum tipo de terapia de reversão sexual ilícita acontecer, não será por culpa do juiz, e se o profissional ferir princípios éticos ou ter uma conduta inapropriada, a pessoa certamente irá denunciá-lo ao Conselho Regional de Psicologia (CRP) ou Conselho Federal de Psicologia (CFP). É preciso delimitar, portanto, que o juiz determinou, em aspecto preliminar, o atendimento psicológico de pessoas que querem ser reorientadas sexualmente, bem como estudos na área, mas não Terapias de Reversão Sexual, pois isso não é da sua alçada.



O pano de fundo


É preciso entender o contexto em que a fala do juiz foi dita, bem como seu pano de fundo. Tratou-se de uma audiência em que vários psicólogos entraram na justiça a fim de ampliarem as discussões da resolução 01/1999 do Conselho Federal de Psicologia - que delimitou condutas profissionais e censurou-as. 

Esses psicólogos gostariam de atuar em atendimentos à pessoas que buscam ser reorientadas sexualmente. Não compete a mim tentar "adivinhar" como os profissionais atuam em um set terapêutico, se tratam a homossexualidade como doença e se utilizam métodos pouco ortodoxos para a cura gay. Mas sim interpretar porque eles procuraram à justiça. Creio que estavam limitados à atender essas pessoas e reorientá-las (conforme solicitados) por conta desse documento. Assim o Conselho Federal de Psicologia (CFP) se manifestou (com grifos e acréscimos):

A ação foi movida por um grupo de psicólogas (os) defensores dessa prática [usos de terapias de reversão sexual], que representa uma violação dos direitos humanos e não tem qualquer embasamento científico. Na audiência de justificativa prévia para análise do pedido de liminar, o Conselho Federal de Psicologia se posicionou contrário à ação, apresentando evidências jurídicas, científicas e técnicas que refutavam o pedido liminar”.


Não posso afirmar como esses psicólogos atuam, o que sei é a partir da fala do Conselho Federal de Psicologia. Mas - e aqui eu serei o advogado do diabo, como sempre estou sendo nesse texto HAHAHA! -  se a conduta dos psicólogos é errada, eles deveriam ser denunciados por seus atendidos, não?! Além de já terem uma infinidade de processos e seus registros de psicólogos cassados! 

Devemos ver todos os lados da situação, porque uma história não tem apenas um lado, mas vários. Por isso fiz questão de colocar o ponto de vista do juiz, dos psicólogos e, agora,  do Conselho Federal de Psicologia, OAB e ONG's ...



Do outro lado...






Como falado anteriormente o CFP acredita que a decisão do juiz permitirá que psicólogos atuem de forma incensurada, tratando a homossexualidade como doença e com métodos de reversão sexual e a entidade não poderá intervir. Mas a decisão do juiz passa por outra esfera, e não por essa, como já discutido. 

Vamos analisar o manifesto do Conselho Federal de Psicologia (com grifos):

A Justiça Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal acatou parcialmente o pedido liminar numa ação popular contra a Resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que orienta os profissionais da área a atuar nas questões relativas à orientação sexual. A decisão liminar, proferida nesta sexta-feira (15/9), abre a perigosa possibilidade de uso de terapias de reversão sexual.

A ação foi movida por um grupo de psicólogas (os) defensores dessa prática, que representa uma violação dos direitos humanos e não tem qualquer embasamento científico. Na audiência de justificativa prévia para análise do pedido de liminar, o Conselho Federal de Psicologia se posicionou contrário à ação, apresentando evidências jurídicas, científicas e técnicas que refutavam o pedido liminar.

Os representantes do CFP destacaram que a homossexualidade não é considerada patologia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) – entendimento reconhecimento internacionalmente. Também alertaram que as terapias de reversão sexual não têm resolutividade, como apontam estudos feitos pelas comunidades científicas nacional e internacional, além de provocarem sequelas e agravos ao sofrimento psíquico.

O CFP lembrou, ainda, os impactos positivos que a Resolução 01/99 produz no enfrentamento aos preconceitos e na proteção dos direitos da população LGBT no contexto social brasileiro, que apresenta altos índices de violência e mortes por LGBTfobia. Demonstrou, também, que não há qualquer cerceamento da liberdade profissional e de pesquisas na área de sexualidade decorrentes dos pressupostos da resolução.

A decisão liminar do juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho mantém a integralidade do texto da Resolução 01/99, mas determina que o CFP a interprete de modo a não proibir que psicólogas (os) façam atendimento buscando reorientação sexual. Ressalta, ainda, o caráter reservado do atendimento e veda a propaganda e a publicidade.

O que está em jogo é o enfraquecimento da Resolução 01/99 pela disputa de sua interpretação, já que até agora outras tentativas de sustar a norma, inclusive por meio de lei federal, não obtiveram sucesso. O Judiciário se equivoca, neste caso, ao desconsiderar a diretriz ética que embasa a resolução, que é reconhecer como legítimas as orientações sexuais não heteronormativas, sem as criminalizar ou patologizar A decisão do juiz, valendo-se dos manuais psiquiátricos, reintroduz a perspectiva patologizante, ferindo o cerne da Resolução 01/99.

O Conselho Federal de Psicologia informa que o processo está em sua fase inicial e afirma que vai recorrer da decisão liminar, bem como lutará em todas as instâncias possíveis para a manutenção da Resolução 01/99, motivo de orgulho de defensoras e defensores dos direitos humanos no Brasil."



Vamos aos tópicos:

"Ação popular contra a Resolução 01/99": Acredito que o CFP utilizou um termo muito pesado para o requerimento dos psicólogos. Eles não são CONTRA a resolução, mas apenas querem que ela leve em consideração o atendimento de homossexuais em um set terapêutico. 

"Os representantes do CFP destacaram que a homossexualidade não é considerada patologia": Também sou dessa escola. A homossexualidade é uma condição humana como qualquer outra. E quem disse que os psicólogos requerentes a consideram uma patologia? E quem disse também que o juiz a considera uma doença?

"O CFP lembrou, ainda, os impactos positivos que a Resolução 01/99 produz no enfrentamento aos preconceitos e na proteção dos direitos da população LGBT no contexto social brasileiro": Fico feliz que a resolução tenha obtido esses impactos, até porque, antes dela, psicólogo algum agiria - OU PODERIA AGIR - com seus atendidos de forma preconceituosa. Depois dela isso também não poderia ser possível. Aliás, um psicólogo deve estar aberto à todo tipo de diversidade, questionamentos e orientações sexuais, sem preconceitos

"A decisão liminar do juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho mantém a integralidade do texto da Resolução 01/99, mas determina que o CFP a interprete de modo a não proibir que psicólogas (os) façam atendimento buscando reorientação sexual": Exato! O juiz não mudou uma linha sequer da resolução, apenas sugeriu que a discussão fosse mais ampla e não censurasse a atuação de vários psicólogos que possuem demandas de pessoas que buscam atendimento para reorientação sexual, mas não podem fazê-lo.  

"O que está em jogo é o enfraquecimento da Resolução 01/99 pela disputa de sua interpretação": Enfraquecimento de quem? Do juiz? Dos psicólogos requerentes? Não se pode cair em interpretações equivocadas e radicais. Ninguém quer enfraquecer a resolução e deixar brechas para uma possível cura gay, mas ampliar o atendimento para essas pessoas que querem ser atendidas e reorientadas.


Para o CFP, entidades dos direitos dos homossexuais, organizações não-governamentais e psicólogos, a liminar é um retrocesso e deve aumentar o preconceito contra as minorias LGBTQ+. Daí eu pergunto, o preconceito vindo de quem? Dos psicólogos que oferecem atendimento à essas pessoas? Será que existem psicólogos preconceituosos? Do juiz que concedeu a liminar em caráter inicial? Ele é muito preconceituoso né? Ou da sociedade? Acredito que psicólogo algum agiria com preconceito com seus atendidos. Acredito também que um juiz não poderia agir assim por estar em uma profissão imparcial. O preconceito está na sociedade, e não nos psicólogos ou na justiça e digo isso sem rodeios, filtros ou reinterpretações.



Doença Vs. Reorientação sexual





















É preciso conceituar esses dois elementos, para não incorrer em interpretações erradas, vagas e parciais. Nesta última semana muitos famosos, pessoas comuns e a comunidade LGBTQ+ foram levados à acreditar que o juiz tratou a homossexualidade como doença. Homossexualidade jamais será doença, e não foi isso que o juiz tratou na audiência. 

Na nossa recente história, a homossexualidade era vista como patologia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e precisava ser tratada com métodos ilícitos, como falei nesse texto durante a Semana do Orgulho LGBTQ+. Como puderam ler, sou totalmente contra a homossexualidade ser vista como doença, como algo que deva ser tratado ou curado. No texto eu também reprovei os Tratamentos de Reversão Sexual, que não devem nem sequer serem remencionados (Se quiserem vê-los, se direcione até o post novamente!).

Quem é doente, precisa ser tratado e curado. Se o homossexual fosse doente, ele deveria recorrer a um tipo de tratamento. Por outro lado, se ele quiser ser reorientado sexualmente ou entender sua sexualidade, porque deveria ser proibido de buscar atendimento psicológico e terapia? Terapia não é só pra quem é doente psicológica e emocionalmente, mas para quem quer entender-se, compreender-se e mudar algumas condutas (E isso não tem nada a ver com doença!).

Entendo também que quem busca ATENDIMENTO é a pessoa e quem oferece-o é o psicólogo. E eu fiz questão de frisar o termo anterior, porque há uma diferença enorme entre ATENDER e TRATAR alguém. Atender diz respeito à atender gays, lésbicas, pessoas com transtornos emocionais e psicológicos; já tratar diz respeito à tratar pessoas depressivas, que pensam em suicídio, mas NUNCA tratar quem é gay ou lésbica, pois não é uma doença.

O que houve, infelizmente por parte do jornalismo e da mídia, foi uma manipulação da notícia, que tratou a mim e a você como uma massa de manobra que não sabe diferenciar o que é doença, de reorientação sexual e atendimento psicológico à pessoas gays. De acordo com eles, no final, se jogarmos tudo isso em um caldeirão "vira a mesma coisa".

Muito me admirou a atitude do historiador Leandro Karnal (Que inclusive o acho muito culto e inteligente!) ao tratar a homossexualidade como doença, o que o juiz jamais fez, e ainda brincar com isso. Veja abaixo o que ele escreveu: 





Ele afirma que a justiça liberou a cura gay, quando na verdade não foi nada disso. E se fosse, a decisão ainda está em caráter inicial. Ele também fala que a justiça não agiu com seriedade, mas com preconceito, parcialidade e em tom de brincadeira. 

O que realmente há por trás disso NÃO É O PRECONCEITO À CLASSE LGBTQ+, MAS SIM CONTRA TERAPIAS E ATENDIMENTOS PSICOLÓGICOS, como desabafou a artista Sarah Sheeva em um post em seu Instagram que derrubou todos os forninhos: 


Uma publicação compartilhada por Sarah Sheeva (@sarahsheeva) em



Terapias de Reversão Sexual







Não sei como funciona/funcionará o atendimento à pessoas homossexuais em sets terapêuticos e também não posso afirmar que com a decisão do juiz "aumentará a proliferação de Terapias de Reversão Sexual". O que posso dizer é que sou extremamente contra elas, que as reprovo, que as acho de uma violência desmedida e que elas não surtem o efeito desejado. Quero que entendam, e não me interpretem mal, que eu sou a favor do diálogo, desabafo e atendimento a pessoas gays que o desejam

Em minha opinião, a reorientação sexual e a Terapia de Reversão Sexual não são as mesmas coisas. Uma pessoa gay que procura um psicólogo com aquele intuito quer compreender-se, buscar uma orientação se está na estrada certa, compreender seus gostos e arriscar a possibilidade se pode gostar do sexo oposto. Agora, a Terapia de Reversão Sexual é fazer com que a pessoa reprima seus desejos por meio de métodos dolorosos que lhe causarão traumas. O site Hypescience falou sobre esse tratamento

"[...] a maioria dos psicólogos diz que o tratamento é ineficaz, antiético e muitas vezes prejudicial, agravando a ansiedade e auto-ódio entre aqueles tratados pelo que não é um transtorno mental – conforme foi concluído anos atrás."


O Hypescience também citou 5 fatos sobre a Terapia de Conversão Sexual. Veja abaixo: (íntegra aqui)

"5. Porque os psicólogos afirmam que a terapia de conversão não funciona
4. O que acontece na terapia de conversão?
3. O que está acontecendo nos tribunais?
2. Como surgiu a terapia de conversão?
1. Apenas um estudo disse que a terapia funcionava - mas seu autor assumiu falhas e pediu desculpas mais tarde"



Protestos válidos



Diversos famosos, celebridades, artistas e pessoas comuns se manifestaram contra a liminar do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho e disseram que "homofobia não é doença" - sugerindo que o magistrado tenha dito isso - e criaram a tag #TrateOSeupreconceito

Fora da órbita de atribuir a frase e a tag ao juiz, concordo sumariamente com a opinião destes e considero alguns protestos que vi no Instagram nesses últimos dias totalmente válidos. Veja alguns dos posts que separei:



Uma publicação compartilhada por -ROMULO ARANTES NETO- Actor (@romuloarantesneto) em






Uma publicação compartilhada por Cauã Reymond (@cauareymond) em

"O amor cura"


Um post recente do ator Cauã Reymond que diz tudo.





"Doença é a intolerância, é o preconceito, é a violência. Homossexualidade não é doença, amar não é doença. #HomofobiaÉDoença #TrateSeuPreconceito"


Concordo em gênero, número e grau!





Uma publicação compartilhada por Samara Correia (@samaracorreia) em






Uma publicação compartilhada por Sergio Malheiros (@sergio_malheiros) em


"Não há cura para o que não é doença."


Realmente não há.





Uma publicação compartilhada por Pabllo Vittar 🏹💘✨ (@pabllovittar) em

"Não somos doentes."






"Psicólogo não cura gay. Psicólogo Ajuda a curar PRECONCEITO. Consideramos justa toda forma de AMOR! #Repost @lulusantosoficial ・・・Juntemos as vozes.#TFA🌈"



E psicólogo jamais teria esse poder e jamais agiria com preconceito! Também considero justa toda forma de amor.




























Campanha válida, embora acredite que nenhum psicólogo aja com preconceito com seu atendido. 





Cura gay







Você já se perguntou quem criou e de onde surgiu o termo "cura gay"? Este é um conceito bastante disseminado pela comunidade LGBTQ+, pela mídia e sociedade no geral. Mas será que ele foi cunhado por psicólogos? Sociedade? Justiça? Por uma lei? Pela mídia? Pela comunidade LGBTQ+?

O projeto polêmico conhecido como Cura gay chama-se judicialmente de Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 234 /2011 - idealizado pelo deputado federal João Campos (PSDB-GO). A ementa do projeto dizia o seguinte (com grifos):


"Susta a aplicação do parágrafo único do art. 3º e o art. 4º, da Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 1/99 de 23 de Março de 1999, que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual."


Esse projeto gerou bastante barulho na Câmara e sociedade. Inicialmente ele fora aprovado pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Mais tarde, o deputado federal João Campos decidiu por retirar a tramitação de sua proposta na casa, porque houve várias manifestações contrárias que "inviabilizou, sumariamente, a possibilidade de sua aprovação".

Mesmo que o projeto do deputado tenha sido cunhado como "Cura gay", ele não o definiu assim, muito menos quis propô-la em sua ementa. O que ele propôs, realmente, foi a mesma coisa que o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho definiu em liminar e aquilo que eu já devo ter repetido por várias vezes nesse texto.

O brilhante estudante de direito Saulo Brasileiro em um post intitulado Não, não liberaram a "Cura gay"! comentou sobre os fatos recentes da justiça e mostrou que de maneira nenhuma liberaram a cura gay. Veja alguns trechos que selecionei (com grifos):


"Ora, o que a decisão fez foi prestigiar a liberdade científica, de pesquisa, no sentido de se avançar nos estudos sobre o assunto. Não só isso: adotou uma interpretação no sentido de permitir que aquele que queira possa ir até o psicólogo e, necessitando de alguma orientação, possa obtê-la. Basta imaginar a situação de alguém que, em virtude da repressão, sofra fortemente, consigo mesmo, em virtude de sua orientação sexual. Ou mesmo que, apesar de uma dada orientação sexual que lhe foi imposta, normatizada, poder realmente se identificar e crescer pessoal e subjetivamente enquanto aquela que corresponde à pessoa que realmente se é, não a que lhe é forçada. Queremos mesmo impedir que se consultem para fins de melhora (não para reversão sexual discriminatória e/ou coercitiva, mas para entendimento e aceitação)? É essa a leitura constitucional a ser feita?

[...]

E não se diga, também, que se permitiu o tratamento de homossexuais como se doentes fossem, como grita uma certa mídia. Ou isso ou admitimos que a ida ao psicólogo é um reconhecimento da patologia em todos nós, o que não é verdade. O fato de se realizar uma consulta psicológica diz absolutamente nada sobre a existência de qualquer doença. Assim como nem todos que possuem transtornos mentais são consultados por psicólogos, nem todos os consultados por psicólogos possuem transtornos mentais. A ideia não é tão incompreensível."



A interpretação correta



Espero que tenha provado a vocês que o juiz Waldemar Cláudio de Carvalho não permitiu/autorizou a cura gay, muito menos tratou homossexualidade como doença. Se ele assim o fizesse, não concordaria com ele.

A decisão do juiz está em caráter inicial, ainda tem muitos passos a percorrer. Mas se ela vir a ser uma decisão permanente permitirá que psicólogos ATENDAM pessoas gays e homossexuais que buscam atendimento, mas não a cura.

De acordo com o post, espero que tenham feito a interpretação correta da minha opinião: sou à favor de toda forma de amor, não acredito que homossexualidade é doença e não creio em uma cura gay. Mas, sou a favor de terapias e atendimentos para pessoas gays que o buscam para se compreenderem e se aceitarem. J-J


Por: Emerson Garcia
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