domingo, 3 de setembro de 2017

Clipe 'Eu escolhi você' de Clarice Falcão não é banalização, mas sim ridicularização do sexo




Quem lembra no final do ano passado quando a cantora Clarice Falcão lançou o clipe da música Eu escolhi você? O lançamento, em 20 de dezembro de 2016, deu o que falar por conta de vários nudes e exposições de órgãos sexuais, tanto masculinos como femininos. Clarice Falcão causou alarde e o clipe foi excluído do Youtube após algumas horas no ar. Contudo, ele encontra-se disponível no Vimeo, longe do vale dos unicórnios da censura.

A tentativa de fazer chocar por meio de tantos corpos nus e diferentes órgãos sexuais teve êxito, mas não de forma erótica e sensual. Pelo contrário, a trilha sonora alegre, pênis fazendo o movimento de pirulito, glitters espalhados no corpo, aberturas e fechamentos de ânus, brinquedos e adereços da cintura pra baixo, chocam por meio de um entretenimento barato, disposto a ridicularizar e causar vexame em algo tão sublime e importante, que é o sexo. Duvida? Então assista: (É preciso colocar um filtro sem pudores e sem vergonha após apertar o play #ficaadica)






A própria Clarice disse "Se não for pra causar, melhor não lançar nada" no Twitter logo quando o clipe foi lançado. E realmente ela estava certa, mas não da forma que imaginava. A nudez há muito deixou de ser um tabu em revistas, sites, TV, cinema, etc. Se ela acredita que o motivo do choque é a nudez, está muito enganada. Fazer e falar sobre sexo também é algo comum. O verdadeiro choque à respeito desse clipe é a ridicularização do sexo, mas também dos órgãos sexuais. Não diria nem que o vídeo pretende ser banal, porque ele ultrapassou essa barreira. Ele é simplesmente ridículo e apenas isso.

Outra frase de Clarice que chamou a minha atenção durante a divulgação foi essa: "Gente, calma. É só piru e ppk". Realmente ela está certíssima quanto ao conteúdo do clipe, mesmo esquecendo das 'bundas e cus'. Mas o que é interessante destacar é o tom e o significado dessa frase. Quando Clarice fala que É SÓ ela diz subliminarmente duas coisas: a primeira delas é que piru e ppk não é nada demais e que você pode achá-los por aí na esquina (Detalhe: ela não os banaliza, ela os ridiculariza!); e a segunda, a minimização da quantidade de órgãos sexuais no clipe (Não É SÓ piru e ppk, mas sim, MUITOS piru e ppk, a perder de vista, que cansa até mesmo os olhos...). 






Uma outra coisa que preciso destacar é que atrelado à ridicularização do clipe, encontra-se um verdadeiro mau gosto e uma horrível estetização. Talvez Clarice também tenha pretendido chocar com tanta feiura sobre os holofotes de uma câmera sem vergonha. O clipe está longe de ser uma obra de arte, além da música ser péssima. Ou seja, não houve beleza no aspecto visual, muito menos no sonoro. Sobre isso Leonardo Olivaria disse o seguinte:





Destaco o trecho:

"A perda do bem, do belo e da verdade na arte, como em todo o resto, é um convite à feiura, quando não ao crime".



O mais grave não é banalizar o sexo, mas ridicularizá-lo e transformar a música, as artes visuais e o cinema em lixo, em algo descartável e sem valor algum. Foi a própria Clarice que admitiu isso em postagem no Facebook na época:






Destaco alguns trechos do desabafo da cantora alternativa (com grifos):

"Eu fui pessoalmente comprar os adereços no Saara. Ele não tem a pretensão de ser um manifesto universal, um retrato do nosso tempo ou uma obra de arte cheia de camadas. [...] O clipe não é mais do que ele parece ser: um monte de partes íntimas com adereços baratos. Se eu quisesse fazer o clipe mais revolucionário da década eu juro que tinha chamado um diretor de fotografia."


Clarice conseguiu chegar ao ridículo extremo com adereços de camelôs, sem um diretor de fotografia e uma equipe expert em vídeo. Não tenho nenhum problema com os recursos visuais, técnicos e adereços empregados no clipe. Respeito também se esse for o estilo de ser da cantora. A minha crítica é quanto à ridicularização e, por uma coincidência, os aspectos visuais contribuíram, sim, para isso.

Quase concordo com o comentário da Bruna Salles na postagem da Clarice, se não fosse por um detalhe. Veja:



Aplaudo a seguinte parte:

"Quem é do 'clube', saca de cara qual é a sua proposta e a compreende perfeitamente!"


Estilo, proposta e idiossincrasia cada artista tem a sua e eu os admiro por isso. É o que os define, os destaca e os coloca em evidência na sociedade.

Vaio essa parte:

"Quem ficou incomodado, provavelmente tem probleminhas com seus genitais/sexualidade/auto-aceitação!"


Em nenhum momento desse texto falei da beleza ou feiura dos órgãos sexuais no clipe. E o motivo de ter visto quase 3 minutos de clipe não foi pra admirar ou menosprezar o que foi exibido, mas sim pra ver até onde o ridículo ia. E ele foi mais longe do que poderia imaginar... Foram muitos os absurdos no vídeo, que nem valeria a pena relatar (Veja! E se já viu, reveja de novo!).

O ridículo também marca presença quanto à escolha do clipe com relação à letra da música. Ela fala de escolhas amorosas, mas Clarice achou que ficaria interessante falar de escolhas sexuais, pirus, bundas e ppks. Mas, se pararmos pra pensar, quem realmente escolhe seu órgão sexual? E mais além: quem escolhe o do outro?! Chega a ser ridículo e engraçado  ouvir uma namorada falar pro namorado assim: "Abaixa sua cueca aí que eu vou ver se escolho você, ou melhor, se escolho o seu piru". O clipe com a letra da música também chega a ser um festival de campeonato de 'Pokemons eróticos': "Eu escolhi você", "Eu escolhi você", "Eu escolhi você". Enfim, o vídeo não ornou com a música, Clarice, e, mais uma vez, você conseguiu chocar através do ridículo.

Concluo dizendo que atualmente chegou-se no nível em que o sexo não é mais retratado de forma banal, mas ridícula. Era da época em que os nudes em aberturas de novela, filmes e vinhetas de carnaval eram vistos como arte, algo belo e bonito de se ver, como falei no texto que fechou a Semana Pré-Carnaval JJ esse ano. O problema não é a Clarice Falcão nos apresentar órgãos exuais e tudo mais (TUDO mesmo! Até o olho do cu de alguns!), mas a forma como ela fez isso, que ultrapassou a barreira do banal e chegou até a do ridículo. Certamente, se ela apresentasse esses nudes de forma bonita, agradável, estética e artística, fora do eixo da música Eu escolhi você (Por que não tem nada a ver), o clipe seria interessante. Afinal não existe tabu em falar sobre e fazer sexo. Há sim tabu em assistir algo ridículo como esse clipe. J-J    





Por: Emerson Garcia

5 comentários :

  1. Super concordo!

    Beijos ♥

    Jéssica || Fashion Jacket
    www.fashionjacket.com.br

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  2. E ela ousou mais uma vez né? Acho que é o segundo ou terceiro clipe dela que causa essas discussões todas pela internet. Não tenho muito o que falar sobre, porque não sou especialista em produção audiovisual, nem em música e quem sou eu pra julgar alguém, sabe? Só é meio chocante né?
    Beijos!

    www.likeparadise.com.br

    ResponderExcluir
  3. Acho que o YouTube fez o certo, em retira-lo. Não fazia ideia dessa polêmica e nunca tinha escutado a música. Achei bem bizarro!

    rasgadojeans.blogspot.com

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