quarta-feira, 11 de maio de 2016

Entendendo a bagunça – parte 3: As trapaças jornalísticas de Reinaldo Azevedo

Lá vamos nós outra vez! | Diversas imagens de internet


Esta é uma série de textos para entender os pormenores pós-impeachment e ela não terá um número de partes definidas por haver possibilidade de um extra. “Papo reto” e sem “muralismos” – termo criado por Dias Gomes em definir os que ficam em cima do muro – porque não tenho medo de “ofendidos” e “especialistas” dispostos a derrubar argumentos por meio de ofensas e chavões ao modo papagaio.

A primeira parte pode ser vista aqui.

A segunda parte pode ser vista aqui.


Dane-se a lógica e os contextos!

Quem tem coragem, estômago e acompanha os artigos do jornalista Reinaldo Azevedo na Veja, Folha, Jovem Pan e RedeTV!, percebe que ele assumiu seu lado: tucano, uma oposição “dócil” e de uma fraude com quem se destoa da polarização PT-PSDB – dissemos aqui que a briga entre estes dois partidos são falsas. Vou pegar dois exemplos disso: Jair Bolsonaro e Olavo de Carvalho.

Lembro-me do caso em que o deputado do Rio de Janeiro encarou a sua colega Maria do Rosário Nunes (PT-RS) e Reinaldo comentou sobre este vídeo aí:





No texto de Reinaldo Azevedo que pode ser lido aqui, ele faz uma retrospectiva entre a animosidade entre Jair Bolsonaro e Maria do Rosário. Até aí tudo bem. O problema foi a primeiro ato de desonestidade jornalística de Azevedo, assim ele escreve (com grifos):

“O Conselho Nacional de Direitos Humanos entrou com uma representação contra o deputado na Procuradoria-Geral da República. PT, PCdoB, PSOL e PSB recorreram contra ele no Conselho de Ética. Olhem aqui: já defendi, no passado, o direito que tem Bolsonaro de ter a opinião que quiser sobre os mais variados assuntos. O que testa a nossa tolerância é ouvir coisas que os outros dizem e que julgamos detestáveis. Mas direito de afirmar que estupro é matéria de merecimento, valorando positivamente a violência, bem, esse direito, ele não tem, ainda que seja pura retórica e estridência meio circense. É retórica, sim, mas ele está obrigado a seguir o decoro da Casa.
Se for punido, não derramarei por ele uma única palavra. Não terá sido por delito de opinião, mas por expressar uma opinião delituosa. Esse tipo de comportamento e essas declarações só colaboram com o pior Brasil, num extremo e no outro. Não! O lixo dito por Bolsonaro não é “de direita”. É apenas, repito, uma boçalidade.”


Deixei grifado para flagrar a mentira do jornalista: ele acusa Bolsonaro de fazer apologia ao estupro. Mas ele não fez! ATENÇÃO: BOLSONARO REMEMOROU UM FATO QUE OCORREU EM 2003! Notem a seguir na frase que o deputado jamais fez apologia a nojento crime:

“Fica aí, Maria do Rosário. Há poucos dias [na verdade há alguns anos], tu me chamou de estuprador no Salão Verde, e eu falei que não iria estuprar você porque você não merece. Fica aqui para ouvir”.


Mas é claro que isso ele não quis saber! Reinado Azevedo sai da identidade de jornalista e deixa sua antipatia contra o deputado e tudo o que representa o mundo militar – afinal ele já foi da esquerda trotskista – dominar as suas palavras. Dane-se a lógica e os contextos! No assunto Bolsonaro-Rosário ele abraça de corpo e alma o princípio de “apologia ao estupro” fazendo coro a narrativa das esquerdas. Para Reinaldo, a clarividente provocação do deputado a sua colega foi uma espécie de “atentado às mulheres” (com grifos):

“Mas isso não o autorizava a dizer aquela enormidade. Sim, ele está sugerindo que algumas mulheres merecem ser estupradas. Como não gosta de Maria do Rosário e sustenta que ela está entre as que não merecem, infere-se, por uma questão de lógica elementar, que, na sua fala, o estupro é uma distinção, um mérito, um prêmio, um merecimento. É inaceitável!”


Isso mesmo! De acordo com Reinaldo e muita gente que detesta o deputado, Bolsonaro fez apologia de estupro. Reinaldo ignora os contextos que envolvem a torpeza da deputada gaúcha para dar base em seu ranço particular ao parlamentar. Quem desarmou esta farsa de narrativa foi o professor Olavo de Carvalho que explicou neste texto todos os pormenores que norteiam a questão que Reinaldo Azevedo fez questão de ignorar. 

Vejamos alguns trechos (com grifos):

“Interpretar a coisa como apologia do estupro é logicamente inviável. Não creio ser necessário lembrar que ele não disse que a colega MERECIA ser estuprada, o que seria, sim, apologia do crime (aliás cometida pelo sr. Paulo Ghiraldelli impunemente contra a apresentadora Raquel Scheherazade) [correção: Sheherazade], mas disse que ela NÃO O MERECIA, o que é uma observação sarcástica de ordem estética e nada mais -- injusta, no meu entender, já que a sra. Maria do Rosário não é tão feia assim.”


Trocando em miúdos: Bolsonaro disse que Maria do Rosário é feia que dói. Outro trecho:

“O ato do sr. Bolsonaro inclui-se claramente nos dois tipos de atenuantes que a lei brasileira admite para o crime de injúria (a) se a ofensa é emitida EM REVIDE a uma ofensa anterior; (b) se é emitida IMEDIATAMENTE após a ofensa. A conduta da sra. Maria do Rosário não tem atenuante nenhum, tem os agravantes de deliberação e da ausência de provocação. Não há o menor senso das proporções em nivelar a conduta dos dois, muito menos em enxergar maior gravidade nas palavras do sr. Bolsonaro que nas da sra. Maria do Rosário.”


Resumindo: o nosso Código Penal leva em conta os atenuantes de determinadas circunstâncias. Se há uma provocação e o provocado revida, então nada acontece a ele pois houve resposta à agressão injusta. Mais detalhes está neste áudio do advogado Leonardo Olivaria (ou Oliveira: apelidado Conde Loppeux de Villanueva). Ouça a partir dos primeiros minutos:





Mas Reinaldo mais uma vez foi arrogante e pedante com a explicação do professor Olavo. Em vez de comentar a explicação do filósofo fez um textão enrolador sem entrar no mérito do assunto:

Não, meu caro Olavo, você não vai me pautar. Porque cheguei a uma condição profissional em que eu me pauto. Respeite os que nunca o desrespeitaram e trave o debate na altitude equivalente à da sua bela formação intelectual, que tem de ser maior do que a da sua vaidade.
Ponto final.”



Reinaldo Azevedo desmascarado e pego em flagrante


Histriônico Reinaldo Azevedo | Spacca


A segunda vez em que Reinaldo Azevedo foi ao ápice de sua loucura foi naquele episódio da cusparada e do coronel Brilhante Ustra, que já retratei no primeiro e segundo texto. O jornalista de Dois Córregos foi trapaceiro em dizer que os parlamentares naquele dia 17 de abril de 2016 se mereciam porque um é a dependência do outro. Como as redes sociais criticaram bastante a fala de Azevedo ele ficou descontrolado. Ao atacar o professor Olavo cometeu o erro mais grave aqui: a contradição. Vejamos:




Vamos lá descascar as trapaças:

1 – Reinaldo exige de Olavo que prove que o coronel Brilhante Ustra não foi torturador. Aqui no JJ sabemos disso, mas Azevedo faz a inversão do ônus da prova. O ônus é sempre de quem acusa e não de quem é acusado, exceto no Código de Defesa do Consumidor, o que não se aplica;

2 – Reinaldo acusa Olavo de Carvalho de dar palpites sobre o Brasil mesmo estando nos Estados Unidos. ESSA FOI A CONTRADIÇÃO DAS CONTRADIÇÕES! HAHAHA!!!


Pesquisando no próprio arquivo de textos do Reinaldo encontrei um onde ele se vangloriou de acertar o que ocorria no Egito na época da dita “primavera árabe”. No texto Poderia ter sido um palpite para a Mega-Sena, mas foi só uma antevisão do Egito. Com dois anos de antecedência. Confiram! Ou: A Irmandade Muçulmana e os inocentes ocidentais Reinaldo se gabou de ter sido preciso no desenrolar naquele país. Você pode ler aqui como prova, mas seleciono os trechos desnudando a acusação que ele fez a Olavo (com grifos):

Vocês sabem que nunca fui entusiasta daquele negócio e fui o primeiro, que me lembre, a ter empregado a expressão “Inverno Árabe”. Desde o começo, incomodava-me a bobagem de uma “revolução feita pelo Facebook”… Tenham paciência! A segunda tolice, tomada como axioma, era justamente a suposta moderação da Irmandade Muçulmana. Que moderação?”


E a melhor de todas (com grifos):

Apanhei também porque indagavam: “Você foi para o Egito por acaso? Fica escrevendo aí da sua cadeira… Vá para a Praça Tahrir…”. Eu não! Não vou! Vou ficar aqui mesmo! Não é pra mim. Temo que o calor dos fatos perturbe o meu juízo, entenderam? Acho simpática a ideia de que, ao nascer somos, mesmo uma “tabula rasa” (adoraria que Platão estivesse certo e que a minha alma já tivesse visitado a Sabedoria, mas….). Depois de alguns livros lidos, no entanto, é preciso tomar cuidado para que os atores contingentes das praças do mundo não façam tabula rasa daquilo que a gente aprendeu, leu, estudou.”


Reinaldo, Reinaldo, Reinaldo... Como a mente te traiu! Você nem foi ao Egito e acertou, mas quando Olavo faz prognósticos sobre a política brasileira você se arroga em acusar o professor de ser um palpiteiro e que não conhece as temperaturas das ruas? Como tu é burro, rapaz!


Volto a descascar o queridinho dos tucanos:

3 – Reinaldo diz que Olavo, e outras pessoas que viram com ceticismo o pedido de impeachment de Dilma Rousseff, “erraram” e que deviam “pedir desculpas” por isso. Olavo não só acertou como continua acertando. Hoje vemos o PT usando de todos os meios para se manter no poder e isso se estende aos “petistas arrependidos” como Marina Silva, Alessandro Molon e Marta Suplicy. Os petistas de ontem são agora do PSB, PPS, PSOL, REDE, PDT. Reinaldo errou!

4 – Ao falar de “revisionismo babaca” e que Olavo “queria uma intervenção militar” percebe-se o tamanho discurso ofensivo e escandaloso deste homem. O pessoal do CartaCapital, Sakamoto e Cia. ficaram com inveja de tanta súcia deste senhor. Olavo nunca foi “a favor e/ou contra” intervenções militares, a ação do MBL e a questão do impeachment. Neste vídeo o professor faz um diagnóstico político baseado nos acontecimentos e traça os fatores positivos e negativos. Uma perfeita Matriz SWOT:




O vídeo completo de 1h16m35s feito no dia – CONFIRAM: 19 de setembro de 2015 – sobre a Breve análise da atual situação política brasileira feita pelo professor pode ser visto aqui.

Comento: O Movimento Brasil Livre (MBL) é a principal responsável – por sua tamanha influência na mídia e com suporte dos “Azevedos da vida” – por murchar os movimentos populares espontâneos contra o governo e todo o sistema político que roubou o futuro e a liberdade dos brasileiros. Ao concentrar suas manifestações apenas na Dilma Rousseff, o MBL junto com os “políticos arrependidos” só que não estão preservando as mesma instituições que rasgam a carta magna.

E olha que desde setembro de 2015 Olavo de Carvalho falou em renúncia de Dilma e, até o desfecho final da questão do impeachment a possibilidade dela usar este recurso ainda não está descartada.

5 – A última: Reinaldo usa de calúnias e mentiras que os conservadores querem “extinguir os gays”. O desespero deste quatro-olhos é tanto que usa de quase seis minutos de vídeo para gritar e “fazer sala”.


Reinaldo Azevedo: o conveniente com a “oposição”

Em minhas pesquisas, vi um texto de Paulo de Tarso Irizaga no Mídia Sem Mascara acerca do tratamento diferente ao que o Reinaldo dita uma “direita golpista” da “direita democrática”. Paulo desmascara os truques verbais e clichês que o articulista da Veja/ Folha/ Jovem Pan/ RedeTV! coloca aos considerados inimigos da democracia. Vejamos os trechos (com grifos):

“[...] Aliás, usar o termo 'bolsonariano' é pura estratégia de desinformação, que o jornalista da Veja, como ‘ex’-trotskista, certamente tem conhecimento para aplicar. Ora, é meio lógico que quem quer a volta do regime militar não pode considerar como legítimos qualquer representante do sistema vigente, o que inclui, obviamente, o deputado Jair Bolsonaro e seu filho, Flávio Bolsonaro, os quais, lembremos, foram eleitos democraticamente pela vontade soberana do povo. [...]”

“[...] Não existe uma ‘direita golpista’ e uma ‘direita democrática’. Há apenas pessoas que conhecem a situação e sabem o que está acontecendo com o Brasil, e vários movimentos ideológicos que servem de massa de manobra para a esquerda antidemocrática, a única existente no Brasil. [...]”

“[...] Por tudo isso, concluímos afirmando que a coluna de Reinaldo Azevedo não só representa uma inversão total da realidade, mas joga lama na água dos acontecimentos, criando rótulos e misturando conceitos. O jornalista está totalmente equivocado quanto ao assunto que tentou tratar e, por isso, apelou para a acusação histérica e irracional. Partindo de um ex-trotskista, de forma alguma estamos impressionados com essa atitude.”



Um caso especial: Cunha e Maranhão

Um caso especial onde o jornalista abordou em seu blog na Veja foi entre o deputado federal afastado do cargo de presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do equivalente interino, Waldir Maranhão (PP-MA). A forma como Cunha fora afastado do cargo não tem base legal.

Mas quem se habitua a ler o blog há anos sabe que Reinaldo usa e abusa de sua fama de “defender a Constituição” e gosta muito de citar artigos, incisos e itens de leis, decretos e etc. No caso de Cunha, Reinaldo apenas fez uma breve nota reconhecendo implicitamente a trapaça jurídica do STF e ficou por isso mesmo.

Agora no Caso do interino ele cita isso, aquilo, acolá e tudo quanto dispositivo para embasar sua tese de que Waldir tem de ser chutado do Congresso.

Que isso, Reinaldo?! Para um, você é leniente com golpes jurídicos, para outro, não? É claro que eu e os brasileiros de bem queremos sempre a punição de corruptos com base em provas – garantia de ordem constitucional. Por que que no Caso do Cunha você não citou o despacho do STF que não reconhece base legal para o afastamento do deputado com dinheiro na Suíça, “senhor eu-defendo-as-instituições”?


Fechando este assunto

Não digo que Reinaldo Azevedo é burro, mas usa de inteligência para apelar a mentira e desinformação, assassinando reputações de seus desafetos. Puxando o exemplo mostrado, ninguém precisa sentir simpatias por Bolsonaro e pode muito bem apontar seus erros, porém jamais pode usar o prestígio e influência para difamações e puxa-saquismos aos tucanos, como ele faz.

A arrogância olímpica de Reinaldo será seu Titanic jornalístico se agir do modo citado. Felizmente (e graças a Deus!) a população deixou de ter os tradicionais meios de mídia como uma cega referência de informação e guia de orientações. Fique registrado no destrincho do vídeo do programa que ele faz na Rádio Jovem Pan que ele acusa Olavo de “palpitar” nos assuntos brasileiros estando nos EUA, mas deu muito palpite no Egito e até que acertou.

A obrigação de todo jornalista é com a verdade mesmo que isso doa seus sentimentos e paixões. O jornalista relata os fatos e nunca pode fazer dos fatos sua massinha de modelar. Nesta série de textos – assim como outras que escrevi no JJ – sempre tem bases, links e provas para que se evite dar “opiniões de internet” e “críticas de lides e títulos”.


P.S.: #TioReidaCocadaBranca


“'Réschitégui': pronto, falei!” | Imagens de internet


Caríssimo Reinaldo Azevedo, ou “Tio Rei” para os íntimos: se você é tão amante da verdade como eu – este brasileiro de coração francês – me responda: por que você nunca perguntou a um de seus atuais patrões sobre a obscura venda da TV Record (onde 50% da emissora pertencia ao dono da Jovem Pan) em que há envolvimento com drogas? A pergunta, que na verdade não é minha, é de Alex Pereira (web rádio RadioVox) que já abordou o assunto.

Por que este “defensor das instituições” não questiona a rádio em que trabalha sobre este capítulo tão perigoso da história da radiodifusão brasileira? Afinal de contas foi o próprio Reinaldo que tocou no assunto (leia aqui) e que “naturalmente ” deixou morrer na espiral do silêncio.





As pendências que serão acertadas nos próximos textos são: Cusparadas; Uma oposição de mentira e; Crimes da esquerda são perdoados. 


Até mais, pessoal. J-J


Por: Pedro Blanche

6 comentários :

  1. Parabéns pela série bastante esclarecedora.

    www.paginasempreto.blogspot.com.br

    Beijos

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    Respostas
    1. Obrigado, Rafa. Volte sempre! Beijos 'procê' também. | PEDRO BLANCHE

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  2. Nossa esta mas para uma novela porque vai demorar muito para acabar, e o pior de tudo que sofre com isso é o povo..Gostei do texto..

    wwww.feedhi.com

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    Respostas
    1. Novela não, porque novela tem início, meio e fim. Está mais para uma série onde cada temporada aparece uma nova história e nem se sabe quando acaba. Muito obrigado por ter gostado do meu texto. Abraços e volte sempre! | PEDRO BLANCHE

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  3. Pedro, nem tenho muito o que falar sobre esse assunto, a história parece mudar toda hora e ao mesmo tempo andar em círculos... nunca tem fim. Acho que isso ajuda ainda mais a confundir o povo. Você fez um texto muito bom mostrando os fatos.

    www.vivendosentimentos.com.br

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