Imagem ABSURDAMENTE ilustrativa.
Atualmente, muito tem se discutido sobre suicídio, bullying, depressão e tantas outras questões da saúde mental. Mudei o Quinta de Série dessa semana por conta disso. 13 Reasons Why é a grande polêmica do momento por tratar de um assunto relevante, mas que ninguém quer sequer mencionar. Por outro lado, um jogo suicida está em alta: o Baleia Azul. Um game que, supostamente, incentiva o suicídio e que está sob investigação. 13RW e Baleia Azul nos permite diversas conjecturas.
Uma série - cujo tema principal é o que leva uma pessoa a tirar sua própria vida? - alertaria sobre a seriedade do problema ou incentivaria as pessoas a cometer tal ato? As 13 razões que fazem com que Hanna se mate podem ser plausíveis, mas para alguns é apenas o combustível para executar-se. Muitos adolescentes se identificam com a atitude da personagem: "Ah! Eu passei por isso" ou "Isso aconteceu comigo", pensam. Já outros telespectadores dizem "Eu passei por coisa pior, mas não cheguei ao extremo do suicídio".
Não dá pra saber ao certo o efeito que 13RW produz nas pessoas. Se a intenção foi alertá-las, ela pode ser reconfigurada para o incentivo quando chega até o público. Veja o que o site Catraca Livre disse em um texto (com grifos):
"[...] a polêmica maior em torno da produção gira em torno dela ser um serviço público ao trazer à tona a questão do suicídio ou um desserviço justamente por isso".
Talvez falar do tema pode ser perigoso. Uma fundação de saúde chamada Headspace National Youth Mental Health Foundation alerta as pessoas não assistirem à série por diversos motivos, como por exemplo: por que traz imagens fortes e gráficas sobre o suicídio; por que não reflete sobre saúde mental e não fala de depressão; e por que não dá outra saída viável à atitude. Desse modo, a entidade acredita que 13RW tratou do suicídio de forma romântica e como a única solução para Hanna.
O jogo Baleia Azul tem produzido (supostamente) o efeito negativo em quem joga. Nessas últimas semanas, ele está em alta em jornais e agências de notícias. A polícia investiga diversas mortes, para saber se elas estão ligadas ao jogo, bem como quem são os curadores.
Utilizei o termo "conjunturas" no primeiro parágrafo porque essas questões que pincelei são hipóteses e suposições. Será mesmo que uma série influenciaria tanto uma pessoa ao suicídio? E um jogo teria a capacidade de matar jovens e adolescentes?
De quem é a culpa?
A culpa não é da série que romantiza o suicídio nem de seus produtores. A culpa não é dos curadores nem do jogo, com seus 50 desafios macabros (o último é tirar a própria vida). A culpa é da insensibilidade da sociedade, das desculpas para não ouvir o problema dos outros, da falta de carinho e na capacidade de ignorá-los e dizer que é besteira. Não adianta boicotar 13RW nem ir atrás dos curadores do jogo se antes não se resolver uma questão mais profunda: SABER OUVIR e SE IMPORTAR.
Embora com toda polêmica em volta de 13RW, a série retratou bem isso quando mostrou "Que alguns se importaram, mas não suficientemente". Nathalí Macedo, nesse artigo, relata que seus familiares e amigos se importaram quando ela teve depressão - antes mesmo de 13RW - e se não fosse isso ela nem estaria viva.
Esse é o grande cerne da questão. 13RW e o jogo da Baleia Azul tem uma relação quase nula com quem se mata. Antes de um adolescente assistir à série, será que alguém o ouviu? Ou alguém soube dos seus problemas emotivos antes dele jogar Baleia Azul?
O depoimento de Maria de Fátima ao Estadão que perdeu seu filho após ele jogar Baleia Azul, mostra que a culpa está apenas no jogo. Leia (com grifos):
"Eu falei com ele para sair daquele jogo. Uma pessoa, para fazer um jogo como esse, faz um pacto e vai colhendo alma pelo mundo afora. Só que ele não quis me ouvir. Foi quando eu briguei com ele, que isso não era coisa de Deus. Mas ele não aguentou a pressão do jogo. Dizem que eles ameaçam os jogadores que querem sair, que têm os dados da família. Ele tentou sair, mas voltou ao jogo. Perdi meu filho para um jogo. Não quero que mais mãe nenhuma passe por isso. Era um filho trabalhador, honesto, não usava drogas. Você, se precisar, dê umas palmadas, olhe o celular. Mas não deixe seu filho se perder nesse jogo. Espero que essa turma (que convida para participar) seja punida."
Três frases chamam a minha atenção na fala dessa mãe:
1) "Perdi meu filho para um jogo": Não acredito que a culpa seja integralmente do game. É fácil terceirizar aquilo que nos diz respeito e o que temos uma boa parcela de culpa. A mãe diz que o jogo é do capeta e que os curadores precisam ser presos.
2) "Era um filho trabalhador, honesto, não usava drogas": O problema do filho podia não ser o desemprego, a falta de caráter ou o uso de substâncias ilícitas. Não poderia ser nada visível, mas poderia ser dores emocionais, invisíveis, que só ele sabia.
3) "Você, se precisar, dê umas palmadas, olhe o celular": Palmada não resolve problemas emocionais e mentais. Olhar o celular também não.
A havaiana azul
"Você, se precisar, dê umas palmadas", é o que disse a mãe que "perdeu o filho para o jogo". Parece que a solução é agir com força e violência. Quem já não ouviu por aí que pra curar depressão "uma boa surra dá jeito?". Afinal, o que a pessoa sente é apenas preguiça e frescura, não é mesmo?
Muitas das vezes são os próprios familiares que não compreendem a dor. Só sabe o que é depressão quem já passou por ela. Quem não passou tem essa atitude reprovável. Como o depressivo age quando ouve que é frescura o que sente? Ele acredita que deva ser mesmo e tenta, de todas as formas, trabalhar e ser mais ágil. Não consegue, por mais que tente. Como ele se sente quando dizem que precisa apanhar e levar uma surra no lombo? Acredita que o que passa é errado. Doenças emocionais devem ser tratadas como tal, e não como uma dor física e visível. Afinal, depressão não tem cor nem sintoma aparente.
Nessa semana, uma imagem que me enviaram pelo Whatsapp me deixou extremamente indignado. Veja:
Nas entrelinhas podemos ler claramente o seguinte: A DEPRESSÃO TEM QUE SER TRATADA DE MANEIRA FÍSICA E COM MUITA SURRA. De uma insensibilidade e humor negro terríveis. Admira-me o humor de quem criou essa imagem em um momento tão sério que a sociedade vive. É necessário, ao contrário disso, amor, compreensão e diálogo.
Baleia Rosa
Diferente do responsável pelo meme acima, uma dupla de publicitários paulistanos criaram a versão positiva e do bem do jogo Baleia Azul, o Baleia Rosa. Este é uma contrarresposta ao jogo suicida. Os criadores viram os 50 desafios do Baleia Azul e criaram 50 desafios contrários. Veja:
"Fomos lendo a lista da Baleia Azul e tentamos fazer o extremo oposto".
É incrível perceber o sucesso do Baleia Rosa. Com pouco mais de uma semana de existência, a fanpage do BR já conta com quase 250 mil curtidas; e o Instagram - @eusoubaleiarosa - cerca de 50 mil seguidores. A "baleia do bem" mostra que é possível influenciar, através das redes sociais, a realização de boas ações, assim como o Baleia Azul faz isso negativamente mas, repito: ELE NÃO É CULPADO DO SUICÍDIO!
Desafios como "Fale inesperadamente que ama seus pais ou alguém da sua família" (Desafio 25), "Peça desculpas ou perdoe alguém" (21), "Faça algo generoso, faça alguém sorrir" (12), "Use suas mãos para fazer carinho em alguém" (11) e "Com uma canetinha, escreva na pele de alguém o quanto você a ama" (01) não é a salvação para que uma pessoa não se mate. Essas ações apenas incentivam o amor ao próximo e demonstram que uma pessoa pode ser importante à outra, e se essa sentir-se amada já é um grande ganho. Apenas isso.
A questão é a sensibilidade
Não adianta colocar no banco dos réus uma série e um jogo e dizer que a culpa da morte de tantos jovens é deles. Tratar a questão nesse nível só demonstra a insensibilidade que se tem. Um jogo contraposto ao Baleia Azul também não é a solução. Ele não acabará de vez com um suicídio, mas é louvável o Baleia Rosa para ao menos amenizar as dores de muitos e tornar o mundo um lugar melhor. J-J
Por: Emerson Garcia
Muito bom seu post e a maneira como você abordou a série e o jogo. Fiquei meio atordoada com o depoimento da mãe que diz que "pedeu o filho pra um jogo" e que se precisar "dê umas palmadas ou olhe o celular". Meu Deus, essa mulher está completamente equivocada :O Acho que falta empatia da sociedade e, acima de tudo, como o próprio Felipe Neto falou no seu vídeo, falta um olhar mais apurada da sociedade em entender que depressão é uma doença e precisa ser tratada como tal.
ResponderExcluirBeijos,
#fiquerosa
Fique Rosa | Meu Canal YT
Falou tudo, Re!
ExcluirEu ainda não vi o vídeo do Felipe Neto, mas creio que ele está congruente com o que falei aqui.
Neste momento anda tudo achacado a esse jogo da baleia azul. Em Portugal andamos consciencializados do perigo dele, eu vejo posts no facebook de adolescentes que não concordam com ele e pelo menos, ainda não houve nenhuma noticia de vitimas dele cá. Espero que seja uma fase muito passageira!
ResponderExcluirUm beijinho com carinho
♡ Diamonds In The Sky, Daniela Silva
Tomara que não chegue aí em terras portuguesas mesmo. Também espero que essa moda passe logo.
ExcluirSinceramente, em que ponto chegamos, hein? Baleia Azul, é sério garotada, um jogo que ao fim, suicidio? GZUIS!
ResponderExcluirQuanto a série, eu detestei, fato é que, é sim um assunto necessário, qu precisa ser discutido e tudo mais, narrativamente falando, a série é muito ruim, os personagens são péssimos, a desenvoltura não flui e no fim, não proporciona o debate da mlhor forma.
clebereldridge.blogspot.com.br
Eu ainda não vi a série em sua integralidade. O que coloquei no post foram algumas observações. Preciso ver pra criticá-la melhor.
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ResponderExcluirÁ medida que eu li esse post, eu lembrei do filme Nerve: Um Jogo sem regras,parece até que esse jogo da baleia azul foi montado em cima do filme. Muito louco isso! Gostei da confrontação no post sobre o problema não ser o jogo. O jogo foi sintoma, não a raiz de que algo não estava bem. No jogo o menino encontrou identificação e senso de pertença, coisa que muitas pessoas que lidam com depressão e pensamentos suicidas procuram(não pra se matar, mas como um lugar seguro). Esse post vai entrar pra lista do top top!
http://vivendolaforanoseua.blogspot.com/
Obrigado por ter colocado esse post na lista! Você falou tudo. Esses dias eu li que colocar a culpa dos suicídios no Baleia Azul é a mesma coisa de culpar o termômetro pela febre.
ExcluirOi, tudo bem?
ResponderExcluirUAU que post! Adorei!
Assisti a série e vi várias pessoas fazendo piadinhas com o tema e fiquei horrorizada. Acredito que tem alguns gatilhos sim, mas é extremamente importante as pessoas assistirem pois é raro ver algum filme ou série que trate desse tema tão abertamente, óbvio que quem está passando por algum problema tem que assistir com cuidado e se estiver mal, parar, mas por outro lado é uma grande forma de mostrar que é preciso pedir ajuda. Quanto ao jogo da baleia azul, também me deixou horrorizada ver piadas a respeito, parece que aqui as pessoas não levam nada a sério né? Afinal é mais fácil jogar tudo pra debaixo do tapete, sem comentar sobre. Concordo totalmente com o que você disse, que a culpa é da falta de sensibilidade da sociedade que parece ser cega à respeito de algumas coisas, ou melhor, prefere não ver algumas coisas. Precisamos parar um pouco e ver o que está acontecendo por ai, mudar nossas atitudes e mostrar mais compaixão com os outros.
Beijos
www.somosvisiveiseinfinitos.com.br
Vídeo novo: https://www.youtube.com/watch?v=cYq8s9P-EyA
Quando nos importamos com o outro e sabemos ouví-lo acabamos com uma série de problemas emocionais. A saída não estar em boicotar a série ou ir atrás dos curadores do jogo.
ExcluirQue post maravilhoso! Eu assisti 13RW e gostei muito. Não consigo enxergar como a série romantiza o suicídio, aliás, acho que ela faz exatamente o contrário, mas entendo que nem todos recebem a série do mesmo jeito, e por isso, alguém pode entender como um gatilho. Mesmo assim, gostei muito de ver a sensibilização geral que a série gerou nas pessoas, mas esse sentimento logo foi destruído quando começou a história da Baleia Azul... As mesmas pessoas que vi se sensibilizando com 13RW fizeram piadinhas com o jogo, isso me deixou profundamente triste. É óbvio que uma pessoa que entra no jogo já não está mentalmente bem, mas ao invés de prestarem atenção nisso e falarmos sobre isso, as pessoas acham que é frescura e mimimi, é realmente uma pena e uma baita prova de que a maioria das pessoas não aprenderam nada com a série. Quanto a Baleia Rosa, eu vi a página ontem de noite e já sou uma curtidora, qualquer coisa que nos ajude a ter mais empatia é válida.
ResponderExcluirUm beijão,
Gabs | likegabs.blogspot.com ❥
A opinião da série romantizar o suicídio foi da organização de saúde, só pra ficar claro. E essa falta de sensibilidade é mais que normal em nossos dias. Sobre o jogo da Baleia Rosa, você viu que tem o aplicativo agora? Estou doido pra jogar, mas preciso de companhia rs
Excluira recomendação da organização mundial da saúde foi em relação a veículos midiáticos,a série não é um veículo midiático,a série é uma obra de ficção logo a recomendação da OMS não se aplica a série
ExcluirObrigado por essa informação.
ExcluirAmei o post e eu super concordo que a culpa é da sociedade. Estou assistindo a série e percebo que eles relata bem a vida dos estudantes dentro da escola e a forma como pais, professores, diretores ignoram. Já sofri casos de bullying dos próprios professores tanto em escola quanto na faculdade. Eu já sofri bullying que de certa forma foi pesado e afeta a minha vida até hoje de uma certa forma. Troquei de escolas diversas vezes e em todas elas continuava passar pelo mesmo problema. Diretores sabiam sim mas de nada faziam e os agressores ficavam impunes. Uma vez eu estava com a minha amiga e do nada uma guria chegou e bateu nela assim do nada, e foi o assunto mais comentado da escola e para a diretora nós duas éramos o problemas. Então tem sim coisas muito pesadas que acontecem nas escolas e que a série tenta relatar assim como a questão "será que se as pessoas vitimas do bullying morressem, como seus agressores se sentiriam?", ao meu ver. Já esse jogo da baleia azul é a coisa mais estúpida que já vi na vida. Acho que a morte não é a solução dos problemas e sim o começo de todos eles..
ResponderExcluirBullying existe não é de hoje. Antigamente era visto como algo normal e uma "brincadeira saudável". Até professores colocavam orelhas de burros nos alunos e os xingavam e era "normal". Bullying com essa nomenclatura e com as discussões é algo bem recente.
ExcluirGosto da ideia da Baleia Rosa, mas apenas esse movimento não é suficiente pra mudar a triste situação que alguns jovens estão vivendo.
ResponderExcluirrasgadojeans.blogspot.com
Sim! Falou tudo e foi o que eu disse.
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