segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Você não precisa ser mulher para lutar a favor do feminismo




Para começar esse debate é preciso esclarecer uma coisa: para ser feminista é necessário ser mulher?

Bom, o movimento feminista começou no dia 3 de novembro de 1793 na França, e desde então gerou-se revoltas por todo o país e fez com que surgissem muitos outras lutas ao redor do mundo. O movimento se iniciou entre mulheres brancas de classe média privilegiadas, que lutavam por direitos jurídicos, como o de poder trabalhar fora do lar e de estudar; e claro, também direitos políticos, como o de votar. 

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Já no Brasil, o movimento chegou ainda no século 19, tendo como pauta a luta pela educação feminina, o direto ao voto e abolição dos escravos. Mas é claro que isso não foi executado de uma maneira fácil. O ápice foi quando surgiu o  sufragismo que se tornou um marco na história da luta contra o sexismo e a favor da igualdade entre gêneros. Tudo isso no ano de 1897 quando, a mulher militante, sufragista e inglesa Millicent Fawcentt fundou a União Nacional pelo Sufrágio Feminino que percorreu o mundo inteiro dando início a uma onda que já não podia ser contida.

Ao longo desses anos, as mulheres conseguiram conquistar um lugar de direitos na sociedade, já que as mesmas eram reprimidas por seus maridos e tinham papeis de submissão à eles. Vivemos em uma sociedade onde os direitos são iguais entre ambos os gêneros? Por mais que o movimento feminista tenha sido benéfico para uma série de mudanças sociais, ele não inclui todas as classes e raças. Ou seja, não se especializava à todas as mulheres. Por isso que, com o tempo, foram criados tipos de feminismo. O movimento Anarquista ou Anarquismo Feminista, se iniciou nos anos 60, em plena a fase final da segunda onda feminista no mundo. Acrescentando também temos o Feminismo Radical, Feminismo Abolicionista, o Transfeminismo, Feminismo da Diferença, Feminismo Igualitário e Separatista, entre outros, criando, assim, movimentos mais justos.

Mas a grande questão mesmo é: o Brasil precisa do feminismo? Sem delongas, e já respondendo, sim, com certeza. Segundo estatísticas, o país teve um grande aumento nos casos de feminicídio no ano de 2019 de 7,3%. Não se sabe ao certo como está as estatísticas no ano de 2020, pois o ano ainda não acabou, mas o número está bem próximo por conta da pandemia em que o país se encontra. O isolamento tem proporcionado preocupação entre as mulheres. O problema é que por causa dele os casos de feminicio ou de agressão contra a mulher podem vir crescer. E aí, ainda há dúvidas da necessidade desse movimento?

Ministério Público do Paraná


É nítido que não há respeito entre gêneros no Brasil. Mulheres são constantemente assediadas pelos homens. "Ah, mas as mulheres também assediam os homens". Porém, a grande questão não é o fato de isso acontecer ou não. Assédio é crime e pronto. O problema está na forma gratuita que isso acontece. Assédio, abuso, estupro, na grande maioria das vezes acontecem com as mulheres. E, sinceramente, você não precisa tocar em nenhuma mulher para assediá-la. Basta uma fala, um sinal subliminar fora de contexto, que pronto, a merda tá feita e o desrespeito também. 

A desigualdade não está somente na forma em que uma mulher é vista socialmente, como "sexo frágil". Há uma grande hipocrisia quando uma mulher abre a boca para falar sobre sexo. A família tradicional brasileira acha completamente normal a maneira em que os homens - principalmente mc's, funkeiros, rappers entre outros - falam sobre seus órgãos sexuais. Agora, vai uma mulher falar disso. Será com certeza tachada como "PUTA" ou "VULGAR". O problema, está na palavra "BUCETA", saindo da boca de quem tem uma. Mas se um homem que possui um "PÊNIS" no meio das pernas falar, 
haha isso é normal. O mundo é machista. O Brasil é machista.

G1


Agora para ampliar nosso debate, é necessário falar sobre uma questão complicada e polêmica: aborto. Falar sobre direitos feministas é também falar sobre isso. Você sabia que o Brasil ocupa a segunda colocação no ranking mundial de mortes de mulheres vítimas de abortos clandestinos? É fácil falar "sou contra o aborto porque sou pró vida", mas desculpe te decepcionar, você não é. Em causas de mortalidade materna, os abortos inseguros tem ocupação do terceiro lugar, e estas são estatísticas muito tristes e cruéis. A grande maioria das vitimas de aborto clandestino no Brasil são mulheres negras, menores de idade, na casa dos 12 e 14 anos, moradoras de periferia. Especialistas dizem que o que mais mata, não são os abortos clandestinos, e sim o patriarcado, a ignorância e o machismo na sua versão mais pura.

Legalizar o aborto é dar o direito a estas mulheres a decidirem por suas próprias vidas, a entenderem que elas não são úteros ambulantes, a dar a elas a decisão sobre seus órgãos reprodutores. De fato vão haver comentários dizendo: "Ah, mas ela não se cuidou porque não quis. Ela abriu as pernas porque quis. E agora estão matando bebês". Do mesmo jeito vão haver comentários dizendo: "Tudo bem ela abortar, contanto que ela tenha sido estuprada". Mas isso não faz o menor sentido. A grande discussão que estas pessoas travam aqui não é o fato dessas mulhers estarem ou não matando bebês, e sim se elas abriram ou não as pernas! Eu sei, isso é muito complicado de digerir. Peço desculpas por isto, mas, infelizmente, é a triste realidade. 

Se você não é a favor da legalização do aborto, é simples, é só não abortar. Agora não venha dar opinião no útero alheio e também não venha falar que é falta de cuidados, pois os métodos contraceptivos não são totalmente eficazes. Além de serem um bomba de hormônios, podem também ser um poderoso veneno contra a mulher afetando a saúde das mesmas. Isso de mulher para mulher, claro. Também não podemos dizer que existem preservativos para isso pois, não é todo o lugar que os possuem. Nas favelas e periferias principalmente, onde a educação sexual feminina é escassa, não há deliberadamente a entrega desses métodos contraceptivos.

Espero que com tudo isso crie um debate interno sobre o assunto. Não são todas as mulheres que possuem uma condição financeira estruturada para cuidar de uma criança. Não são todas que possuem apoio familiar. Não são todas que tem o apoio de seus parceiros, visto que em sua grande maioria são os primeiros a abandoná-la e não assumir este embrião como filho. E, inclusive, não são todas que tem psicológico emocional para lidarem com isso sozinhas. Só lembrando: quatro mulheres morrem por dia vitimas de abortos clandestinos, o que totaliza mais de 1 milhão de mortes de mulheres por ano no Brasil. Repense bem: aborto não é um problema da igreja ou da religião. Aborto é uma questão de saúde publica, um dever social. Se você não concorda, não aborte, mas não dê palpite no útero alheio. Você, literalmente, não sabe pelo que aquela mulher passou, passa ou ainda vai passar.

O Norte de Minas


Em nosso meio comunicador, há grandes mulheres que falam abertamente sobre pautas feministas, aborto e outros assuntos revolucionários, como Titi Müller, Elza Soares, Pitty, Taís Araújo, e claro, a grande Djamila Ribeiro. Temos também as mulheres transexuais Julia Serano, e as youtubers Thiessa e Mandy Candy. Há cantoras como Urias, Liniker e Majur, que também reivindicam seus diretos através das vertentes do movimento feminista. Todas estão imersas neste movimento, lutando para que a realidade feminina de hoje seja completamente diferente de amanhã. 

Agora, para finalizar esse debate... Você precisa ser mulher para lutar a favor do movimento feminista? Não, você não precisa. Claro, o movimento feminista aqui no Brasil é exclusivo das mulheres. São elas que são oprimidas, mas isso não impede de você, homem, privilegiado apenas por ser homem, seja um apoiador e aliado da causa. Venha acrescentar. Lute com as mulheres e a favor delas.  J-J



Por: Arnaldo Woosters, especialmente para o JOVEM JORNALISTA

16 comentários :

  1. Eu não sou tão radical quanto muitas femininistas!!
    xoxo

    marisasclosetblog.com

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  2. Se calhar não precisa... mas convém.
    .
    Saudações poéticas

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  3. Esse post está incrível! Parabéns pelo texto.

    Beijo.
    Cores do Vício

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  4. Qualquer pessoa pode lutar a favor das mulheres, assim como qualquer pessoas pode lutar contra o racismo etc..
    Ótimo post, assunto muito importante :)

    https://www.heyimwiththeband.com.br/

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  5. Boa tarde. Parabéns pela excelente matéria, precisamos de mais matérias assim. Triste hoje ver uma matéria de um facínora que matou a ex-mulher e ex-sogra. Meu Deus até quando isso vai acontecer?

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  6. Com certeza, TODXS nós precisamos ser feministas, homens e mulheres!

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  7. Oie! Amei essa matéria❤❤
    Li cada letrinha colocada aqui e aplaudo de pé, pois ainda é um tema cheio de tabus e que precisa ser muito debatido e entendido. Fiz uma postagem no blog sobre direitos das mulheres e foi simples, nem chega aos pés da sua, mas diversas mulheres já vieram metendo paulada no feminismo dizendo que não as representava e bla bla bla... Eu fiquei como assim?
    Ta na cara que é muita ignorância e falta de pesquisa sobre os tipos de feminismo e tudo o mais como você descreveu aqui.
    O problema é que a maioria das pessoas nem se dão o trabalho de ler realmente matérias tão importantes como essa aqui e dai o que chega é uma enxurrada de comentários tolos, vazios ou genéricos. Ou sem nenhuma noção como o primeiro que esse post recebeu😡😝😝
    Por um mundo mais humanitário e sensato.
    Adorei a pauta.
    Beijos,

    Paloma Viricio❤

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  8. Ótimo post, parabéns. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  9. Olá,

    É um assunto muito interessante e concordo com você, não precisa ser mulher para apoiar a causa.

    Bjs
    https://diarioelivros.blogspot.com/

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  10. Boa tarde, Emerson!
    Post muito bem escrito e com ótimas imagens. Ainda tem muita coisa a ser mudada, basta ler alguns comentários aqui em cima. Enfim, seguimos todes na luta!

    Até mais,
    Preguiça Literária

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  11. Oi Emerson, tudo bem?
    Tema importantíssimo! Homens podem e devem ser nossos aliados, até porque o machismo também prejudica vocês.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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  12. OI Emerson, mais um tema muito importante trazido aqui. O Brasil precisa sim, e muito de feminismo, de falar sobre feminismo. Muito triste a situação do nosso país nesse cenário. É uma bandeira de todos. Muito bom o seu texto.
    beijos
    Chris


    Inventando com a Mamãe / Instagram  / Facebook / Pinterest

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  13. Anseio pelo dia em que este conceito, não mais precise se ser enfatizado... pela simples razão de já não haver nenhum tipo de descriminação a qualquer nível... entre homens e mulheres... e a legalização do aborto... já deveria ser uma realidade em todos os países. Em pleno sec. XXI não se compreende que a mulher não possa ter a última palavra no que toca ao seu próprio corpo. Felizmente por cá, tal decisão já tem enquadramento legal, faz algum tempo já!...
    Parabéns por mais uma postagem notável, na abordagem de tal matéria!
    Um grande abraço!
    Ana

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