quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Minissérie “Decadência” 20 anos – parte 1: polêmica no ar

Caros leitores, essa é uma matéria dividida em três partes, sobre a minissérie 'Decadência', de autoria de Dias Gomes, baseada no livro homônimo e adaptada pelo autor.


Logotipo da minissérie | Memória Globo.


Exibida pela Rede Globo, entre 05 e 22 de setembro de 1995 às 21h30 com o total de 12 capítulos, ia ao ar a minissérie Decadência. Seria mais uma produção normal e diferenciada para o horário, mas marcou o ápice de polêmicas entre evangélicos e a emissora de Roberto Marinho.

Retratada entre 1970 e 1992, a trama tem como pano de fundo o furor do tricampeonato da seleção brasileira na Copa do Mundo, a campanha das eleições diretas, a posse de José Sarney, a morte de Tancredo Neves, e a ascensão e queda do presidente Fernando Collor de Mello. O elenco foi escolhido a dedo, e jamais imaginaria outros atores no lugar de Adriana Esteves, Edson Celulari, Raul Gazolla, Betty Goffman, Luís Fernando Guimarães, Stênio Garcia, Ariclê Perez e Rubens Correia. Estes primeiros citados ganharam o privilégio de atuarem como protagonistas por conta de seus talentos vistos no final dos anos 1980 e início dos anos 1990.


Início da trama

Passagem de tempo de Mariel Batista (Tiago Queiroz e Edson Celulari) | TV Globo/SIC.


A minissérie começa pelo ápice da decadência da família Tavares Branco: o incêndio do casarão no bairro do Cosme Velho, Rio de Janeiro (1992). Carla (Adriana Esteves) vê sua casa em chamas, e nesta imagem vai-se ao ano de 1970. Na igreja, ao término da missa, o padre Giovani (Cássio Gabus Mendes) pede ao jurista Tavares Branco (Rubens Correia) que cuide do menino Mariel (Tiago Queiroz). O garoto é “adotado” e passa a viver na mansão da tradicional família carioca.

14 anos se passam. Jandira (Zezé Polessa) sempre teve atração por Mariel. Numa noite ela tira a virgindade do agora homem feito e motorista da família (Edson Celulari). Esta cena foi polêmica pelo sutiã jogado na Bíblia Sagrada. Foi o que bastou para gerar a fúria dos evangélicos à minissérie.

Jandira seduz Mariel e o sutiã em cima da Bíblia | TV Globo/SIC.


Mas Mariel está mesmo interessado por Carla. Após desencontros e hostilidades entre eles, os dois tem uma noite de amor e... Sexo, é claro.


Ascensão de Mariel e a decadência dos Tavares Branco 


Mariel e PJ em negociação. O mapa do Brasil dividido em luzes vermelhas (templos construídos) luzes verdes (templos em construção) e luzes amarelas (emissoras de rádio que Mariel pretende comprar e/ou instalar) | TV Globo/SIC.


Jandira não suporta esse romance entre Carla e Mariel. Dedura tudo para os pais da moça. Albano (Stênio Garcia) demite o motorista. Neste ínterim, o jurista Tavares Branco morre, e em testamento é deixado à família uma herança de dívidas e hipotecas. Por outro lado, ao tentar se reencontrar, Mariel visita a igreja evangélica do pastor Jovildo (Milton Gonçalves). Lá ele se entusiasma, porém, cresce os maléficos desejos de poder a qualquer custo e vingança.

Em pouco tempo ele funda a Igreja da Divina Chama com muitos seguidores e bastante influência. Agora o objetivo de Mariel é comprar a mansão dos Tavares Branco e se vingar destes que em sua visão o prejudicaram.

O clã carioca não está nada bem: Pedro Jorge Tavares Branco, ou PJ, (Luís Fernando Guimarães) se envolve com lobby político e corrupção; sua irmã Sônia (Maria Padilha) cai na bebedeira e olha PJ de um modo estranho – em outras palavras: ela não o olha como irmão, mas como homem. O filho de PJ, Vicente (Leonardo Biagoni/ João Felipe) – fruto de um “acidente biológico” com a golpista Irene (Maria Zilda Bethlem) – é um revoltado, anárquico e desobediente; Carla é rebelde com os pais Celeste (Ariclê Perez) e Albano – que a cada raiva tem pontadas no coração.

Instabilidade familiar | TV Globo/SIC.


O escritório de advocacia vai de mal a pior. Em 1990, os ativos da família são confiscados pelo governo Collor, assim como a maioria dos brasileiros – menos o de PJ porque ele sabia de tudo de antecipado e tirou o dinheiro de sua conta bancária. Os empregados da casa são demitidos, o dinheiro diminui e as contas aumentam. É o cenário perfeito para que Mariel proponha a venda da mansão dos Tavares Branco. Albano, irritado ao saber quem é o potencial comprador, nega vendê-la ao pastor. A sede de vingança e a ambição de Mariel toma conta.

Mariel, ops! Agora é Dom Mariel – com mansões, homem de propriedades, cercado de seguranças particulares e bem vestido. Ele planeja expandir suas igrejas e comprar emissoras de rádio e TV. Para isso, precisa do lobby de PJ para tal objetivo midiático, além de convencer a família Tavares Branco em vender a casa.

Enquanto isso, o pastor Jovildo fica preocupado com as ambições de Mariel. O padre Giovani também demonstra preocupação. Albano pede ajuda ao delegado Etevaldo Morsa (Paulo Gorgulho) em conseguir provas concretas para prender o pastor, sob os crimes de curandeirismo, charlatanismo e estelionato.


O caldo engrossa: armadilhas, luxúria e assassinatos

As vinganças de Mariel | TV Globo/SIC.


Mariel percebe que estão fechando o cerco contra si. Ao saber que há desafetos em sua volta, o ex-motorista se vinga de cada um deles. Jovildo – agora tesoureiro da igreja – denuncia as irregularidades financeiras e a conduta de Mariel. Albano começa a investigar inquéritos passados a respeito de denúncias contra o pastor, arranja provas e apresenta ao delegado Morsa Claudionor Correia (Paulo José) como testemunha de acusação.

Ao saber disso tudo, Mariel parte para o extremo: ele afasta o tesoureiro de sua função, convence Mariana (Cibele Larrama) – esposa de Jovildo e tarefeira da igreja – de seu marido está “endemoniado” e pede para “não ter intimidades com ele”. Mariel perturba a paz dos Tavares Branco, fazendo trotes telefônicos diários aos moradores da mansão e assim provocar mais discórdia a respeito de vender ou não a casa. E mais: Mariel contrata Vilma Luchesi (Virgínia Novick) – uma prostituta de luxo – disfarçada de esposa agredida pelo marido Cleto (Antônio Calloni), este último também contratado. É claro, tudo armado para montar um cenário que Albano tivesse um caso extraconjugal e pego em flagrante.

Nesse ínterim, antes de Albano ir à casa de Vilma, Celeste reclama da ausência de seu marido – entendedores entenderão. Albano é seduzido pela prostituta de luxo e é flagrado por Cleto. O áudio foi gravado.

Jovildo comete uma loucura: vai à igreja e atira em Mariel, que sobrevive. Recuperado, ele não deixa barato, arma uma arapuca em conluio com Mariana; comanda uma caçada ao ex-tesoureiro e diz que “Jovildo é um câncer que precisa ser extirpado” é cercado e morto.

 A emblemática cena da morte de Albano | TV Globo/SIC.


Mariel manda a gravação do adultério de Albano à esposa dele. Celeste ouve tudo e diz umas verdades ao marido. O advogado passa mal e começa a morrer caído no chão. Enquanto isso, a senhora Tavares Branco confessa que nunca o amou e nem teve prazer com ele e o deixa padecer sozinho.

A decadência e final da trama

O incêndio: o símbolo da “Decadência”| TV Globo/SIC.


Em 1992, estouram os escândalos de corrupção. Esse é o pano de fundo do final de Decadência. Mesmo metido com tanta roubalheira, Pedro Jorge escapa e foge com Irene. De volta ao centro da trama, Mariana encontra uma prova cabal contra Mariel e entrega ao delegado Etevaldo Morsa. Antes do pastor se casar com Carla, Mariel é preso.

No quarto de Vicente ocorre um curto circuito que gera o incêndio no casarão, em alusão ao início da trama. O fogaréu é o símbolo da destruição da tradicional família carioca que se destruiu por falta de união, de amor, de moralidade e de senso de fraternidade.


Os capítulos completos e participação de vocês

Na última parte desta série sobre os 20 anos de Decadência, proponho que vocês assistam e me digam o que acharam: se a minissérie continua atual, se vocês se identificaram e se as impressões que tiveram foram as mesmas que as minhas. Os melhores comentários, publicarei aqui dia 23 de setembro. O prazo é até dia 21. Assista pelo Youtube desde o primeiro episódio


Semana que vem falo dos destaques, curiosidades, conjuntura dos acontecimentos e outras coisas mais. Até quarta, pessoal! J-J


Por: Pedro Blanche

6 comentários :

  1. Acho que essas polêmicas dessa época aí não chegam perto das polêmicas de hoje que é um homem beijar outro homem ou uma mulher beijar outra mulher né? Porque parece ser super normal botar fogo em uma casa e matar o próprio pai, mas esses beijos gays chamam mais atenção pra polêmica, infelizmente isso é só mais uma prova de como a sociedade é meio ignorante. Gostei do post!

    Beijos!
    www.likeparadise.com.br

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  2. gostei muito do post! acho que, de certo modo, essa "decadência" continua atual... se bem que, atualmente, há polémicas bem piores!

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  3. É para epoca era polemica sim esses assuntos e parece que nos dias de hoje ainda continua infelizmente coisas que são normais pelo ou menos para mim. Nós dias de hoje é bem pior tem estupro, aborto coisas que são delicadas sendo tratadas como normais.

    www.descrevendonuvens.com
    www.facebook.com/descrevendonuvens

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  4. Nossa, nunca pensei que um sutiã jogado na bíblia ia causa também haha Achei a trama forte sim, mas tá faltando algo assim sabe? Tirando Verdades Secretas que tá sendo um tapa na cara e tá todo mundo amando, acho que falta. Gostei, nem conhecia para ser sincera haha

    www.vestindoideias.com

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  5. Hello from Spain: I did not know this series. The argument is very interesting. Keep in touch

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  6. Bacana a série e toda ocasião gerada entorno da história, não faz muito meu estilo não, tem coisas que acho interessante mas não tenho a paciência para ver , tipo Star Wars acho super bacana mas nunca vi hahaha
    beijos

    http://www.cherryacessorioseafins.com.br

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