quarta-feira, 13 de maio de 2020

Vibe humor: continua na próxima música de Cícero





Olha quem está de volta aqui no JOVEM JORNALISTA! Isso mesmo, o quadro Vibe humor retorna depois de quase 7 meses (leia o último post aqui). Confesso que tenho vários rascunhos para esse quadro, mas ainda não cheguei a escrever de fato. O tema de hoje são músicas que continuam em outras músicas, mais especificamente músicas do cantor Cícero.

As músicas do Cícero continuam em outras sejam pelo ritmo, letra ou até mesmo um clipe continua no outro, seja por conta da história ou dos easter eggs. Resolvi analisar 10 músicas do cantor, sendo que juntarei de duas em duas. Desse modo analisarei os seguintes grupos: Tempo de pipa e Ponto Cego; Cecília e os Balões e Cecília e a Máquina; Frevo por acaso e Frevo por acaso nº 2; Fuga nº 3 da Rua Nestor e Fuga nº 4; e A cidade e A grande onda

Analisarei as histórias das músicas, sobre o que falam, bem como clipes (se tiver), tentando relacionar uma música com a outra e porquê ela é uma continuação. Então, vamos à playlist de hoje? Solte o play!




Começo com Tempo de pipa e Ponto cego. O clipe de Ponto cego é a continuação de Tempo de pipa, ambos de Canções de apartamento. Reparou? Isso por que quando Cícero e Letícia Collin descem do bondinho em Santa Teresa, eles param no outro clipe no meio da multidão no Largo do Carioca, no Centro do Rio em Copacabana. Veja os prints abaixo (à esquerda são imagens de Tempo de Pipa; à esquerda Ponto Cego).



Em Tempo de pipa Cícero tenta de todas as formas chamar a atenção de Letícia, e ela só repara no final, quando solta um sorriso entreaberto. O clipe é o tempo todo Cícero tentando conquistá-la, sem sucesso. Essa estória continua em Ponto Cego quando Letícia corre atrás de Cícero (Aqui a cena muda de figura). 

Contudo existe uma outra interpretação: a de Cícero tentar acalmá-la e alegrá-la já que em um primeiro momento ela estava depressiva, ela mudar de humor e ir atrás de quem avarandou seu dia. As duas interpretações estão corretas.

Em Ponto cego Letícia usa o mesmo vestido que em Tempo de pipa, enquanto Cícero muda de camiseta e vê uns cds de Canções de Apartamento sendo vendidos (Easter eggs é o que há!)

Apesar de serem músicas animadas, Tempo de pipa e Ponto cego tem letras melancólicas, ao falarem de alguém que se importa mais do que a outra em um relacionamento. Como na parte de Ponto cego que diz "É sexta-feira Tem quem queira", quer dizer que a pessoa foi menosprezada no relacionamento (No caso, em Tempo de pipa). Enfim, as canções se complementam em vários sentidos. 

Passamos para Cecília e os balões e Cecília e a Máquina agora. Parece que Cícero gosta ou tem alguma coisa com o nome Cecília, vai saber. Cecília e os balões, de Canções de Apartamento, fala de uma garota que passeia pela cidade com seus balões. Cecília e a Máquina, de A praia, é a continuação da música e traz a mesma garota que toca uma caixinha de músicas. 

Ambas as letras falam do poder que temos de melhorar o dia, seja com balões ou tocando uma caixinha de música, como diz em Cecília e a Máquina"toda quarta-feira ela melhora Como se a calçada fosse só dela". Outra prova que as músicas são uma continuação uma da outra são os barulhos da natureza, pássaros e mar que ambas possuem. 

Frevo por acaso é continuação de Frevo por acaso nº 2 e vice-e-versa. Se em Frevo por acaso, de Sábado, Cícero quer se livrar da angústia que o atormenta ("E o que a gente faz daquela angústia?"), em Frevo por acaso nº 2, de A praia,  ele tem a solução: colocar o pé na estrada e mudar de cidade ("Entre esquinas e esquecimentos eu vou sem culpa Vou sem culpa pela Via Dutra"). É como se Cícero encontrasse na mudança de cidade a solução para tanto sofrimento e dor.

Frevo por acaso nº 2 é a libertação do passado de Cícero, de tudo que criava algum problema pra ele. Ao dizer "Papéis, documentos, velhas normas de comportamento Na rotina de sol e cimento amanhecemos", Cícero está se libertando de sua vida como advogado, mas também de uma série de comportamentos. "Na rotina de sol e cimento amanhecemos", significa que Cícero está abandonando o Rio e indo para São Paulo, para a grande São Paulo de cimento e edifícios e, claro, ele vai "Pelaaa viaa Dutraa" (Fale cantando) - que é uma via que liga o Rio de Janeiro à São Paulo. 

Mas não só a letra é uma continuação da outra. Frevo por acaso nº 2 traz a sonoridade de Frevo por acaso, pode reparar! 



Passamos para Fuga nº 3 da Rua Nestor e Fuga nº 4, ambas de Sábado. Primeiro de tudo preciso dizer que não sei qual foi a fuga nº 1 e a nº 2. Ponto cego, talvez, por que ele caminha pela cidade? Ou Frevo por acaso, em que ele muda de cidade? Só Cícero para responder! 

Ambas as músicas falam de sentimentos e emoções bem intimistas. Se em Fuga nº 3 da Rua Nestor fala de sonhos e ilusões ("Vou sonhando um pouco mais Meio desistindo"), Fuga nº 4 fala da realidade ("O destino O tempo inteiro Envergando"). É só analisar bem, que você percebe a complementariedade. 

Por fim, A cidade e A grande onda são complementares uma à outra, pois ambas falam das características da cidade e o que significa viver nela. Vale lembrar que Cícero se baseou na música A construção do Chico Buarque para compor ambas as letras. Fique com trechos de A cidade e A grande onda: "A cidade no redor", "O mesmo desespero a desesperar", "Um dia breve no cimento", "Em algum lugar Em meio da confusão Só resta esperar De pé na condução", "Vem ver o tumulto do alto Nosso mar de asfalto Ferro e pó", "Vem ver a ferrugem de dentro Um mar de pavimento E fios em nó" e "Vem ver sob ansiolíticos Sob anfetamínicos Nossa ilusão"

Vale lembrar que se o quarto cd de Cícero não se chamasse Cícero &Albatroz, ele se chamaria, facilmente, "A cidade", porque esse é o assunto principal do álbum. 


Esse foi o Vibe humor de hoje. Cícero realiza um trabalho primoroso de dar continuidade às suas músicas. Esse trabalho também pode ser verificado nos cds Imersão do Diante do Trono (aqui, aqui e aqui), em que as músicas de cada álbum são uma continuação da outra e você deve, obrigatoriamente, ouví-las na ordem; a música A another brink the wall do Pink Floyd que é dividida em três partes; o disco do The Who que é uma opera rock que do começo ao fim conta uma história; e o álbum American Idiot, do Green Day (Agradeço ao colaborador Arthur Claro pelas informações). 

E você, pode compartilhar músicas que continuam em outras? Ou álbuns que contam uma história do início ao fim? Diga nos comentários. J-J



Por: Emerson Garcia

7 comentários :

Obrigado por mostrar seu dom. Volte sempre ;)

Nos siga nas redes sociais: Fanpage e Instagram

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
 

Template por Kandis Design