Você sabe o que é Árbitro de Vídeo? Quando ele pode ser recorrido? A nova tecnologia de arbitragem do futebol está sendo testada desde 2016 e foi utilizada pela primeira vez na Copa do Mundo da Rússia no início do mês passado (junho). O árbitro de vídeo tem a função de orientar e auxiliar o árbitro e o bandeirinha em campo, além de rechecar e analisar lances que geram dúvidas e polêmicas.
A sigla de árbitro de vídeo é formada por três letras: VAR (Video Assistant Referee, árbitro assistente de vídeo). Como o próprio nome sugere, o VAR assiste ao jogo em questão por uma tela, além de trabalhar em conjunto com o árbitro e o bandeirinha. A comunicação é realizada por meio de um ponto eletrônico localizado no ouvido do árbitro. Agora, além do apito, este tem mais um objeto que o define.
Ao futebol novos fatores e ferramentas são adicionados. O árbitro e os bandeirinhas não trabalham mais sozinhos, mas há toda uma equipe que os auxilia por meio da tecnologia. Cada um desses trabalhadores (árbitro, bandeirinha, árbitro de vídeo e seus assistentes - falarei em detalhes mais à frente) possuem uma função importante e primordial para que nenhum lance se perca ou passe despercebido e que as regras do futebol - o esporte tradicional e famoso que conhecemos - sejam aplicadas de forma correta e justa. É assim que o site Tecnoblog reiterou:
"Com todo esse equipamento, a FIFA espera que a Copa do Mundo de 2018 possa 'oferecer justiça' dentro de campo."
Esta nova tecnologia do futebol foi trabalhada em um projeto visual do artista Ben Feanrley (já falado aqui) chamado de Office Table Football (Futebol de mesa de escritório, em português), em que correlaciona personagens importantes em campo (juiz e bandeirinhas), com os árbitros de vídeo.
Este projeto também foi apresentado em curta-animação. Assista:
Quem tem acompanhado esta Copa percebeu que não é a tecnologia que sanaria problemas, dúvidas e polêmicas. Pelo contrário, por mais que esta seja avançada não extermina ou minimiza essas questões. Afinal, a tecnologia é controlada por seres humanos, dotados de falhas e pontos de vistas.
O post de hoje terá o intuito de discorrer sobre os seguintes pontos: Como funciona o árbitro de vídeo?; Em que situações pode ser utilizado?; Tecnologias do VAR; e polêmicas do VAR.
Como funciona o VAR?
Pelo menos dois ambientes contam com a tecnologia do VAR. O primeiro, uma cabine na lateral esquerda do campo de futebol que contém uma tela que capta todos os lances do jogo. O segundo, uma sala conhecida como Sala de Operação de Vídeo (VOR) localizada no Centro Internacional de Transmissão, em Moscou.
Esta última é a Central de Comando dos VAR, onde quatro árbitros de vídeo assistem e monitoram cada partida. A equipe é liderada por um VAR e seus três assistentes, conhecidos como: AVAR1, AVAR2 e AVAR3.
Na mesma sala também se encontram quatro operadores de replay que cortam e selecionam ângulos captados pelas câmeras dos estádios à cada lance (Falarei dessa e de outras tecnologias no próximo tópico) e os fornecem já editados ao VAR e seus assistentes.
Com relação aos operadores de replay, há outra subdivisão de trabalho: dois selecionam os melhores ângulos e os outros dois reúnem imagens das análises para divulgá-las no site e no aplicativo da Fifa após o jogo. É, meus amigos! Quem diria que nos bastidores do trabalho do árbitro de vídeo, tem uma equipe de edição de vídeo?!
Com relação aos operadores de replay, há outra subdivisão de trabalho: dois selecionam os melhores ângulos e os outros dois reúnem imagens das análises para divulgá-las no site e no aplicativo da Fifa após o jogo. É, meus amigos! Quem diria que nos bastidores do trabalho do árbitro de vídeo, tem uma equipe de edição de vídeo?!
A comunicação entre o árbitro de campo e o VAR é toda realizada por meio de um ponto eletrônico. Sempre que julgar necessário, o VAR analisa e questiona as decisões do juiz sobre o jogo. Além dessa comunicação, o juiz em campo pode solicitar ajuda do árbitro de vídeo em lances capitais da partida (Falarei no tópico Situações).
Somente quando um lance de pênalti, de cartão vermelho gera dúvida ou está em processo de revisão ou para identificar algum jogador que o árbitro de campo pode se dirigir até à cabine na lateral do gramado e rever os lances em uma tela. Neste caso, ele faz um sinal visual, um "retângulo imaginário". Este sinal é um novo recurso/sinal/ícone do futebol que deverá ser utilizado em partidas de futebol daqui para frente.
Tecnologias
A cada época, o futebol torna-se mais arrojado e tecnológico. Diversas câmeras que filmam em super-slow-motion, ultra slow-motion e ultra high-definition (UHD) são alocadas ao redor do campo de futebol. Algumas paralelamente às outras, já outras transversais, além das câmeras aéreas. As câmeras do árbitro de vídeo, conhecidas como VAR Offside, estão posicionadas estrategicamente: nas laterais, atrás da trave de gol e até mesmo no estádio.
Tecnologias como rede de fibra ótica, de Linhas de gols, Linha de Impedimento Virtual e relógios digitais tem sido empregadas para um melhoramento da arbitragem e da aplicação de regras do futebol. Conheça-as:
Rede de fibra ótica
Todo o aparato de câmeras e de redes é de fibra ótica, o que facilita o transporte das imagens captadas diretamente para o Centro de Transmissão (CT) em tempo real.
A fibra ótica eleva o nível de transmissão de sinais, dados, voz e vídeo e por isso foi escolhida. Entre suas vantagens de acordo com o ADSL Fibra estão: maior capacidade de transmissão, menor degradação do sinal, sinais luminosos, menor consumo de energia e sinais digitais.
Super Slow-Motion e Ultra Slow-Motion
Ao redor do campo de futebol, dez câmeras gravam utilizando esses recursos: 8 em Super Slow-Motion e 2 em Ultra Slow-Motion. Localizadas estrategicamente, captam e enviam as imagens para o CT.
Câmeras que gravam super lenta e ultra lentamente tem o intuito de diminuir a velocidade de lances importantes e que geram dúvidas. Se o Slow-Motion já produz imagens lentas, imagina o SUPER e o ULTRA Slow-Motion? Confira a diferença dos três por meio de vídeos:
Slow-Motion
Super Slow-Motion
Ultra-Slow Motion
Linha de Impedimento Virtual
Talvez você já tenha visto em algum jogo uma linha amarela que perpassa de uma ponta à outra perto do gol para sanar a dúvida se houve ou não impedimento. Com a Copa da Rússia, essa tecnologia torna-se mais efetiva, ao disponibilizar duas câmeras especiais que operam de forma sincronizada e transmitem as informações para um programa de computador que projeta uma linha virtual sobre a imagem do campo. Como ilustrado na imagem abaixo:
O posicionamento das câmeras e das linhas virtuais é calibrado antes de cada partida, levando em conta as dimensões e condições exatas do campo e do estádio no dia do jogo com o auxílio de marcadores no gramado e um software de mapeamento 3D. Precisão e acuidade são primordiais.
Tecnologia de Linha de Gol
Sete câmeras são posicionadas ao redor das duas metas do campo, a fim de observar, de forma atenta, se a bola cruza, ou não, a linha de fundo por completo. Há um conjunto de cabos abaixo do gol e sob a grama que acompanham isso. Também foi incluído um chip que filma com a tecnologia 4K dentro da bola, que sinaliza quando existem distorções no campo magnético.
É um software que faz os trabalhos decisivos, ao cruzar informações e concluir, em segundos, se a bola cruzou totalmente a linha de fundo do gol ou não. O árbitro de campo pode pedir auxílio ao VAR nessa situação. Veja como funciona:
Relógio digital
É um software que faz os trabalhos decisivos, ao cruzar informações e concluir, em segundos, se a bola cruzou totalmente a linha de fundo do gol ou não. O árbitro de campo pode pedir auxílio ao VAR nessa situação. Veja como funciona:
Relógio digital
Um relógio no pulso do árbitro de campo também o auxilia a perceber quando foi gol ou não, já que ele vibra em seu pulso sempre que é gol, assim como o relógio digital conectado na cabine dos assistentes de vídeo.
Situações em que se pode utilizar o VAR
Não são em todas as situações que o árbitro de campo pode pedir auxílio ao VAR. Existem casos específicos. Por exemplo, o juiz só pode utilizá-lo em lances capitais da partida, são eles: em caso de gols, pênaltis, cartões vermelhos e erro de identidade de jogadores. Veja a imagem divulgada pelo site El Pais:
Por sua vez, o VAR só pode interferir em campo quando perceber que houveram situações de erros "claros e óbvios" que foram mal arbitrados pelo juiz ou que passaram despercebidos por ele.
Polêmicas
O VAR é uma tecnologia de ponta, assim como a rede de fibra ótica, Linhas de gols, Linha de Impedimento Virtual e os relógios digitais. Contudo, mesmo com esses aparatos as polêmicas não deixam de existir. Por que para certos lances utiliza-se o VAR e em outros, que claramente o recurso deveria ser utilizado, não?
As respostas para essas perguntas podem ser respondidas nas subjetividades dos árbitros de campo e de vídeo e dos bandeirinhas, nos pontos de vistas diferenciados e nos olhares próprios e únicos. Ninguém tem um ponto de vista igual ao do outro. Somos seres únicos e autorais.
Por outro lado, tecnologia alguma é controlada sozinha, mas por seres humanos, muitas vezes frágeis, falhos e subjetivos. A tecnologia, por si mesma, é fria e objetiva, mas ela é operada por pessoas de carne e osso. Por mais que sejam avançadas, ainda não percebo o momento em que elas substituirão o homem.
É por isso que até hoje o lance que antecedeu o gol da Suíça sob o Brasil no dia 17 de junho tem sido questionado. Será que o gol de Steven Zuber foi mesmo válido, uma vez que instantes antes ele empurrou o zagueiro Miranda? O VAR responderia essa pergunta, mas o juiz não percebeu a atitude, muito menos quis olhar para o telão do estádio.
Um outro lance que gerou bastante discussão foi o que envolveu o jogador brasileiro Gabriel Jesus e o suíço Manuel Arcanjo, onde este último agarrou aquele, que caiu na área do gol. Seria pênalti para o Brasil?
O VAR e as tecnologias abordadas são excelentes se utilizados da forma correta e no momento oportuno. Contudo, pelo que temos percebido, eles geram injustiças e polêmicas, não por serem aparatos viciados e com fraudes, mas porque são operados por pessoas com subjetividades e pontos de vistas, que podem agir de forma irresponsável, parcial e injusta, dependendo do caso.
Finalizo o post de hoje com a incrível crônica do escritor Gabriel Galo A evolução do árbitro de vídeo, publicada no dia 18 de junho desse ano:
"Onde o futebol vai parar? Gabriel Galo 'responde'
Arnaldo chegou ao estádio com seu amigo, o Alfredo. Era a primeira vez que Alfredo ia a um jogo ao vivo depois de muitos anos ausente. Sequer se interessava pelo esporte. A Copa de 2026, no entanto, fez com que ele quisesse voltar a acompanhar o ludopédio. Olhava espantado para as instalações novas da moderna arena, o estádio gourmetizado, cheirando a coisa de agora, que acabou de sair do plástico. “Vai começar!”, falou Arnaldo, puxando Alfredo pelo braço. Tomaram assento nas confortáveis cadeiras com visão total do gramado.
– Ué? Cadê o trio de arbitragem? – perguntou Alfredo. Apenas um senhor vestido de amarelo entrava em campo com a bola do jogo.
– Ih, Alfredo, bandeirinha não existe mais. Instalaram sensores nas pontas do gramado que indicam quando a bola sair.
– E se tiver dúvida de quem tocou por último?
– Mas nem tem mais como ter dúvida. Fica um grupo numa salinha vendo tudo. A cada lance, apita no relógio do árbitro de quem é a bola.
– Ah…
– Pois é, modernidade.
– E impedimento, como faz?
– Ué, a mesma coisa. O tal do árbitro de vídeo já manda o aviso pro juiz na hora.
– E se ele apitar antes?
– Mas aí o árbitro pode até ser suspenso! A regra nova é deixar o jogo correr, só pode apitar quando o árbitro de vídeo mandar.
– Ah…
– Pois é, modernidade.
– E quando é falta?
– Aí depende. Se for falta besta, assim, o juiz pode até marcar, mas não pode comprometer.
– E o que aconteceu com os bandeirinhas?
– Perderam o emprego. No começo o sindicato bateu em cima, mas não teve jeito. Tem pouco bandeirinha no mundo, coisa de negociação aí, barganha, essas coisas.
– Coitados…
– Ih, rapaz, mas melhorou muito. Tem mais erro quase nenhum. Pior foram essas mesas redondas, sabe? O povo que ficava três horas brigando “foi pênalti!”, “não foi!”, e tal, foi tudo mandado embora.
– Mas esses não fazem falta…
– Não.
– E, pênalti, expulsão, essas coisas?
– Rapaz, me escute, preste atenção. Eu já te falei. Só pode apitar quando o árbitro de vídeo mandar!
– E como é isso?
– É assim. Depois da Copa de 2018, aquele monte de pênalti apitado, expulsão e tal, os árbitros de futebol começaram a não apitar mais nada. Sabe como é? Se tinham dúvida, faziam era nada, nem esboçavam reação, ficavam esperando o tal do árbitro de vídeo dizer o qual é que era. Daí esse negócio foi ficando cada vez mais sério.
– E pra que tem um árbitro lá no campo? Por que não tira todo mundo?
– Rapaz, tentaram, mas não deu certo. Primeiro que você nem precisa ser muito bom, sabe? Qualquer um faz um curso aí, rapidinho. Só tem que apitar rápido quando mandarem.
– E por que não deu certo?
– Xi, foi uma choradeira danada. O jogo virava uma briga, povo se pegando de murro, um horror. Entrou até psicólogo na parada. Fizeram uma junta para entender o que estava acontecendo. Daí definiram que precisava de uma figura de autoridade em campo. Só assim jogador de futebol respeita.
– Autoridade? Mas pelo que você está falando, o árbitro não precisa fazer mais é nada!
– Outra melhoria, inclusive. Antes queria ser árbitro aquele bicho meio maluco que tinha problemas de autocontrole, cheio de síndrome de pequeno poder. Agora acabou isso aí. Quem ganha mesmo é o tal do árbitro de vídeo. Profissionalizaram a profissão e tudo o mais. Ganham até ticket refeição e plano de saúde.
– E se o árbitro se revoltar e começar as coisas do jeito dele?
– Um só fez isso. Saiu de campo contundido com cinco minutos de jogo. Esse povo da teoria da conspiração falou que o relógio dá uns choques que paralisam o insurgente. Mas eu não acredito nisso não. Depois, nunca mais.
– Ah…
– Pois é, modernidade.
– Mas os jogadores não podem ter nada disso, né?
– Não! Mas algumas equipes estão testando o técnico de vídeo.
– Oxe!
– Pois é. Salvou até o Vitória de um rebaixamento aí um ano desses!
- Que tecnologia!
– Pois é, modernidade."
Até mais! J-J
Por: Emerson Garcia
Oi Emerson!
ResponderExcluirMuito legal seu post, bem explicativo. :)
Beijos!
Mais Uma Página
Obrigado pelo elogio.
ExcluirAté mais.
Olá JJ tudo bem???
ResponderExcluirO VAR ainda é polemico, mas sou a favor da sua utilização!!!
Beijinhos;
Débora.
https://derbymotta.blogspot.com/
Bem interessante isso, excelente post amigo! ;)
ResponderExcluirO Planeta Alternativo
Obrigado, Walter.
ExcluirO pessoal precisa se acostumar com a tecnologia, se bem utilizada ela pode ser muito útil para todos.
ResponderExcluirhttps://clebereldridge.blogspot.com/
Verdade, Cleber. Toda tecnologia tem seu ponto positivo e negativo.
ExcluirHey Emerson! Tudo bom?
ResponderExcluirQuanta polêmica que esse árbitro de vídeo causou, hein?
Obrigada pelo comentário.
Volte sempre!
~ miiistoquente
Apesar de ser um tema polêmico e que gera confusão rs, eu acho que temos sim que utilizar a tecnologia... erro humano sempre vai continuar existindo, mas é bom tentar minimizar.
ResponderExcluirMari Dahrug
https://www.rabiskos.com.br
Falou tudo. Nenhuma tecnologia é perfeita, mas sua utilização trouxe muitos pontos positivos.
ExcluirOi, Emerson
ResponderExcluirAchei muito interessante essa tecnologia, pena que foi usada somente quando eles queriam né?
Beijos
http://www.suddenlythings.com/
Verdade. Seu uso foi bem parcial. Boa semana!
ExcluirOI Jovem
ResponderExcluiraqui em Portugal, no campeonato também foi utilizado pela primeira vez o VAR, a polémica continuou kkkk
Não sabia que havia essa tecnologia toda envolvida.
xoxo
marisasclosetblog.com
Agora você já sabe. Que bom que se informou no JJ.
ExcluirMuito interessante, não sabia de todos esses detalhes da tecnologia..
ResponderExcluirwww.vivendosentimentos.com.br
Agora já sabe.
Excluir