domingo, 8 de maio de 2022

O desafio e impacto psicológico de ser uma mãe solo

As mães solo, mães que criam seus filhos sozinhas, tem crescido e estão espalhadas pelo Brasil. O tempo passa, mas a responsabilidade na criação dos filhos permanece mais com as mães. E os desafios aumentam com as mães solo: elas devem dobrar a jornada de trabalho; trabalhar fora; arcar com diversas responsabilidades, inclusive a financeira; além de lidar com peconceitos, julgamentos e com o impacto psicológico. Ser mãe solo não é fácil!

Há algum tempo as mães solo eram chamadas de mães solteiras, o que era totalmente perjorativo e preconceituoso. Ser mãe não tem a ver com o estado civil, mas com a relação de sobrecarga financeira e psicológico em torno dessas mulheres. Essas mulheres criam seus filhos sozinhas, daí a configuração de mães solo. Esse é o novo jeito de dizer que a mãe cria, educa, ama e é a única responsável pelo filho. 

As mães solo não contam com o apoio do pai da criança, se tornando provedora do filho em todos os sentidos. Mesmo sem a presença paterna, essas mães podem namorar. Então, o termo mãe solteira fica totalmente em desuso.   

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2020, há mais de 11 milhões de mães solo no Brasil. E a realidade dessas mães ficou mais difícil com a eclosão da pandemia do novo coronavírus. Em 2020, também, mais de 8,5 milhões de mulheres ficaram desempregadas. 

Esse post é dedicado por tratar de assuntos relacionados à mães solo, como: políticas para mães solos; desafios e impactos psicológicos; a importância de possuir uma rede de apoio; e 9 coisas que mães solo gostariam de te falar


Políticas para mães solos

O Projeto de Lei 3717/21 assegura, por 20 anos, benefícios para as mães solo. O projeto já foi aprovado no Senado e texto tramita agora na Câmara dos Deputados. Entre os benefícios estão: pagamento em dobro de benefícios (Inclusive do salário mínimo), a prioridade em creches, cotas de contratação em grandes empresas (100 ou mais empregados), licença-maternidade de 180 dias e subsídio no transporte urbano. O projeto é do senador Eduardo Braga (PMDB-AM).

Essas medidas compreendem mulheres provedoras de família monoparental registradas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e com dependentes de até 18 anos de idade. Para mães com filhos dependentes com deficiência não há limite de idade.

A Lei dos Direitos da Mãe Solo é direcionada tanto para as mães quanto para os dependentes nas áreas do mercado de trabalho, assistência social, educação infantil, habitação e mobilidade. Uma das alterações na educação é fornecer prioridade aos filhos de mãe solo na distribuição de vagas nas escolas públicas de educação infantil (creche e pré-escola). Além disso, serão destinadas percentual mínimo do seu orçamento para ações voltadas à mãe solo, que será ampliado anualmente até alcançar 5% em 2030. 


Na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o projeto insere um artigo que prevê regime de tempo especial para as mães solo, com maior flexibilidade para redução da jornada e uso do banco de horas. 

Um projeto de lei desses é de grande ajuda para as mães, que precisam ser beneficiadas devido as inúmeras adversidades que passam. 


Desafios e impactos psicológicos


Criar um filho sozinha é uma difícil missão que está sob essas mães. As mães solo sofrem e precisam se reinventar para poder realizar tanto a si mesmas, quanto aos seus filhos. Seu psicológico é posto à prova com tantas demandas, desafios, julgamentos e preconceitos. 

Já parou para pensar o quanto é difícil para uma mãe lidar com responsabilidades que poderiam ser divididas? Ela fica com ansiedade, depressão e estresse. Com pensamentos do tipo: "Como vou criar o meu filho sozinha?"

O estresse feminino é visto como normal, mas não é. As mães solo também são seres humanos e podem se sentir esgotadas física e pisicologicamente. Sua jornada dupla de trabalho pode desencadear em síndromes, como a de Bournout. 

A mãe criar um filho sozinha é motivo de inúmeros julgamentos da sociedade, pois o normal é que uma mulher se case e tenha filhos. Elas são alvos de comentários maldosos, como: "Mas você não se cuidou?" ou "Como pode deixar isso acontecer?", culpando-as por terem sido irresponsáveis e inconsequentes, como se gerar um filho fosse tarefa para uma só pessoa. 


Há inúmeros desafios envolvidos como deixar o trabalho, sobrecarga, divórcio, abandono dos estudos, sem tempo de lazer e festas, dificuldade para conciliar casa, filho, profissão, vida social, sonhos e planos. Sem contar ainda com a responsabilidade financeira que recai sobre os ombos das mães solo. Mães solo e filhos de mães solo passam um perrengue danado e tem mais chances de viverem na linha da pobreza. 


A importância de ter uma rede de apoio

A mãe solo já está abandonada pelo pai da criança, mas já parou para pensar a enorme diferença que uma rede de apoio faz?! À exemplo, temos a série Maid que aborda a vida de uma mulher que sai de casa e passa a criar a filha sozinha. A produção mostra os diversos desafios vividos pela protagonista, como não ter com que deixar a filha para trabalhar. Sem uma rede de apoio, em alguns momentos, a personagem se vê perdida. A história retratada é baseada na realidade e não ocorreu no Brasil, mas poderia. Isso porque, somente no primeiro semestre de 2020, 80.904 crianças tiveram registrado apenas o nome das mães nas certidões de nascimento. 

Isso faz pensar em como é importante que se crie uma rede de apoio formada pela família e por amigas, principalmente pela mãe e irmãs. As mães solo devem se sentir amadas, protegidas e apoiadas. Deve haver uma união para que o filho também seja protegido. Veja o que especialistas falam sobre o tema:

"A rede de apoio é fundamental em todas as fases, não apenas quando os filhos são recém-nascidos, visto que a ansiedade, os estresse e a depressão podem surgir quando essas mulheres não são amparadas de modo adequado."

Essa rede deve ser composta por pessoas que auxiliem nos cuidados com o bebê, nas atividades da casa e que oferecem suporte emocional. 


9 coisas que mães solo gostariam de te falar


1- Um termo melhor para chamar uma "mãe solteira" que cria os filhos sozinha (ou pratimante sozinha) é "mãe solo"

É um dos primeiros aprendizados desse post. "Mãe solteira" destaca o fato da mãe não estar mais em um relacionamento como característica mais importante do que lidar com a maior parte da responsabilidade de criar um filho.


2- Mães não são criaturas imaculadas, puras e santas

Toda mãe já fez sexo, e isso não é surpresa para ninguém. Mães são seres humanos e continuam tendo desejos e vontades, iguais a qualquer pessoa.


3- Uma mãe solo não é uma mulher que não se cuidou

A mulher pode engravidar, sim, sem querer e ela não pode ser achincalhada por isso. Algumas mães não imaginavam que a matenidade iria virar solo. O amor entre os pais pode se findar. E nenhuma pessoa pode ser taxada de descuidada por causa disso. 


4- E é tão boa mãe quanto qualquer outra

O estado civil não diz nada sobre a capacidade de uma mulher ser uma boa mãe. Mas pode mostrar sua falta de empatia e expectativa sobre as mães. Nenhuma mãe é perfeita e sobrenatural.


5- Não leve para o lado pessoal se uma mãe solo não falar de cara sobre o(s) filho(s) dela

Mãe solo alguma é obrigada falar de sua vida íntima e pessoal. Essa é uma informação que não diz respeito a todo mundo. 


6- Uma mãe solo não é uma "mulher fácil", nem está desesperada por um relacionamento

Há mulheres que querem relacionamentos e outras que querem só algo casual. Algumas tem filhos, outras não. O importante é lembrar que o fato de ser mãe não diz sobre o que uma mulher quer de um relacionamento, mas sua opinião diz um pouco sobre os seus preconceitos. 


7- Pare de achar que elas estão procurando um pai para seu(s) filho(s)

Não tenha o pensamento que falta algo para a mãe solo ser feliz ou realizada. Ela pode ter sofrido muito nessa vida para se preocupar com um realacionamento que pode vir a se quebrar novamente no futuro.


8- Parem de glorificar de pé o pai que não faz mais do que sua obrigação

Qualquer ajuda é bem vinda, mas parceria é algo bem diferente. Ser pai é dividir as obrigações igualmente, não só ser o provedor ou pai somente no papel. Não jogue confete para qualquer coisa que um pai venha a fazer.


9- Parem de crucificar qualquer coisa que uma mãe solo faça por ela não ser uma mãe de propaganda de margarina

Mãe solo é falha como qualquer outra mãe. Nenhuma poderia ser comparada à outra, pois são estilos e criações diferentes. 



Mães solos possuem inúmeros desafios à frente, mas que tornam elas mais resilientes, fortes e capazes. Ter uma rede de apoio e políticas públicas é fundamental. J-J





Por: Emerson Garcia

5 comentários :

  1. É realmente importante falar sobre este assunto!
    Os meus parabéns pela publicação!

    Bjxxx
    Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube

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  2. É um grande desafio, principalmente na sociedade moderna a correria necessita de tantas obrigações
    Abraços,
    Alécia, do Blog ArroJada Mix

    ResponderExcluir
  3. Oi
    mães solos são mulheres muito forte, por lidar com tudo sozinha, eu conheço mulheres que são mães solos e que se viram sozinha, em que os pais não dão nem sinal de vida.

    http://momentocrivelli.blogspot.com/

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  4. Gostei demais, Emerson!
    E assino embaixo, pois concordo demais com o texto!
    Minha sobrinha é mãe solteira, mas ela teve apoio de minha irmã e meu cunhado o tempo todo, e o pai sempre foi presente.

    (✿◕‿◕✿)

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  5. Assunto importante de ser abordado. Abraço!

    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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